VADE RETRO SOCIALISTAS

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 19 May 2006, 17:40

ah, como é bom ser um país rico...

Mesmo com independência de gás, Brasil ainda comprará da Bolívia, diz Lula

da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que o Brasil está preparado para, em 2008, ser praticamente independente do gás importado, mas que continuará a comprar o produto da Bolívia.

"Obviamente que nós queremos continuar importando o gás da Bolívia porque interessa também ao Brasil ajudar o povo da Bolívia, que é um povo muito pobre, e interessa à Bolívia ajudar o Brasil, que precisa do gás", disse o presidente, em discurso hoje, no Rio Grande do Norte.

Segundo Lula, o Brasil está preparado para ser praticamente independente de gás em 2008. "O que nós queremos é fazer uma combinação em que os dois países saiam ganhando", acrescentou o presidente.

Lula lembrou, no entanto, que "um país com a dimensão do Brasil não pode ficar dependente de nada, de qualquer outro país do mundo".

O presidente lembrou ainda que já foi aprovado o funcionamento de termoelétricas à álcool no Brasil. "Vamos poder produzir mais, exportar mais e não vamos ficar dependendo de nenhuma matéria-prima importada para fazer funcionar as nossas termoelétricas."

Lula mencionou que a Petrobras também está se preparando para produzir biodiesel a partir de oleaginosas. "Se nós precisamos de 50 anos para transformar a Petrobras numa empresa que apresenta ao Brasil a auto-suficiência de petróleo, nós não precisaremos mais de 50 anos para apresentar a auto-suficiência no biodiesel."
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Postby mends » 24 May 2006, 11:13

texto sensacional

Lutem, covardes!
Por Reinaldo Azevedo
Vocês já contaram com a possibilidade de esse troço – refiro-me ao Brasil mesmo – não ter saída? Pensem um pouco: quem disse que tem de ter? Há coisas que não dão certo, que falham. Lembro-me de Bill Gates testando ao vivo, na TV, a versão 98 do Windows. Pimba! Travou a máquina. Se até o que obedece a um rigoroso planejamento pode “dar pau”, onde é que está escrito que um bom futuro espera o “adormecido em berço esplêndido”, com toda a sua rotina de improvisos e tolices? E se o país não estiver dormindo, mas morto?

Ok, como naquele poema do Drummond, entretanto lutamos, mal rompe a manhã. A minha manhã começa um pouco mais tarde, mas fico aqui a cuidar do mundo enquanto você dorme, leitor amigo. Mas que cansa, cansa. Algumas épocas são particularmente sensíveis à idiotia. Vivemos um desses períodos. Ou Lula não seria presidente da República, com grande chance de ser reeleito.

No Bananão, até resenha de livro já rende direito de resposta. Em breve, teremos de banir a crítica literária, política ou ideológica ou só exercê-la com um bom advogado. No dia em que Evo Morales disse que o Brasil ganhou o Acre em troca de um cavalo, observei aqui que se tratava de uma mentira, mas sugeri devolver o Estado aos bolivianos e pegar de volta a Petrobras e o... cavalo. Era uma brincadeira, claro. Embora eu creia que me seja facultado o direito de achar que a Bolívia mereça ter, entre os seus, os irmãos Viana (Jorge e Tião) e Marina Silva. Os bolivianos vão ver o que é bom pra tosse.

Junto com a vergonha na cara, o país está perdendo também o senso de humor. Espero que os bolivianos não tomem essa minha sugestão de lhes dar a trinca de presente como um ato hostil. No Manhattan Conection, Diogo Mainardi fez brincadeira semelhante. Parece que uma deputada propôs uma ação popular contra ele e quer sei lá quanto de indenização para cada acreano que se julgar ofendido. Engraçado isso! Podem falar mal de São Paulo à vontade. Duvido que Diogo dê a mínima. Ou qualquer paulista. A gente até ajuda a malhar. Eu não sei por que um acreano tem de gostar mais do Acre do que um paulista de São Paulo. Aliás, não tenho a menor idéia do que significa “ser paulista”.

O que será? A gente deveria andar com uma viola nas costas, chapéu de palha e fumo de corda no bolso? Deveríamos ter no paletó um broche com a torre da Fiesp em metal dourado? Andaríamos com uma camiseta dos movimentos de rap da periferia? Reivindicaríamos a glória de termos dado à luz Marcola e o PCC? Deveríamos fazer como Mário de Andrade e ficar fazendo poesia sobre o rio Tietê? Exaltaríamos, mais antigos, os bugres bandeirantes, de pé no chão e chicote na mão? Que diabo é ser paulista? Não sei. Mas os acreanos ofendidos devem saber muito bem por que é tão doce e decoroso ser do Acre, razão que tornaria o Estado imune até mesmo a uma piada.

Até na minha Dois Córregos natal, a pequenina e valente, podem descer a língua. Ainda que o rio da minha aldeia fosse mais bacana, ficaria de bico calado por puro constrangimento. Quando eu era moleque e comunista, já era internacionalista. Se algum acreano sugerir que São Paulo deva ser separado do Brasil, conta com o meu integral apoio. Existe uma certa cultura antipaulista no país. Alinho-me com os separatistas “brasileiros” contra os “paulistas”. E isso aí, gente, fora com São Paulo!

Em breve, carioca que fizer piada sobre Niterói terá de pagar uma pesada indenização. Espero o dia em que uma associação de restaurantes de comida japonesa queira me processar porque acho antropologicamente impossível que um ocidental possa gostar de peixe cru com algas marinhas e nabo ralado. Ou, então, os admiradores do Bolero, de Ravel, se darão o direito de praticar atentados contra mim — espero, ao menos, que sejam suicidas — porque acho aquele troço insuportável.

Procure ler, leitor amigo, o livro A Cultura da Reclamação, de Robert Hughes. Estamos claramente mimetizando o “reivindicacionismo” de país rico, onde vicejou o politicamente correto, já em decadência. Chegamos tarde também nisso. Só que não temos a grana para arcar ou com ações afirmativas ou com um bom debate, com todas as frentes da batalha devidamente organizadas. Resultado: há um certo fascismo larvar em curso. Qualquer um que se declara destituído de algo a que julga ter direito se organiza para tomar na porrada o que acha que lhe pertence. Uma suposta legitimidade histórica é tomada como um novo direito divino.
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Postby mends » 31 May 2006, 12:42

Deu ontem no Jornal Nacional, Jornal do SBT e da Band que uma guerrilheira das Fracs foi presa em SP, e que ela já entregou alguns membros do PCC. Ta aí a notícia em um blog:

Relação PCC e FARCs

Finalmente, depois da onda de atentados terroristas e de guerrilha urbana e psicológica que assustaram São Paulo, confirma-se a já anunciada informação dos serviços de inteligência militares sobre a participação de membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia no evento político-criminoso.

