República das Bananas...

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby Danilo » 27 Aug 2007, 10:50

O ENEM é fraco assim mesmo.
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Postby mends » 27 Aug 2007, 12:05

O problema não é ser fraco. O problema é ser corrompido ideologicamente. O que se cobra é estabelecido como Verdade.
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Postby mends » 27 Aug 2007, 18:08

Enem: de chimpanzé a Schopenhauer em 63 questões
Professores de cursinho, vejo no jornal, estão elogiando a prova do Enem. Entendo. Essas escolas conseguirão pôr 110% dos estudantes em alguma faculdade. Se um dia o sujeito passou em frente ao prédio, já está apto a fazer o exame. O que vocês me dizem de uma questão complexa como esta, que segue, a primeira?

“Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial. Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura de um povo?”
Quais são as opções do aluno? Imagens
A – do Cristo Redentor
B – do Pelourinho
C – da festa do bumba-meu-boi
D – das cataratas do Iguaçu
E – da Esfinge de Gizé

Como vêem, ela não testa conhecimento porcaria nenhuma. A resposta esta contida na pergunta, como naquela brincadeira infantil: “De que cor era o cavalo branco de Napoleão?” Para responder, basta saber que “branco” é uma cor, ainda que não se saiba o que é um cavalo ou quem foi Napoleão. Sem contar que o estudante com um pouco mais de conhecimento pode, coitado, ser tomado de perplexidade. O Cristo, o Pelourinho e a Esfinge, por exemplo, embora tenham uma base “material”, só são valorizados por sua dimensão “imaterial”. Ou alguém pode chegar e nos dar uns trocos e levar a estátua embora?

Eis a questão verdadeiramente grave da prova: ela busca a mediocridade.

Outro exemplo? Vejam a questão nº 2:
“Sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo intitulado Paranóia ou Mistificação:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & cia. O Diário de São Paulo, dez./1917.”

Aí vem a questão: “Em qual das obras abaixo identifica-se o estilo de Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no artigo?”

Há cinco alternativas. Quatro são imagens “normais”. Uma é o quadro “A Boba”, da própria Malfatti (não se diz a autoria — ao menos isso). De novo, a resposta “certa” está na pergunta. O estudante não precisa saber:
- quem foi Lobato;
- quem foi Malfatti;
- do que trata o texto.
Basta saber identificar uma coisas um pouco “esquisita”.

O próprio examinador erra no título do artigo, coitado! Em 1917, ele se chamava “A propósito da exposição Malfatti”. Só depois, em livro, ganhou o prenome “Paranóia ou Mistificação”. Ah, claro: o texto foi publicado no jornal O Estado de S. Paulo, e não no Diário de S. Paulo.

Dou dois exemplos escandalosos de como a prova se organiza. Ela testa, no máximo, alguma capacidade de concentração do aluno. Só. No que diz respeito às habilidades matemáticas, por exemplo, nada que um aluno médio da sexta série não consiga fazer sem grande esforço. Quando tiverem algum tempo, examinem a prova vocês mesmos. O truque de “responder na pergunta” marca todas as questões, como direi?, “humanísticas”, a larga maioria. E reparem que, neste post, não toquei no viés ideológico.

Com provas como esta, aumenta bem a chance de um chimpanzé passar por Schopenhauer. A verdade só aparece quando se põe a educação brasileira no contexto de outros países emergentes. Aí os “schopenhauers” dos outros começam a achar que a gente se comporta como chimpanzé, anda como chimpanzé, calcula como chimpanzé e até começa a se parecer com chimpanzé. E não demorará para que descubram: “São mesmo uns chimpanzés”.


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Postby Danilo » 27 Aug 2007, 23:56

Num já disse que o ENEM é fraco? Durante o tempo de prova dá pra resolver as questões, rever as respostas, corrigir e ainda criticar os enunciados.
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Postby mends » 28 Aug 2007, 09:06

PQP!!!

O problema NÃO É SER FRACO, É SER DOUTRINÁRIO!!!!!!!
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Postby Danilo » 28 Aug 2007, 09:52

Num já disse que ele é fraco?


