Recursos naturais

Quer viajar no tempo? Vivemos na matrix? Os recursos naturais vão esgotar? Vai chover amanhã? Pergunte ou responda aqui!

Recursos naturais

Postby Danilo » 17 Jan 2007, 16:57

Mandei um e-mail falando do Water Bank of America e o uso comercial da água. O tal Water Bank é uma empresa fundada por irmãos canadenses. Mais informações no site da Exame que também fala do índice World Water Index, da agência Bloomberg, com rendimento médio superior ao das companhias de petróleo e gás que compõem o índice das 500 da Standard & Poor's.

Pois bem. Mas será que a água vai render muito mesmo no futuro próximo? Vai se tornar mais escassa mesmo? Parece que atualmente, controlar o uso da água já significa deter poder. Em regiões onde a situação de falta d'água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países africanos, onde a média de consumo de água por pessoa é de dez a quinze litros/pessoa. Já em Nova York, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia!

Por outro lado, a América Latina é a região em desenvolvimento que está mais perto de alcançar antecipadamente o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio sobre o acesso à água potável e ao saneamento básico, afirma um relatório publicado pela Unicef no último semestre.

O estudo indica que o número de pessoas que não tem acesso à água adequada para consumo caiu de 74 milhões para 50 milhões entre 1990 e 2004, o que representou um aumento da cobertura de 83% para 91%. A população latino-americana com acesso ao saneamento básico aumentou de 68% para 77% no mesmo período, o que significa que 127 milhões de pessoas passaram a se beneficiar desse serviço. Mas, para alcançar a meta, é necessário que outros 103 milhões (10 milhões por ano) tenham acesso até 2015.

Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior sim ou não?
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 17 Jan 2007, 17:22

do índice World Water Index, da agência Bloomberg, com rendimento médio superior ao das companhias de petróleo e gás que compõem o índice das 500 da Standard & Poor's.


Wow, take it ease, duude...(quem quer investir em água só pode ser bicho grilo gringo)...esse seu argumento não pode ser "jogado" simplesmente:

a) Pela Lei dos Grandes Números, isso indicaria, FOSSEM COISAS COMPARÁVEIS, que gás e petróleo estão baratos. Então, do ponto de vista do investidor, é um negócio ruim, na medida em que ou já está totalmente precificado, ou está overpriced.

b) Não são coisas comparáveis. Mesmo dentro de um mercado medianamente eficiente (onde só inside information dá vantagem competitiva em termos de investimento), há partições das Bolsas Americanas com eficiência informacional menor (estou assumindo que o índice Bloomberg está negociado inteiramente na NYSE, que é onde se mede o S&P 500, nas mesmas condições de liquidez média, inclusive. Como vê, premissas fraquíssimas). Eficiência informacional menor, em um modelo racional, faria com que essa partição "treidasse" com desconto. Em um modelo comportamental, dá margem ao overprice. Em suma, o argumento não serve pra nada.

c) Mas, tuuudo bem: se até "money managers" inventam S&P 500 como benchmark pro ROI de se investir numa pizzaria no bairro, vc está perdoado. Assumamos que sim, é "benchmark". O S&P 500, por ser o índice mais representativo do que se denomina "mercado" (e, logo, tem toda a diversificação que você consegue comprar de maneira econômica, ie, a diminuição marginal do risco do portfolio ainda compensa o custo marginal de adição de ativo ao portfolio), é o ativo de menor risco possível, dentre os ativos arriscados (pergunta de 1,000,000: é mais fácil o governo americano, que emite os risk free assets, os t-bonds/bills) dar default ou todas as empresas do S&P 500, que treida com prêmio em cima dos risk free, falirem? Resumindo: se definirmos risco pelo que ele é, perder dinheiro, e não pela sua representação matemática, a variância dos retornos esperados, o que é menos arriscado?), o mesmo não se pode dizer de um "índice de empresas de ovo-frito", porque a diversificação é menor. Diversificação diferente = níveis de riscos diferentes. Deve-se normalizar pelo risco - se vc achar o Índice de Sharpe dos dois portfolios, aí sim pode comparar - coisa que os índices não estão. Portanto, incomparáveis.