A polícia de São Paulo apresentou ontem quatro pessoas que teriam assassinado do bombeiro Alberto da Costa, durante a onda de atentados desencadeada pelo PCC no Estado.

A mulher que integrava a quadrilha, Juliana Custódio, é suspeita de ter ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Foi ela quem roubou o carro usado na ação.

Eduardo Vasconcelos, o marginal conhecido como Mascote, teria sido o autor dos disparos, seguindo ordens vindas do PCC para matar policiais.

A grande questão deste caso é: quem está por trás do PCC? Apenas bandidos convencionais? Ou a organização criminosa tem mentores mais articulados política e empresarialmente, com a devida competência para elaborar e coordenar uma ação de guerrilha urbana e uma onda de boatos capaz de parar, pelo medo e pelo terrorismo, a maior cidade do Brasil?
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Postby mends » 06 Jun 2006, 16:56

malditos arruaceiros...

Ao menos 20 ficam feridos em invasão da Câmara promovida por sem-terra
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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Ao menos 20 pessoas ficaram feridas no quebra-quebra promovido pelos sem-terra hoje na Câmara dos Deputados. Munidos de pedaços de pau, os manifestantes invadiram a Câmara e quebraram vidros, janelas, mesas e armários.

Um dos feridos foi atingido na cabeça e está em estado grave. Segundo a Câmara, ele sofreu traumatismo craniano.

Os sem-terra cercaram e fizeram um cordão de isolamento no Salão Verde da Câmara. Quem está no Salão Verde não consegue sair de lá.

A Câmara informou que a Polícia Legislativa começará a autuar os manifestantes, pela invasão de propriedade pública.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), não quis chamar reforço policial para conter os manifestantes. Ele temia que os sem-terra reagissem com agressividade.

No entanto, o reforço médico do Corpo de Bombeiros foi chamado para ajudar a conter a manifestação.

A invasão

Cerca de 700 integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) invadiram nesta terça-feira as dependências da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Eles quebraram, com pedaços de pau, as portas de vidro da entrada do Anexo 2, que fica próximo às comissões, até o Salão Verde, que fica ao lado do plenário da Casa.

No local, teria um sorteio da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados e os manifestantes pegaram o carro que seria sorteado e o lançaram contra o vidro da Câmara.

Já nas dependências da Casa, eles pegaram uma estátua do ex-governador Mário Covas e atiraram longe. Vários pedaços de pau foram recolhidos pela segurança da Câmara, que não conseguiu conter os manifestantes.

Segundo o movimento, o quebra-quebra aconteceu porque eles foram proibidos de entrar na Câmara. Eles cobram a destinação de terras pelo governo para a reforma agrária.
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Postby mends » 13 Jun 2006, 11:03

Não digam que eles não avisaram
Por Liliana Pinheiro
O programa econômico do PT para o caso de reeleição do presidente Lula é o que se esperava que ele fosse: um grande nada. Partidos no poder têm pouco espaço de manobra nessa área. Não podem negar o que fizeram, o que ficaria patente se propusessem mudanças radicais. Também dificilmente se comprometem com grandes avanços do ponto de vista estrutural. A coisa gira em torno da continuidade, com promessas de alterações cosméticas em uma e outra área e um amontoado de palavras destinadas a um tal resgate da dívida social, por meio do crescimento econômico forte e continuado.
Crescimento com estabilidade. Crescimento com rigor fiscal. Crescimento, sempre. Está tudo lá no programa. Como? O PT e Lula não sabem, ou teriam feito. Não fizeram, dado que o país sob a batuta deles terá crescido em média menos de 3% ao ano, diante de um cenário internacional propício para romper esse ciclo da mediocridade. E o investimento público terá caído a níveis inimagináveis — a palavra não é um exagero; de fato, creio que ninguém imaginou que os anos Lula, ou de qualquer outro, conseguissem fechar ainda mais essa torneira do desenvolvimento.
Até aqui, tudo normal, previsível. Na verdade, de tudo o que consta do programa dos petistas, uma coisa chama a atenção, e depois não há de se reclamar que eles não avisaram. Falam em “democratização das instituições públicas de forma a garantir o controle do Estado pela sociedade” e combinam isso com a idéia de “uma democracia superior à democracia liberal”.
Ai, ai, lá vem... Chego a isso adiante, mas já aviso que o que nunca passou de besteirol esquerdista desta vez vem com objetivos muito mais claros de poder perene e com o apoio de grupos poderosos — uns que sempre foram, e outros que se tornaram. Antes, algumas reflexões.
Se bem conhecemos os petistas, trata-se de uma forma politicamente correta que encontraram de anunciar mais aparelhamento do Estado, maior sangria dos cofres públicos para alimentar a farsa dos movimentos sociais e a criação de uns tais conselhos para colocar freio em quem lhes faz oposição.
O PT não desistiu da idéia de controlar a imprensa e a produção cultural do país. É uma opinião, mas baseada em fatos e evidências. Sua receita para se manter no poder não passa pela boa administração do país — da qual abdicou, daí a falta de uma marca nesse quesito e a criação de um mundo de fumaça na área social para disfarçar o não-feito. Como governos inoperantes e sem respostas para os desafios que realmente contam costumam ter vida curta, o PT foi buscar em certa tradição da esquerda sua fórmula de longevidade. Na pior tradição. Nada a estranhar agora que sabemos tudo quanto foi feito nesses anos de puro escândalo.
Na verdade, o único pensamento de esquerda que ocorre ao PT, que flerta o dia inteiro com o liberalismo que lhe convém, é justamente aquele que foi posto na lata de lixo da história: o do partido que estende seus tentáculos sobre o livre pensamento e organização dos cidadãos e se impõe como regulador da atitude coletiva, enquanto alimenta com leite e mel a sua burocracia.
É triste ver esse caminho sendo trilhado, entre tantas outras coisas muito mais graves, porque dá a dimensão da ignorância política a que o Brasil está submetido, sem que haja uma reação minimamente organizada e civilizada a isso. Vamos, assim, nos distanciando da morada do bom senso e caminhando para armadilhas.
Ideologias têm tradições. A história nos mostra que qualquer pensamento que se quer dominante a todo custo comete barbaridades no trajeto. A direita antidemocrática já fez do Brasil sua praça de lucros e horrores. Tivemos a ditadura, o atraso dela advindo, os equívocos, a educação sacrificada em nome de uma ordem absurda, que submetia tudo e todos a suas loucuras.
A esquerda antidemocrática agora prepara seu caminho, disfarçada de opção eleitoral legítima, mas sem compromisso com os fundamentos do regime do qual se vale por puro utilitarismo. Já nos mostra, igualmente, seus horrores — basta ver o PT à frente da depredação da Câmara e o MST a destruir empresas — e seus lucros advindos dos propinodutos em prefeituras e valeriodutos e dudadutos nas estatais.
Silêncio no país, que ainda há de aplaudir a política de camiseta e boné a fazer “o controle do Estado pela sociedade” com a mesma idiotia com que um dia aplaudiu a política de farda. Muda a beca, mas não o hábito da sociedade de dar crédito a quem só sabe se valer do lixo autoritário disponível história.
Fico a imaginar alguns leitores se perguntando de onde tirei tanta coisa com jeito de conspiração. De uma ou duas frases do programa do PT? Não só, meus caros. Tirei do que tenho visto nos últimos três anos de Lula no poder. Da emergência de novas forças financeiras e políticas, que se abraçam às velhas, eliminando toda forma de antagonismo regulador do caminho. Vejamos.
Os movimentos social e sindical estão, pela primeira vez, com seu futuro financeiro atrelado ao sucesso do partido do governo, que os alimentou com milhões em dinheiro público. Uma parcela poderosa dos grupos que orquestram a corrupção na máquina estatal — inclusive a parte abrigada em hostes petistas — também precisa da vitória da sigla como escudo para escapar de julgamento de suas ações, já praticamente desnudadas. Junte-se a isso a elite pragmática, que ganha sempre mais quanto maior é o desvio de um país ao submundo das ideologias, e teremos três forças poderosas a conspirar para que o grupo que está no poder continue nessa condição.
Experimentem, agora, adicionar a essa conta uma imprensa que se quer “isenta”. Ou seria melhor dizer cega?
[liliana@primeiraleitura.com.br]
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Postby mends » 14 Jun 2006, 08:32

