CAPITALISMO À BRASILEIRA

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Postby Wagner » 11 Jun 2007, 19:06

Brasil aparece em 7º lugar (NA AMÉRICA LATRINA) para clima de negócios, aponta FGV
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CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio

Estudo realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pelo instituto alemão IFO com base nos dados dos últimos 12 meses encerrados em abril aponta que o Brasil ocupa a sétima posição na América Latina para o clima de negócios. O país obteve 6 pontos, acima da média da América Latina (5,8 pontos), mas bem abaixo do líder Uruguai (8,5 pontos).

O ranking analisou ainda Equador, Paraguai, Bolívia, México, Venezuela, Colômbia, Argentina, Chile, Costa Rica, Peru e Uruguai. Ficaram de fora Panamá, Guatemala, El Salvador e Trinidad e Tobago, por falta de representatividade. Os institutos consultaram economistas, executivos de multinacionais e pesquisadores de universidade para medir a "temperatura" dos negócios.

Levando em conta apenas os meses de abril, o Brasil atingiu a quinta posição (6,4 pontos), igualando-se ao Chile, mas ainda atrás de Argentina, Peru, Costa Rica e Uruguai. Na média do indicador dos últimos dez anos, o Brasil cai para a sétima posição.

Para Lia Valls, da FGV, a sétima posição da economia brasileria é fruto da menor dependência do setor externo, além de uma taxa de crescimento inferior aos outros países e a ausência de reformas vistas como essenciais.

"As reformas são uma questão estrutural e conjuntural, que está no debate do dia-a-dia. As empresas reclamam dos tributos, do câmbio...", afirma.

Na frente do Brasil estão ainda Peru (7,6 pontos), Costa Rica (7,0), Chile (6,7), Argentina (6,5) e Colômbia (6,4). Já Bolívia e Equador aparecem com médias inferiores à da América Latina. "Isso pode estar relacionado a mudanças de governo que trazem mais dúvidas sobre os rumos da economia", disse.
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Postby mends » 11 Jun 2007, 21:20

É por isso que me ufano de Banânia!
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CPMF sim ou não?

Postby Danilo » 08 Nov 2007, 15:42

Cobrança que incide sobre todas as movimentações bancárias, exceto negociação de ações na Bolsa, saques de aposentadorias, seguro-desemprego, salários e transferências entre contas-correntes de mesma titularidade.

E aí, a CPMF deve continuar ou não?
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É a vez do Brasil?

Postby Danilo » 07 Mar 2008, 16:34

O Brasil que acelera

O Brasil, ao longo da história, flertou algumas vezes com o crescimento sustentado, sem nunca ter conseguido dar o salto decisivo. A coleção de notícias positivas vindas da economia brasileira neste início de ano, em meio a uma das mais sérias crises financeiras internacionais dos últimos tempos, começa a intrigar homens e mulheres de negócios, economistas e analistas. O investimento estrangeiro bate sucessivos recordes. O país avança rapidamente como mercado consumidor em escala global e já possui o maior mercado acionário emergente. A economia mantém o ritmo forte e cresce sem parar há 24 trimestres. A geração de empregos em 2007 foi a maior em quatro décadas. Grandes empresas, como a Vale, são protagonistas (do lado comprador) de alguns dos maiores negócios mundiais. Nos últimos dias, o frigorífico Friboi anunciou três aquisições internacionais, num total de 1,3 bilhão de dólares. Diante desses fatos, uma questão que costumava fazer parte do anedotário dos brasileiros começa a ser mais uma vez levantada: terá chegado, enfim, a vez do Brasil?

"Sem negar os inúmeros problemas que ainda precisam ser enfrentados, o Brasil deixou de ser visto como um experimento de laboratório, uma caixa de sustos, para ser percebido como um país que pratica uma economia moderna", afirma o economista Tom Trebat, diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Columbia. O bom humor com o Brasil é visível em editoriais das principais publicações do mundo. Para a revista inglesa The Economist, o país jamais esteve tão preparado para enfrentar turbulências. Para o jornal Financial Times, a economia brasileira parece hoje imune à crise americana.

