...sem esquecer da própria.
ELIO GASPARI
Cultura a metro
Um curioso foi convidado para jantar no palácio de um dos homens mais ricos do Brasil. Viu-se num ambiente de riqueza, encantamento e busca obsessiva pelo bom gosto.
Chegou à biblioteca, cenário comparável à do banqueiro J.P. Morgan, em Nova York. Nas estantes calculou que houvesse uns 3.000 livros, todos custosamente encadernados. Percebeu que não havia um lugar confortável e iluminado onde um bípede pudesse ler um gibi. Veio-lhe uma suspeita.
Foi às estantes e sapeou a prateleira da literatura portuguesa. Encontrou seis volumes de "Amor de Perdição", o romance de Camilo Castelo Branco, publicado pela primeira vez em 1862. Coisa de pouco mais de 150 páginas. O curioso admitiu a possibilidade de estar diante de um caso de bibliofilia. Seriam diversas edições da mesma obra. Erro. Eram seis volumes repetidos, todos da mesma edição. Estavam lá para ocupar espaço. Nessa função, valeram 15 centímetros de literatura.