(só enchendo o saco... heheheheheh)
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Postby mends » 16 Sep 2007, 09:47

Ainda o IBGE: o desastre histórico do pobrismo
A Grande Fome Brasileira, que justificaria a doação de dinheiro do Bolsa Família, é uma invenção petista. Já não existia quando Lula chegou à Presidência da República. Atenção para o que é fato, não versão. Duda Mendonça aproveitou um caco de uma fala de Lula num dos programas do PT na TV e percebeu que havia ali ouro eleitoral: “Fome Zero”. O “Fome Zero” acabou se transformando no Bolsa Família, reunião dos vários programas assistencialistas do governo FHC, porém ampliados: eles chegavam a 5 milhões de famílias e passaram a atingir 11 milhões. Esperteza petista: unificar as “bolsas” numa única rubrica e mandar ver numa gigantesca operação de marketing — coisa que o governo anterior não fazia, praticando um assistencialismo envergonhado.

Fome, fome mesmo, aquela do sujeito esquálido, o tipo “biafra” dos livros de ilustração, acabou quando a economia brasileira pôs fim à inflação. Comer o bastante para ser um pobre em pé, eventualmente até gordo, passou a ser coisa barata. Lula, com a ajuda de setores da imprensa que lhe cantam as glórias, pode entrar para a história como o presidente que acabou com o que já não existia: a fome. Se tanto, vá lá, em algumas regiões do sertão nordestino, havia resquícios daquela fome apontada por Josué de Castro (pesquisar).

Pois bem. Qualquer economista com um mínimo de compromisso com o futuro — e não com uma agenda eleitoral: é questão de escolha — pode dizer o óbvio: se os mais de R$ 8 bilhões por ano do Bolsa Família fossem investidos em saneamento, educação e saúde, o país poderia, de fato, dar um salto gigantesco na qualidade de vida, em vez dessa melhora — sim, está melhorando um pouco, lentamente, faz tempo — a que se vai assistindo, a passos de cágado.

Vejam lá o post sobre investimento em saneamento. Como pode um país submetido a sucessivas crises econômicas ter investido percentualmente mais no setor do que este mesmo país vivendo o auge da prosperidade? É evidente que estamos diante de escolhas erradas, que dão prioridade mais à agenda eleitoral do que àquela que poderia nos levar a um salto de qualidade nem diria duradouro, mas permanente.

Chego a ficar chocado com a estupidez de certas “análises”. Diz-se com a maior serenidade: “programas sociais elevaram a renda do Nordeste”. Entenda-se por “programas sociais” o Bolsa Família. Ora, digamos que, dos mais de R$ 8 bilhões anuais da área, metade vá para a região. É claro que se provoca uma elevação da renda. Queriam o quê? O dinheiro aparece na conta. A questão é outra: esse dinheiro resulta em iniciativas econômicas, trabalho, atividade geradora de renda? A resposta é óbvia: NÃO. “Ah, incentiva a microeconomia local”, dizem alguns. Não! Subsidia a microeconomia local. Pare de doar o dinheiro para ver o que acontece.

O país vive a era da maçaroca de dados. O trabalho infantil é um bom exemplo. A depender do que se quer dizer com isso, ele ainda é gigantesco: mais de cinco milhões de crianças, o que quer dizer mais de 5% da mão-de-obra. Mas ele é igual no Nordeste e no Sul? O filho do pequeno proprietário sulista que o ajuda na lavoura é um “trabalhador infantil” como é o garoto que trabalha numa pedreira, subempregado como seu pai? O indicador é tomado como um sinal da iniqüidade brasileira, embora, de fato, se estejam misturando alhos com bugalhos. A iniqüidade, que existe, é outra e está justamente onde se vêem sinais de virtude. Até que o estado for a fonte da “diminuição da desigualdade”, o que se tem é perpetuação da desigualdade. Não é por acaso que, quando se mede o rendimento médio, mesmo neste suposto momento formidável e inigualável (ou “inigualado”) da economia, descobre-se que ele é menor do que era em 1996 — e não é pouca coisa: quase 10%.

