CAPITALISMO À BRASILEIRA

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Postby mends » 21 Nov 2005, 13:55

A questão do superávit primário

JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN

Nas últimas semanas, os críticos da política econômica concentraram-se no superávit primário. Argumentam [ ] que a política fiscal atual restringe os investimentos públicos e os programas sociais necessários para diminuir a desigualdade.
Parece que esses analistas ignoram que o setor público coleta anualmente cerca de 37% de tudo aquilo que é produzido no Brasil. Mesmo se o superávit primário chegar a 5% do PIB, restam 32% do PIB que são gastos com transferências, consumo e (muito pouco) com investimento. Poucos países do nível de desenvolvimento do Brasil ou mesmo mais ricos atingem frações semelhantes ao nosso quase 1/3 do PIB de gastos públicos.
Governos de outros países, como a Coréia do Sul, apropriam-se de uma menor porcentagem da produção nacional e ao mesmo tempo têm taxas elevadas de investimentos em infra-estrutura e cumprem as tarefas essenciais do Estado, tal como garantir a segurança das pessoas, financiar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico e prover educação de boa qualidade para as crianças das famílias menos prósperas.
A ministra Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao "Estado de S. Paulo", que "despesa corrente é vida: ou você proíbe o povo de nascer, de morrer, de comer ou de adoecer ou vai ter despesas correntes". É verdade, mas o povo da Coréia do Sul comia melhor e tinha mais saúde, mesmo quando era mais pobre que o Brasil de hoje, apesar de o governo daquele país gastar uma menor proporção do PIB com despesas correntes. A nossa má qualidade da educação e saúde pública ou o pequeno efeito dos gastos governamentais na desigualdade não resultam do baixo nível de despesas correntes, mas de gastos públicos mal focalizados.
No Brasil, a carga tributária é muito alta, sobretudo para aqueles que cumprem a lei. Os altos impostos distorcem os incentivos à produção e induzem à informalidade. Por sua vez, a informalidade deprime a produtividade e aumenta a corrupção. O nível atual de superávit primário tem um papel crucial na manutenção da estabilidade econômica, mas, quando for possível diminuí-lo, a prioridade deve ser baixar impostos, em vez de dar aos políticos novas oportunidades para desperdiçar o que arrecadam dos contribuintes.
Desde o começo do atual governo, a equipe econômica compreendeu que o superávit primário não é uma questão de curto prazo e que era preciso tomar medidas para controlar as despesas correntes no longo prazo. A reforma da Previdência teve pouco efeito imediato, mas contribuirá para o equilíbrio fiscal futuro. A proposta de que as despesas correntes cresçam menos que o PIB por pelo menos uma década permitirá elevar os investimentos públicos e, ao mesmo tempo, diminuir a carga tributária.
Governos no mundo inteiro sucumbem à tentação de aumentar despesas correntes em vésperas de eleição. Morando nos EUA, onde o populismo de direita de George W. Bush destruiu o equilíbrio fiscal de longo prazo herdado do governo Clinton, tenho ainda mais razões para admirar os ministros Paulo Bernardo e Antonio Palocci Filho por proporem, pouco mais de um ano antes das eleições, um maior controle das despesas correntes.
A meia dúzia de leitores assíduos desta coluna conhece bem os meus argumentos contra a política monetária atual. As extraordinárias taxas de juros reais têm um custo fiscal vultuoso que um dia teremos todos que pagar. Mas, na questão do superávit primário, a política atual é a necessária. Só resta torcer para que os ministros da área econômica prevaleçam sobre alguns de seus colegas mais interessados em questões eleitorais.

_____


José Alexandre Scheinkman, 57, professor de economia na Universidade Princeton (EUA), escreve quinzenalmente aos domingos nesta coluna.

E-mail -
jose.scheinkman@gmail.com


este post 1991 é uma homenagem ao Nirvana, que lançou, neste ano, NEVERMIND
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Postby mends » 24 Nov 2005, 14:05

