by Danilo » 05 Jun 2007, 14:42
Fusão de 2 repostas à essa carta:
- Qual objetivo da continuação da greve? Há foco e objetivos claros?
Sim, a revogação TOTAL dos Decretos.
- Os duzentos ou trezentos alunos presentes na reitoria representam os oitenta mil matriculados com que direito?
Representam, uma vez que as assembléias são abertas para os oitenta mil. Se foi tirado em assembléia que o caminho é a ocupação, concorde ou não, aqueles que estão participando da ocupação representam a decisão da assembléia, e a assembléia é a maior instância decisória popular dentro da democracia. Digo mais: tirada uma decisão pela categoria, qualquer que seja, pela ética seus membros são impelidos a acatar a decisão da maioria. Do contrário é como um povo eleger um presidente e determinadas pessoas, que votaram em outro candidato, alegarem que só aceitam seu próprio candidato como autoridade. Ou seja, furar greve vai contra a assembléia e outros princípios democráticos, e esse tipo de coisa é mais comum em países sem noção de democracia, como o Brasil, onde o interesse individual se sobrepõe ao interesse público, sem ética alguma.
- O assédio moral no qual os alunos que não aderem à greve são submetidos é necessário se a greve é democrática e os grevistas respeitam a opinião alheia?
"Assédio moral" é algo feito de patrões para funcionários. É algo muito mais grave do que vc pensa. É algo de cima pra baixo, não entre colegas.
- Se os decretos são inconstitucionais, ignorar um mandato de reintegração de posse e impedir os funcionários da reitoria de trabalhar é o que?
Os funcionários da Reitoria tb estão em greve.
Ignorar o mandato de reintegração de posse faz parte da luta, é subverter a ordem de um Governo que fere a Autonomia Universitária e nos últimos 13 anos vem sucateando o Ensino Público.
- Os bolsistas que recebem através da reitoria devem fazer o que para pagar as suas contas enquanto a reitoria estiver invadida?
Agora no dia 6 vão receber o valor das bolsas, pois a Reitoria está funcionando no IPEN. Assim como todos os funcionários da USP.
- Paralisar o bandejão e o circular são formas de punir o governo? Fazendo os alunos que não moram no CRUSP e não possuem carro caminhar até seus respectivos prédios e ficar sem jantar afeta o nosso excelentíssimo Governador?
Infelizmente, a Greve dos funcionários da PCO e do COSEAS afetam mais os estudantes e funcionários do que o Governo, vc tem razão.
- Se as greves são democráticas e aprovadas em “assembléias”, porque as portas das salas de aula são bloqueadas com carteiras pelos grevistas, ou impedem aulas com invasões, “piquetes”ou “apitassos”?
Em algumas unidades os funcionários, em Assembléias, decidem fazer piquetes para defender outros funcionários que possam receber assédio moral ou persioguição dos seus chefes. Os piquetes são decididos em Assembléias de funcionários ou estudantes. Quem quiser estudar ou trabalhar que vá na próxima assembléia e vote.
- Onde os caixas eletrônicos do Bradesco existentes em frente a reitoria se inserem na “disputa” entre o movimento de greve e o Governo Estadual ? Não compreendemos a depredação dos mesmos.
Realmente, vc está certo. Essas coisas detonam a imagem do movimento e não são feitas por pessoas que são do movimento. Considerei um no sense total as pixações feitas no caixa do Bradesco assim como pixações no relógio da Praça do Relógio. Hoje de manhã os estudantes estavam apagando as pixações do relógio com solvente, numa manobra bem arriscada.
- Por fim, com relação a paralisação dos funcionários não temos mais nada a citar, pois eles realizam greve por hábito, não por necessidade de reivindicação. Pessoas do mundo real quando estão descontentes com seus empregos, demitem-se e procuram melhores oportunidades.
Vc acha então que é fácil se demitir e procurar novas oportunidades...
Para quem trabalha em áreas como Propaganda e Marketing, Design Gráfico, até pode ser fácil sair de uma agência e ir pra outra.
Mas para um motorista, para um faxineiro, um ajudante de obra, a coisa fica difícil. O jeito é se unir e pressionar o patrão.
Os trabalhadores das universidades são concursados. Nesses concursos às vezes chega-se a ter até umas 200 pessoas por vaga. São pessoas competentes, não são zés manés como vc pensa.
Muitos dos direitos que esses funcionários tinham há poucos anos, não têm mais, pois os governos do PSDB sucateiam tudo.
O jeito é protestar, e as greves são um meio de negociar com quem os tira esse direito. Só dá pra negociar usando essa ferramenta de negociação. Greve.