O fato é que estamos — quase todos — muito felizes com a mediocridade. Eis o ponto. Certa feita, Lula afirmou que o crescimento brasileiro não tinha de ser visto na comparação com o resto do mundo, e sim na comparação consigo mesmo. Essa deve ser uma teoria econômica criada por Kin Jong-Il e referendada por Fidel Castro. Conformar-se com o Bolsa Família como motor do desenvolvimento social brasileiro e grande fator da diminuição da desigualdade é renunciar à aspiração de deixar de ser, um dia, um país pobre. O pretexto, como se vê, é meritório: é preciso dar pão a quem tem fome. Vão se catar! É preciso dar esgoto tratado a quem não tem pra que o sujeito não pise no cocô com o pé descalço e não contraia uma diarréia, lotando os hospitais públicos. É preciso dar escola — DECENTE! — a quem não tem. Com inflação sob controle, dadas as raríssimas exceções, não se morre de fome de jeito nenhum. De resto, não estou propondo entesourar os R$ 8 bilhões. Estou cobrando que sejam investidos: sim, no social, em vez de consumidos para a produção de mais cocô sem tratamento.

Ocorre que...
Ocorre que esta crítica se perdeu completamente. Uma parte da imprensa acredita que um bom caminho é mesmo fazer a doação para os setores excluídos do capitalismo, na certeza de que jamais serão incluídos, para que se possa, então, operar segundo critérios de mercado no “Brasil que funciona”. Isso dá certo? Mais ou menos. Vamos ficando onde estamos: pobrões, medíocres, na rabeira dos outros, sempre perdendo as melhores chances. Ricardovsky Berzoniev foi tomar aulas do Partido Comunista Chinês. Ele pode nos dizer se o atual motor do crescimento mundial saiu da lama — uma boa parte dos chineses ao menos — com coisas como Bolsa Família.

Dada uma opinião pública seduzida pela caridade como escolha moral, com setores da crítica especializada cinicamente engajados na economia das compensações, um próximo governo, ainda que de oposição, não terá como desmontar a máquina criada pelo PT. Ao contrário: os partidos que hoje lhe fazem oposição se vêem compelidos a com ele emular em novas “doações”.

Assim, a contribuição do PT ao atraso brasileiro já pode ser considerada histórica. Estaremos amarrados a essa equação por muitos anos. Nesse sentido, de fato, Lula pode mesmo evocar a memória de Getúlio Vargas. Aquele nos deixou uma legislação trabalhista que, hoje, jogou na informalidade mais da metade da mão-de-obra brasileira, com os efeitos conhecidos no sistema previdenciário e de saúde. O assistencialismo como ação redistributiva também se grudou às políticas públicas como craca. Não vai mais nos deixar tão cedo. E continuaremos sorrindo, na rabeira, felizes, tendo a nós mesmos como referência. É o que nos recomenda o Estimado Líder.

Por que escrevo isso? Ah, porque não gosto de pobre. Quem gosta é Lula. Gosta tanto que quer ajudá-los para sempre, se é que vocês me entendem...


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Postby mends » 16 Nov 2007, 08:00

VEJA 6 – A bilionária máquina dos sindicalistas: os burgueses do capital alheio
Vocês conhecem a tese deste escrevinhador. Há uma nova classe social no Brasil, que chamo de “a burguesia do capital alheio”. Trata-se da burocracia sindical que toma conta do país e que está posta hoje em setores estratégicos. A VEJA desta semana traz uma ótima reportagem sobre o assunto assinada por Marcelo Carneiro e Wanderley Preite. Conhecemos a grita das centrais contra a extinção do imposto sindical, uma estrovenga literalmente fascistóide, que transforma os sindicatos em verdadeiras repartições públicas. A reportagem traz quadros informativos muito úteis a quem quer compreender o núcleo realmente poderoso do governo Lula. Ali você fica sabendo, por exemplo, que:
- Jair Meneguelli ganhava, como sindicalista, R$ 1671,61. Como presidente do Sesi, recebe R$ 25 mil;
- Paulo Okamotto, aquele do famoso empréstimo jamais provado a Lula, ganhava, no sindicato, R$ 1.671,61. Agora, presidente do Sebrae, leva R$ 25 mil;
- José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora, ganha hoje R$ 44 mil; no sindicato, eram R$ 10 mil;
- Wagner Pinheiro, que hoje preside a Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, também recebe R$ 44 mil. Como dirigente sindical, recebia R$ 5,232,29;
- Wilson Santarosa, gerente de Comunicação da Petrobras, era sindicalista e ganhava R$ 3.590,89. Agora, é gerente de Comunicação da Petrobras: ganha R$ 39 mil.