Hoje ouvi no rádio uma nota interessante: o presidente da Associação das Empresas de Pesquisas Faramcêuticas aconselhava o ministério da saúde a parar de gastar dinheiro com a prevenção, e começar a comprar cada vez mais medicamento, pois a legitimização internacionalmente aceita para a quebra de patente de um medicamento é a sua disseminação no sistema de saúde de um país. Comprando cada vez mais, em um determinado ponto poderia quebrar as patentes mais rapidamente, e poupar um bom dinheiro, porque, além disso, PREVENÇÃO NÃO FUNCIONARIA.
Aí foi a grita: o âncora do jornal, empedernido politicamente correto, teve um chilique. A diretora do programa – que tem por nome uma daquelas siglas ridículas de programa de governo – disse que isso era uma idiotice, que a prova que o programa brasileiro era bom eram “os prêmios internacionais que o País recebe por ele” (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)
Mas será que é tão nonsense assim o que o cara falou?
1 – prêmio legitima programa de saúde? Aliás, qual a legitimidade da ONU?
2 – segundo o Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia em 2002 e “fundador” do behavioral economics, as pessoas tendem a superestimar riscos frequentes e subestimar riscos não frequentes. Por isso temos mais medo de andar de avião do que de carro, apesar do avião ser, estatisticamente, mais seguro que o carro – morre menos gente por viagem (tem que ser taxa por viagem porque o avião transporta mais gente, faz menos viagens e cobre distâncias maiores. A única coisa que normaliza as duas medidas, no meu entendimento, é dividir o número de mortes pelo número de viagens). Aliás, o raciocínio dual também vale: as pessoas preferem retornos grandes e incertos a pequenos e certos: você trocaria 5 legais certos por alguns bilhetes de MEGA-SENA? SIIIIIIIIIIMMMMMMMM!!!!!!!!
Pois bem: a prevenção não funciona mais tão bem. E por que? Porque os remédios melhoraram muito! A taxa de AIDS entre os jovens, de 14 a 22 anos, é assustadoramente maior que em qualquer outra faixa etária! E por quê? Porque ESSES MOLEQUES NUNCA VIRAM NINGUÉM MORRER DE AIDS. Nenhum artista definhando como o Mercury, Cazuza, Lauro Corona, Sandra Bréa – detestava todos eles, mas pelo menos na morte serviram pra algo – então a morte por AIDS é remotíssima para essa faixa etária, de modo que subestimam o risco e não se previnem, EXISTINDO OU NÃO CAMPANHAS. E os mais velhos, que viram pessoas morrer, já estão “saturados” de prevenção. Logo, gastar com campanhas é jogar dinheiro fora!!! Mas é lógico que é um raciocínio que nunca mereceria atenção de burrocratas, esquerdistas tarados por processos, papéis e carimbos, mas com uma preguiça de pensar que tá louco...
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Postby Danilo » 24 Nov 2005, 22:52

Tá, a PRINCÍPIO, economicamente parece razoável. Agora, PREVENÇÃO NÃO FUNCIONA? Como se sabe, muita gente não usa remédio prescrito por um bom médico. Então, sem prevenção, usando só remediação, o Brasil iria dar uma fantástica acelerada na seleção natural dos vírus, bactérias, protozoários, fungos e toda sorte de criatura patológica. Ou seja, se for pra deixar de ter prevenção, pode se preparar pra controlar com muita firmeza a prescrição e venda de medicamentos, além de baixar muito o preço deles. E injetar uma boa grana em pesquisa de medicamentos mais fortes pra microorganismos mais resistentes. Vai dar certo? Duvido.
:huh:
Aliás, a história da penicilina é bem conhecida. O Fleming descobriu a bendita nos anos 20. Daí em diante, outros medicamentos semelhantes foram descobertos, e todo mundo, incluíndo ganhador do prêmio Nobel, pensou "beleza... as doenças infecciosas vão sumir do mapa". Que nada, tais doenças fizeram um retorno alarmante, tornando-se a causa principal de mortes no mundo! Fora que, em se tratando de Brasil, aposto que ia ter nego pensando: "Ah, temos todo tipo de remédio, deixa o pessoal desnutrido, sem água limpa, e sem saneamento básico... afinal, prevenção pra que?".
:merda:
Esse presidente da Associação da blá blá blá fez Farmácia mesmo ou Economia?
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Postby Danilo » 24 Nov 2005, 23:15