Parece que atualmente, controlar o uso da água já significa deter poder. Em regiões onde a situação de falta d'água já atinge índices críticos de disponibilidade, como nos países africanos, onde a média de consumo de água por pessoa é de dez a quinze litros/pessoa.


Não me parece ATUAL. Isso sempre houve. Controlar suprimentos de água sempre foi importante, desde a Antiguidade.

Já em Nova York, há um consumo exagerado de água doce tratada e potável, onde um cidadão chega a gastar dois mil litros/dia!


Malditos gringos capitalistas que exploram os pobres africanos que morrem de sede!!! O fato de serem um país rico, que pode arcar com custos de prospecções de água cada vez mais altos, em lugares cada vez mais afastados dos centros consumidores, com governo estruturado etc etc certamente nada tem a ver com isso. É o zimperialisms...

Por outro lado, a América Latina é a região em desenvolvimento que está mais perto de alcançar antecipadamente o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio sobre o acesso à água potável e ao saneamento básico, afirma um relatório publicado pela Unicef no último semestre.


UN = Porcaria, porque:

a) metas desenhadas para serem alcançadas (uma semi-meta definida, em polijuniorês)

b) necessita de cenários catastrofistas que justifiquem sua intervenção e monitoramento supra-nacional e autoritário.

O estudo indica que o número de pessoas que não tem acesso à água adequada para consumo caiu de 74 milhões para 50 milhões entre 1990 e 2004, o que representou um aumento da cobertura de 83% para 91%. A população latino-americana com acesso ao saneamento básico aumentou de 68% para 77% no mesmo período, o que significa que 127 milhões de pessoas passaram a se beneficiar desse serviço. Mas, para alcançar a meta, é necessário que outros 103 milhões (10 milhões por ano) tenham acesso até 2015


Análise de Elevador - subiu, desceu - não diz nada sobre fenômeno nenhum. Só que indicadores cujo nível de agregação de informação você desconhece subiram ou desceram.

Vivemos num mundo em que a água se torna um desafio cada vez maior sim ou não?


hmmmmmmmm, não (com a voz do Homem Aranha dos Sobrinhos do Ataíde). Vivemos num mundo onde a pobreza de algumas nações leva a uma escassez cada vez maior de tudo, até de água. O problema é a pobreza, não a água.

E de lambuja, te dou um argumento "banânico" pra te dizer que, como investimento, é piada: onde estão as maiores reservas de água doce? nos países subdesenvolvidos. o que garante "vantagem competitiva" pras empresas exploradoras, mesmo que estrangeiras? a posse da reserva, o que implica em...direitos de propriedade, que são a coisa menos garantida nas bananalândias do mundo. ah, isso sem esquecer do "natural resources curse": com raras excessões, geralmente de países que já tinham a economia mais complexa e da Noruega, mas a Noruega não conta, não há país que tenha ficado rico explorando recursos naturais. não há. é só ver a opep e contar os ricos, olhar o mapa e vê quem produz diamente, cobre etc.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Danilo » 17 Jan 2007, 18:42

Não me parece ATUAL. Isso sempre houve. Controlar suprimentos de água sempre foi importante, desde a Antiguidade.

Ok. Sempre houve mesmo. Que digam os antigos egípcios, e os antigos mesopotâmicos, e...

Vivemos num mundo onde a pobreza de algumas nações leva a uma escassez cada vez maior de tudo, até de água. O problema é a pobreza, não a água.