Acima, estão apenas alguns casos em que o cargo numa estatal ou em alguma autarquia implica uma mudança de padrão de vida. Mas não é só isso que conta. Sérgio Rosa, por exemplo, ganhava, na Confederação dos Bancários, R$ 4.500. Hoje presidente a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, recebe R$ 15 mil. Salário até modesto perto dos outros. E daí? É um dos homens mais poderosos do Brasil — e, se vocês procurarem na Internet, verão que é um tanto, digamos, polêmico. Ele cuida de um patrimônio avaliado em R$ 106 bilhões!!!

Essa máquina gigantesca, a verdadeira ossatura do governo Lula, está se movendo para manter seus privilégios: não quer, de jeito nenhum, o fim do imposto sindical e tenta emplacar leis que os protejam da... democracia. Leiam a reportagem. Creio que vocês vão se surpreender com os muitos bilhões que o setor movimenta.
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Urnas eletrônicas

Postby Danilo » 19 Nov 2007, 09:09

Começaram duvidando da inviolabilidade das urnas eletrônicas. Um professor do ITA até mostrou que nas últimas eleições em Alagoas, urnas eletrônicas tiveram algum tipo de perda de integridade!
:o
E agora...

Congresso quer substituir TSE no controle das urnas
(matéria original em folha.uol.com.br)

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pode deixar de ter o controle das urnas eletrônicas. Há sete meses uma subcomissão foi instituída na Câmara e um relatório deve ser divulgado nos próximos dias com a sugestão de passar a fiscalização das urnas a uma "Comissão de Automação Eleitoral do Congresso Nacional", segundo revela neste domingo o Blog do Josias.

Os idealizadores da sugestão põem em dúvida a inviolabilidade das urnas eletrônicas e questionam também a transparência do processo eleitoral. Eles atribuem a suposta obscuridade ao excesso de poderes do TSE. O tribunal acumularia atribuições que, além de excessivas, seriam incompatíveis entre si: baixa as normas que regem as eleições, administra o processo eleitoral e dá a palavra final nos processos que têm origem nos pleitos.

De acordo com o blog, os deputados estão questionando a isenção da Justiça Eleitoral. E, a pretexto de resolver o suposto problema, sugerem que as regras do processo eleitoral eletrônico passem a ser definidas pelos próprios deputados e senadores, reunidos numa Comissão Eleitoral.
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Postby mends » 21 Dec 2007, 09:21

VEJA 3 – Páginas Amarelas: A Síndrome da Grande Potência
O historiador José Murilo de Carvalho, de 68 anos, é um dos mais sagazes intérpretes do Brasil desde o Império. No governo Lula, Carvalho identifica um mal secular, que ele chama de "síndrome de grande potência". O que é isso? É o ideal ressuscitado de grande império, cultivado no Brasil a partir da chegada da família real portuguesa, em 1808, e retomado mais tarde pelos governos militares. No atual governo, ele se manifesta no envio de tropas ao exterior, na pretensão de ter assento no Conselho de Segurança da ONU, nas práticas neoterceiro-mundistas do Itamaraty. Doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e professor titular do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carvalho é autor de uma magistral biografia de dom Pedro II, lançada neste ano. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), esse mineiro de Andrelândia recebeu VEJA para uma entrevista no recinto preferido da ABL: a biblioteca de 22 000 volumes, onde há preciosidades como a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572, e um raríssimo exemplar das Rhythmas, também de Camões, datado de 1595.