E tem outra: o tal do príon. Dá uma lida:
"A teoria mais aceita sobre as causas e a proliferação selvagem da doença da vaca louca é a de que a transmissão é feita pela ração (...) O transmissor seria uma proteína mutante dos neurônios chamada prion, reconhecidamente capaz de provocar a degeneração do tecido cerebral que caracteriza o mal. O prion é uma entidade tão enigmática e destruidora que parece tirada de obras de terror ficcional. Para começar, ele é 100.000 vezes menor que um vírus. (...) Isso ainda não é a questão mais assustadora. O prion tem uma característica ainda mais desafiadora. Ele não é vivo. A implicação terrível é que, logo, não pode ser morto."
E mais:
"O príon é extremamente resistente ao calor, não sendo inativada pelas temperaturas habituais de cozimento ou de fabricação de farinhas (suportam temperaturas de 99,5ºC, durante duas horas). As formas mais comuns de desinfecção, com uso de produtos químicos convencionais ou irradiação, não surte efeito. Todavia, observa que ela é inativada por solventes orgânicos, como o benzeno. Métodos que modificam ou destroem ácidos nucléicos como radiação ou não puderam destruir o prion em contraste com os métodos que modificam ou destroem a estrutura de proteínas como uréia..."
:o
Então, se for pra parar com prevenção pode aumentar seu estoque de benzeno. E arranjar maneira do seu sistema nervoso ficar invunerável à toxicidade do benzeno. Vai ser fácil...
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Postby mends » 25 Nov 2005, 10:07

1-qual a fonte do que escreveu sobre o príon? esses anúncios alarmistas (vaca louca e gripe do frango) me lembram do Ebola, que iria dizimar 250 milhões de pessoas em dez anos, segundo a ONU...
2 - EU ESCREVI ESPECIFICAMENTE SOBRE PREVENÇÃO DE AIDS, ZÉ MANÉ, E NUNCA ESCREVI QUE PREVENÇÃO NÃO FUNCIONA. Vá ler mal assim no inferno! Eu escrevi que gastar dinheiro com prevenção - propaganda, comprar camisinha pra distribuir etc etc, não é eficaz, porque uma determinada faixa etária DESCONSIDERA OS ESFORÇOS e, pra outra, ELE É INÓCUO porque a prevenção já ocorre.
3 - If it makes no economic sense, it makes no sense at all, meu caro...

Parece petista distorcendo fatos....
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Postby Danilo » 25 Nov 2005, 11:03

1- O primeiro texto é da Veja. O segundo é do o Centro de Ciencias Agrárias da Universidade do Espírito Santo. Tem mais aqui sobre o príon: <a href='http://www.wi.mit.edu/news/archives/2005/sl_0608.html' target='_blank'>WI.MIT.edu/news/archives/2005...</a>

2- "...porque, além disso, PREVENÇÃO NÃO FUNCIONARIA". Só na metade pro fim do texto você fala em AIDS. Se for apenas pro caso da AIDS, aí concordo não estão valendo grande coisa. Mas estas campanhas também tratam de um monte de doenças.

3- Ainda acho que Economia por si só não é a ciência mestra do mundo.
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Postby mends » 25 Nov 2005, 11:49

A economia define as relações humanas. o mundo é feito de homens. "A moral (ie, filosofia) define o que o homem precisa/gostaria/poderia ser. A economia define o que ele é".
Eu falei o tempo inteiro em AIDS. Aliás, comecei o post falando de AIDS. Logo, você está lendo mal.
Pesquise o que a VEJA falava do Ebola, só pra comparar. De mais a mais, é muito simples se proteger do príon aterrorizante: não coma carne asiática - bois e frangos alimentados com peixe moído - nem européia - bois e frangos alimentados com carcaça de frango. Prefira o b oi verde, que come capim.

Pela última vez: CAMPANHA DE PREVENÇÃO DE AIDS. SE ACREDITASSE QUE PREVENÇÃO NÃO FUNCIONA, NÃO LEVAVA O FERNANDO PRA TOMAR VACINA.
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Postby Danilo » 25 Nov 2005, 22:02

E como eu ia saber que o assunto da entrevista com Prisidenti da Associação era a patente dos remédios contra AIDS, sem ter ouvido a entrevista? Uai, não tem nenhum catafórico explicitado no post. A palavra AIDS só vai aparecer na linha 18 (pra minha resolução de 1024x768).
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Postby mends » 26 Nov 2005, 18:19

vc tem razão: mea culpa. na minha cabeça, havia escrito "prevenção da AIDS", se vc não editou o meu post.

vai escrever mal assim no inferno!
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Postby Danilo » 26 Nov 2005, 21:49

Viu? Viu? Viu? Meu probrema é com gramátricra, não com intrerprertração de texto. E essa minha vida de censurador de posts alheios e enquetes é coisa do passado. A moda agora é discutir facismo e ecologia. Vai ver um príon entrou num neurônio seu, alterando sua memória sobre o post.
;)
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Postby mends » 07 Dec 2005, 07:14