Sim. O Brasil é um dos paises mais ricos do mundo em termos de reservas hídricas, com mais de 13% da água doce disponível no planeta, a maior área úmida continental do mundo (Pantanal), as mais extensas florestas alagadas (Amazônia), além de fauna aquática rica. Mas a distribuição dentro do país é problemática, temos poluição (em São Paulo, 70% da poluição das águas é de origem doméstica!), falta de saneamento (maioria das internações hospitalares são causadas por doenças relacionadas à água), e disperdício (uns 40% entre a produção e os domicílios vai pro ralo).
(fonte dos dados estatísticos: WWF.org.br/natureza_brasileira)

Aliás, já que começou a moda de reciclagem de lixo, será que não é interessante financeiramente criar uma de cuidado com o uso doméstico da água?

Outra coisa: e a despoluição do Tietê e Pinheiros, a quantos anda? Um dia o AF vai poder mesmo andar de jetski no Pinheiros?
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 17 Jan 2007, 19:14

controle bom é aquele que dói no bolso: cobre mais pela água usada em horário de "pico", cobre mais pelo 10 minuto de água que pelo primeiro, cobre mais por vazão distante da média histórica ou da média da região, mas penalize no bolso. Só não me venha com coisas do tipo "dê menos descarga", que isso é ridículo...

sobre despoluição, não tenho conhecimento nenhum pra opinar sobre isso...
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Mais secas?

Postby Danilo » 02 Feb 2007, 18:00

O Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) divulgou em Paris, nesta sexta-feira, o mais completo panorama científico elaborado até agora sobre as alterações no clima do planeta. O documento, que deve servir de parâmetro para os líderes mundiais, prevê uma elevação de temperatura de 1,1º C a 6,4º C até 2100.

Segundo o Relatório Stern, um documento divulgado em outubro pelo principal economista do governo britânico, Nicholas Stern, uma elevação de temperatura no centro dessa faixa - por volta de 3º C - poderá acarretar secas na Europa, falta de água para até 4 bilhões de pessoas e milhões de novos casos de desnutrição.

(texto completo em estadao.com.br/ext/especial/extraonline/especiais/aquecimento)

E agora, homem aranha?
:?
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 02 Feb 2007, 18:21

Caraca, como qui devo di ixpricá proceis....


ESSAS PORRAS SÃO CATASTROFISMOS QUE SERVEM APENAS PARA JUSTIFICAR ORGANISMOS METANACIONAIS!!!!!!!! :mad: :mad:

EM 31 ANOS NESTA "INDÚSTRIA VITAL", O MUNDO JÁ ACABOU POR CAUSA DO BURACO DE OZÔNIO CAUSADO PELAS EMBALAGENS DO MCDONALDS, POR CAUSA DO EBOLA, DA GRIPE AVIÁRIA (GRAÇAS A DEUS NENHUM FRANGO ESPIRROU NA MINHA CARA), DA REENGENHARIA, DO CAPITALISMO, DA OPEP, DA RÚSSIA, DOS EUA, DOS BUSHES (BOBI-PAI E BOBI-FILHO)...

Duvido alguém me provar que um suposto aumento na temperatura média do planeta é, com grau de certeza acima de 60%, CAUSADO por intervenção humana. NÃO TEM LÓGICA, não tem como isolar as outras variáveis que possam influenciar no clima, ainda mais assumindo o meio ambiente como um sistema complexo em equilíbrio instável.

O raciocínio me parece mais ou menos o seguinte: "hmmmmm, a temperatura mudou 3 graus. O que tem hoje que não tinha há 300 anos, hein, hein?"
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Danilo » 02 Feb 2007, 20:22

Já sabia que você iria responder assim.
:D

Você deve gostar da opinião do jornalista britânico e ex-assessor da Margaret Thatcher, Christopher Monckton. Ele reconhece que existe consenso científico em torno de alguns pontos básicos relacionados ao aquecimento global mas afirma que questões importantes, como o tamanho do aquecimento, e quanto será causado pela atividade humana, continuam em aberto.

