Oriente Médio

Ciência, Saúde, Economia, Política

Oriente Médio

Postby Danilo » 29 Jan 2006, 19:57

Se volta e meia você, como eu, esquece quem é quem e quando aconteceu o que no Oriente Médio este tópico dá uma mãozinha pra entender essa novela. A princípio falando dos palestinos e israelenses.

Oriente Médio tem uns 7.200.000 km², e mais de 140 milhões de habitantes. A título de comparação, o Brasil tem mais de 8.500.000 km² e perto de 185 milhões de habitantes. Etnicamente, o Oriente Médio é uma região complexa, pois nela se destacam povos de variadas origens com credos diversificados: otomanos (muçulmanos), árabes (católicos e muçulmanos), semitas (judeus), persas (muçulmanos), árabes (muçulmanos)...

Árabe é originalmente quem nasceu na península arábica, que inclui a Arábia Saudita, Yemen, Omã, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrein. A grosso modo, pode-se dizer que é também uma etnia é originária da região.

Muçulmano é quem segue o islamismo. Aportuguesamento da palavra árabe Muslim, relacionada com islam, que significa "vassalo" de Deus. Também chamado de islamita.

Islamismo é uma religião monoteísta que surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos de Maomé (Muhammad). Alá seria o nome principal de deus. Inclui também instruções que se relacionam com todos os aspectos da actividade humana. É hoje a segunda maior quanto ao número de adeptos, que é algo superior a 1200 milhões de pessoas. O Islão seria o conjunto dos povos de civilização islâmica, que professam o islamismo.

Judaísmo é a religião criada por Moisés, que teria recebido os 10 mandamentos em 1200 a.C. Suas doutrinas constituem fundamentos históricos de muitas outras religiões, incluindo o Cristianismo e o Islamismo. Caracteriza-se pela crença em um único deus, Jeová. Tem aproximadamente 15 milhões de adeptos pelo mundo.

Todos os muçulmanos são árabes?
Na verdade, o Oriente Médio reúne somente cerca de 18% da população muçulmana no mundo. Outros 30% de muçulmanos estão no subcontinente indiano (Índia e Paquistão), 20% no norte da África, 17% no sudeste da Ásia e 10% na Rússia e na China. Há minorias muçulmanas em quase todas as partes do mundo. A maior comunidade islâmica do mundo vive na Indonésia.

O que é o Estado de Israel?
É um país fundado em 1948 pela ONU, para abrigar os judeus, que até então não tinham um território próprio.

Quem são os palestinos?
Povo árabe residente na região, que também abriga Israel.

Image Por que palestinos e israelenses estão sempre no noticiário?
Os palestinos não aceitaram a decisão da ONU de dividir a região, que até 1948 era possessão britânica, para a formação de dois países: um palestino e o outro judeu. Começou desta maneira um conflito israelo-palestino, com novo estado de Israel rechaçando as forças árabes e ocupando territórios.