Aids, patentes e falta de argumentos
CIRO MORTELLA

A campanha de ONGs em favor do licenciamento compulsório dos medicamentos para o tratamento da Aids esbarra numa insustentável falta de argumentos. Contra todas as evidências, os defensores da medida afirmam que "somente com a quebra de patentes" será possível manter a viabilidade financeira do Programa Nacional de DST-Aids, que garante o fornecimento universal gratuito dos medicamentos anti-retrovirais. Essa é uma das teses de Caio Rosenthal e Mário Scheffer ("Tendências/Debates", 01/12).


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A Aids se tornou uma doença política. Serve de plataforma de discurso e marketing para pessoas e ONGs no mundo todo
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O fato é que, desde sua criação, o programa de distribuição de anti-retrovirais para portadores do vírus da Aids viu o número de pacientes beneficiados saltar de 36 mil para 154 mil (em 2004), com uma expressiva redução do custo médio anual por paciente de US$ 6.240 para US$ 2.500. Os dados são do Ministério da Saúde.
Em outubro passado, o governo fechou um acordo com o laboratório Abbott que fez o preço do Kaletra, um dos principais medicamentos do coquetel anti-Aids, cair 46%. O acordo vai gerar para o país uma economia de US$ 340 milhões somente com a compra desse produto.
O próprio ministro da Saúde reconheceu que o acordo foi melhor que a proposta apresentada pelos laboratórios públicos nacionais -caso fosse concedida a licença compulsória para sua fabricação-, cujo valor não contemplava os custos de embalagem, distribuição e testes de eficácia e segurança.
Ou seja, embora diante de dados incontestáveis sobre os resultados benéficos para o Programa Nacional de DST-Aids, da contínua queda dos preços dos medicamentos contra a Aids e dos acordos que foram e estão sendo negociados pelo governo com laboratórios farmacêuticos multinacionais, ONGs insistem na retórica vazia segundo a qual os resultados das negociações são "pífios e paliativos" e os produtos são vendidos ao Brasil "a preço de ouro".
Mesmo aceitando a premissa de que laboratórios nacionais estariam capacitados a fabricar cópias dos medicamentos anti-retrovirais, é notório que ainda há falta de conhecimento e de estrutura de pesquisa e desenvolvimento no país para a descoberta e a síntese de novas drogas, sem as quais o elogiado programa brasileiro estaria fadado ao fracasso em curto espaço de tempo.
Portanto, criar um péssimo precedente com a comunidade científica internacional, a Organização Mundial do Comércio e as empresas do mundo não se apresenta como uma solução viável, capaz de garantir o direito da população brasileira à saúde e à vida, como argumentam os porta-vozes do movimento pelo licenciamento compulsório.
Em reportagem publicada em agosto passado, a Folha apontou um fator crucial da encruzilhada na qual se encontra o programa público de fornecimento de anti-retrovirais. Trata-se da própria eficácia do programa, que alargou a sobrevida dos pacientes (a taxa de óbito por Aids no país caiu de 9,6 por mil habitantes para 6,4 por mil habitantes) e aumentou a quantidade de beneficiados. Aí reside a pressão sobre a sustentabilidade do programa.
O Programa Nacional de DST-Aids está às voltas com duas questões: a crescente adesão de novos pacientes e a necessidade de sempre oferecer novas drogas, mais eficazes e com menos efeitos colaterais (medicamentos que hoje somente os laboratórios internacionais têm competência para desenvolver).
Ambas as questões estão relacionadas à gestão dos programas de prevenção e tratamento de doenças de alta complexidade. Um problema mundial. A solução dessas questões não depende só da indústria farmacêutica. Seu enfrentamento requer a articulação política, econômica e tecnológica de organismos internacionais, governos nacionais, sociedades civis, entidades e empresas.
Em recente encontro no Rio de Janeiro, o diretor do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) destacou a necessidade de traçar estratégias para controlar a disseminação da enfermidade, chamando a atenção para a urgência de um pacto internacional que viabilize verbas, programas e, principalmente, uma gestão adequada dos recursos destinados ao combate da doença.
Não há saída sustentável para o controle da epidemia que não passe necessariamente por uma ampla articulação desse tipo. Uma articulação que dispõe de mecanismos aceitos pela comunidade internacional para enfrentar situações excepcionais na área da saúde. Um deles é a licença compulsória para a fabricação de medicamentos. Desde que as circunstâncias emergenciais sejam perfeitamente caracterizadas e justificadas. Esse certamente não é o caso do programa brasileiro de DST-Aids.
Acontece que a Aids se tornou uma doença política, e a verdade é que serve de plataforma de discurso e marketing para pessoas e organizações no mundo todo. E, no Brasil, associada à "quebra de patente", virou ponta de lança para angariar prestígio internacional e projeção política interna.