Veja – Que herança o Brasil deve à transferência da família real portuguesa para o país, em 1808?
Carvalho – A vinda da família real foi, sem dúvida, uma condição necessária para a existência do Brasil. Se dom João tivesse optado por ficar em Portugal, nosso país não existiria tal como é hoje. Aconteceria aqui o que houve na colônia espanhola da América, uma divisão em países, provavelmente uns cinco. O Brasil oscilou entre a fragmentação e a unidade até 1850. Mas não se fragmentou porque, com a transferência da coroa, se estabeleceu no Rio de Janeiro um centro de legitimidade política sobre as subdivisões da colônia. A atuação da corte no Rio foi fundamental para manter nossa unidade, inclusive com o uso da força contra movimentos separatistas. Viabilizou-se o projeto de grande império, que reforçou essa unidade. Entre os pontos negativos há o fato de que a corte portuguesa era uma das mais atrasadas da Europa. Não fez a reforma religiosa do catolicismo, nem a revolução econômica do capitalismo, nem a revolução científica. Outro ponto frágil foi a educação popular, que era um desastre na colônia e continuou desastrosa durante o Império e nos 100 anos de República.
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Postby mends » 04 Jan 2008, 08:49

Não li ainda, por motivos óbvios, a entrevista do deputado cassado e consultor de empresas José Dirceu concedida à revista Piauí de janeiro, que chegou hoje às bancas. Sei o que me contam os leitores e o que se publicou a respeito. A repórter Daniela Pinheiro acompanhou Dirceu por seis dias e três países. E o homem soltou o verbo. Sendo quem é, mandou recados. Resta saber para quem e por quê.

Dirceu, a gente sabe, orgulha-se de seu realismo, não é? Lembro-me do esforço que Franklin Martins fazia, quando era apenas um jornalista civil, para dizer que não havia provas da existência do mensalão no PT. Huuummm. Leia o que disse o ex-ministro-chefe da Casa Civil e vejam se isso não se parece com uma confissão: “Esse pessoal [ele está falando dos petistas] é assim. Chegava para o Delúbio e falava: ‘Delúbio, preciso de 1 milhão’. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim, de uma hora para outra? Aí, quando não recebiam o dinheiro, diziam que estavam sendo preteridos porque eram de uma outra corrente, de uma outra ala, que a direção era autoritária. O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão, e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles.”

E Delúbio? Terá caído em desgraça? Nada disso. Ele ainda é homem de confiança da turma, daí que tenha arcado com tudo sozinho, sem jamais roer a corda. Ele é funcionário do Moderno Príncipe, do ente de razão que governa o Brasil. Segundo a reportagem da Piauí, Dirceu se encontra semanalmente com o agora deputado Antonio Palocci (SP). Dias antes da entrevista, quem participou do bate-papo? Justamente Delúbio. Todos eles jantaram na casa do deputado João Paulo Cunha (SP), outro mensaleiro petista.

Mas vocês não devem deixar escapar o detalhe: “O POBRE DO DELÚBIO TINHA QUE IR AOS EMPRESÁRIOS CONSEGUIR DOAÇÕES.” Doações??? Por que alguém doaria dinheiro ao partido? Ora, só o faz quem espera compensações, não é? ATENÇÃO: COLLOR CAIU QUANDO SE DEMONSTROU QUE EMPRESÁRIOS DOAVAM DINHEIRO AO ESQUEMA PC EM TROCA DE COMPENSAÇÕES. Não há escapatória: Dirceu está dizendo que o mesmo esquema funcionou – funciona ainda? – no petismo. Até porque as “doações”, evidentemente, eram ilegais e devidamente sonegadas.

Mas ele foi além: afirmou que a sede do PT gaúcho foi construída só com “dinheiro de caixa dois”, com “mala de dinheiro”. O governador, à época, era Olívio Dutra. Muito solidário, afirma Dirceu: “A gente estava com eles, não os abandonamos em nenhum minuto". Ouvido a respeito, o ex-governador disse estranhar a afirmação, já que a tal sede não foi “construída”, mas “comprada”. O homem é mesmo um formalista, não é? O centro da informação não está na compra ou na construção, mas no caixa dois. Não sei se vocês se lembram: o governo de Olívio Dutra foi marcado pelo escândalo do jogo do bicho.