Hoje, o maior risco de o país não aproveitar o bom momento está no próprio Brasil. "No curto prazo, vamos bem", diz Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e economista-chefe do banco ABN Real Amro. "Mas os níveis de gastos do governo, que são altos e continuam crescendo, não são sustentáveis no longo prazo." O crescimento real do gasto federal tem sido de 7% ao ano, o que está sendo absorvido com o aumento de arrecadação tributária. Porém, em dez anos, isso exigiria que a carga subisse dos atuais 38% para mais de 50% do PIB. A reforma tributária é considerada fundamental para reverter essa situação (veja quadro ao lado). Para Armínio Fraga, outras frentes a ser atacadas são a regulação dos setores de infra-estrutura e a melhoria do ambiente de negócios. Sem isso, fica difícil sonhar em ser uma economia capitalista de primeiro time.

São obstáculos que precisam ser encarados, sob pena de reverter uma tendência auspiciosa que o Brasil começou a experimentar. Na história, alguns países atrasados souberam tomar as decisões corretas e conseguiram subir a um patamar mais alto. Assim foi recentemente com a Coréia. É o que estão tentando agora a China e a Índia. Há diferenças entre todos os casos, claro. Mas é certo que o Brasil está diante de uma oportunidade única de escolher em que degrau pretende estar mais à frente.

(Texto completo em portalexame.abril.com.br)
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby Danilo » 01 May 2008, 12:41

A agência de classificação de risco Standard & Poor's anunciou nesta quarta-feira que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. Analistas e investidores esfregam as mãos enquanto fazem as contas para tentar estimar a quantidade de dinheiro que deve entrar no País em conseqüência do novo status.

Duas dúvidas:
1- O que levou o Brasil a ganhar esse rating?
2- Na prática, que vantagem leva uma pessoa qualquer (eu ou você) com isso?
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 01 May 2008, 14:06

1- O que levou o Brasil a ganhar esse rating?


o rating é sobre a dívida soberana (do governo) denominada em dólar, ou seja, ele diz que o Brasil tem menos de X% de chance (acho que 1, mas não tenho certeza) de NÃO pagar suas dívidas denominadas em dólar.

Logo, o que leva o Brasil a ganhar o rating é o tamanho de suas reservas E a confiança na política monetária e fiscal, do BACEN.

2- Na prática, que vantagem leva uma pessoa qualquer (eu ou você) com isso?


Bom, é o seguinte: o grosso do dinheiro mundial, que está na mão dos investidores institucionais americanos - fundos de pensão (como a CALPERS), counties, fundos mútuos - só podem, por lei, investir em papéis de países investment grade. Essa é a teoria.

A prática é que esses caras já investiam em países como Brasil e México desde o começo dos anos 90, através do "repackaging" de contratos de derivativos.

Anyway, vai entrar mais dinheiro de longo prazo no Brasil, a menor custo. As empresas brasileiras teriam acesso a capital mais barato - tb uma meia verdade, pq o custo de capital da Vale, por exemplo, já estava descolado do risco país faz tempo - e o fluxo de capitais para o país tornaria o crédito à população mais barato tb.

Em suma: não haverá nenhuma mudança radical, a não ser no mercado de capitais: haverá maior procura por gestores, muita gente vai ganhar dinheiro.
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Fundo soberano

Postby Danilo » 07 May 2008, 13:20

Fundo soberano começa com até US$ 20 bi

O fundo soberano brasileiro que deve ser lançado no final de junho pode contar com até US$ 20 bilhões em caixa e ter como uma das fontes de financiamento parte da arrecadação de tributos, "um fundo de poupança fiscal", disse à Folha o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, a prioridade do fundo soberano será apoiar vendas e investimentos de empresas brasileiras no exterior e, em segundo lugar, "ajudar a enxugar o excesso de dólar no mercado". Nos dois casos, o objetivo é conter a deterioração das contas externas, a maior preocupação do Ministério da Fazenda no momento.

Com lançamento previsto para o final de junho, Mantega disse que o fundo será a princípio formado por algo equivalente a entre 5% e 10% das reservas internacionais. "Mas não virá das reservas atuais do Banco Central [US$ 196 bilhões], é além, e pode chegar a US$ 20 bilhões", disse o ministro. Inicialmente, boa parte dos recursos será destinada a comprar debêntures do BNDES, para que a instituição tenha recursos destinados a financiar empresas brasileiras no exterior. "Seria um funding externo para o BNDES financiar operações brasileiras lá fora", afirmou Mantega. O objetivo de transferir esses recursos para o BNDES, segundo Mantega, é aumentar as linhas de financiamento à exportação do banco. Atualmente, o BNDES financia cerca de US$ 4,5 bilhões a US$ 5 bilhões por ano para exportação. Com o fundo, esse montante vai se ampliar significativamente.