ELIO GASPARI

Lula confunde Congresso e torcida
Nosso Guia usa o poder do governo junto às centrais sindicais para desrespeitar a Câmara dos Deputados

LULA ESTÁ construindo uma relação imperial e desrespeitosa com o Congresso. Disse o seguinte na semana passada, um dia depois de uma decisão da Câmara que estendeu aos aposentados o reajuste de 16,6% concedido aos trabalhadores que ganham salário mínimo:
"Eu digo sempre, a votação do salário mínimo no Congresso Nacional, ontem, não foi uma coisa séria, porque o que estava lá para ser votado era um acordo que tinha sido feito pela primeira vez na história do Brasil, com todas as centrais sindicais e todos os aposentados, representados pelas centrais sindicais".
Lula oferece um reajuste de 5% aos 13 milhões de aposentados do INSS. Os 16,6% da Câmara custariam R$ 8 bilhões anuais. A maior parte desse dinheiro iria para cidadãos que ganham menos de R$ 500 por mês. Nada a ver com o Bolsa-Ditadura de Nosso Guia (R$ 4.294 mensais, em maio passado). Há fortes argumentos contra o novo índice de reajuste, e o presidente da República dispõe do poder de veto para esterilizar a iniciativa.
Como o próprio Lula diz, "quando a gente é oposição, pode gargantear, pode blefar". Quando a mesma gente é governo, o presidente não deve dizer que uma votação da Câmara "não foi uma coisa séria". Nem mesmo quando os deputados absolvem seus companheiros do mensalão.
Lula tem 30 anos de vida pública, 27 dos quais na oposição. Só ele sabe quanto tempo consumiu garganteando e blefando. Parolagens e mistificações não são atributos exclusivos do governo (como achava Lula) nem da oposição (com acha Nosso Guia). As 53 palavras do seu discurso carregam um entendimento desordenado do que é o Congresso e do que são as entidades que defendem interesses de corporações.
"O que estava lá para ser votado" não era um acordo. Era uma medida provisória do Poder Executivo. O Congresso não vota acordos, nem de centrais sindicais, nem de torcidas organizadas. As centrais sindicais não representam "todos os aposentados". Representam, quando muito, os sindicatos a elas filiados. Quem representa aposentados, vendedores de rapadura e donos de oficinas mecânicas é o Congresso, poder republicano estabelecido para isso.
Lula abusa da proteção da inimputabilidade cultural. Quando revela que Napoleão foi à China e Oswaldo Cruz inventou a vacina da febre amarela, pode-se fingir que isso não tem importância. Contudo, quando o presidente da República, formado nas mumunhas do sindicalismo, sugere que um acordo de centrais sindicais é uma peça legislativa, o erro deixa de ser banal. É confusão funcional.

Chama-se fascismo a organização política na qual o Poder Executivo embaralha centrais sindicais e Poder Legislativo. O Brasil viveu esse sonho de governantes e pelegos durante o Estado Novo.

Lula vem cozinhando uma reforma sindical que tunga os trabalhadores e amplia o poder das centrais. Ele sabe o que está fazendo. Fortalecer agrupamentos amigos é hábito antigo.
Em 1979, o governo federal e a indústria paulista louvaram um acordo feito pela Federação dos Metalúrgicos. Ela representava 29 sindicatos. O de São Bernardo pulou, foi à greve e projetou nacionalmente a imagem de um sindicalista que inebriava a multidão no estádio de Vila Euclides. Foi a primeira experiência de Lula com o êxtase do fracasso, mas essa é uma história velha.
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Postby mends » 23 Jun 2006, 13:24

Semana que vem vai ser votado na Camara projeto de Lei do Presidente ALDO REBELO que OBRIGA a adição de derivados de MANDIOCA na FARINHA DE TRIGO.

Mais Caetano Veloso, impossível.

Não vou nem falar de possíveis alterações de sabor. Sou um gourmand, não um gourmet, isso é coisa de TH.

Agora, o trigo tem 15% de proteínas em sua composição. A mandioca tem 1%.

E O QUE MAIS IRRITA É QUE VIVEMOS NUM PAÍS ONDE UM COMUNISTAZIHO DE MEIA PATACA SE ACHA NO DIREITO DE DECIDIR O QUE DEVEMOS COMER!!!!!!!!!!!
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Postby mends » 28 Jun 2006, 14:31

