Horário eleitoral

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 08 Oct 2006, 23:40

Lula pra presidente dos EUA!!!

Quem sabe assim a gente não chega perto dos cara? Não por mérito, mas porque eles vão se ferrar... :lol:
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Postby Wagner » 09 Oct 2006, 00:41

ver o Lulla chamando o avião de AeroLula não tem preço!! :lol: :lol:
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Postby mends » 09 Oct 2006, 08:12

O debate: como e por que Alckmin venceu

Querem uma síntese do que foi o debate? Alckmin chamou Lula de “mentiroso” e sinônimos mais de uma vez. E o petista não conseguiu reagir. Ao contrário, admitiu ter falado no rádio a mentira que seu oponente denunciava. E Alckmin fez a pergunta fatal: “Qual a origem do dinheiro?” E se dirigindo aos telespectadores: “Por que ele [Lula] não pergunta a seu churrasqueiro [Jorge Lorenzetti]? O tucano venceu o debate? É claro que sim. É isso o que as pesquisas vão dizer? Bem, aí é outro problema. Mas vamos com calma e por partes. E também pretendo provar, no penúltimo bloco deste texto, o mal que Marilena Chaui fez a Lula.

Vocês sabem que voto contra Lula. E, pois, voto em Alckmin. Conhecem também o que penso a respeito da importância de derrotar o PT — partido que, seguida estritamente a lei, tem de ser extinto por infração a todos os códigos de conduta que regem a vida social: da Constituição à legislação eleitoral. Mas sei separar as coisas. Fui um crítico muito duro das primeiras semanas da campanha de Alckmin na TV, que estava errada. O primeiro texto afirmando que aquilo não levaria a nada foi publicado aqui. Podem procurar. Depois, as circunstâncias impuseram a mudança de tom, começou a haver um lento, mas contínuo, crescimento nas urnas. Ainda assim, parecia que não haveria tempo. Mas chegaram os magos do PT com a sua idéia “genial” de um dossiê fajuto. O resultado está aí.

Faço essa observação para lembrar que sei a diferença entre o que é fato e o que é minha torcida. E o fato é que Alckmin nocauteou, sim, Lula nos argumentos. Uma pesquisa de opinião a respeito tende a reproduzir o quadro da preferência eleitoral. Por enquanto, pode até ser que se registre a “vitória de Lula” no confronto. E, no entanto, Lula, Alckmin, eu e qualquer um que tenha visto o debate sabemos que o petista foi esmagado. A cara desenxabida de Marta Suplicy numa entrevista ao fim do programa denunciava tudo. O comportamento, ainda estupefato, de Maro Aurélio Garcia numa entrevista ao programa Canal Livre era o retrato da noite. Lula acabara de ter uma das piores performances de sua vida em encontros dessa natureza.

Fator surpresa
O que desorientou Lula e seus assessores foi o tom surpreendentemente duro de Alckmin. À queima-roupa, o tucano lascou a pergunta sobre a origem do dinheiro sujo que pagou o “dossiê fajuto” (nossa expressão pegou, leitores) logo de cara. Lula titubeou. Não esperava. Disse que também queria saber... E tentou ensaiar ali uma teoria conspiratória: a negociata o teria prejudicado; logo, ele não seria responsável por ela. Não adiantou. Alckmin não desistiu da questão. Na sua vez de atacar, o petista afirmou que os sanguessugas começaram com Barjas Negri, nomeado depois secretário do governo de São Paulo. E o ex-governador disparou uma frase que era um sinal claro que a noite estava perdida para Lula: “Não me meça pela sua régua”.

E não deu um minuto de descanso ao petista. O presidente-candidato se atrapalhou já na largada. Esqueceu de cumprimentar os telespectadores, os promotores do evento, e saiu se defendendo. Lula é bom palanqueiro. Costuma ser mais afinado em debate do que estava neste domingo, mas nunca foi um bom satirista, não consegue fazer ironias, ser sutil, engraçado. Tentou colar em Alckmin a pecha de “candidato ensaiado”. Não adiantou. O outro, mostrado em metade da tela, conservava no rosto um sorriso frio e sereno. Lula estava com olhos injetados, mais inchados do que de hábito e com o raciocínio mais confuso do que o normal.