A idéia da criação de um fundo soberano pelo governo brasileiro foi criticada por economistas. "A maior parte das nações que possuem um fundo do gênero tem grandes receitas em dólar —por exemplo, as provenientes da exportação de petróleo e gás, no caso dos Emirados Árabes—, elevada taxa de poupança interna e percebe que vai continuar registrando constantes superávits em conta corrente. Ou seja, o contrário do Brasil", explica Marcelo Moura, professor de macroeconomia e finanças do Ibmec-SP. "Portanto, não faz sentido nenhum."

(fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinhei ... 200802.htm e http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinhei ... 200803.htm)
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 07 May 2008, 14:46

O fundo "çoberano" (pra respeitar a grafia lullística) é uma deturpação do usos dos mercados: reservas no montante dessas podem verdadeiramente manipular mercados mundo afora, e com incentivos não econômicos – pra bom entendedor, isso significa que uma "crise" gerada por posições de fundos soberanos pode ser, aí sim, apocalíptica e davastadora, uma vez que o mercado não vai entrar pra dar liquidez em posições que não façam sentido economicamente.

Mas o PT não podia deixar essa passar – ah, não! Um cabidão de emprego desses? Imagina o poder que o gestor desse fundo – provavelmente um sindicalista que, estranhamente, é melhor trader que o George Soros, melhor "picker" que o Buffett, tudo numa pessoa só, "educada pela vida", certamente.
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby Danilo » 24 May 2008, 14:56

Mantega diz que Lula ordenou criação do fundo soberano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou a criação do fundo soberano brasileiro, mas o governo ainda está trabalhando nos detalhes dele, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta sexta-feira. Mantega acrescentou que a elaboração conceitual do fundo está em estágio final e que enviará na semana que vem uma proposta ao Planalto.

Mantega negou informação publicada pelo jornal Folha de S.Paulo de que Lula teria suspendido o lançamento do fundo, chamando a reportagem de "totalmente sem mérito". O ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, disse a jornalistas que "não tem nada de colocar na geladeira". Segundo ele, ainda não está definido se o fundo será viabilizado por um projeto de lei ou medida provisória, mas seu encaminhamento será feito "proximamente".

(http://br.today.reuters.com)
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 25 May 2008, 10:48

Como já disseram, o fundo çoberanu no Brasil é a mesma coisa que tomar emprestado no cartão de crédito para a plicar na poupança.
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 25 May 2008, 10:51

Aliás, conhecendo o professor Mantega (infelizmente, tive aula com ele, ainda bem que uma aula "qualitativa", o que reduz o escopo das bobagens. Tenho um colega que jura que ele errava reiterada e consistentemente a propriedade distributiva da multiplicação), que é deslumbrado e burro, que não entendia como se fazia uma arbitragem no mundo real, fora dos livros, só posso dizer que é uma arbitragem petista, ehehehe.
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby Danilo » 13 Jun 2008, 12:28

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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 14 Jun 2008, 20:35

O Mr. X da bolsa

Aos 51 anos, bilionário e bon vivant, Eike Batista faz a maior oferta de ações da história e se torna expoente da modernidade na economia brasileira

O empresário Eike Batista é conhecido por suas superstições. Entre outras esquisitices, todas as suas empresas têm o nome terminado com a letra X, símbolo da multiplicação, e todas as cifras de suas transações comerciais têm de conter a dezena 63, porque era esse o número de seu barco quando foi campeão mundial em corrida de lancha. Agora, Eike tem bons motivos para considerar que o 13 é seu novo número da sorte. Na sexta-feira, a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua empresa petrolífera, a OGX, captou 4 bilhões de dólares. É a maior operação desse tipo já feita no país. No fim do dia, as ações fecharam com alta de 8,3%, tendo elevado o valor de sua empresa ao patamar de 23,6 bilhões de dólares, dos quais 60%, ou 14 bilhões, são seus – uma montanha de dinheiro que vai se somar aos outros 6,6 bilhões de dólares de seu patrimônio, segundo a revista Forbes. A operação surpreende pelo valor, mas sua singularidade tem outro motivo: a empresa que tanto atraiu os investidores tem apenas um ano de existência e nenhuma reserva de petróleo provada. Em um só dia, Eike criou uma companhia petrolífera com quase 7% do valor de mercado da Petrobras, empresa com mais de cinqüenta anos de história, que produz 1.918 barris de petróleo por dia e dispõe da mais refinada tecnologia de extração em águas profundas.