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Ciro Mortella, 47, biólogo, é presidente executivo da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma).


:chair: Quebra de patente é roubo. Ponto.
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Postby mends » 19 Dec 2005, 09:16

Mais uma coisa odiável: o protecionismo aos índios. Índios devem ser integrados à sociedade, eles são brasileiros. Por que o tratamento diferenciado, que os relega ou à pobreza nas áreas urbanas, ou a se tornarem chantagistas profissionais, como as tribos da Serra do Navio, que compram jatinhos e mandam cobrar da Vale do Rio Doce?

Os índios do Rodoanel
Como uma pequena tribo conseguiu
parar a maior obra rodoviária do País

POR ELAINE COTTA
É até difícil de acreditar. Na maior metrópole brasileira, duas tribos de apenas 940 índios, os Krukutu e os Tenondé Porã, acabaram sendo o pretexto para mais um embargo da maior obra rodoviária do País. Trata-se do trecho Sul do Rodoanel, que tem um custo estimado de R$ 2,5 bilhões. Depois de pronta, essa obra retiraria mais de 60 mil caminhões por dia da cidade de São Paulo, melhoraria a qualidade de vida de milhões de pessoas e fecharia o maior eixo de exportação nacional, unindo grandes pólos industriais ao Porto de Santos. Acontece que o traçado das pistas passaria perto da reserva onde os índios vivem e até pescam. Resultado: a obra, que já enfrentou vários transtornos, agora depende de parecer do Ibama, o órgão federal responsável pelo meio ambiente. Na quarta-feira 21, será realizada uma audiência pública para tentar solucionar o problema. “A obra é fundamental para gerar desenvolvimento e sanear um dos grandes gargalos logísticos do País”, diz Dario Rais Lopes, secretário de Transportes do governo de São Paulo. “O maior corredor de exportação do Brasil não pode continuar passando dentro de São Paulo”, reforça Saturnino Sérgio, da Fiesp.
Os Krukutu e os Tenondé Porã ocupam uma área de 25 hectares na região Sul de São Paulo e não foram totalmente aculturados. Todos falam guarani e as crianças só começam a aprender o português a partir dos sete anos. Em sua maioria, eles vivem da agricultura de subsistência e da pesca, numa região próxima às represas Billings e Guarapiranga. No entanto, eles próprios sabem que o impasse poderá render compensações. “A obra vai acabar saindo do papel, a gente querendo ou não”, admite o cacique Marcos Tupã, da aldeia Krukutu. “Só esperamos que as promessas das compensações sejam cumpridas.” Uma delas é o aumento da área demarcada para uso dos índios em nove hectares. O problema é que a questão indígena pode vir a ser usada pelo governo federal para dificultar ainda mais a obra. Isso porque o Planalto não tem interesse em apoiar o projeto de um de seus principais adversários políticos, o governador Geraldo Alckmin. Na questão, financeira, R$ 700 milhões teriam de vir do governo federal. No entanto, no orçamento de 2006, a verba federal caiu de R$ 140 milhões para R$ 14 milhões.
Há, obviamente, preocupações ambientais legítimas. O trecho Sul do Rodoanel passará perto de áreas de mananciais e de Mata Atlântica. Um dos receios, por exemplo, é que surjam favelas no entorno das pistas. O governo de São Paulo descarta esse risco. “Não haverá invasões porque não serão construídos acessos nas áreas de floresta e de mananciais”, diz Lopes. Além disso, mesmo sem o Rodoanel, já existem várias habitações ilegais na beira das represas. E o projeto ainda prevê a recuperação de áreas degradadas – 600 hectares serão desmatados, mas outros 2,3 mil terão de ser reflorestados. Só em compensações ambientais, serão gastos R$ 660 milhões. O fato é que hoje, sem a obra, o Brasil arca com um prejuízo anual de R$ 2 bilhões. É um número que inclui o impacto da poluição provocada pelos congestionamentos na capital paulista e pelo atraso na entrega das cargas que saem do Sul do Brasil e do interior de São Paulo com destino a Santos.