Heloísa Helena
A presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, não escapou. Segundo Dirceu, ela realmente votou contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão (DF): "Votou mesmo e por motivos impublicáveis. Mas nunca a deixamos sozinha, defendemos o tempo todo, mesmo sabendo que a história era diferente. Depois, olha o que fazem.” A ex-senadora já avisou que vai processá-lo. Ah, bem, que se esclareça: ela própria já comentou a insinuação de que tivesse um caso com Estevão. Chegou a dizer que não dormia com “homem rico e ordinário” e que “vomitava em cima”. Ele respondeu (leia abaixo).

Sigamos ainda com José Dirceu. Escreve a Piauí sobre a sua atuação profissional: “Tem uma carteira de quinze bons clientes, a maioria deles estrangeiros, aos quais presta consultoria. Os brasileiros lhe pagam entre 20 e 30 mil reais. Deu como exemplo de cliente de peso o banco Azteca, do empresário mexicano Ricardo Salinas, que quer se estabelecer no Brasil (...). Outro cliente é o também mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, que planeja implantar no Brasil a televisão a cabo com mensalidade de 40 reais. 'Mas não sou consultor dele no Brasil', disse. 'Como defendo coisas contrárias ao interesse dele aqui, temos um acerto informal de buscar negócios em outros países da América Latina'."

O modo Dirceu
Quero chamar a atenção para um aspecto notável da entrevista de Dirceu: observem que, em três momentos, ele fala de fidelidade: 1) os petistas buscavam dinheiro com Delúbio e depois se fizeram de escandalizados; 2) o PT nacional apoiou o PT gaúcho no momento das denúncias; 3) o partido apoiou Heloísa Helena, embora, segundo o ex-deputado, ela realmente tenha votado contra a cassação de Luiz Estevão. Dirceu tem uma noção de fidelidade que lembra muito a máfia italiana: o partido oferece proteção aos seus, pouco importa o que façam, mas exige reciprocidade. Tem de funcionar como ordem unida, ou os que dissentem recebem o beijo da morte.

Preciso ler a entrevista no detalhe para tentar interpretar os recados, mas o que se tem até aqui é a clara e inequívoca confissão de alguns crimes, não é? Mais: Dirceu fala como quem soubesse dos métodos a que recorria Delúbio Soares, mais do que nunca, vê-se agora, uma prática autorizada pelo partido. E, se era assim, resta evidente que o chefão de todos, Luiz Inácio Lula da Silva, sempre soube de tudo.

“Imprensa golpista”
Dirceu, evidentemente, não tem competência para absolver ou condenar o jornalismo que se pratica no Brasil. Mas os tontons-macoutes petralhas que acusam a mídia de ser “golpista” e de perseguir os moralistas do PT estão recebendo a confirmação do Grande Chefe Vermelho: era tudo verdade.




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Apagão de novo não!

Postby Danilo » 08 Jan 2008, 22:54

'Não é impossível haver um racionamento este ano' adverte diretor da Aneel

O governo já admite racionamento de energia neste ano. A situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas levou o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, a admitir nesta terça-feira que "não é impossível" que o Brasil passe por um novo racionamento de energia ainda em 2008. "Não estou dizendo que vai ter problema. Não é impossível haver um racionamento este ano, mas o mais provável é que não tenha", disse ele.

A segurança no abastecimento de energia vem sendo questionada devido à redução do nível dos reservatórios de água das hidrelétricas, causada pela falta de chuvas. Para poupar água dos reservatórios, o ONS determinou que todas as usinas termelétricas convencionais disponíveis, movidas a gás, carvão ou óleo, entrassem em operação. Na segunda-feira passada essas térmicas estavam produzindo 4.622 megawatts médios, ou 8,8% do total da produção nacional.

Texto completo em http://www.estadao.com.br/economia/not_eco106154,0.htm
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Re: República das Bananas...