À sugestão de que estava ensaiado, Alckmin responde que seu adversário ficava olhando para as suas fichas, lendo o que lhe prepararam. E ironizava: “Você (sic) está mal informado. O que o pessoal escreveu aí está errado”. Lula então anunciou que iria fazer as perguntas sem as fichas. Não deu. Parou de disfarçar. Pôs os óculos e passou a ler um verdadeiro relatório de assessoria. Do ponto de vista do espetáculo dos antagonistas, um desastre para o petista.

Ditão, Diogo e Reinaldo
Numa noite em que o Ditão de Pinda baixou em Alckmin, que seguiu rigorosamente as orientações deste blog e do Podcast do Diogo (neste ponto, petralha aciona a tecla SAP para piadas), Lula teve de se confrontar com a notável capacidade do ex-governador de São Paulo de decorar números, dados, comparações etc. O que lhe permitiu falar com fluência, mantendo o outro o tempo inteiro nas cordas, como um boxeador que protege a cara com as luvas e começa a tomar soco no fígado. Beijou a lona a primeira vez quando o tucano falou sobre os gastos com cartões corporativos. Dedo em riste, pediu a Alckmin que não fosse leviano. Na seqüência, ouviu a palavra “mentiroso”. Solicitou direito de resposta. Alckmin mandou bala: então também iria pedir porque foi chamado de “leviano”. A produção decidiu que não houve ofensas. Lula soçobrava.

E Alckmin não parava de bater. Numa das perguntas, Lula tentou interrompê-lo, e ele não teve dúvida: “Candidato, respeito!” Num debate, jamais se deve dar ao adversário a vantagem de nos passar um pito por infração das regras. Em 1982, Franco Montoro, que disputava o governo de São Paulo, respondia a uma questão, e Reynaldo de Barros, homem de Maluf, tentou falar junto. Ganhou um “Cala a boca!”. Com autoridade. E ele se calou. O pito do “Dr. Alckmin” foi a segunda beijada na lona dada por Lula. Voltou a ver o chão do ringue de perto quando afirmou, depois de ter acusado Alckmin de ser o responsável pelo PCC em São Paulo, que ninguém era culpado pela violência, nem ele, presidente, nem os governadores...

Privatizações
Uma esperteza do petismo acabou custando caro. Lula andou dizendo em comícios que Alckmin, se vencer, vai privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e os Correios. Infelizmente, é mentira. Não vai. Aqui, uma observação a meus amiguinhos conservadores: privatizar pode ser o correto, e é. Mas debater o tema é entregar o poder ao Apedeuta de bandeja. Como o PSDB não fará isso mesmo que vença, precisa, sim, desmentir a coisa. E Alckmin conseguiu fazê-lo sem satanizar as privatizações.

Foi nesse ponto, já no fim do debate, que o tucano chamou Lula de mentiroso. E o petista, que não tinha como se defender, teve de admitir que fizera mesmo a acusação. Alckmin estava com o seu programa ali: “Eu o desafio a mostrar onde é que está escrito isso aqui”. E disse, outra vez, a palavra "mentira". A Lula restou balbuciar que os tucanos gostam de vender estatais. De novo, as pernas estavam bambas.

Fator Marilena Chaui
O PT tem um especialista em ética: Marilena Chaui. Acredito que foi o nosso Platão de calças (o original usava túnica, rá, rá, rá) da USP quem soprou ao seu Tiranete de Siracusa que “ética não é saber antes das irregularidades, mas punir depois que se fica sabendo”. Ele repetiu isso ao longo do programa umas três vezes. Bem, nem Franklin Martins agüentou. Foi obrigado a perguntar-lhe que garantia haveria, então, de que novas irregularidades não aconteceriam sem que o chefe ficasse sabendo. Sim, a definição do Apedeuta de ética é formidável. Poderia ser redigida de uma outra forma: “Ética é igual ignorância”. Ora, se, neste momento, houver algum aliado de Lula fazendo alguma sacanagem, onde está a ética? No fato de Lula não saber de nada. Não é magnífico?