Um inimigo do povo
Olavo de Carvalho
O Globo , 22 dez. 2001



Em "Os Demônios" de Dostoiévski, publicado em 1872, um revolucionário diz a outro: "Você sabia que já somos tremendamente poderosos? Preste atenção. Já fiz a soma de todos eles. Um professor que, com as crianças, ri do Deus delas, é alguém que está do nosso lado. O advogado que defende o assassino educado porque ele é mais culto que suas vítimas… é um de nós. O promotor que, num julgamento, treme de medo de não parecer progressista o bastante, é nosso, nosso... Você sabe quantos deles vamos conquistar aos pouquinhos, por meio de pequenas idéias prontas?"
Quase meio século antes da tomada do Palácio de Inverno, um século antes da difusão mundial das obras de Antônio Gramsci, o romancista já havia captado a estratégia macabra da "revolução cultural", à qual o fundador do Partido Comunista Italiano deu apenas um embelezamento teórico mas que, em essência, já estava em ação desde o século XVIII, nos salões onde aristocratas se deliciavam com as idéias de Diderot e Rousseau sem perceber que o único propósito delas era legitimar sua decapitação.
Os homens que se gabam de ser práticos -- empresários, políticos, comandantes militares -- são os mais lentos em perceber o sentido prático de certas modas culturais sem teor político demasiado aparente, nas quais não enxergam senão curiosidades acadêmicas ou até exigências morais legítimas, mas cujo efeito, temporariamente obscurecido pela variedade e confusão das palavras que as veiculam, mais cedo ou mais tarde acaba por se manifestar da maneira mais brutal. Invariavelmente, esse efeito é um só: o assassinato político em massa, o genocídio.
Em geral, só dois tipos de observadores estão conscientes dessa conexão: os intelectuais ativistas, que desejam produzi-la, e os estudiosos independentes. Os primeiros têm todo o interesse de mantê-la oculta sob um véu de pretextos diversionistas, de ordem moral, estética, pedagógica, econômica, etc., sob cuja profusão as vítimas não apreendam a unidade do processo revolucionário subjacente. Os segundos, quando tentam alertar a sociedade para o que se passa, quase que invariavelmente são rejeitados como alarmistas e paranóicos por aquela mesma parcela parcela do tecido social que a revolução há de extirpar da maneira mais cruel e sangrenta.
Basta a constatação desse fato, aliás, para dar por terra com a teoria gramsciana do "intelectual orgânico", segundo a qual as classes criam seus intelectuais sob medida para a defesa de seus interesses: com regularidade sinistra, de Voltaire a Antonio Negri, é sempre o inimigo da classe dominante que é cortejado por ela, enquanto o intelectual que desejaria preservar o sistema, por descrer da bondade e utilidade das revoluções, é estigmatizado, no mínimo, como excêntrico e marginal.
Dostoiévski, que defendia a monarquia e a religião, continuou sempre um "outsider", enquanto os escritores revolucionários eram recebidos nos círculos elegantes, onde gozavam de toda a estima e consideração -- quando não da confiança cega -- de suas futuras vítimas. Nicolai Berdiaev, aristocrata de nascimento, revolucionário de convicção, conta em suas memórias como, na juventude, gostava de escandalizar princesas e condessas com discursos inflamados contra a moral e a hierarquia. Só mais tarde, ao saber que todas elas tinham morrido na Revolução, se deu conta de que contribuíra levianamente para a consecução de um crime hediondo. O caso mostra que nem mesmo os próprios colaboradores mais ativos da "revolução cultural" precisam ter plena consciência da finalidade a que seus atos, aparentemente inócuos ou então rodeados de uma aura de piedoso idealismo, concorrem quando somados a milhões de outros atos semelhantes, praticados nesse mesmo instante por uma legião dispersa de militantes, colaboradores e simpatizantes que se ignoram uns aos outros. No topo, só uma elite muito restrita tem a visão intelectual do conjunto, que não precisa ser "dirigido" como uma conspiração organizada, mas apenas sutilmente orientado, de tempos em tempos, por intervenções oportunas. O automatismo, o espírito de imitação e a atração incoercível das modas fazem o resto.

Um discurso dos demônios
Olavo de Carvalho
O Globo, 03 de maio de 2003


Outro dia, numa de suas crônicas, Carlos Heitor Cony disse que quase toda a violência carioca vem do narcotráfico. No fundo, todo mundo sabe disso. Mas poucos estão dispostos a perceber que essa mera constatação basta para impugnar, na base, o chavão de que a miséria gera o crime. Como poderia a miséria dar à luz um negócio bilionário, que compra armas no Oriente Médio para trocá-las por duzentas toneladas anuais de cocaína das Farc? Que espantoso milagre de criação “ex nihilo” seria esse! Livros, filmes, artigos e entrevistas em profusão idiotizam o público para lhe impingir a crença nesse milagre. Mas eles próprios não são nenhum milagre: explicam-se pela irmandade ideológica entre a narcoguerrilha e a casta dos intelectuais e artistas de esquerda, instrumentos mais ou menos conscientes de uma cínica operação de despistamento: nada é mais confortável, para aqueles que buscam a destruição da sociedade por meio da violência e do crime, do que contar com uma equipe de public relations que, sob ataques grandiloqüentes a alvos genéricos como “a miséria”, “a exclusão”, “a injustiça social”, mantêm ocultos e fora de suspeita os agentes concretos e os beneficiários reais da destruição.
Mas alguns não se contentam com isso. Vão além e, voltando-se para o público que pagou para ser ludibriado, jogam sobre ele a culpa de tudo:
-- Vocês, a classe média que lê livros e vê filmes, são os exploradores, os culpados da exclusão social que força à criminalidade os humilhados e ofendidos.
A comoção na platéia mostra que o golpe a atingiu no plexo solar: pessoas incapazes de chutar um cão sarnento saem dali contritas de arrependimento pelo crime de ter uma casa, um carro, um emprego, num país em que tantos excluídos, por falta dos mais mínimos recursos para uma vida digna, são forçados, pobrezinhos, a gastar um dinheirão em cocaína na Colômbia para revendê-la nas portas das escolas às crianças brasileiras.
O estereótipo, condensado no símbolo carioca dos morros pobres ao fundo da cidade rica, já se arraigou profundamente na alma do cidadão, que, sem lembrar-se de ter feito mal algum, de repente se descobre, pela boca dos profetas da mídia e do show business, autor do mais hediondo dos crimes: a injustiça social.
E ninguém pára para fazer as contas: quanto dinheiro sobe da cidade para os morros, e quanto desce? Quanto, em drogas? Quanto, em assaltos e em resgates de seqüestros? Quanto, em impostos para dar assistência médica, luz, água e telefone a quem não paga jamais nada disso?
Façam as contas e digam: quem, nisso, é o explorado, quem o explorador? Se a fortuna que sobe os morros ficasse lá, eles seriam a Suíça. Mas ela vai direto para os Fernandinhos e daí para as Farc. A origem do crime neste Estado não é a miséria, mas é a mesma da miséria: a população pobre do Rio é explorada, sim, mas não por “nós”, a classe média -- é explorada pelos senhores do crime, que a escravizam para utilizá-la em atividades ilícitas e ainda se servem dela como emblema publicitário para esconder-se por trás de outdoors contra a “exclusão social”.
Se o discurso de inculpação da classe média permanece eficaz, é porque o orador, prudentemente, não diz “vocês”. O discurso de acusação direta o tornaria antipático. É preciso dar à inculpação ares de confissão, para que o acusador não pareça falar contra a platéia e sim em nome dela. Então, arregalando os olhos como um ator expressionista e batendo histrionicamente no peito, ele grita “Nós”, como se quisesse assumir uma parcela da culpa. Mas, no curso dessa fala, ele não se apresenta como aquilo que é: um membro da intelectualidade esquerdista, advogado do banditismo. Durante a performance ele desempenha o papel genérico de homem de classe média, fazendo-se de chamariz e fingindo atrair a si as culpas apenas para, num golpe de jiu-jitsu, desviar-se delas no derradeiro instante e deixá-las cair sobre a platéia, enquanto ele, deslizando rapidamente do papel de acusado ao de testemunha de acusação, se safa impune. A malícia requerida para esse ardil é quase demoníaca. Dostoiévski não errou nada ao chamar a esse tipo de intelectuais “Os Demônios”.
Não espanta que, entre esses indivíduos, seja quase unânime a adesão à tese liberacionista. Legalizado o comércio de drogas no maior mercado consumidor da América Latina, estaria garantido o afluxo regular e lícito de dinheiro para a guerrilha colombiana, com sobra de incentivos fiscais e subsídios do Estado para premiar os escritores e cineastas que, nos tempos difíceis da repressão, lutaram pela boa causa.
Milhões de vidas seriam jogadas no esgoto do vício e da loucura, mas esse seria um preço barato a pagar pela glória do socialismo alucinógeno e pela prosperidade de seus apóstolos literários, jornalísticos e cinematográficos.
É desnecessário discutir em tese, abstratamente, os malefícios e benefícios hipotéticos da liberação das drogas: ela se encaixa tão claramente numa estratégia criminosa de revolução continental, que para ver o quanto é má basta identificar o seu lugar e função no plano geral da máquina.
Fechada a torneira da URSS, o movimento comunista no continente tem hoje uma e uma só fonte de sustentação financeira: o crime, o narcotráfico.
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Postby mends » 11 Jul 2006, 19:01