O sucesso de Eike deriva de uma confluência de fatores objetivos extremamente favoráveis: a obtenção do grau de investimento pelo Brasil, a alta do petróleo no mercado internacional e a enorme expectativa de prosperidade proporcionada pela nova fronteira de exploração, na camada do pré-sal que se estende pela costa brasileira. Tudo isso forma o cenário definido por um experiente analista do mercado de capitais como "alinhamento dos astros". Graças a esse alinhamento e a uma eficiente capacidade de contratar as pessoas certas, Eike manteve o rumo nos momentos ruins e disparou nos bons. Isso não explica completamente o sucesso alcançado pela OGX. Para compreender o que se passou na Bovespa na sexta-feira, é preciso levar em conta um fator subjetivo, que vem sendo chamado de "efeito Eike".

O que é o efeito Eike? É o vórtice produzido em torno dos grandes movimentos do empresário. Se ele compra participação em uma empresa, as ações passam a ser acompanhadas mais de perto. Se é ele que está à frente da operação, como na semana passada, os grandes investidores se interessam. No volátil mundo das bolsas de valores, Eike virou uma espécie de biruta. Fique claro: trata-se do instrumento que ajuda os navegadores a saber a direção do vento, porque de maluco ele não tem nada. Aos 51 anos, tornou-se o símbolo do novo empreendedor brasileiro. Ele é a cara do capitalismo que começa a se instalar no país, no qual o empreendedorismo se sustenta no mercado de capitais, e não nas benesses estatais. Um ambiente em que o Brasil se afirma como país inserido na economia mundial, confiável aos olhos de investidores estrangeiros, onde os negócios produzem riqueza para empresários e mais ainda para os investidores, que podem ser tanto os grandes fundos quanto as donas-de-casa brasileiras.

Eike Batista está assumindo um lugar de destaque. Não está sozinho. Em qualquer lista que se faça dos expoentes de novo capitalismo brasileiro constará o nome de Jorge Paulo Lemann, fundador do poderoso GP Investimentos, o maior gestor de recursos de terceiros do Brasil, que segue como a grande referência no mundo dos negócios no país. Eike tem uma característica que o diferencia radicalmente. Não teme holofotes, enquanto Lemann tem aversão a aparecer. Esse estilo high profile o torna figura ímpar no cenário do empresariado brasileiro. Ele não tem medo de se expor e, principalmente, não vê problema algum em alardear sua fortuna. Ao contrário, orgulha-se disso. "Sou rico na pessoa física. Posso fazer o que quiser", costuma dizer.

Como faz isso bem! Eike é bilionário assumidíssimo. Mora numa casa de 3.500 metros quadrados, construída em um terreno de 60.000 metros quadrados, sem vizinhos que o separem do Cristo Redentor. Além do Mercedes de 1,2 milhão de euros que fica estacionado em uma das salas da mansão, tem catorze automóveis na garagem, três lanchas, três aviões e um helicóptero. Brinda a cada novo contrato com champanhe junto a uma fonte em seu jardim, de onde se descortina uma das mais lindas vistas da Lagoa Rodrigo de Freitas. Faz negócios e corre riscos à luz do dia. Mais Eike tornaria o ambiente de negócios no Brasil melhor? Sem dúvida. "Isso é muito bom para um país que precisa ser mais assumidamente capitalista, globalizado e moderno", afirma o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. "Ele foge do estereótipo do empresário chapa-branca, atrasado, que não gosta de capitalismo."