Já o diretor do Observatório Astronômico de São Petersburgo, Khabibullo Abdusamatov diz que o aquecimento global é resultado da elevada e prolongada atividade solar que aconteceu na maior parte do século passado. O russo afirma também que a atividade industrial não influencia de forma determinante no clima do planeta, que ao longo dos séculos passou por períodos de aquecimento e esfriamento.

Aliás, por falar em consumo de recursos naturais, reencontrei o link pro teste Earth Day Fooprint, aquele que fala quantos planetas seriam necessários se todos gastassem o mesmo tanto: ecofoot.org
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 03 Feb 2007, 10:19

Os doidos do aquecimento global
Depois, escrevo um pouco mais sobre o assunto. Estou muito cansado. O relatório da ONU sobre o aquecimento global (veja nesta página) detonou um surto de escatologias. Vivemos um período semelhante àquele que antecedeu o ano mil. O mundo vai acabar!!! O nível dos oceanos se elevará entre 17 cm e 1,5 m, as pessoas não estão bem certas. A variação é de 880%. Anteontem, vi um esquisitão na televisão que dizia: “Se fecharmos agora todas as indústrias (???), demorará mil anos para a terra voltar a ser o que era”. Ele garante que, em mil anos, não haverá um meteorito? Ele quer que a Terra volte a ser o que era quando? Ah, é claro que eu também voto contra o aquecimento global. Mas esse troço está virando uma igreja antes de ter um Evangelho.

http://www.reinaldoazevedo.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Danilo » 03 Feb 2007, 14:41

Disso o Mends vai gostar:

The Real Inconvenient Truth About Global Warming

Existem mais de 12.000 grupos ambientalistas nos EUA, controlando mais de 20 bilhões de dólares em ativos, todos unidos na pregação do "evangelho" das mudanças climáticas. Dentre as grandes "holdings" do ambientalismo, várias delas recebem verbas federais para "estudos" e "relatórios" sobre as suas mais recentes descobertas. Mais e mais verbas, estimadas em bilhões de dólares, são encaminhadas a cada ano para outros milhares de cientistas, ávidos por aderir à nova Igreja e ajudar a solidificar o mantra através de suas pesquisas.

Somada a este substancial poder de fogo está uma mídia condescendente, que oferece capas e capas de revistas com fotos de gelo derretido, além da indústria cinematográfica e televisiva que não perde uma só oportunidade de fazer referência ao assunto. A mensagem catastrófica do aquecimento global está literalmente em toda parte. Ela doutrina nossas crianças nas escolas. Circula livremente nas mensagens publicitárias das empresas. Muitas estrelas de Hollywood e líderes políticos internacionais já endossaram o mantra da Igreja Universal do Aquecimento Global. Bilhões e bilhões de dólares vêm sendo gastos para, literalmente, influenciar cada esquina do mundo a aceitar a sua teoria como um fato.

Resistindo a esse furioso ataque, há um pequeno e dedicado grupo de cientistas, líderes políticos e gente comum atrás da verdade. Seus ativos estão na casa dos poucos milhões de dólares. Esses não têm a atenção da mídia. É importante notar que o grupo dos assim chamados "céticos" inclui, dentre outros, o Dr. Daniel Schrag, de Harvard; Claude Allegre, um dos mais condecorados geofísicos franceses; Dr. Richard Lindzen, professor de ciências atmosféricas do MIT; Dr. Patrick Michaels da Universidade de Virginia: Dr. Fred Singer; Professor Bob Carter, geologista da James Cook University, Austrália; 85 cientistas e especialistas em climatologia, que assinaram a declaração de Leipzeg, a qual denominou os drásticos controles climáticos de "advertências doentes, sem o devido suporte científico"; 17.000 cientistas e líderes envolvidos em estudos climáticos, que assinaram a petição do Oregon Institute de ciências e medicina, cujo texto afirma a falta de evidência científica comprovando que os gases estufa causam o aquecimento global; e 4.000 cientistas e outros líderes ao redor do mundo, incluindo 70 ganhadores do Prêmio Nobel, que assinaram a Petição de Heidelberg, na qual se referem às teorias do aquecimento global relacionadas aos gases estufa como "teorias científicas altamente duvidosas".