Reinaldo Azevedo

Ainda na linha “Ai, esses intelectuais”, havia me escapado o comentário do jornalista Pedro Venceslau (um dos poucos com cérebro na “catchiguria”) no Portal Imprensa (clique aqui) sobre a participação de, toc, toc, toc..., Marilena Chaui no 32º Congresso Nacional de Jornalistas. Huuummm. Convidar esta senhora para falar num encontro de jornalistas já é, naturalmente, fazer uma escolha prévia, partidária. Informa-nos Venceslau que a preclara brindou os ouvintes com pensamentos originais como os que seguem:
- "A mídia exerce o poder de desinformar a população";
- "Baseado em buscas aleatórias, o jornalismo se tornou hoje um dos principais protagonistas da destruição da opinião pública”;
- "Os meios de comunicação cumprem uma função de reprodução e valorização da ideologia capitalista";
- "O neoliberalismo instalado no mundo está encolhendo o espaço público e o alargamento do espaço privado, onde pouco mais de uma dezena de conglomerados detêm o poder da comunicação”.
É, sem tirar nem pôr, o que Lênin e Stálin achavam da imprensa burguesa (o "neolibralismo" só atualiza a tara). Por isso eles decidiram fazer uma outra, que respeitasse mais o que esta senhora chama de “Opinião Pública”. Desde que eu estava na USP, tinha uma proposta: privatizar Marilena Chauí. O diabo é que ninguém apareceria para o leilão.
Marilena está dando o mote da nova campanha que a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), um aparelho do PT, promove: ampliar de 13 para 23 as funções que seriam típicas de jornalistas, obrigando de todos eles o diploma. O Casagrande estaria impedido de comentar jogo de futebol. Com Galvão Bueno, não sei o que aconteceria... Até isso terá seu lado bom? A Fenaj é aquela entidade que queria o Conselho Nacional de Jornalismo, um órgão para censurar os profissionais e até lhes cassar o registro profissional. É a burocracia de corte soviético querendo resistir à era da tecnologia da informação.
Chaui passou boa parte do seu tempo de professora paga pelo Estado fazendo digressões sobre Merleau-Ponty e Spinoza (que ela grafa Espinosa). Era para pegar trouxa e disfarçar o seu alinhamento incondicional com teses totalitárias. Ela é a Tati Quebra-Barraco da esquerda. Só não aderiu ainda aos trocadilhos de duplo sentido. Mas exerce perfeitamente o duplipensar orwelliano. Ah, em tempo: Dona Chaui não gosta da ideologia capitalista. Suponho que goste da socialista, esta que Lula vem pondo em prática com a ajuda de Henrique Meirelles... Quando o socialismo chegar, eu queria que ela nos contasse um segredo: pretende extinguir a propriedade privada na base da conversa ou do trabuco? Depois do que José Guilherme Merquior (que falta faz!) cotejou os livros dela com os de Claude Lefort, não sei como ela reuniu coragem de ainda dar as caras. Mas o que digo eu?... Quem justifica a trinca Lula-Delúbio-Genoino não há de se intimidar com uma evidência escancarada de plágio.
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Postby mends » 11 Jul 2006, 19:07

Reinaldo Azevedo sobre COTAS RACIAIS

E prossegue o febeapá sobre raças. Agora oficial

A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial, concede uma entrevista a Roldão Arruda no Estadão neste domingo. A íntegra está aqui. Ela, claro, defende as cotas nas universidades e o Estatuto da (Des)Igualdade Racial. Lendo as respostas, eu me pergunto até quando nós, da imprensa, vamos deixar que prosperem algum mitos, mentiras mesmo, sobre a questão racial brasileira. Mais do que isso: até onde os brasileiros poderemos tolerar que uma autoridade simplesmente defenda o desrespeito à lei. Selecionei alguns trechos de respostas, que comento:

Diz ela: “Qualquer pessoa, desde que enxergue um pouco, ao olhar para o quadro de funcionários das empresas que operam no País, brasileiras ou de capital internacional, verá que o contingente de brancos é altamente superior ao de negros."
Digo eu: É claro que é. Os negros são 6% do país; os brancos, 52%. Os dados são do IBGE, com base na autodeclaração. O Estatuto também usa esse critério.

Diz ela: “Quando falamos de negros, estamos nos referindo a quase 50% da população do País. A meta é abrir possibilidades de inserção a esse contingente nas universidades e no mercado de trabalho, de forma gradual, combinando políticas universais com políticas afirmativas"
Digo eu: Falso. Os negros são 6% da população. 41% declaram-se mestiços — com uma enorme variante de misturas. Por que o filho de um negro com um branco é negro? Ele não é tão afrodescendente como eurodescendente? Dados oficiais demonstram que o perfil racial do Terceiro Grau já é quase idêntico ao da sociedade brasileira. Para mais detalhes, leiam texto que postei aqui no dia 6, às 4h32, intitulado “A Parte e O Todo: a farsa das cotas e a aritmética do MEC, que precisa de cota de matemáticos”. O MEC petista parece que não sabe fazer conta. Pelo visto, Dona Matilde também não.

Diz ela: “A Constituição diz que somos todos iguais perante a lei, mas existe um hiato entre o que está escrito lá e a vida.”
Digo eu: Se a Constituição, garantindo a igualdade, não consegue a sua real efetivação, então chegaríamos a ela instituindo a desigualdade, é isso? Santo Deus! É o que se poderia chamar de uma tese asinina.


