Edmílson: "O que me dói é que batalhei para estar aqui"
Daniel Tozzi e João Henrique Medice
Enviados especiais do UOL
Em Weggis (Suíça)
Pouco mais de duas horas depois de seu corte da seleção ser anunciado, o volante Edmílson deu entrevista coletiva em Weggis, na qual chorou ao falar da família e lamentou ficar de fora da Copa quando ela está tão próxima.
Flávio Florido/Folha Imagem
Edmílson não conteve o choro ao mencionar sua família na entrevista
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"Para mim, ainda é difícil, estou meio anestesiado. Tive uma lesão muito grave em 2004, fiquei parado por oito meses e meio. Por isso, o que mais dói é que batalhei para estar aqui e acabei sendo pego por uma coisa da vida. Pedi para ficar (entre os convocados) mesmo assim, eu estava dando tudo, levaria na raça", declarou Edmílson, nitidamente abatido.
Edmílson preferiu voltar para casa imediatamente e não acompanhar o grupo à Alemanha, opção que seria possível como uma espécie de prêmio de consolação.
Ele explicou suas razões: "Não agüento mais ficar aqui. Não sei nem se ia dormir direito aqui no hotel esta noite. Quando entro numa coisa, entro por inteiro. Então, saber que estou fora é complicado".
Antes que algum jornalista perguntasse, o volante do Barcelona se antecipou para afirmar que não deixa a seleção em estado de inimizade com Adriano. Nos treinos em Weggis, os dois protagonizaram algumas jogadas duras e algum estranhamento mútuo.
Não agüento mais ficar aqui. Saber que estou fora é complicado
Edmílson, explicando por que não quis acompanhar a delegação até o final da Copa
"Estou saindo tranqüilo e não tive nenhum atrito com o Adriano. Foi apenas coisa de treinamento", limitou-se a dizer.
Segundo Edmílson, as dores no joelho direito surgiram na época das semifinais da Liga dos Campeões da Europa --mais especificamente depois da segunda partida do Barcelona contra o Milan.
"Me preparei para a final contra o Arsenal me poupando, sem a mesma intensidade nos trabalhos", disse Edmílson.
Mas, na estimativa dele, a sobrecarga acumulada da última temporada prejudicou o joelho.
"Não me apresentei lesionado. Pelo menos, vim sem saber que estava com isso. Talvez eu já viesse sentindo, mas como nunca houve exame, a lesão acabou me afetando agora", explicou.
O jogador disse que deve operar o joelho na semana que vem para poder disputar a temporada 2006/07 em plenas condições. E garantiu que pretende retornar à seleção em outras competições futuras.
Porém, por agora, fez questão de dizer que Mineiro mereceu a convocação em seu lugar e que irá desempenhar o mesmo trabalho.
Antes de encerrar a entrevista com um abraço em Zagallo, que ficou ao seu lado, Edmílson agradeceu o apoio que recebeu de todos na seleção. Principalmente o do capitão Cafu.
"O Cafu sempre foi meu ídolo e agora é mais ainda. Me deu força o tempo todo, na ressonância, no vestiário, quando o médico me falou que era melhor eu ser cortado", agradeceu o volante.