Image Quanto confusão isso já rendeu?
Muita. Tanta que rende outro post ainda... pra encurtar a história:
Eclodiu a primeira guerra árabe-israelense assim que Israel foi criada. Israel vence, e Jerusalém é divida. Teve a Guerra pela posse do Canal de Suez, em 1956; a Guerra dos Seis Dias; Guerra do Yom Kippur que resultou no boicote da OPEP (Crise do Petróleo). Houveram as intifadas (palavra árabe que significa "levante" ou "revolta"), revoltas contra a ocupação israelense incentivadas pelas guerrilhas palestinas que pregam o uso de métodos radicais contra o Estado de Israel. Grupos como o Hezbolá, a Jihad e o Hamas lideram os levantes, que também articulam atentados a bomba e ataques suicidas. A primeira Intifada explodiu em 1987 e dominou a faixa de Gaza e a Cisjordânia durante sete anos.
Em setembro de 1993, após vários meses de negociações em Oslo (Noruega), Israel e a OLP se reconhecem reciprocamente e firmam uma Declaração de Princípios que proclama a autonomia palestina como base para uma solução permanente. O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e Arafat dão as mãos em um ato simbólico;
Em 1994, Arafat volta para os territórios palestinos e cria, em Gaza, a ANP (Autoridade Nacional Palestina), governo autônomo que tem sua área de jurisdição nos territórios de que Israel se retirou. E em 1996, depois da retirada israelense das principais cidades da Cisjordânia, Arafat é eleito presidente da ANP;
Em de julho de 2000, depois de quatro anos em ponto morto, as negociações entre Arafat e o premiê israelense, Ehud Barak, em Camp David (EUA), acabam em um novo fracasso. Em setembro, começa a segunda Intifada após a controvertida visita de Ariel Sharon, líder da oposição israelense, à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém;
Em dezembro de 2001: tem início o confinamento de Arafat em seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia);
Em março de 2002: Israel lança a maior ofensiva na Cisjordânia desde 1967. Grande parte do quartel-general de Arafat é destruído. Em junho começa a construção do muro de separação entre Israel e a Cisjordânia;
Em abril de 2003: lançamento do plano internacional de paz patrocinado pelo Quarteto (Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU), que visava a criação de um Estado palestino até o fim de 2005;
Ainda em 2003, Israel toma a decisão de "se desfazer" de Arafat, e o pimeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, divulga seu "plano de separação" dos palestinos;
Em 2004 Sharon anuncia sua intenção de desmantelar as colônias israelenses em Gaza, Israel assassina o líder do Hamas, e Arafat morre em Paris;
Em janeiro de 2005: Mahmoud Abbas é eleito presidente da ANP;
Em junho de 2005: reunião de cúpula entre Abbas e Sharon em Jerusalém;
Em agosto de 2005: Israel promove a retirada dos 21 assentamentos de Gaza e de quatro colônias instaladas na Cisjordânia;
Em setembro de 2005: fim da retirada israelense da faixa de Gaza;
Em janeiro de 2006: o Hamas ganha eleições legislativas palestinas;

Tenho um amigo árabe, ele é muito calmo e não parece ser um terrorista. Devo tomar precauções?
Não devemos nos deixar levar com falsas impressões. Nem todo árabe é muçulmano, nem todo o muçulmano é fundamentalista e nem todo fundamentalista é terrorista. A única precaução atual que deve ser tomada com os árabes é verificar se estão vendendo mercadoria de boa qualidade e contar bem o troco. :P
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby Danilo » 31 Jan 2006, 00:28

Mais respostas pras minhas próprias dúvidas:

Meu mapa está desatualizado... não tem Palestina. Onde fica e como funciona?
A Autonomia Palestina, fica ali distribuída entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, como no mapa abaixo. O governo é feito pela ANP, com presidente eleito por voto universal direto. Até agora houve eleições presidenciais em 1996 e a de 2005, vencidas respectivamente por Arafat e Mahmoud Abbas. A ANP tem um Conselho Legislativo (Parlamento) cujos deputados são escolhidos democraticamente. Nas primeiras eleições, em 1996, a vitória foi do Fatah de Arafat. Agora, dez anos depois, ganhou o Hamas. Com isso, Israel anunciou suspensão do envio de verbas aos palestinos.

Image
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby junior » 27 Jul 2006, 07:32

Para ver a polêmica...

27/07/2006 - 01h36
EUA impedem Conselho de condenar Israel por ataque à ONU
da Folha Online

O Conselho de Segurança das Nações Unidas não chegou a um acordo a respeito de um pronunciamento que condenaria Israel pelas mortes de quatro observadores da ONU em um ataque no sul do Líbano.

Segundo fontes diplomáticas, o impasse surgiu principalmente do posicionamento dos Estados Unidos, tradicional aliado de Israel.