Acreditem: só um petista pode piorar o outro, e não há ninguém capaz de melhorar os dois. O governo sentiu cheiro de carne queimada no tal Estatuto da Igualdade Racial, contra o qual, diga-se, a oposição não levantou um miserável dedinho, e está decidido ele mesmo, que patrocinou a estrovenga (ver abaixo as notas, com íntegra do dito-cujo), a mudar. Está abrindo mão de instaurar o apartheid no Brasil.

Antes que continue, uma observação lateral: por que as oposições se calaram diante da violência do texto de Paulo Paim é fato que mereceria um ensaio de sociologia política. Basicamente, foram seqüestradas pela agenda do PT e temem o cafetinagem política promovida pelos “donos” das minorias organizadas em ONGs.

Os “donos” das organizações não-governamentais se transformaram em verdadeiros aiatolás do Brasil: falam nas rádios, decretam fatwas, dizem como devemos andar, nos vestir, o que dizer, o que calar, a quem querer. Alguns vivem montados na grana, é claro, que ninguém é de ferro. O oprimido é a commoditie mais valorizada do Brasil hoje em dia. Os donos das ONGs, leitor amigo, amam a humanidade muito mais do que eu e você. Eles fazem dumping de amor. Eles se estapeiam por um miserável para chamar de seu.

Agora volto ao Estatuto. Tarso Genro pode cometer muitos equívocos, mas está a léguas de ser burro. O PT que interessa, ele sabe disso, é o que discrimina por meio da inclusão, não da exclusão; é o que se vai convertendo no imperativo categórico à medida que generaliza a sua visão de mundo, e não instituindo leis que apartem as pessoas. Até a criação de cotas nas universidades, vá lá, o partido foi. A tese sempre pareceu simpática a muitos, e é relativamente pequena a percentagem dos brasileiros que chegam ao terceiro grau.

Mas, com o Estatuto... Bem, aí Paulo Paim parece ter entrado numa crise de mania, num surto. Tarso sabe muito bem, como eu sei, leitor amigo, que a maioria no Brasil é branca — 52%. Entre os 41% dos ditos pardos, os há de todos os matizes: desde os Ronaldos Nazários que dizem: “nós, os brancos, não enfrentamos racismo” até os brancos de tataravô negro que fazem seu proselitismo: “Nós, os negros...” Em suma, a minoria estava impondo sua vontade à maioria.

Antes que as oposições reagissem, reagiu a sociedade. E o governo teve uma idéia sensacional: por que não converter o Estatuto da Igualdade Racial em Estatuto da Igualdade Social? Ou seja: o Brasil será uma Bolsa Família de dimensões continentais. Eu não sei como é que se vai enfiar um “pobre” no curso de Medicina ou de Odontologia da USP, mas eles haverão de dar um jeito. Muito provavelmente, no caso da universidade, vai-se buscar alguma forma de ampliação do ProUni, aquele programa que transfere recursos do Estado para mantenedoras privadas, algumas sem qualquer compromisso com a qualidade.

O texto de Paim previa até 20% de cotas para negros ou descendentes nos programas de televisão. Serão trocados pelos pobres? Tomara! Isso levaria as novelas, o jornalismo e os filmes brasileiros a aumentar a cota de ricos e pessoas bem-sucedidas. Quero ver o que a Regina Casé faria da vida. Eu não suporto ver lavadeiras cantando à beira do riacho no Globo Repórter. O que será de nós sem aquelas bordadeiras que não podem ver acender a luz das câmeras que já começam a esganiçar a sua memória folclórica...

Pelo estatuto, empresas públicas que financiassem produtos culturais poderiam exigir que eles estivessem comprometidos com a causa. Bem, saindo o negro e entrando o pobre, como isso seria feito? Filmes e peças de teatro deveriam, sei lá, promover a cultura da pobreza, que seria, então, tornada uma categoria de pensamento?

Estamos perdidos. Dia desses, vi na TV a divulgação de um evento esportivo promovido por uma tal Central Única das Favelas (Cufa). Trata-se do primeiro campeonato de basquete de rua do Brasil. Basquete de rua? No Brasil? Também divulgam um outro site, este dedicado ao hip hop. A central contra com o apoio de um sem-número de empresas e entidades. A Fundação Ford e a Petrobras estão entre elas.

Entrei no site (http://www.cufa.com.br/). Está explicada ali a sua principal ocupação: “A Cufa funciona como um pólo de produção cultural e através de parcerias, apoios e patrocínios forma e informa jovens de comunidades, oferecendo perspectivas de inclusão social. Promove atividades nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura e cidadania – contribuindo para o desenvolvimento humano – e trabalha com oito elementos do hip hop: graffiti (movimento organizado nas artes plásticas em que o artista aproveita espaços públicos, criando uma nova identidade visual em territórios urbanos); DJ (artista que alia a técnica à performance, utilizando pick-ups e discos de vinil); break (estilo de dança de rua originário do movimento hip hop); rap (‘ritmo e poesia’, estilo musical culturalmente herdado das populações latinas e negras e cujas letras retratam o cotidiano das periferias); audiovisual (valorização da imagem como instrumento de mobilização social); basquete de rua (esporte oficialmente embalado pelo rap); literatura (onde os jovens expressam sua arte e suas vivências através da escrita e obtêm conhecimentos relativos às obras ou aos escritores literários) e projetos sociais (conjunto de ações que busca por uma transformação social a partir das comunidades). Além disso, promove, produz, distribui e veicula a cultura hip hop através de publicações, discos, vídeos, programas de rádio, shows, concursos, festivais de música, cinema, oficinas de arte, exposições, debates, seminários e outros meios.”

Nada a comentar. Já houve um tempo em que até a esquerda cantava “Feio não é bonito/ O morro existe mas pede pra se acabar/ Canta mas canta triste/ Porque tristeza e só o que se tem pra contar”. Agora não. As favelas viraram comunidades. Os favelados são uma casta. Como se vê, desde que esse “identitarismo” chegou ao Brasil, elas se tornaram locais bem mais hospitaleiros. Olhem o que aconteceu com os jornalistas no Rio neste sábado, impedidos pelo narcotráfico de subir o morro acompanhando um candidato. Ele obteve “autorização” (ler abaixo). A Cufa quer bater bola e vender CD do MV Bill chamado “O Bagulho é Doido”. Há links para quase duas dezenas de textos elogiando a sua performance sociológica. Todos publicados na “imprensa dos bacanas”. O bagulho, além de doido, é bão.