(trecho do texto de Tom DeWeese, disponível traduzido em midiasemmascara.com.br e original em capmag.com)
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 05 Feb 2007, 15:46

Quando o Estadão anuncou a nova era glacial

Era um domingo. 30 de junho de 1974. O Estadão tornava menos tranqüila a macarronada. Não havia dúvida. Os cientistas haviam descoberto o que os humanos comuns ignoravam em sua inocência: “A Terra caminha para a nova era glacial”. Para sustentar o texto principal, um outro, detalhando um aspecto da matéria geral: “Os invernos serão cada vez mais frios”. Faz pouco mais de três décadas. De lá pra cá, ocorreu uma verdadeira revolução, creio, nos instrumentos de medição, e a era glacial prometida virou um forno. Vocês sabem. Estamos lidando com cinema-catástrofe. Lembrem-se de todos os filmes do gênero que vocês já viram. Descarnando a fita de diálogos inúteis, temos o seguinte na estrutura:

1) Há sempre um cientista maluco ligado a um empresário ambicioso querendo brincar de Deus;

2) O cientista maluco faz isso porque sua ciência não tem ética, entendem? E o empresário porque quer lucro. Vocês sabem como são os empresários... É uma gente que não é de confiança. Não fossem os comunistas para nos salvar, a gente já teria sido posto num saco por algum andarilho e virado sabão, como nas histórias de terror infantil;

3) Há sempre um cientista ético combatendo o cientista que pensa que é Deus;

4) Alguns morrem. Mas, no fim, o mundo é salvo pelos éticos, e o cientista herói dá um beijo na loura.

Não estou em campanha contra o “aquecimento global” — ou melhor, eu também sou contra o aquecimento. Só estou combatendo uma estrutura mental. Essa reportagem do Estadão está num site chamado Metsul Meteorologia . Lê-se lá:

“O Estado de S. Paulo, para complementar a reportagem de 1974 (...) valeu-se da opinião do pesquisador Giorgio Giacaglia, Diretor do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG/USP). O Diretor do IAG da USP publica uma síntese dos seus estudos com conclusões muito interessantes tanto para a época como para os dias atuais e que vieram a se confirmar por estudos realizados nos últimos dez anos mediante a reconstrução por modelos do clima do último milênio. O pesquisador chama a atenção para o aquecimento iniciado ainda no século XIX e que se prolongou na primeira metade do século XX, sendo seguido pelo resfriamento a partir de 1945 e que até aquele momento (em 1974) perdurava. A Oscilação Decadal do Pacífico sequer havia sido descoberta, mas o padrão constante da oscilação já estava identificado no trabalho do pesquisador da USP. A PDo apenas viria a ser constada por Steven R. Hare e Yuan Zhang em estudo de 1997, portanto 33 anos depois.” O texto é do meteorologista Eugenio Hackbart, que tem um blog tratando de assuntos do clima.

Não estou comprando a versão de ninguém. Só estou deixando claro, mais uma vez, que o debate tem de ser ampliado.

http://www.reinaldoazevedo.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 05 Feb 2007, 17:20

O leitor amigo não sabe, mas a Terra ia derreter em 1945, conforme se vê na primeira capa da Time, acima. Já em 1976, estava chegando a era glacial. Até que tudo voltasse a ficar insuportavelmente quente nos dias de hoje. O humor do jornalismo-catástrofe, como se vê na Time — que não é assim uma “revistinha”, hehe —, acompanha o acalorado (ops!) debate científico. Segundo o meteorologista Eugenio Hackbart — que acredita, sim, no aquecimento global —, o noticiário também varia de acordo com a PDO (Oscilação Decadal do Pacífico), que vai esquentando e esfriando a Terra em intervalos de 30 anos. Aliás, eis uma boa questão: aprendemos com os apocalípticos que o aquecimento é uma realidade constante, linear, desde a Revolução Industrial, coisa do capitalismo, vocês sabem, e do “serumano”. Ah, é? Se é assim, alguém me explique, segundo algum critério lógico e racional, por que houve o resfriamento entre o fim dos anos 40 e a metade de década de 70. Ou não houve?