O representante norte-americano no Conselho se opôs a considerar o ataque "deliberado" e a utilizar o termo "condenação" para as ações militares israelenses. Já a China, país de origem de um dos observadores mortos, pediu um pronunciamento condenando Israel pelo ataque.

Os 15 Estados membros do Conselho não conseguiram chegar a um acordo mesmo após um dia inteiro de deliberações. Os representantes "foram unânimes em dizer que a segurança do pessoal de manutenção de paz da ONU por todo o mundo" é responsabilidade do Conselho, mas o órgão "não obteve consenso sobre a maneira de qualificar o incidente".

O Conselho vai realizar outra reunião sobre o caso nesta quinta-feira para tentar chegar a um acordo, segundo o embaixador da França nas Nações Unidas, Jean-Marc de La Sablière, que preside atualmente o órgão.

"Os membros do Conselho estão conscientes da responsabilidade do órgão de garantir a segurança dos observadores da Unifil, que trabalham em condições difíceis", declarou.

Como representante de seu país, De la Sablière opinou que "um ataque às forças pacificadoras da ONU é um ataque à comunidade internacional", e que deve ser condenado, numa crítica à postura contrária dos EUA.

Já o embaixador da China, Wang Guangya, que queria a adoção da declaração ainda hoje, considerou que a unidade do Conselho é muito importante. Por isso, argumentou vale a pena esperar para continuar as discussões.

"A morte dos observadores é uma grande preocupação para o Conselho, que autoriza a sua convocação. Devemos assumir a sua proteção", assinalou.

Após defender a unidade do Conselho, ele avaliou que o bloqueio dos EUA pode afetar outros assuntos em discussão, em referência ao caso do Irã. "Se queremos unidade nesta questão, também vamos querer em outras", declarou.

A China foi o primeiro país a pedir um pronunciamento condenando Israel pelo ataque. O governo de Pequim também exigiu uma desculpa formal de Israel e um cessar-fogo imediato no Líbano. Os outros três observadores mortos tinham nacionalidades canadense, finlandesa e austríaca.

Os observadores da ONU mortos no ataque --que lançou mais de 14 bombas na região onde ficava o posto da organização-- pertenciam à Força Internacional das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês).

Antes dos ataques, eles enviaram dez avisos sobre sua localização e pedidos de cuidado ao Exército israelense seis horas antes de serem atingidos por um míssil certeiro, segundo oficial das Nações Unidas citado pela CNN.

O prédio da Unifil ficou destruído e três dos quatro corpos das vítimas foram retirados dos escombros na manhã desta quarta-feira.

A crise de violência entre Israel e Líbano teve início no último dia 12, após o grupo terrorista libanês Hizbollah seqüestrar dois soldados israelenses. A violência já deixou 400 mortos no Líbano, a maioria civis, e cerca de 40 mortos em Israel. Entre os mortos no Líbano, há sete brasileiros, sendo três crianças.

Com agências internacionais
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 27 Jul 2006, 09:08

Israel só está se defendendo.

A ONU não serve pra nada: é um antro de corruptos, a começar de seu presidente.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 07 Aug 2006, 08:49

o ponto que não devemos nunca esquecer: Israel é uma democracia legítima em um Estado estabelecido. O Hezbollah é um grupo terrorista que, obviamente, se esconde entre os civis, e por isso deve ser destruído o mais rapidamente possível, e infelizmente com baixas.

Sobre terrorismo, melhor que ler qualquer coisa na imprensa é abrir o fenomenal Dostoiévski e ler OS DEMÔNIOS.

Reinaldo Azevedo

Oriente Médio: e agora? Como fica o discurso cretino da "reação desproporcional"?