Não, não, Lula. Ética, na coisa pública, é criar um conjunto de procedimentos que elimine o máximo possível as possibilidades de alguém transgredir o que está socialmente pactuado. Por exemplo: aparelhar o Estado, nomear 30 mil companheiros, receber em palácio tesoureiro e presidente do partido, tudo isso estimula os atos aéticos, que não são aceitos como valores pelo Estado democrático.

Se..., os efeitos e a conclusão
Se alguém realmente indeciso assistiu ao debate e se este ajuda a definir o voto, é claro que Alckmin faturou. Lula não conseguiu fazer, desta vez, nem mesmo aquele discurso populista, coalhado de metáforas. Num momento de grande inspiração, respondendo sobre política externa, imaginem só, mandou bala: “Minha mãe dizia: ‘Cada macaco no seu galho’”. Por que ele disse isso? Sei lá eu. Duvido que ele saiba. O debate serviu também para evidenciar as suas fragilidades técnicas, políticas e intelectuais, agora que ele já não é mais o santo intocável de 2002, incensado pelo jornalismo político, que gritava “preconceito!” à simples sugestão de que ele pudesse ser despreparado. Delúbio Soares, Marcos Valério, Jorge Lorenzetti, Ricardo Berzoniev e congêneres “humanizaram” Lula. E como!!!

O debate também é importante como antecipação de como será a campanha de segundo turno. Se Lula esperava se manter naquela linha do ineditismo-triunfalista, pode tirar o cavalo da chuva. O encontro deste domingo marca, definitivamente, o ponto de inflexão do PSDB. Finalmente, é possível ligar Lula à sua obra. Assim, o PT também vai mudar a sua estratégia. Agora que o dossiê fajuto fracassou e que a linguagem propositiva, paz e amor, não foi o bastante para garantir a vitória no primeiro turno, vem pauleira por aí. Mas atenção: programa de televisão e debates não substituem o trabalho dos líderes tucanos nos Estados.

A performance de Alckmin não teve um único erro. O Ditão sabia das coisas: “Bate nele, doutor! Bate nele!”

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Vende-se Airbus 391

Postby Danilo » 09 Oct 2006, 11:36

Vende-se Airbus Corporate Jetliner, ano 2004, único dono, rodado, mas muito conservado. Luxuosamente reformado, com bar completo. O pagamento não poderá ser feito com o uso de cartões de crédito corporativos, dólares na cueca ou com malas de reais. Aceita-se permuta por 5 hospitais.

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Nessa o Alckmin deu uma escorregada feia pra demagogia. Mas eu gostei. O Lula experimentou do próprio feitiço.

:D
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Postby Aldo » 09 Oct 2006, 21:07

Se eu sesse vc, mandava esse texto para o tucanato....A visão que eu tive do debate é que o Alckmin poderia ter ido melhor se usasse a mesma veemencia fora de seu comum, mas com perguntas mais pontuais esparsas por todo o debate...deixar o prisident ir sangrando...e no final tirar uma bem cabeluda pra matá o bicho.
AF
PS: Achei engraçado a Marta dizendo que o Alckmin era de plástico, quem precisa de uma boa plástica é ela, a mulé tá desabando.
PS2: Cumpanhero, se o Alquimi ganhá, eu vô dá um tempo pra mim. E vô se dedicá a escrevê um livro cujo titulo eu já sei: "As minhas férias!"
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Postby Aldo » 09 Oct 2006, 23:48

Estive pensando, se o cenário não se reverter até o debate do plimplim às vésperas do pleito (eu disse pleito, seu besterento), ou seja, as pesquisas apontarem para uma vitória do NineFingers, bem que o Alckmin podia adotar uma tecnica suicida e na primeira pergunta, disparar, se o Senhor nao disser agora para o povo brasileiro de onde vem os dólares do dossiê, eu me retiro do debate, e deixar o Bunda com cara de Lula na TV sendo entrevistado pelo Bonner/Bial....
AF
Sei lá, viagem de quem não entende nada de estratégia política, mas que quer ver o circo pegar fogo....o Circo inteiro com os seus 180mi de palhaços...
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Postby mends » 10 Oct 2006, 08:31