Como em quase todos os negócios de sua vida, a estratégia no ramo de petróleo parecia uma sandice. Ele causou comoção entre seus pares no 9º Leilão da Agência Nacional de Petróleo ao pagar a espantosa quantia de 1,2 bilhão de dólares por 21 blocos de exploração nos quais não há nenhuma gota de óleo confirmada. Seus lances somados totalizaram 70% de todas as ofertas do dia. Entrou praticamente sozinho em um leilão de que as grandes empresas se recusaram a participar porque o governo, à última hora, mudou as regras do jogo e deixou de fora o filé mignon, que eram os blocos nas promissoras águas profundas do pré-sal. Ele saiu comprando a toda a velocidade. Quando já lhe reluzia sobre a cabeça uma implacável aura de maluco, ele anunciou o IPO. Apresentou o relatório da empresa americana de auditoria DeGolyer & MacNaughton, que estima haver 4,8 bilhões de barris em suas reservas. Mesmo que a maioria dos analistas não endosse essa avaliação, Eike formou quatro pelotões de executivos que, durante dezessete dias, desembarcaram mundo afora em apresentações para 363 fundos de investimento, em jornadas de dezoito horas de trabalho. E convenceu até investidores que nunca haviam posto um centavo num país da América do Sul, como o fundo soberano da China.

A aposta dos investidores foi influenciada pela aura de Midas que se formou em torno dele a partir de 2006, quando fez o IPO da MMX, sua empresa do ramo de mineração. Até então, Eike era visto como um sujeito meio excêntrico, instável e com uma extraordinária capacidade de se meter em maus negócios. Fama, aliás, justificada. Ele se estatelou investindo em mineração na Grécia e na Rússia, fracassou na tentativa de construir uma termelétrica na Bolívia, quebrou uma fábrica de jipes e terminou crivado de processos judiciais quando a empresa de cosméticos que abriu para a ex-mulher faliu. Ainda hoje há quem estranhe, no mundo dos negócios, o fato de ter chegado tão longe um empresário que até bem pouco tempo atrás era conhecido quase exclusivamente por ser o marido da modelo Luma de Oliveira, sempre esvoaçante em suas aparições públicas. Seu casamento foi, durante anos, combustível para as revistas de fofoca. No lançamento das ações da MMX, o negócio foi encarado com desconfiança, não só por esse passado conturbado mas também porque a empresa não havia começado a produzir no momento em que foi ofertada. As dúvidas se dissiparam dois anos depois, quando ele vendeu parte da sociedade à mineradora Anglo American por 5,5 bilhões de dólares. Quem investiu 1 dólar na abertura do capital da empresa lucrou 6 com a venda à multinacional. Na semana que vem, o empresário recolherá ao caixa do Tesouro Nacional 450 milhões de dólares, a fatia de impostos que pagará por essa operação. "Vai ser um checão na conta do Lula", alardeou recentemente numa roda carioca, com as mãos erguidas como se estivesse segurando um cheque gigante, maior do que ele.

Eike ganhou respeito também por outro episódio singular. Quando abriu o capital da MPX, sua empresa de energia, as ações caíram abruptamente, puxadas pela crise das hipotecas nos Estados Unidos. Para reduzir a perda dos que apostaram na empresa, transferiu para a MPX as ações que tinha em duas termelétricas. Na prática, entregou cerca de 1 bilhão de dólares a título de compensação a quem confiou nele. Ganhou o coração dos banqueiros – se é que banqueiro tem coração. Não há notícia, no mundo inteiro, de uma reparação aos investidores dessa magnitude. O que explica decisões como essa, que assustou até mesmo o board de sua holding, a EBX, é a crença em uma forma de fazer negócios que não é muito popular por aqui. Aos amigos, gosta de dizer que, enquanto o governo se preocupa em distribuir a riqueza aos mais pobres, ele a distribui aos ricos. Para ganhar seu primeiro bilhão de dólares, entre 1980 e 2002, repartiu em forma de dividendos outros 24 bilhões. Fez isso remunerando acionistas e oferecendo bônus monumentais a seus parceiros comerciais, categoria na qual inclui seus funcionários. Ficou conhecido no mercado o contrato com o ex-presidente da BR Distribuidora Rodolfo Landim. Eike o levou para sua empresa graças a um pacote de remuneração que pode chegar a 44 milhões de reais, de acordo com as metas de desempenho. É com essa voracidade pelos melhores talentos que tem abocanhado nacos inteiros de equipes de suas principais concorrentes, incluindo Petrobras e Vale.