Vocês já sabem e lerão nos jornais de hoje que o Hezbollah fez ontem o pior ataque a Israel, matando 15 pessoas e ferindo mais de 180, 160 delas em Haifa, a terceira maior cidade do país. Nessas horas, fico pensando naquela tese da “reação desproporcional” e nos que insistem que, moralmente, não há distinção entre os israelenses e os terroristas. Pois é... O que seria uma reação proporcional? O Hezbollah mata oito soldados e seqüestra dois; Israel, então, deveria fazer o mesmo? Iria seguindo a pauta ditada pelo Hezbollah, sempre de forma “proporcional”?... Vejam aí: mesmo com ataques duros, ainda não se conseguiu eliminar o poder de ataque dos inimigos. O governo do Líbano, agora entregue ao terror, diz rejeitar um cessar-fogo que não preveja a imediata saída de Israel do país. O ponto é o seguinte: o Líbano não existe mais. O país foi vítima de um golpe militar e está sob o comando de uma milícia homicida, cujo objetivo declarado é destruir o país vizinho. Mas, é claro, o mundo está chocado é com Israel. Quando os poetastros do colunismo acionam a sua pena, é para defender as criancinhas libanesas — que merecem, sim, ser defendidas. Mas há crianças dos dois lados da fronteira. E o Hezbollah só não manda todos os israelenses aos ares, aos pedaços, crianças ou não, porque não pode, porque não é militarmente capaz. Mas ambiciona sê-lo um dia. E, por essa razão, em defesa das crianças que há e que haverá nos dois países, tem de ser destruído.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby vitormorg » 07 Aug 2006, 11:21

Meu unico ponto é que para atacar um grupo terrorista Israel está destruindo um pais, deixou de ser um ataque dirigido ao Hezbollah, mas a todo pais.

Vocês podem até argumentar que o Hezbollah está ligado ao partido político que está no poder, mas essa eu não engulo de forma alguma, apesar de estar ligado ao partido e talvez compartilharem de certos conceitos não são a mesma coisa.

Ainda mais o grupo Hezbollah que está presente não só no Líbano, mas em vários outros paises.
User avatar
vitormorg
Saidero
Saidero
 
Posts: 220
Joined: 25 Sep 2003, 08:23

Postby vitormorg » 07 Aug 2006, 11:24

Esse é um e-mail que recebi de um cara da BAH que está lá:


Nos últimos 5 dias eu ouvi caças passando e bombardeando Beirut, eu vi o clarão das bombas explodindo, os mísseis de artilharia anti-aérea subindo e a fumaça negra saindo do aeroporto bombardeado. Eu vi pontes destruídas e crateras nas estradas, durante a minha saída, resultado da ação de outras bombas e, acima de tudo, vi meus amigos chorando e desolados ao saber que a região de suas casas ou de familiares tinham sido atingidas e que todo o esforço que fizeram nos últimos tempos para reconstruir o país depois de quase 20 anos de guerra civil vai ter que começar novamente do zero. E o que eu tiro de tudo isso? Pouca coisa de novo, mas tenho reforçadas algumas das minhas convicções: que política e religião não devem se misturar, que não pode haver lugar para a intolerância no mundo, que todo radicalismo é burro (por mais paradoxal que seja essa frase) e que a estupidez humana não tem limites. Me fez lembrar Auschwitz, que visitei há cerca de 1 ano com meus queridos amigos e companheiros de viagem Nelson e Giuliano. Por que Auschwitz não foi destruída pelos aliados, apesar de toda a dor que a memória desse local traz? Justamente para não ser esquecida, para servir como documento da ausência de limites para a atrocidade e crueldade das ações das pessoas quando ficam cegas por um ódio sem fundamento.

Eu não gostaria que nenhum de vocês passasse pelo que eu passei nos últimos dias, mas gostaria que vocês tivessem experimentado a outra face do Líbano que eu experimentei: um país lindo, de uma cultura rica e habitado por pessoas alegres e hospitaleiras. De todos os lugares que já fui, poucas vezes me senti tão em casa como naquele país. Talvez aí vocês entendessem um pouco da tristeza (que eu tento não transformar em raiva) que eu sinto hoje.
Last edited by vitormorg on 11 Oct 2006, 09:39, edited 1 time in total.
User avatar
vitormorg
Saidero
Saidero
 
Posts: 220
Joined: 25 Sep 2003, 08:23

Postby mends » 07 Aug 2006, 12:37

Meu unico ponto é que para atacar um grupo terrorista Israel está destruindo um pais, deixou de ser um ataque dirigido ao Hezbollah, mas a todo pais.


como eu disse, leia OS DEMÔNIOS, atente para a data em que foi escrito. Se em 150 anos os maiores estrategistas do mundo ainda não conseguiram acabar com terroristas sem que a população civil, onde os covardes se escondem, sofra, não é agora que vão.