azevedo

A política, o pitbull, o poodle e o vira-lata



O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) sempre se esforçou para parecer um analista sofisticado. Se pensamento fosse cachorro, o seu seria assim um poodle de madame. Vive falando em “concertação”, “republicanismo”, “refundação”, verdadeiros fricotes da teoria política. Cãozinho de pet shop, o pêlo de suas teses sempre está meticulosamente podado e desenhado para chamar a atenção. Também não ficaria mal adornar o conjunto com um lacinho vermelho. Ah, mas ontem, quem diria?, com o perdão que peço à Pipoca Maria Corintiana da Silva, uma sem-raça que veio aqui se aninhar perto de mim enquanto escrevo, ele pensou como um vira-lata.

Ao comentar o desempenho de Geraldo Alckmin no debate de domingo, o ministro a quem cabe diminuir as tensões políticas afirmou que o tucano se comportou como “um pitbull”. E aproveitou para, ele também, espalhar uma mentira: disse que sempre viu Alckmin como “uma pessoa da (sic) Opus Dei”. Ele se referia à prelazia católica, conhecida por suas posições fiéis às diretrizes do Vaticano.

As esquerdas, no entanto, associam os membros do Opus Dei, ao qual Alckmin NÃO pertence, ao que chamam de “pensamento reacionário”. De certo modo, faz sentido. Quase ao mesmo tempo em que Tarso dizia isso, Lula, o progressista, recebia evangélicos em palácio. Seu vice, José Alencar, é do PRB, um partido de que a Igreja Universal do Reino de Deus é praticamente dona. No Rio, o Apedeuta apoiava um membro na igreja na disputa ao governo.

Com a referência, é claro que Tarso pretende colar uma pecha no adversário. Alckmin não é do Opus Dei. Se fosse, integraria uma prelazia papal, subordinada diretamente a Bento 16. Cadê o crime? É um tema interessante este. Lula, por exemplo, pertence ao Foro de São Paulo. Na verdade, é seu fundador. Têm assento no Foro as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que são narcoterroristas. O Opus Dei nunca dividiu a mesa com assassinos em massa.

Temas ligados, diga-se de passagem, à religião e aos costumes ficaram fora do embate da Band. Na minha opinião, Tarso acaba de dar uma excelente idéia. Seria interessante indagar o que o governo e o próprio Lula pensam, por exemplo, sobre o aborto, que foi objeto de debate nos EUA. É bom lembrar que este governo tem uma diretriz para o assunto. E que o PT chegou a fazer um caderno temático a respeito. Vai aqui uma observação para a rapaziada da campanha: estou certo de que John Kerry perdeu a eleição por causa de suas posições ambíguas sobre o aborto, e não por conta das tolices que disse sobre o Iraque. Esses petistas precisam pagar o preço de sua língua comprida.

Tarso também fez ironia com o que chamou de “lógica meio teológica” de Alckmin. Bingo! A boa teologia nunca matou ninguém. Já as escatologias políticas, de que Tarso, como esquerdista, é um caudatário moderno, se construíram sobre uma pilha de milhões de cadáveres. Não lhe cabe, ministro, chamar aquele que pode vir a ser presidente da República de “pitbull” apenas porque este teve a ousadia (!) de questionar, em termos duros, mas civilizados, um oponente num debate.

O máximo da agressividade do tucano foi afirmar que o petista mentira ao dizer que ele, Alckmin, iria privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil. E o que fez Lula? Admitiu que espalhara mesmo o boato. E o que fez o PT, pela voz de seu líder na Câmara, nesta segunda? Reiterou a mentira.

Não contente com a vira-latice do pensamento, Tarso resolveu fazê-lo evoluir para a hidrofobia. Acusou a “irresponsabilidade e leviandade” de Alckmin — por quê? —, mesmo admitindo que o dossiê “é uma armação que contou com a amoralidade e a ilegalidade da conduta de algumas pessoas do PT.” Mas emendou: “A mim, não convence que não houve uma armação do outro lado. Se tem alguém que não foi beneficiado foi o presidente Lula". Sinceramente, não sei como Tarso, que burro não é, consegue se olhar no espelho depois disso: Lula só foi prejudicado, e foi mesmo, porque a tramóia deu errado. E se tivesse dado certo? Não é porque a oposição foi beneficiada que se elimina a integral responsabilidade de petistas no caso. Tarso sabe a diferença entre correlação e causa. Mas finge não saber.

