by mends » 03 Aug 2005, 15:11
GIBA UM
Eixo Coca-Cola-DNA- 1
Acaba de ser descoberto um eixo entre a Coca-Cola e a agência DNA, de Marcos Valério, o que até pode justificar demora nas denúncias de elisão e sonegação fiscal e a paralisação do exame do extrato vegetal usado para fabricar o refrigerante: na lista da CPI aparece Luis Costa Pinto, da empresa Idéias, Fatos & Texto, com saques de quase R$ 600 mil. Ele é assessor de João Paulo Cunha (sua mulher, Márcia, também sacou R$ 50 mil) e contratado pela Coca-Cola para defender seus interesses junto a parlamentares. Segundo Adriana Antunes, ex-secretária de Jack Corrêa (trabalhou com ele entre 1999 e 2003), principal lobista da Coca-Cola, há anos, “semanalmente, havia repasse da Coca-Cola para a DNA”. Ela lembra que não achava sentido o pagamento porque “não era a agência da Coca-Cola” e questionava porque “Brasília pagava uma agência de Minas Gerais”. Adriana lembra que os repasses eram feitos via transferência bancária pelo Banco Itaú e Corrêa operava diretamente com Marcio Hiram, ex-sócio de Marcos Valério e também envolvido.
Eixo Coca-Cola-DNA – 2
Adriana Antunes lembra ainda que eram constantes os contatos entre Jack Corrêa e Delúbio Soares e Silvio Pereira: “Esse Delúbio é um mal-educado, grosso e eu odiava ter que ligar para ele”. A ex-secretária de Jack Correa também assegura que eram constantes os contatos entre os lobistas e Clara Ant que, na época, também funcionava na arrecadação para campanhas e hoje é secretária particular de Lula. Para quem tem memória curta: Jack Corrêa, no passado, foi peça-chave no impeachment de Collor. Foi ele que deu o Elba Fiat, trabalhando para a montadora, que ajudou a levar o ex-presidente a seu impedimento.
Encontro em Portugal
O ex-ministro dos Transportes, Obras, e Comunicações de Portugal, António Mexia, confirmou que teve um encontro, a pedido de Miguel Horta e Costa, presidente-executivo da Portugal Telecom, com o publicitário Marcos Valério, em Lisboa. Ao site português Bloguitica , Mexia, contudo, afirmou que foi apenas “uma visita de cortesia”. Miguel Horta e Costa, antes de chegar à presidência da Portugal Telecom, foi vice-presidente do Conselho de Administração do grupo e a partir de março de 1998, o principal homem da empresa na área internacional. Anteriormente, foi vice-presidente do Conselho do Banco ESSI S.A. (hoje, BES Investimento), administrador do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa e presidente do Conselho de Administração da Euroges Factoring. O grupo Espírito Santo também já apareceu em meio às denúncias do mensalão e rompeu, publicamente com as empresas de Marcos Valério.
Quem sobra
Quando o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, sinaliza que não há nenhuma condição de prosperar um pedido de impeachment do presidente Lula, assume, publicamente, as roupagens de "pai da pátria" de um lado e, de outro, dá a entender que, se um dia, por força maior, a Presidência da República cair no seu colo, será em decorrência de um "fator maior". Ou vários: numa reservada e recente conversa que teve com os senadores José Sarney e Renan Calheiros, presidente do Senado, Jobim foi quase convocado a fazer uma análise do que aconteceria, na hipótese remota de um impedimento presidencial. Conversaram sobre a chance de também José Alencar ser atingindo: afinal, sua empresa Coteminas também deu dinheiro a Marcos Valério. No caso de Severino Cavalcanti, a análise piora: ele pode ser atingido, mesmo que por respingo, pelo mensalão (e manteve o contrato de Marcos Valério com a Câmara). Sem que lhe fosse perguntado, Renan teria comentado que "eles podem até vir em cima de mim".
Dívida da viagem
Os R$ 200 mil sacados pela funcionária do PT, Solange Pereira de Oliveira, que trabalha junto com o ex-tesoureiro Delúbio Soares, das contas de Marcos Valério, coincidindo com a data de pagamento de parcelas de dívida do presidente Lula com o partido (no final de dezembro de 2003, o Chefe do Governo devia R$ 29,4 mil à agremiação), estariam diretamente relacionados a gastos de viagens. Traduzindo: o partido foi pagando (ou adiantando) despesas de viagens do próprio presidente (ou da primeira-dama Marisa Leticia) que, depois, teriam de ser quitadas.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")