Image

http://www.reinaldoazevedo.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 06 Feb 2007, 08:30

mais sobre a loucura...

Ainda o aquecimento global: dois textos para o leitor não ficar de mal dos "serezumanos"


Como vocês sabem, também estou engajado no esforço para que nós, os “serezumanos”, não contribuamos para tornar o planeta inabitável pelos “serezumanos”. É uma coisa terrível não sabermos o que é o melhor para nós mesmos. Por isso, creio que, quanto mais informações houver sobre o aquecimento global, tanto melhor. Que vantagem pode nos advir da interdição do debate? É por isso que tenho postado aqui algumas informações que correm pelo mundo e que, creio, são relevantes.
É o caso, por exemplo, do depoimento que prestou ao Congresso americano o dr. William Gray, da Universidade do Colorado. Ele é considerado a maior autoridade mundial em ciclones tropicais — furacões, tufões, essas coisas monstruosas. Em recente entrevista à CNN, classificou o aquecimento global de “bobagem”. Ok. Ninguém precisa acreditar nele. Mas o fato é que o homem foi ao Congresso dos Estados Unidos, desancou a teoria do aquecimento e negou que possa haver qualquer vínculo entre o dito-cujo e os furacões. E até fez uma provocaçãozinha: disse estar convencido de que, em 15 ou 20 anos, nós nos voltaremos a estes dias de histeria com o aquecimento global mais ou menos como nós vemos hoje as teorias dos anos 1920 e 1930 sobre a eugenia — ou seja, como idéias superadas. Gray tem uma vantagem em relação àqueles que contesta: teremos condições de saber se ele está certo ou errado — já que o apocalipse só chega mesmo dentro de 500 anos...
(
...)um artigo chamado “Clima do Medo”, de Richard Lindzen, do MIT (para quem gosta de fontes estreladas). Segundo ele — e Gray também toca no assunto —, cientistas costumam infundir o pânico, calando as vozes divergentes, porque querem arrancar dos governos mais dinheiro para pesquisa. Sobre o clima (o outro...) policialesco, escreve: “But there is a more sinister side to this feeding frenzy. Scientists who dissent from the alarmism have seen their grant funds disappear, their work derided, and themselves libeled as industry stooges, scientific hacks or worse. Consequently, lies about climate change gain credence even when they fly in the face of the science that supposedly is their basis.” A íntegra está aqui.
Não se trata, entendam bem, de uma militância. Apenas me impressiona que as vozes discordantes sejam silenciadas. Eu não tenho dúvida de que o catastrofismo diminuiria enormemente se George W. Bush assinasse o Protocolo de Kyoto. Ainda que fosse para não fazer nada. Como ainda nada fizeram os países signatários.