Mas ele foi mais longe. Afirmou que Alckmin agiu com desrespeito com um presidente que veio de uma classe diferente da sua. Cascata! Lula é, pessoalmente, mais rico do que Alckmin. Basta comparar a declaração de bens de ambos. Só é menos estudado porque teve e tem preguiça de tocar em livros. Se os bens se estenderem, então, à família ampliada, só o notório Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, vale, sozinho, por algumas famílias Alckmin. Este, sim, merece o justo epíteto de “burguês”. E burguês com um belíssimo capital. Entre a sociedade e investimento em publicidade, a Telemar já injetou no negócio deste jovem schumpeteriano algo em torno de R$ 15 milhões. Nada mal para quem é formado em biologia e era monitor de Jardim Zoológico até outro dia.

Preconceituoso é Tarso. Demonstra preconceito contra os católicos. Espero, sinceramente, que a fala lhe custe muito caro no horário eleitoral e no próximo debate. Ou esta gente aprende a conviver com a democracia ou aprende a conviver com a democracia. Eles confundem eleição, disputa e alternância de poder com sabotagem. E têm de ser denunciados.
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Postby mends » 10 Oct 2006, 15:00

Na Coréia do Norte, tudo começou com um PT...

Excentricidade disfarça hábil estrategista
DA REDAÇÃO

O ditador norte-coreano, Kim Jong-il, 64, é visto no Ocidente como de perfil excêntrico, mas analistas advertem que se trata de um homem muito hábil e um grande estrategista, que deve ser levado a sério.
Kim costuma ser ridicularizado por seus hábitos de playboy, sua cabeleira e seus sapatos de salto alto (para compensar a baixa estatura), mas essa imagem seria equivocada ou enviesada. "Não é um louco nem alguém que vive de ilusões", afirma o francês Michael Breen, autor do livro "Kim Jong-il: Ditador Norte-Coreano".
"O mundo alimenta o mito de um playboy totalmente esquisito. Kim é politicamente muito hábil. Tem o talento de saber aproveitar uma posição de debilidade." Pária no resto do mundo, o ditador é visto "como um Deus" no país, diz Yu Suk-ryul, analista de Seul. É chamado de "querido líder".
Kim Jong-il é o primogênito de de Kim Il-Sung, fundador da Coréia do Norte comunista e idolatrado no país. Segundo a propaganda oficial, quando Kim Jong-il nasceu, em 16 de fevereiro de 1942, surgiram no céu uma estrela e um arco-íris duplo. Desde então, o monte Paekdu, onde teria nascido, é um lugar sagrado.
Vários analistas, porém, acreditam que ele nasceu num campo de treinamento guerrilheiro russo, a partir de onde seu pai empreendeu a guerra de resistência contra o Japão, até 1945.
Após obter um diploma universitário, em 1964, Kim começou a fazer carreira dentro do Partido dos Trabalhadores. Suas funções incluiriam a organização de atentados, como a explosão de um avião da Korean Airlines, em 1987, que matou 115 pessoas. Ele assumiu o controle do Partido dos Trabalhadores em 1994, três anos após a morte do pai.



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Postby Wagner » 13 Oct 2006, 18:24

:mad: Mais um exemplo de censura...

TSE retira comentário de Jabor do ar
O Tribunal Superior Eleitoral determinou a retirada da página da rádio CBN na internet, e das páginas de todas as suas afiliadas, do comentário do colunista Arnaldo Jabor do dia 10 de outubro. Para o PT, o comentário favorecia Alckmin em detrimento de Lula. Disse Jabor: “Amigos ouvintes, o debate de domingo serviu para vermos os dois lados do Brasil. De um lado, um choque de capitalismo. De outro, um choque de socialismo deformado num populismo estatista, num getulismo tardio. De um lado, São Paulo e a complexa experiência de Estado industrializado, rico e privatista. De outro, a voz dos grotões, onde o estado ainda é o provedor dos vassalos famintos. De um lado, a teimosa demanda do Alckmin pelo concreto da administração pública, e do outro, o Lula, apelando para pretextos utópicos, preferindo rolar na retórica de símbolo"
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Postby mends » 15 Oct 2006, 16:58

então, tira a carta capital das bancas :lol:

e olha que eu odeio o jabor...
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Postby mends » 16 Oct 2006, 10:05

comentários meus em "zú!!"

