Daniel, vc escreveu seu texto "do futuro", nao?? :-)
Bom, vamos la´. Comeccando do começo, o fato e´ que nao sabemos, Mends, se o universo vai ter um fim ( e nem se ele começou, na verdade). O que temos hoje em mãos, com uns 99.99999999999999999999999999999999% de certeza, é que o universo está em expansão, o que implica que em épocas anteriores, ele era "menor" (e portanto mais quente, afinal a expansão é adiabática). Com isso, sabemos que há mais ou menos 14 bilhões de anos atrás, o universo atinge uma temperatura de cerca de 10^90 K, que e´ bastante especial, e ganhou até um nome, "temperatura de Planck".
Nessa temperatura, a relatividade geral de Einstein (que usamos para fazer cosmologia) "deixa de funcionar", pois precisa levar em conta correções quânticas, e ninguém sabe como fazer isso!! Ou seja, esse é o mais para trás que conseguimos ir, o que alguém chamaria de "Bang". Porém, falar em início, início, ninguém sabe, e há inclusive uns cenários que os caras chama de pre Big Bang (veja
AQUI )...
Se vc é mais conservador e fala "ok, mas como podemos confiar nas teorias??". Bom, a evidência do Big Bang mais primordial que podemos conseguir vem da chamada "
Big Bang Nucleosynthesis", que ocorreu cerca de 10^(-2) seg depois do Bang. Nessa época são produzidos os elementos "leves" (H, He, D e Li). Os cálculos são impressionante simples e precisos, podem ser comparados com o que observamos hoje no universo, e ... Batem, impressionatemente!!
Com relação a antes, podemos inferir com boa precisão que em algum momento o universo teve um período de crescimento exponencial, e isso é a melhor explicação que temos para as observações do universo hoje. O legal da história é que as teorias PREVIRAM o que os astrônomos iam ver, e deu certinho, o que dá confiaça para as pessoas acharem que temos uma boa descrição pro universo até perto da época de Planck.
Bom, tendo falado do início, vamos falar do final... Até uns 7 anos atrás, qualquer cosmólogo diria que a resposta se o universo vai ou não ter fim dependia apenas de um número: a quantidade de matéria que ele continha. Para entender isso, vamos pegar uma analogia. Suponha que vc pegue uma pedra e jogue para o alto. Como vamos saber se ela vai cair, entrar em órbita ou sair para o espaço de vez?? Tudo depende da velocidade com que vc joga a pedra (exercício FUVEST), ou, se vc preferir olhar a equação por outro lado, da massa da Terra. Quanto menor a massa da Terra, mais facil é a pedra sair pro espaço.
Da mesma forma, o que sabíamos do universo era isso. Se a densidade do universo fosse mais baxa que um valor crítico, ele expandiria para sempre (como uma pedra que vai embora e sai do campo gravitacional da Terra). Se tivesse o valor crítico, iria desacelerar a expansão, e "no infinito" pararia de expandir (como a pedra em órbita, que esta´ "sempre caindo"). Agora, se a densidade fosse alta, aconteceria como com a pedra que cai de volta: o universo pararia a expansão,e voltaria a se contrair, terminando num "Big Crunch", ou seja, num ponto de densidade infinita, grosseiramente falando algo como um buraco negro...
O ponto, como já disse num post anterior, é que descobrimos que o universo não só se expande, como expande-se aceleradamente (algo como jogar a pedra e ver que ao invés de desacelerar, ela sobe cada vez com mais velocidade!!). Isso muda todo o jogo, como muda com a pedra. Se a "anti-gravidade" continua, diríamos que a pedra certamente sairia do campo gravitacional da Terra, ou seja, o universo se expandiria para sempre, e não teria fim, no sentido de existência (note que isso não quer dizer que vai ter vida para sempre, pois as estrelas vão gastando seu combustível, se apagando, etc, e daqui "uns anos" não tem mais estrelas, mais nada, e o universo se torna um lugar frio e escuro, etc...).
Agora, não sabemos o que causa a aceleração (e eu sou um dos peões pagos para tentar entender isso), de mdoo que não sabemos, por exemplo, se a força pode um dia mudar de lado, e virar "gravidade" de novo ( e existem modelos em que isso pode acontecer) ou se pára, ou se algo bizarro pode acontecer. Desse modo, perdemos o contato com o destino do universo (veja
AQUI), e até que tenhamos uma boa teoria e saibamos que ela é A correta, não saberemos...
No entanto, o que posso dizer é que na grande maioria dos modelos (e nos mais razoáveis) o universo vai se expandir para sempre, e vai terminar no esquema frio, sem estrelas, etc, etc...
Mas note que não será uniforme, uma vez que estruturas colapsadas, como galáxias e tal, continuarão a existir, só que as estrelas estarão "desligadas".
Mas gravidade sempre estará lá, uma vez que está relacionada 'a massa dos objetos. Diferenças de potencial não se acreditam que sejam importantes no universo mesmo hoje (ele é eletricamente neutro). E a entropia não atinge um máximo, ela sempre, sempre cresce num sistema fechado (segunda lei da termo).
Note, no entanto, que as coisas estão lá, e existem uns caras sérios (tipo prêmio Nobel) que pensam em como se poderia manter a vida (que para existir, gasta energia, em última instância vinda, no nosso caso, do Sol), como o Freeman Dyson (tem um artigo numa Scientific American de um ano e meio, 2 anos atrás), mas até onde me lembro a conclusão é que não tem solução, embora se dê para esticar bastante a vida...
Danilo, não seja tão pessimista a ponto de achar que nunca saberemos como começou ou como vai terminar... Da mesma forma que vc conhece suficientemente as leis da física para saber que se vc pular de um prédio de 100 (ou de 10) andares vc vai se ferrar, se tivermos uma teoria boa o suficiente e a conhecermos bastante nela, podemos inferir com quase certeza o que vai acontecer ou o que aconteceu...
Aldo: quem era o seu professor de Termo que perguntou "Ru de réu uas de organaizer"?? Isso é bobagem: ciência não tem nada a dizer sobre isso...