Vocês podem até argumentar que o Hezbollah está ligado ao partido político que está no poder, mas essa eu não engulo de forma alguma, apesar de estar ligado ao partido e talvez compartilharem de certos conceitos não são a mesma coisa.


como não???????? justifique a afirmação, por favor, porque ficou sem pe´nem cabeça.

Ainda mais o grupo Hezbollah que está presente não só no Líbano, mas em vários outros paises.


A base é o Líbano. Assim com a base da Al Qaeda era o Afeganistão. Justificar ações terroristas contra um Estado democrático legítimo é o cúmulo. Se o Líbano não aceitasse de forma alguma as retaliações israelenses, o estado libanês já teria empreendido uma força para caçar os caras. Se não o fazem, estão dando cobertura para o Hezbollah, e é guerra. Algumas guerras são legítimas, e esse é um dos casos. Isso sem falar que Israel já devolveu grande parte dos territórios que ocupou nos últimos cinquenta anos, inclusive utilizando o seu exército para despejar colonos judeus de assentamentos. Agora, só um lado é obrigado a curvar-se ao direito internacional? Por favor...


política e religião não devem se misturar


estar in loco em algum lugar não aumenta o poder de análise. Essa premissa de que as visões humanas não se misturam é de uma infantilidade atroz. É óbvio que se misturam, fazem parte do mesmo arcabouço cultural com que todos vemos o mundo. E luta por território é luta por território, seja em nome de Quem for. Só faltou o cara dizer que devemos ter mais amor nesse mundo...

todo radicalismo é burro (por mais paradoxal que seja essa frase)


Ótimo, então por que se defende TERRORISTAS????? ISRAEL FOI ATACADO. ESTÁ SE DEFENDENDO!!! POR QUE DEFENDER UMA TEOCRACIA DE LUNÁTICOS CONTRA UMA DEMOCRACIA DE UM ESTADO LEGÍTIMO??? POR QUE CONTINUAR TENTANTO "ANALISAR" AÇÕES DO PONTO DE VISTA DO RELATIVISMO CULTURAL, ONDE TODAS AS INTERPRETAÇÕES, CONSIDERAÇÕES E REINVINDICAÇÕES TÊM O MESMO PESO???
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 08 Aug 2006, 09:25

só pra ficar mais claro: é óbvio que a religião e a política se misturam na maneira como vemos o mundo. Entretanto, concordo que o Estado deve ser laico. SÓ QUE ESTADO LAICO É UMA CONCEPÇÃO OCIDENTAL.

E ISRAEL É UM ESTADO LAICO.

E O HEZBOLLAH É UM GRUPO TERRORISTA FUNDAMENTALISTA.

Não dá pra aceitar, pra mim, ter dificuldade em ver quem está certo ou tentar "entender" o outro lado. Simplesmente não há o que entender.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 08 Aug 2006, 14:34

complementando o ponto do laicismo político.

Há dois tipos de laicismo: o que não permite a interferência das organizações humanas chamadas de Igreja nos negócios de Estado, pela simples razão da falta de legitimidade para tanto, e o laicismo que, além disso, é amoral e anomista, pois não reconhece nem a existência de valores apriorísticos na determinação da ação humana.

Grosso modo, EUA é primeiro tipo, França é segundo tipo.