Controlar entrada de capital não é crime, afirma Bresser
Ex-ministro de FHC critica os países que adotaram a ortodoxia convencional e elogia a Argentina, que "nos últimos quatro anos vem crescendo 9% ao ano"

DOIS DIAS depois de o economista Yoshiaki Nakano -assíduo interlocutor de Geraldo Alckmin- provocar polêmica ao defender um modelo de câmbio administrado no Brasil, Luiz Carlos Bresser Pereira , ex-ministro da Administração de Fernando Henrique Cardoso, lembrou o sucesso de países adeptos do controle de entrada de capitais. E afirmou: "Para mim, controle de entrada não é crime nenhum". Recomendado à Folha pela assessoria de Nakano, Bresser disse que não hesitaria em defender a medida caso a redução da taxa de juros -para 5% ao ano, como propõe- não fosse suficiente para a desvalorização cambial.

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Luiz Carlos Bresser Pereira à Folha:

FOLHA - Alckmin fala em redução da carga tributária e aumento dos investimentos. É um casamento viável num primeiro momento?
LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA - Num primeiro momento, não. Mas, se você faz um ajuste fiscal e economiza 2% de despesa pública corrente... Some-se a isso um corte nos juros. Gastamos 8,5% do PIB com juros. Podemos ter uma economia de 6% aí. Então, dá uma economia total de 8% do PIB. Podemos destinar uma parte à redução da carga e outra a investimentos. Isso se faz em dois, três anos.

FOLHA - São 2% de corte ao longo do mandato?
BRESSER - Mais 6% de corte de juros. Não é razoável gastar mais de 3% do PIB com juros. Para baixar a taxa de juros, é preciso uma estratégia como a usada para acabar com a alta inflação. Envolve todo o governo e implica reformas no setor financeiro, especialmente desvincular os títulos do tesouro brasileiro da própria Selic.

Resta saber se vai ter demanda...Bresser, useiro e vezeiro de renegociações unilaterais, acha que o mercado engole qualquer coisa.

O Banco Central estabelece sua taxa de juros de curto prazo. E a taxa que se aplica aos títulos públicos, a de longo prazo, fica semelhante ao risco-Brasil. É coisa de 5% reais. Estamos pagando 12%, quando deveríamos pagar 3%, 4%, no máximo 5%.

Insisto: pagamos 12 porque o déficit do governo tem que caber no PIB. Com 3% de real, em um mundo de liquidez CONTRAINDO, no contra-ciclo, ninguém vai financiar...ele se acha O macroeconomista, mas não entende o básico de mercado! ou se entende, se faz de tonto.

FOLHA - Em quanto tempo?
BRESSER - Não tem mágica. É preciso que haja não só um governo decidido, mas apoiado pela sociedade. Começou aqui uma crítica muito mais forte à ortodoxia convencional ou Consenso de Washington: conjunto de recomendações e pressões que os países ricos fazem. Para quem aceita, como o Brasil, o México, a Argentina de Carlos Menem e a Rússia do Yeltsin, os resultados são desastrosos. Quem resiste, como o Chile, que estabeleceu controle de capital,

mentira. no chile não há controle de capital. mentira simples. houve até 1987.

e os países asiáticos, cresce enormemente.

nosso ponto de inflexão pra ser "tigre" foi há 40 anos. gente como Bresser (cepalina, desenvorvimentista) não deixou, porque acreditava que o mercado interno era nossa maior riqueza, e devia ser preservado para brasileiros (sobre isso, JK, que não fez nada de muito bom, cunhou uma frase sensacional: "não impora onde mora o acionista. importa onde é a fábrica"). e o brasil não poderia basear sua economia em commodities exportáveis, como os tigres, porque os tigres iriam se ferrar, uma vez que os çábios çabiam que as commodities são inelásticas na ponta da oferta, e competir com commodity é pedir pra não ter produto quando o mundo quer comprar. só que a exportação de quinquilharia durou 15 anos, eles compraram tecnologia e investiram em educação. guess what?