Para quem tem tanto dinheiro na conta, Eike leva uma vida bem normal. Logo depois de se separar, engatou um relacionamento com a ex-modelo e advogada Flávia Sampaio. Não circulam sob os holofotes e flashes que iluminam a sociedade carioca. Eike dorme cedo, gosta de ver televisão na cozinha com os empregados e correr na Lagoa de manhã. Bebe, mas pouco. Seus vinhos não superam, na média, a casa dos 100 dólares. A decoração de sua casa não tem nenhuma grande obra de arte – ele diz não ver sentido em gastar milhões para pendurar na parede algo que pode ser substituído por uma cópia perfeita. Nos fins de semana, gosta de estar com os filhos, Thor, de 16 anos, e Olin, de 12 (nomes inspirados em deuses nórdicos), com quem viaja duas vezes por ano. E na sexta-feira, depois de avisar que em julho será a vez do IPO da LLX, sua empresa de logística, saiu da Bovespa e foi comemorar seus bilhões. Numa padaria, com café, leite, pão e manteiga.

O sucesso empresarial de Eike nunca o livrou de uma história incômoda. Há quem afirme – ele sempre negou – que teria recebido de Eliezer Batista, seu pai e responsável pelo lançamento dos alicerces da Companhia Vale do Rio Doce, um mapa do subsolo brasileiro que serviu de guia a todos os seus investimentos em mineração. O mapa que Eike efetivamente recebeu foi outro: o da enorme rede de influência que Eliezer angariou desde o início dos anos 60, quando foi alçado à presidência da Vale do Rio Doce por Jânio Quadros. A outra herança inegável é a capacidade de convencer investidores do potencial de seus projetos. No começo dos anos 60, Eliezer pôs em prática uma idéia que o perseguia: estava convencido de que o Japão era o grande parceiro comercial a ser conquistado. Vinte anos mais tarde, essa história foi decisiva para mais um projeto megalomaníaco: convencer os japoneses a investir em Carajás – então um lugar perdido no meio da Floresta Amazônica. O resultado é o que se conhece. Foi graças a isso (e à privatização) que a Vale se tornou uma das maiores empresas de mineração do mundo. São histórias como essa que fazem de Eliezer o grande herói de Eike. O que não deixa de ser curioso e ilustrativo do desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Na primeira geração, brilha um executivo do período em que o crescimento só se dava à sombra do estado. Na segunda, um empresário que tem um pé no Brasil arcaico, o corpo avançando pelo capitalismo moderno e a cabeça no planeta muitas vezes insondável dos construtores de grandes fortunas instantâneas. Com um detalhe: aos 84 anos, Eliezer é um dos principais estrategistas do time do filho – e não acredita em superstições.
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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby mends » 16 Jun 2008, 09:26

Está em curso, sim, senhores, o que VEJA apontava naquela reportagem de setembro do ano passado: a opção pelo CAPITALISMO DE ESTADO, que vem embalado numa cascata ideológica de aparente nacionalismo: “Precisamos ter uma grande empresa nacional de telefonia”; “Precisamos ter uma (ou duas) grande empresa de aviação”; “Precisamos ter o controle do setor petroquímico porque é estratégico”. Precisamos... Em suma, eles querem ter o controle da economia, também a privada, por intermédio do controle do que chamam “setores estratégicos”. E por que o empresariado, que deveria concentrar os nossos “liberais”, não reclama? Porque esse estado forte também é um negociante e gosta de vender facilidades.

Isso tudo é feito assim, à matroca, sem nenhuma teoria? Um tanto à matroca é, mas teoria existe. É bastante influente na América Latina, hoje, uma tese denominada “Quarta Via”, formulada por um economista alemão que dá aula na Universidade Autônoma do México e é grande guru de Hugo Chávez: Heinz Dieterich. Sua teoria comporta certa elasticidade para compreender tanto o estatismo mais xucro e quase pueril do presidente venezuelano como o estatismo mais profissionalizado e aparentemente menos hostil ao mercado do lulo-petismo.