O laicismo americano não é, e nem deve ser, impermeável à religião. E, ainda, não é o caso de se considerar a derivação utilitária da teologia cristã, como fez, de maneira um pouco superficial, o Max Weber em A ÉTICA PROTESTANTE etc. O caso é que a própria concepção de liberdade individual e independência é derivada da Teologia Cristã MEDIEVAL (sorry, Urbano, mas essa mesma Teologia, entre outras coisas, constrói a base filosófica da Ciência) de Santo Agostinho de Hipona (aquele que pediu castidade, mas não hoje). É certo que essa Teologia que baseou as atitudes puritanas que subsidiaram a ação dos founding fathers da democracia liberal (ie, Benjamin Franklin, Madison etc) encontrou outros refugiados do mundo com muito substrado intelectual, os judeus, mas isso é avançar um pouco mais do que eu quero.

Voltando: a Teologia de Agostinho diz que o tempo é absolutamente transitório e partilha uma fragilidade que é inerente a qualquer estrutura do Universo (acredito que a palavra que melhor descreva seja instablidade). O tempo é inferior ao Eterno, e, por isso, não contém a Verdade.

Se o tempo é instável, tudo muda com o tempo, inclusive regimes políticos. Quem deseja mandar, o ser racional dotado da libido dominandi é quem sente a urgência dos segundos que passam, e então a dominação é temporal. Sendo temporal, não é Verdade, pois o tempo não é a Verdade. Se a temporalidade não é o Eterno, a tempralidade é a Queda, o pecado. Se a temporalidade nutre o Poder, o Poder e o Estado construído para exercer o Poder são o pecado. O Poder não serve ao Eterno, à Verdade, à Virtude, mas o Poder serve à necessidade de curvar a libido dominanti dos que querem mandar. O Estado restringe o Poder. Como disse explicitamente Nietzche muito tempo depois, o POder não protege o fraco, ele limita o forte.

Então, toda estrutura política, tenha ela mil anos, é fruto do pecado. Devemos sempre desconfiar do Estado e da Igreja, que são PODERES, não são a Verdade. Isso é a base intelectual do liberalismo, do laicismo, e é TEOLOGIA. Dá pra separar?

Só se você for francês. Porque aí vai ser um relativista empedernido que não reconhece a superioridade moral israelense sobre os terroristas do Hezbollah, sobre o Nazrallah Rikota.

P.S: a Igreja permitiu, lá na Idade Média, um Santo Agostinho, cujas idéias limitaram a própria instituição Igreja. Lá na Idade Média, a Idade das Trevas. Hoje, numa prova da USP, não se pode citar Friedrich Hayek ou John Locke, como fez um colega da GV que tb é FFLCH. Lá, esses caras estão no Index. Ah, a liberdade dos nossos tempos...
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 09 Aug 2006, 07:46

a Igreja permitiu, lá na Idade Média, um Santo Agostinho, cujas idéias limitaram a própria instituição Igreja. Lá na Idade Média, a Idade das Trevas.


Desculpa, mas eu tendo a duvidar que ele colocou de verdade em jogo o papel da Igreja! Pode ser o papel da Igreja no Estado, o que é um fator totalemnete político, mas o papel da Igreja na vida individual eu duvido...
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 09 Aug 2006, 08:45

????

Uai, mas então o trabalho está mais que bem feito (apesar de eu discordar. Foi um tapa também na influência individual): se limitou a influência da Igreja à esfera individual, problema da esfera individual...acreditar que nenhuma Igreja é uma situação melhor é que não dá.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Wagner » 10 Aug 2006, 01:03

nâo dá tempo de discutir com profundidade este assunto enão soh vou deixar um comentário rápido..