Os números da obra


Orçamento: R$ 2,5 bilhões
Extensão: 57 Km
Benefício econômico: Ampliar acesso ao porto de Santos
Objetivo: Reduzir em 43% o tráfego de caminhões nas marginais de SP
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Postby mends » 22 Dec 2005, 16:44

as pessoas podiam estudar um pouco, antes de escrever bobagem. Só um pouco...

GIBA UM

Dívida: dá para reduzir
A dívida pública brasileira chega ao final de 2005 encostando em R$ 1 trilhão. E ela continua aumentando, malgrado o Tesouro Nacional tenha pago, entre janeiro de 2003 a outubro deste ano, R$ 362 bilhões de juros. Equivale a R$ 14,8 milhões por dia ou ainda R$ 4,1 mil por segundo. <span style='color:blue'>Entre os pré-presidenciáveis, o grande desafio é ver quem terá coragem de assumir a renegociação da dívida, principal fator que provoca os mega-lucros dos bancos.</span> A<span style='color:red'> Argentina que, há poucos anos, protagonizou o default , este ano crescerá 8,5%, enquanto o Brasil, com otimismo, chega a 3%.</span> Agora, com a Receita Federal auditando os caminhos da dívida, surgem revelações surpreendentes: <span style='color:purple'>há contratos onde o credor é que estabelece, no meio de sua vigência, qual será o juro pago nos próximos seis meses</span>: há segmentos (e com instituições conhecidas) onde os contratos evaporaram; e há evidencias de que, reavaliados os contratos, a dívida pública brasileira poderia ser reduzida até em 40%, o que já aconteceu na época de Getulio Vargas.

<span style='color:blue'>lembre-se sempre que quem é credor do governo somos eu e você, que tentamos aplicar nosso dinheiro, pegamos crédito etc. Calote e renegociação com os bancos é calone ninóis.</span>

<span style='color:red'>PIB perdido é PIB nunca mais recuperado. Se você tem 100 e perde 10%, passa a ter 90. Se em cima dos 90 crescer os mesmos 10%, passa a ter só 99...e não é só a óbia questão matemática, mas uma questão de custos de oportunidade, pois devem somar oportunidades de investimento perdidas, depreciação da infra-estrutura nacional etc. Além do mais, a Argentina crescer depois do default é óbvio, mas o problema é que não forma poupança e não atrai investimento direto estrangeiro, porque deu default. Então, quando tiver que crescer de verdade, e não apenas recuperar valor, vai sambar. O Kirschner canta de galo porque seu amigo Chavez cavalga nos bons ventos do preço do petróleo. Se o preço cai, sambam todos os amigos do Cahvez (o kiko, o seu madruga...) Samba, Tevez!</span>

<span style='color:purple'>todo contrato de dívida é assim: quem carrega o risco é o credor!</span>
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Postby mends » 05 Jan 2006, 09:39

Tá certo que a gente não se ajuda, mas quando europeu desanda a querer falar mal é ridículo: das “agrocoisas”, carne é o setor menos “labor-intensive”. É capital quase que puro. E o jornal dá copy paste e destaque pra uma merda dessas...
Como outra que li há pouco tempo: alemão querendo meter o pau na soja brasileira, põe no meio do relatório: “(...) a colheita, que se inicia em julho(...)”. Qualquer um que se dispõe a repercutir uma coisa dessas deve procurar saber algo sobre o assunto. Quem conhece o mínimo do mercado, mínimo mesmo, tipo eu, que leio a DINHEIRO RURAL de vez em quando, sabe que não se colhe soja no inverno...

Carne brasileira 'é subsidiada por trabalho escravo', diz jornal
da BBC, em Londres
Um estudo a ser publicado neste ano indica que a carne consumida pelos britânicos tem grandes chances de vir de fazendas brasileiras com trabalho escravo, de acordo com uma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal The Daily Telegraph.

A reportagem, sob o título "Carne barata brasileira importada é 'subsidiada por trabalho escravo'" , não ouviu nenhum comentário de criadores ou exportadores brasileiros para comentar as acusações do estudo.

Segundo o jornal, o estudo foi feito por David Ismail, um fazendeiro de Pertshire, na Escócia, com financiamento da organização de caridade Nuffield Foundation.