O Brasil entrou em decadência sem ter conhecido qualquer forma de esplendor. O declínio da civilização brasileira não poderá ser contado. O PT percebeu que todos os valores estavam sob ataque e ajudou e ajuda a promover a fragmentação, que procura depois reunir no partido, por meio de “causas”. As demais legendas continuam ocupadas em disputas do século passado, quiçá do anterior. É o bagulho, irmão.
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Postby mends » 13 Jul 2006, 14:26

Dessa vez o Dimenstein se superou. Selecionei trechos do texto dele, comentários em negrito:

Os métodos do PCC são terríveis e selvagens, mas há, em tudo isso, uma boa lição de civilidade: estamos vendo como a repressão é limitada para enfrentar a violência. Quanto mais se prende (e é isso o que a opinião pública quer), mais vulnerável fica a sociedade --isso porque o PCC se torna ainda mais forte.

Logo, a melhor maneira de a sociedade não ficar vulnerável é não prender...Segundo esse raciocínio, temos de abrir as portas dos presídios para que nos sintamos todos mais seguros. Reparem que o PCC, na sua equação, torna-se um dado da natureza do problema. Não pode haver presídios sem organização criminosa...

Quanto mais se pede tratamento desumano aos presos, num espírito de vingança, mais e mais somos, como estamos vendo, as vítimas, e não só eles, os delinquentes.

Quem é que pede tratamento desumano aos presos, cara pálida? Nós somos vítimas deles, isso é verdade, mas eles são vítimas de quem? Somos todos vítimas? Quer dizer que não existem algozes? Esse conceito do “todo mundo é vítima” se aplica a qualquer situação histórica ou só a esta? Vamos rever a história da humanidade eliminando essa distinção de vítimas e algozes? Vamos reler o mundo à luz do puro vitimismo?

Mais importante do que tudo, quando menos conseguimos oferecer mecanismos de inclusão*, evitando a marginalidade infanto-juvenil, o que exige práticas muito melhores de políticas públicas, mais difícil será evitar que o PCC tenha adeptos, por uma simples questão da lei da oferta e da procura.

(*) Bola, batucada, “arte” etc. Ir trabalhar que é bom, nem pensar, tá pensando o quê? Sempre que leio “inclusão social” lembro da música “Pogréssio”, do grande Adoniran Barbosa:

“Pogréssio, pogréssio
Nóis sempre iscuitô falá
Qui o pogréssio vêm do trabaio
Intão aminhã cedo nóis vai trabaiá...
...si Deus quisé!
(Mais Deus num qué...)”


Vejam aí a conjectura de Lula-Molusco: em maio, o Bêbado disse que os valentes do PCC, provavelmente, foram crianças sofridas. Dimenstein concorda com o PT nisso também. O mais perigoso no trecho é outra coisa: segundo o raciocínio do jornalista, a sociedade tem de concorrer, na lei da oferta e da procura, com o PCC para oferecer “mais vantagens”. Tão humanista até agora, ele institui no campo social o, como vou chamar?, capitalismo selvagem. Há um caso interessante no mundo hoje: segundo essa leitura, Israel deveria concorrer com o Hamas no oferecimento de vantagens para que não se criem novos terrorista. Eu não acho. Eu acho que Israel tem é de jogar um foguete na casa dos líderes terroristas.


Quanto mais retardamos as reformas para que o país cresça, com menos peso do Estado e gastos públicos mais qualificados, mais inseguros ficaremos no futuro, por falta de empregos.

É um caso de dislexia argumentativa. Toda a tese, até aqui, era nada mais do que a leitura que a esquerda e as ONGs, a maioria igualmente de esquerda, tem do problema. Do nada, Dimenstein pede “menos Estado”. Como assim? O que esse pedido tem a ver com o resto do texto? Serve apenas ao propósito de demonstrar que ele não é, assim, um Emir Sader, embora pense da mesma maneira.

Essas são as boas lições do PCC.

Errado. Essas são as más lições de Gilberto Dimenstein. Eu não sabia que o PCC faz o que faz para que nos tornemos humanistas mais conscientes dos problemas sociais. A propósito: Dimenstein, que sempre opina sobre tudo o que diz respeito aos “problemas sociais”, ainda não analisou a proposta de Aloizio Mercadante de criar uma caderneta de poupança (é verdade!!!!!!!! Estou fundando o Movimento dos Sem-Presídio, uma vez que eu não consigo poupar razoavelmente há, no mínimo, um ano. Tb quero uma poupancinha). para os presos e de melhorar o tempero da comida dos bacanas. Ele deve apoiar. Afinal, como é mesmo? Temos de concorrer, segundo a lei da oferta e da procura, com o PCC... Eu não consigo imaginar vitória do crime maior do que essa. Em vez de a sociedade dar lições ao PCC, é o PCC que dá lições à sociedade. Por isso chegamos aonde chegamos. É o que as ONGs têm a nos dizer. Elas querem que a gente peça desculpa a Marcola!
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Postby tgarcia » 18 Jul 2006, 17:39

ELE VAI QUEBRAR TUDO!!! :x:


BRASÍLIA - O líder do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), Bruno Maranhão, afirmou que tem orgulho de ser dirigente do PT e espera não ser punido pela direção do partido, para a qual enviou fax colocando-se à disposição para se explicar a depredação da Câmara. Ele disse que quer trabalhar na campanha da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que vai comparecer no comício no próximo fim de semana, em Recife.

"Conheço o companheiro Lula há 25 anos, não há dois dias", afirmou. "A nossa relação foi construída na luta, na ética. Mais do que nunca, eu vou apoiar e fazer campanha para ele. Sei que a direita vai usar meu nome para desgastar o Lula, mas o povo não vai levar em conta essa baixaria".

Segundo Maranhão, o candidato da coligação PSDB/PFL à presidência da República, Geraldo Alckmin, representa a volta do atraso. Antenado na polêmica eleitoral em torno da segurança pública, ele disse que a crise no sistema penitenciário de São Paulo "é obra da incompetência do governo de Alckmin, o candidato do retrocesso".

Maranhão disse que ele e os demais manifestantes presos pela invasão e depredação de instalações da Câmara dos Deputados, em junho, sofreram agressões físicas, torturas e privações de direitos básicos nos 38 dias de cadeia.

Na primeira entrevista depois da libertação, ocorrida no último sábado por ordem da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Maranhão disse que o MLST estuda medidas judiciais contra a Câmara e sua polícia legislativa, a seu ver os maiores responsáveis pelas violações.

Segundo o relato do dirigente, os sem-terra foram obrigados a sentar-se em chão molhado com urina de policiais e impedidos de ir ao banheiro. Os piores momentos, segundo ele, teriam ocorrido ainda na Câmara, quando os manifestantes passaram 26 horas sem alimentação, algemados e sofrendo maus tratos. "Alguns receberam socos, tapas na orelha, empurrões e xingamentos", afirmou.

Maranhão reconheceu, porém, que alguns manifestantes cometeram excesso e serão punidos, provavelmente com a expulsão do movimento. "A direção do movimento já identificou 15 deles, que receberão uma punição justa", disse Maranhão, que deu a entrevista ao lado do diretor de organização do MLST, Edmilson Oliveira, e assistido o tempo todo pela mulher, Suzana.