Israel = democracia / estado legítimo, cara pálida? humm não sei...precisamos evoluir esta discussão...

se legitimidade é mandar o dono antigo emboira como expiação dos pecados da humanidade,então viva o MST!!!
User avatar
Wagner
Mestre Saidero
Mestre Saidero
 
Posts: 293
Joined: 11 Sep 2003, 09:43
Location: São Paulo

Postby mends » 10 Aug 2006, 08:33

quem mandou o "dono antigo" embora? quem era "o dono antigo"? que pecados foram "expiados"? Lembre-se de que a região era um protetorado inglês até 1949, de que Israel reconheceu o direito palestino a um estado, devolveu quase todos os territórios ocupados e, sim, é um ESTADO, com eleições livres, rotatividade no Poder, respeito às Leis seculares. Não é um Estado teocrático, não é controlado por sacerdotes e, mais importante, não é um grupo terrorista.

Um Estado tem direito a defender sua soberania e a de seu território, amparado pelo direito internacional. Democracia é Estado de Direito, regido por Leis. Gostaria que explicasse onde você enxerga ilegitimidade em Israel.

E onde enxerga legitimidade no Nasrallah Rikota. Veja seu pronunciamento aos islâmicos de Haifa, cidade israelense que promete atacar mesmo sob cessar fogo:

“Tenho uma mensagem especial para os árabes de Haifa, aos seus mártires e aos feridos. Peço que deixem essa cidade. Espero que vocês o façam (...) Por favor vão embora para que não tenhamos que derramar seu sangue, que é nosso sangue."

Islâmicos devem deixar suas casas. Quem não deixar, é amigo de judeu, e judeus devem morrer. Essa é a lógica do cara, e é a lógica terrorista!
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 14 Aug 2006, 09:13

R Azevedo

Supostos intelectuais, inclusive brasileiros, são mais radicais que o Hezbollah. Pois que virem homens-bomba...

Parati tem fama de ter uma pinga boa. Não sei... Mas só pode ter sido ela a inspirar um manifesto de, como vou chamar?, “intelectuais e escritores” brasileiros e estrangeiros sobre a guerra entre Israel e o Hezbollah. Ou melhor: não foi sobre a guerra. Trata-se de um ataque virulento a um dos lados — o israelense, claro. O nome do grupo terrorista nem mesmo é mencionado. Trata-se de um apanhado de bobagens, como se verá abaixo. No caso dos brasileiros, há notórios especialistas em guerra como um certo André Laurentino, de que nunca ouvi falar (e também não quero saber quem é), e Lourenço Mutarelli. Nesse caso, parecia-me já ter lido o nome em algum lugar. Fui procurar. O cara é especialista em história em quadrinhos. Entendo. O mais patético de tudo está nas "exigências" dos "intelectuais":
“a - A retirada imediata das tropas israelenses do Líbano, como prelúdio para um cessar-fogo incondicional
b - A libertação de todos os prisioneiros palestinos e árabes das prisões israelenses, incluindo os representantes eleitos do povo palestino, assim como a libertação dos três soldados israelenses.
c - O fim da ocupação do Iraque e dos Territórios Palestinos Ocupados."

a)Os ditos “intelectuais” brasileiros, sob a influência do terrorista Tariq Ali, são mais radicais do que o Hezbollah, que aceitou o cessar-fogo. A carta também ataca as tropas da ONU. Os milicianos concordam com elas. Por que essa gente não decide virar homem-bomba? Então agora são três as posições: 1) a ONU e o Hezbollah querem o cessar-fogo já; 2) Israel acha que a hora exata não é ainda esta; 3) Milton Hatoum e seus amigos só aceitam negociar depois que Israel ceder... Deus meu!
b) Todos os “prisioneiros palestinos e árabes (?)” de Israel são inocentes por definição? É por isso que o Hezbollah deu início à guerra?
c) O que o Iraque faz no meio dessa confusão? Adorei a construção “fim da ocupação dos territórios palestinos ocupados”.

E só uma observação: a carta padece também de anti-semitismo (e não me venham com a história de que árabes também são semitas). Quando se refere a Gaza como "gueto", os "intelequituais" tentam comparar os palestinos aos judeus durante a Segunda Guerra e as autoridades israelenses a Hitler. É coisa de gente sem-vergonha.