Ele teria visitado o Brasil para analisar as condições sociais sob as quais são produzidas as crescentes exportações de carne do país, que, segundo o jornal, “estão prejudicando os preços mundiais”.

Presos a árvores

“Nas remotas áreas onde a floresta do Brasil está sendo cortada para dar lugar à criação de gado, ele encontrou condições entre os trabalhadores sem-teto e seus empregados ‘semelhantes às piores cenas do apartheid’”, diz a reportagem.

Segundo o Daily Telegraph, o relatório de Ismail diz que “trabalhadores analfabetos, abrigados em barracões, são desprovidos de assistência médica e algumas vezes amarrados a árvores”.

“Os trabalhadores, em sua maioria do empobrecido nordeste, são trazidos para derrubar a floresta na região central do Brasil com instrumentos precários e não são pagos, são ameaçados, brutalizados e algumas vezes alvos de tiros”, diz a reportagem. “Eles são atraídos por promessas de altos salários, apenas para descobrir que sua acomodação e sua alimentação superam os valores que são pagos.”

O jornal diz que os trabalhadores são chamados no Brasil de escravos. “O grupo especial anti-escravismo do Ministério do Trabalho, estabelecido para localizar alguns dos últimos verdadeiros escravos do mundo, conseguiram libertar 11.946 desses indivíduos entre 2000 e 2004”, diz a reportagem.

Ismail disse ao jornal ter concluído que “a escravidão está acontecendo, o desenvolvimento em área de floresta está acontecendo e há uma relação com a carne entrando na Grã-Bretanha”.

Um conselheiro comercial da Embaixada Brasileira em Londres, Alberto Fonseca, disse ao jornal que é impossível garantir que a carne de áreas com floresta derrubada não estivesse chegando à Grã-Bretanha.

Porém, segundo ele, a maior parte da carne exportada é de alta qualidade e vem do Estado de São Paulo, “onde a derrubada da floresta ocorreu nos séculos 17 e 18”.
"I used to be on an endless run.
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Postby mends » 01 Feb 2006, 10:25

Comrade Capitalists
January 31, 2006
WALL STREET JOURNAL

A China ainda vai se libertar da ditadura...e, meio nada a ver, o Google é que vai se ferrar: 2 bilhões de pessoas sempre vão ver a empresa como o site de busca do Estado, já que, para entrar no mercado de qualquer jeito, o Google aceitou ser "censurado" na China.

Though Mao Tse-tung's portrait still hangs in Tiananmen Square, a recent poll shows that the Chinese are crazier about capitalism than are Americans. In fact, they top the world-wide rankings in their zeal for free markets. No wonder Mao isn't smiling.

In a poll conducted for the University of Maryland's Program on International Policy Attitudes between June and August last year, fully 74% of Chinese citizens said they agreed with the statement "the free enterprise system and free market economy is the best system on which to base the future of the world." The Philippines, at 73%, and the U.S., at 71%, were second and third. The poll, which surveyed 20,791 people in 20 countries, seems like a pretty good snapshot of current sentiment, as such things go.

Remarkable, isn't it, that residents of the Middle Kingdom have maintained their appreciation of the benefits of free enterprise through six decades of oppression and economic backwardness imposed by their Communist cadres? Then again, for a culture in which common New Year's greetings include "I wish you happiness and many riches" and "may you make great profits," should we be surprised? Most Hong Kong residents are spending the current Chinese New Year holiday politely distributing packets of crisp new cash to friends and family. They have to earn this gift cash somehow.

Less encouraging in the Maryland survey was the response of Europeans, who could use a dollop of capitalism given the sclerotic state of their older economies. Fully half of the French disagreed that capitalism is the best way forward. Italians and Spaniards were more supportive of Adam Smith's ideals, with 59% and 63%, respectively, voting for free markets.

<span style='font-size:14pt;line-height:100%'><span style='color:red'>The survey contained other telling nuggets, such as Russia and Brazil's irrational distrust of large companies. Perhaps big corporations remind them too much of their countries' bureaucratic workings. Strong support for government regulation of the environment shows as well that there's a lot of education still to be done in explaining to citizens why free-market countries also have the cleanest environments.</span></span>

Mao would probably turn over in his glass case if he realized that the Chinese have rejected his teachings. But the harsh consequences those teachings imposed on his countrymen have been an education like no other. Nothing creates eager young capitalists quite like living under Communism.
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