O líder do MLST negou que a invasão, ocorrida em 6 de junho, tenha sido planejada e garantiu que tudo não passou de um incidente, causado por falhas no sistema de segurança do Congresso. "O maior culpado foi a truculência e despreparo da polícia legislativa", afirmou.

O dirigente também culpou pela violência o que chamou de "quarteto golpista do Congresso", por ter, a seu ver, forçado o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a reprimir os trabalhadores. Os golpistas, segundo Maranhão, seriam o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), definido por ele como "um racista e nazista que comanda a direita e o retrocesso da Nação", além do líder do PSDB no Senado Arthur Virgílio (AM), e os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Esse quarteto golpista se aproxima da direita fascista da Venezuela", comparou.

Na hora do quebra-quebra, conforme o relato de Maranhão, havia estudantes e manifestantes das áreas de saúde e do Judiciário misturados aos sem-terra, mas "a polícia truculenta do Congresso reprimiu seletivamente os militantes do MLST, à medida que os identificava pelo boné", argumentou.
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Postby mends » 27 Jul 2006, 16:50

Vi uns trechos do programa de governo do Mercadante hoje na infernet. Duas pérolas a destacar - li muito por cima:

“(...) a violência atual (...) dizimando xxx policiais e milhares de vítimas inocentes (...)”...

Os policiais são CULPADOS de alguma coisa?

Outra: “ (...) São Paulo, que apresenta crescimento menor que o Piauí (...)”.

O CARA É “PROFESSOR” DE ECONOMIA!!! EU REPITO: O CIDADÃO É PROFESSOR DE ECONOMIA!!!

Como é um professor de Economia, ele não pode ignorar a Lei dos Retornos Marginais Decrescentes. Então, descartada a ignorância, fica o estelionato intelectual. Um cara que argumente dessa maneira é capaz de tudo. É ÓBVIO QUE, RELATIVAMENTE, AMBOS CRESCENDO, O PIAUÍ VAI, VEZ POR OUTRA, CRESCER RELATIVAMENTE MAIS QUE SÃO PAULO, simplesmente porque: a) parte de uma base menor e b) como é menos “desenvolvido”, o retorno para cada real gasto será maior que o retorno para cada real adicional gasto em SP. Crescer 1% em SP custa mais em reais que crescer 1% no Piauí...
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Postby mends » 02 Aug 2006, 10:17

Reinaldo Azevedo

Os 80 anos de Fidel: números de um facínora

Já que Fidel Castro, o facinoroso, parece prestes a comprovar que Deus existe — e, por suposto, também o inferno —, lembro alguns números da ditadura cubana, o que me é cobrado por um leitor. Em 1961, estima-se que Cuba tinha 6,5 milhões de habitantes. Nada menos de 50 mil já tinham fugido da ditadura para o exílio. Ou seja: 0,77% da população. Isso não impediu, é claro, que José Dirceu fosse buscar abrigo na ilha quando veio o golpe militar. Ali ganhou uma nova cara e consta que treinou guerrilha — há quem diga que nunca deu um tiro. Em 1964, o Brasil tinha 80 milhões. Se os militares tivessem feito aqui o que o ditador cubano fez lá, nada menos de 616 mil brasileiros teriam ido embora. Cuba tem hoje 11 milhões de habitantes. Desde 1959, foram executadas na ilha 17 mil pessoas — não se sabe quantas morreram nas masmorras. Só os reconhecidamente executados são 0,154% da população. Postos os números em termos brasileiros, dada uma população atual de 180 milhões, os mortos seriam 277.200. Só nos primeiros cinco meses da revolução, foram sumariamente executadas 600 pessoas (0,0092% da população). É pouco? No Brasil de 1964, isso significaria 7.360 mortes logo de cara. Os 21 anos de ditadura militar mataram, em números superestimados, 424 pessoas, incluindo os guerrilheiros do Araguaia. Desse total, por razões comprovadamente política, foram 293 pessoas. Os números sobre o Brasil estão no livro Dos Filhos Deste Solo, do petista e ex-ministro de Lula Nilmário Miranda. Em Cuba, de 1959 para cá, passaram por prisões políticas 100 mil pessoas (0,9% da população atual). Em Banânia, isso representaria 1.620.000 pessoas. Essa é a democracia que um grupo de petistas estava — ou está — se preparando para saudar no próximo dia 13 de agosto, quando Fidel faz (ou faria) 80 anos, 47 dos quais à frente de uma das ditaduras mais fechadas e sanguinárias no planeta. Mais detalhes no texto A América Latina e a Experiência Comunista, de Pascal Fontaine, que integra O Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão (Editora Bertrand Brasil), recebido com um silêncio covarde e cúmplice por aqui. E também em Loué Soient nos Seigneurs, de Régis Debray (Editora Gallimard), que conheceu de perto, em Che Guevara, parceiro de Fidel, “o ódio eficaz que faz do homem uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar”. Nota: ainda hoje, as prisões cubanas são um exemplo acabado da degradação humana. A totalidade dos presos de Fidel preferiria, sem sombra de dúvidas, dividir celas com os terroristas de Guantánamo. Mas o mundo, claro, acha Bush um bandido e pára quando discursa o ditador de opereta.
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Postby mends » 03 Aug 2006, 11:49

Reinaldo Azevedo

Deus-substituto

Ninguém sabe o mal que acomete Fidel Castro, o facinoroso. Mas é impossível não ler a carta em que delega suas funções sem um riso de escárnio. Leiam o que segue em itálico e depois volto:

1.- Delego em caráter provisório minhas funções como primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba ao Segundo Secretário, companheiro Raúl Castro Ruz.

2.- Delego em caráter provisório minhas funções como Comandante-em-chefe das heróicas Forças Armadas Revolucionárias ao mencionado companheiro, General de Exército Raúl Castro Ruz.

3-. Delego em caráter provisório minhas funções como Presidente do Conselho de Estado e do Governo da República de Cuba ao Primeiro vice-presidente, companheiro Raúl Castro Ruz.

4.- Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional e Internacional de Saúde Pública ao membro do Birô Político e ministro da Saúde Pública, companheiro José Ramón Balaguer Cabrera.

5.- Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional e Internacional de Educação aos companheiros José Ramón Machado Ventura e Esteban Lazo Hernández, membros do Birô Político.

6. Delego em caráter provisório minhas funções como líder principal do Programa Nacional da Revolução Energética em Cuba e de colaboração com outros países neste âmbito ao companheiro Carlos Lage Dávila, membro do Birô Político e secretário do Comitê Executivo do Conselho de Ministros.


O maluco se leva a sério. Só um celerado se comportaria com tal rigor burocrático numa ditadura absoluta. Faltou dizer: “Delego, em caráter provisório, as minhas funções de Deus a Deus”. Bem, Fidel, ao menos, à diferença de Lula, jamais poderá dizer: “Eu não sabia”.
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