A “Quarta Via”, como o nome sugere, descarta as outras três: o socialismo (nos moldes soviético ou cubano), o capitalismo à americana e a social-democracia de modelo europeu. O que seria a alternativa pressupõe isto mesmo que se está construindo (ou reconstruindo, já que tivemos o geiselismo, né?) no Brasil: o estado disciplina o mercado, mas não por causa da sua força normativa. Ele passa a ser também um jogador. Mais: este não é um estado qualquer, aquele que Dietrich acusaria de “burguês”. Ao contrário: ele deve estar sob o chamado “controle popular”. A “sociedade organizada” — no caso de chavismo, os “bolivarianos”; no caso do Brasil, os sindicatos — é que comanda a máquina.

Vamos avançar um pouco mais. Dietrich não fica apenas nos considerandos de natureza econômica. A Quarta Via deve buscar a união da América do Sul — inclusive a militar — para fazer frente aos Estados Unidos. Sua proposta é um pouco mais ousada do que o Conselho de Defesa Sul-Americano proposto por Nelson Jobim: ele defende a união militar sul-americana. Lembrem-se que era exatamente o que Chávez queria. De toda sorte, a retórica brasileira na defesa do tal Conselho, se bem se lembram, pretende que as questões locais sejam resolvidas fora do âmbito da OEA — porque, afinal, os Estados Unidos estão na Organização dos Estados Americanos... Quando se formou o alinhamento contra a Colômbia por conta da morte do terrorista pançudo, foram os EUA que livraram Uribe no massacre diplomático.

Durante o regime militar, toda estatal tinha sempre um coronel no comando ou, ao menos, no conselho executivo — muitas empresas privadas também os contratavam porque isso abria portas no establishment militar-burocrático. Os “coronéis” da hora são os petistas. Eles já se espalham pelas estatais, onde permanecerão por um bom tempo mesmo que o PT venha a perder as eleições, e também já têm assento no conselho de empresas privadas. Quando começaram a falar que Lula nomearia Jorge Viana, ex-governador do Acre, para o lugar de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente, escrevi aqui: acho que Viana prefere ficar na Avibras, uma empresa privada de múltiplos interesses: de foguetes a veículos militares.

Sim, é preciso denunciar de maneira inequívoca a roubalheira como método de governo. E é preciso que se atente para o molde mais geral em que se encaixa a política lulista. Em setembro do ano passado, referindo-me ao capitalismo de estado à moda petista, escrevi: “Um estado gigante é também um estado mais poroso à ‘companheirização’. Na esfera política, com muito mais habilidade do que seus pares menos evoluídos na América Latina — os simiescos Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa —, Lula e seu partido atuam para tornar irrelevante a alternância de poder no país. Em certa medida, a sua anunciada pretensão de ser um novo Getúlio Vargas tem um quê além da bravata: o petista é realmente fascinado pelos defeitos do ex-ditador."


Por Reinaldo Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

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Re: CAPITALISMO À BRASILEIRA

Postby Danilo » 14 Jul 2009, 22:21

Estatal para o pré-sal

O novo marco regulatório para a exploração do petróleo no país prevê a criação de uma estatal específica para cuidar do pré-sal. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após reunião ministerial, que contou com a participação do presidente Lula. A ideia da estatal é defendida pelo ministro Lobão desde o início das discussões sobre o óleo descoberto na camada pré-sal. Para ele, a empresa poderia garantir que os lucros da exploração fiquem totalmente nas mãos do Brasil. A empresa deverá ter uma estrutura enxuta, com poucos funcionários, já que deverá cuidar apenas da parte administrativa, com a ajuda de outras exploradoras de petróleo como prestadoras de serviços.

Mas nem tudo é flores. O poço seco de Guanari, operado pela Exxon (40%), em sociedade com a Amerada Hess (40%) e a Petrobras (20%), não foi o único a decepcionar no pré-sal. Embora não possa, tecnicamente, ser chamado de poço seco, o Azulão, que fica no mesmo bloco de Guarani e é explorado pelo mesmo consórcio, tem muito pouco óleo e nenhuma viabilidade comercial. Tanto que já foi apelidado internamente de "Azulinho". O anúncio de que Guarani não continha óleo algum, na semana passada, ajudou a colocar o assunto em termos mais realistas, lembrando que procurar petróleo sempre é uma atividade de risco.

(fontes: http://portalexame.abril.com.br/negocio ... 84156.html e http://portalexame.abril.com.br/blogs/e ... ink=180927)
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