Postby mends » 28 Jan 2008, 11:07

Todos já ouviram falar do perfeito idiota latino-americano, aquele esquerdista que acha que tudo é culpa do imperialismo americano, e que só não somos o maior continente do mundo porque fomos pilhados na colonização, depois no imperialismo etc etc. resumo: ou somos chorões, ou somos tão estúpidos que continuamos sendo roubados há tempos.

pois bem: há o perfeito idiota brasileiro. e, pra mim, uma das miores manifestações é que "tudo aqui é melhor/maior/mais bonito": nossas praias - mesmo sujas - nossos restaurantes paulistas - só o hot dog do Papaya , em NY, é melhor que 95% de nossos restaurantes, mas tudo bem - e por aí vai.

E qual a manchete do UOL, agora?

BRADESCO JÁ É MAIOR QUE O MERRIL LYNCH

Ah vá! Um banco de varejo, o maior do país, finalmente conseguiu ser maior que uma CORRETORA???? Demorou!

Se ainda fosse maior que o Citi - se bem que, como nos alertou Lula I, Imperador do Reino Unido de Banânia, Telecoteco e Algarve, eles são incompetentíssimos - tudo bem, bancos de varejo, mesma classe de ativos, entre outras coisas.

Ridículo.
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Re: República das Bananas...

Postby Danilo » 28 Jan 2008, 21:11

mends wrote:pois bem: há o perfeito idiota brasileiro. e, pra mim, uma das miores manifestações é que "tudo aqui é melhor/maior/mais bonito": nossas praias - mesmo sujas - nossos restaurantes paulistas - só o hot dog do Papaya , em NY, é melhor que 95% de nossos restaurantes, mas tudo bem - e por aí vai.


Hum... mas nosso território é mais legal. E é grande. Conquistar o Brasil no War é já quase dominar a América do Sul. :D

Dizem que nossas mulheres são as melhores. Mas me faltam dados experimentais no estrangeiro (e por cá também) pra confirmar estatísticamente.
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Re: República das Bananas...

Postby tgarcia » 25 Apr 2008, 14:25

Acredite: recurso no STJ desobriga União de pagar R$ 10 a si mesma

Imbroglio jurídico em torno de valor insuficiente para um simples almoço surpreende até ministro

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Surrealismo e insensatez em elevadas doses. Foi o que observou o ministro Teori Albino Zavascki em um recurso especial que chegou ao Superior Tribunal de Justiça no qual o Ministério Público Federal contestava a condenação ao pagamento de R$ 10 à União referentes a honorários advocatícios de sucumbência (aqueles devidos pela parte vencida). Considerando que o MPF é órgão da própria União, a condenação a obrigava a pagar o valor a si mesma.

Como relator do recurso, o ministro Teori Zavascki concluiu que o produto da condenação, após percorrido o “tortuoso caminho” da execução contra a Fazenda Pública, sairia de um cofre para voltar ao mesmo cofre. Daí o surrealismo.

Já a insensatez está, de acordo com o ministro, no tempo, trabalho e recursos públicos despendidos e em todas as instâncias judiciárias percorridas, além dos servidores públicos e autoridades de todos os níveis chamados a atuar numa controvérsia jurídica envolvendo R$ 10.

O recurso especial tem um volume com 115 páginas, acompanhado de nove apensos.

A decisão do ministro é individual e afasta a condenação. Ele considerou que a apelação foi apresentada dentro do prazo legal, ao contrário do que julgou a segunda instância federal. O relator também observou que o Ministério Público só pode ser condenado ao pagamento de honorários advocatícios quando for comprovada atuação de má-fé, o que, no caso, sequer foi alegado.

A condenação

A decisão da Justiça Federal que condenou o MPF ao pagamento de R$ 10 é de maio de 2001. Na ocasião, o juiz decidiu sobre embargos (contestação) à execução do pagamento de um título judicial cujo valor discutido ficava entre R$ 1.400 e R$ 1.600.

A sentença deu razão à embargante, a União, adotando os valores apresentados por ela e condenando o MPF ao pagamento de custas processuais e honorários no valor de R $10.

Contra a decisão, o MPF foi ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que considerou o apelo apresentado fora do prazo legal e acabou mantendo a sentença. Daí o novo recurso, desta vez ao STJ, que afastou a condenação.

Com serviço de imprensa do STJ
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