As capas
Reproduzo um trecho do texto do meteorologista gaúcho Eugenio Hackbar (clique aqui), que comenta as capas da Time, lá no alto:
"A variabilidade natural do clima ao longo dos últimos cem anos pode ser muito bem compreendida pelo noticiário, por exemplo, da revista norte-americana Time (...). Em sessenta anos, a revista publicou três matérias de capa sobre o comportamento do clima do planeta. Na sua edição de 10 de setembro de 1945, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a capa da Time mostrava um desenho do planeta suando e esbaforido com a manchete logo abaixo: "O mundo está fervendo". O planeta havia enfrentando nos dez anos anteriores intensos episódios de El Niño como, por exemplo, o de 1941 que resultou na grande enchente de Porto Alegre. Três décadas mais tarde, na sua edição de 31 de janeiro de 1977, a mesma Time noticiava o frio intenso que catigava o mundo e os Estados Unidos com a manchete "O Grande Congelamento". Novamente, três décadas mais tarde, em 3 de abril de 2006, a revista dizia aos seus leitores "Fiquem preocupados, muito preocupados" com o aquecimento global que era o tema especial da edição.
Observem o intervalo entre as reportagens de 1945, 1977 e 2006. São, em média, trinta anos. Justamente os ciclos da Oscilação Decadal do Pacífico (link) costumam durar de vinte a trinta anos. Em fases quentes da PDO no século 20 o planeta passou por um processo de aquecimento enquanto na fases frias resfriou-se. Nos últimos trinta anos, quando começou a surgir o temor em torno do aquecimento global, a fase da PDO esteve positiva e ainda com dois eventos de Super El Niño em 1982/1983 e 1997/1998. A frequência e intensidade de eventos de La Niña, que tendem a resfriar o planeta, foram muito menores nas últimas três décadas em razão do período quente da PDO que tem como característica favorecer justamente mais ocorrências de El Niño e manifestações mais intensas do fenômeno. (...)".

Então...
Bem, podemos fazer de conta que esse debate nunca existiu. Noto que foi uma sorte o mundo ter ignorado as ameaças de resfriamento da década de 70, não é mesmo? Já imaginaram ter de redimensionar toda a civilização do "serumano" a cada 30 anos? Como não entendo nada de clima, procuro ler o que há a respeito. Mas de milenarismo eu entendo.

http://www.reinaldoazevedo.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 06 Feb 2007, 14:43

Quousque tandem...
“Até quando vamos ter de agüentar esse negócio do aquecimento global?”, pergunta uma leitora, já enfarada. Depende, minha cara. Se os republicanos perderem as eleições nos EUA, o mundo começa a se resfriar rapidinho. Se ganharem, ficará mais quente do que nunca. Segundo os não-catastrofistas, o atual ciclo de aquecimento terá seu pico por volta de 2022. Bem, haja suor e proselitismo até lá. Se, no meio tempo, começarmos a usar mais fontes limpas de energia, vá lá, tanto melhor. Depois, é só lidar com o risco do resfriamento, mas este parece que gerou menos terror. Os tempos eram outros. A ONU ainda não era uma ONG do Terceiro Mundo (ou do Fim do Mundo).

http://www.reinaldoazevedo.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 06 Feb 2007, 19:59

http://cosmicvariance.com/2007/02/06/why-buy-a-climate-skeptic-cow-when-milk-is-cheap/

Why Buy a Climate-Skeptic Cow When Milk is Cheap?
Sean at 2:09 pm, February 6th, 2007

Cute Polar Bear There’s been a bit of blogospheric buzz about this story in the Guardian that accuses the conservative American Enterprise Institute of offering $10,000 to scientists who will contribute articles to a collection responding to the recent report from the Intergovernmental Panel on Climate Change. The IPCC report pins the blame for global warming squarely on human activity, and warns that the rate at which atmospheric carbon dioxide concentrations are growing has been accelerating in recent years. The AEI, meanwhile, is known for such sober assessments as The Global Warming Joke. So there is some concern that the AEI is simply bribing scientists to go along with Big Oil’s party line. Personally, I think the Guardian article is getting a lot of attention because the polar bear picture is really cute.

At the Volokh Conspiracy, Jonathan Adler digs up the actual letter from AEI scholars Steven Hayward and Kenneth Green, as well as a note to AEI employees from President Christopher DeMuth. The argument of those on the We Call It Life side of the climate-change fence is that the AEI isn’t offering a bribe to scientists to distort their positions — they’re just collecting a bunch of articles from voices that might be skeptical anyway. Adler:

In these letters AEI was certainly seeking out prominent analysts willing to participate in a critical examination of the IPCC report, but I don’t think the letter suggests AEI wanted Professor Schroeder or anyone else to tailor their views to AEI’s agenda. Rather it looks to me like an effort to encourage those who have been critical of climate projections in the past to provide a detailed assessment of the new IPCC report.