A carta

"10 de agosto de 2006

Nós, autores abaixo assinados, reunidos em uma festival literário na idílica cidade brasileira de Paraty, não podemos deixar de pensar nas vítimas das guerras no Oriente Médio.

A invasão israelense do Líbano é apenas o episódio mais recente de uma série de guerras e ocupações. A destruição deliberada da infra-estrutura social do Líbano e os massacres de Marwahin, Qana e Srifa devem despertar a consciência do mundo.

Na ausência de qualquer apoio por parte da "comunidade internacional" ao povo libanês e àqueles encurralados no gueto de Gaza, conclamamos todos os cidadãos dotados de consciência a levantar a voz contra esses crimes, especialmente nos EUA, onde as redes de televisão censuraram as imagens de vítimas civis.

O plano cínico de utilizar uma força internacional da ONU ou da OTAN para favorecer os objetivos bélicos de Israel não trará qualquer solução. Para que se possa chegar a uma paz duradoura na região, são necessários:

a - A retirada imediata das tropas israelenses do Líbano, como prelúdio para um cessar-fogo incondicional

b - A libertação de todos os prisioneiros palestinos e árabes das prisões israelenses, incluindo os representantes eleitos do povo palestino, assim como a libertação dos três soldados israelenses.

c - O fim da ocupação do Iraque e dos Territórios Palestinos Ocupados."

Escritores brasileiros:

Luiz Antonio de Assis Brasil
Milton Hatoum
André Laurentino
Reinaldo Moraes
Lourenço Mutarelli
Lucimar Mutarelli (professora)
Miguel Sanches Neto
Júlio Silveira (editor)

Escritores estrangeiros:

Tariq Ali (Paquistão)
Radwa Ashour (Egito)
Mourid Barghouti (Palestina)
Alonso Cueto (Peru)
Toni Moorrison (EUA)
Ali Smith (Grã-Bretanha)
David Toscana (México)
Susan Watkins (editora, Grã-Bretanha)
Benjamin Zephaniah (Grã-Bretanha)
Ondjaki (Angola)"


Ainda sobre os "intelequituais"

Desci o pau em supostos intelectuais brasileiros que assinaram uma carta estúpida sobre a guerra entre Israel e o Hezbollah e, para evidenciar o seu descolamento da realidade, lembrei que um dos signatários é Lourenço Mutarelli, especialista em história em quadrinhos. Não ataquei as HQs. Nada entendo do assunto. Por isso nem opino. Quem opina sobre o que visivelmente não entende é Mutarelli. Foi o que procurei evidenciar de forma sucinta. Mas um leitor que reclamou tem razão. A lista tem um nome mais graúdo: Milton Hatoum, escritor. Venceu o Prêmio Jabuti deste ano na categoria “romance”. Nunca li nada seu e prometo não ler. Um grande escritor pode pensar tolices políticas as mais variadas. Pode até escrevê-las, correndo o risco de não fazer mal nenhum a não ser a si mesmo. Fernando Pessoa, um grande poeta, deixou registradas bobagens notáveis sobre o tema. Borges não chegou a escrever, mas pensou e as disse em entrevistas. Seu horror ao peronismo e ao populismo o fez flertar com os gorilas da ditadura militar. Em literatura, a gente precisa usar critérios absolutos que dizem respeito só ao texto, ainda que o autor seja uma anta política. Se Hatoum fosse um Borges ou tivesse alguma chance de ser um dia, garanto que eu já teria lido alguma coisa sua. Sua assinatura naquela carta ridícula é só parte dos hábitos politicamente corretos de certa elite que se pretende ilustrada e consegue, como se viu, ser mais primitiva do que o Hezbollah. E não vou cometer o golpe baixo de apelar à sua ascendência árabe. Ela não o proíbe de ser sensato.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Next

Return to Papo Sério

Who is online

Users browsing this forum: No registered users and 0 guests

cron