All of which is completely true. Think what you will of the practice, but this is how the game is played (as Jack Balkin points out, more sarcastically). The point is, there’s no need to bribe scientists to be skeptical about climate change, or to hold any other industry-friendly minority position. There are enough scientists out there that there will inevitably someone who sincerely holds that view, as small as the minority might be. All you have to do is ferret them out, and then use your money to give them a megaphone in the public arena. The role of ExxonMobil’s cash isn’t to buy people off, it’s to dramatically amplify the voices of a small number of skeptics, so that the political discourse about the environment is dramatically different in tone and balance from the professional scientific discourse. And at that, they’re doing a fantastic job.

When I was an undergraduate (bear with me here) I spent a summer working at the Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics. I worked with Sallie Baliunas, a CfA scientist who was a fellow Villanova astronomy grad, and was running an ambitious project to track chromospheric activity on a large sample of Sun-like stars. Sallie is an outstanding astrophysicist, and was a great advisor, as well as a friend. It’s no coincidence that I ended up going to grad school at Harvard’s astronomy department; the physics department didn’t like people from smaller schools and wouldn’t let me in, and Sallie helped convince the astronomy department to accept me.

Sallie also was, and continues to be, very right-wing, of the libertarian variety. Letting the free market do it’s job was the best strategy in nearly any circumstance, she firmly believed. Her interest in stellar variability led her to contemplating the role of Solar variability in the Earth’s climate, and she became convinced that changes in the Sun were essentially the only important factor in explaining changes in the Earth’s temperature. In particular, that human-produced emissions had nothing to do with it. Nothing about this belief was influenced in any way by large piles of cash offered by oil companies. But, once her views became known, they were more than happy to provide platforms from which to spread them; she’s now an editor at Tech Central Station, as well as a fellow of the George C. Marshall Institute.

Nobody could be more sincere in their views about climate change than Sallie is. I also happen to think that she’s dramatically wrong, as do the vast majority of (much more expert) scientists working on the question. But this is how the game is played — no need to bribe people when you can influence the public debate much more easily, and without fear that your targets won’t stay bribed. Unfortunately, oil companies have a lot more cash to spend on this purpose than the atmosphere does. Which is why public-minded scientists who agree with the carefully researched views of the IPCC need to keep hammering on the importance of doing something to fix this problem, before the damage is irrevocable.

I did want to highlight this bit from AEI President Chris DeMuth’s note to his employees:

Third, what the Guardian essentially characterizes as a bribe is the conventional practice of AEI—and Brookings, Harvard, and the University of Manchester—to pay individuals at other research institutions for commissioned work, and to cover their travel expenses when they come to the sponsoring institution to present their papers. The levels of authors’ honoraria vary from case to case, but a $10,000 fee for a research project involving the review of a large amount of dense scientific material, and the synthesis of that material into an original, footnoted and rigorous article is hardly exorbitant or unusual; many academics would call it modest.

I would like to go on record as not thinking of $10,000 for a review article as modest at all. In fact, I’m beginning to wonder why I’ve been doing it for years now without any honorarium whatsoever. If the AEI would like some review articles on the cheap, call me! I promise to be original, footnoted and rigorous.
"Cosmologists are often in error, but never in doubt." - Lev Landau
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 06 Feb 2007, 22:23

I also happen to think that she’s dramatically wrong,


que pena...o garoto tava indo tão bem...

$10,000 fee for a research project involving the review of a large amount of dense scientific material, and the synthesis of that material into an original, footnoted and rigorous article is hardly exorbitant or unusual; many academics would call it modest.


depois o Jr reclama da vida...10k de pitombas verdes prum artigo???
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Next

Return to Tudo aquilo que você queria saber

Users browsing this forum: No registered users and 0 guests

cron