Mais interessante é o caso da Argentina. Nos últimos quatro anos vem crescendo 9% ao ano.

cresce 9% porque caiu 25 em 2001. Se tinha 100 e caiu 25, passou a 75. assumamos que cresceu com MÉDIA de 9% de 2003 a 2005 (3 anos), fica com 75*(1,09)^3 = 97.13, ainda ABAIXO de 2001. Valeu à pena? Isso é bom? Ah, saber fazer contas nos poupa tanta enganação...

FOLHA - A fórmula argentina funciona melhor que a brasileira?
BRESSER - Continuando nesse rumo vão crescer muito porque estão seguindo a fórmula dos países asiáticos: taxa de juros baixa e de câmbio alta. Estimula exportações e investimentos.

CACETE!!! A ARGENTINA, COMO NÓS, EXPORTA COMMODITIES! COMMODITIES TÊM PREÇO MUNDIAL!!!! NÃO IMPORTA A TAXA DE CÂMBIO, PORQUE O PREÇO EM USD É O MESMO!!! NÃO MELHORA A COMPETITIVIDADE DO PAÍS. ISSO É ESTELIONATO INTELECTUAL, PORQUE ELE SABE DISSO!!! ELE É PROFESSOR DE ECONOMIA, CARAMBA!!E TAXA DE JUROS É FUNÇÃO DO DÉFICIT!! A ARGENTINA SÓ CONSEGUIU COLOCAR BÔNUS PRA VENEZUELA COMPRAR, NÃO FOI PRO MERCADO!!!

Fazemos o contrário. Desde 1995 o Brasil não cresce. Em nome de combater a inflação, mantemos a economia em instabilidade macroeconômica.

FOLHA - Essas mudanças têm um preço, inclusive o aumento da inflação, que é um fantasma...
BRESSER - Em termos de ajuste fiscal existe um preço. Mas é pequeno. Para quem gasta 48% do PIB, reduzir em dois anos dois pontos percentuais não mata ninguém.

FOLHA - E a inflação?
BRESSER - Ela só sobe um pouquinho porque, quando a taxa de câmbio sobe, aumenta a inflação. Mas hoje não é mais a inflação inercial, indexada, que estávamos acostumados em 1994. Se há um aumento do custo para determinados produtos porque o dólar ficou mais caro, os preços sobem e depois se acomodam.

PENA QUE OS PREÇOS QUE MAIS SOBEM SÃO OS QUE OS POBRES ESTÃO SUJEITOS. E QUE DOIS PONTOS DE INFLAÇÃO NÃO CORROAM O SALÁRIO DO SR. BRESSER, MAS DE QUEM RECEBE PICADO E NÃO TEM UMA CONTINHA COM FUNDO D.I. E NÃO DIGO ISSO PRA SER "BONZINHO": SE FOSSE FACTÍVEL EMPURRAR A CONTA PROS CARAS, SO BE IT, PORQUE ELES NOS EMPURRAM A CONTA DO DÉFICIT PÚBLICO. C.U.C.S.P! MAS ELES NÃO QUEREM MAIS PAGAR A CONTA, E ELEGEM QUALQUER UM QUE SE COMPROMETA A NÃO MEXER NA POLÍTICA DE COMBATE À INFLAÇÃO!

Não há razão para temer a volta da inflação inercial. Sou insuspeito. Sempre lutei para combatê-la.

E FOI MUUUUITO INCOMPETENTE COMO MINISTRO DA FAZENDA.

FOLHA - Quanto de inflação?
BRESSER - Estamos com 3% ao ano. Pode ir para 5% e 6%. Nada mais. Depois volta para os 3%.

FOLHA - O ajuste fiscal não é na magnitude proposta pelo Nakano?
BRESSER - O Nakano é o mais importante macroeconomista do Brasil. Ele não fala em 3% num ano. Foi um mal-entendido. Falo com ele com freqüência. A diferença entre nós é que ele fala em fazer o ajuste e espera que a taxa de juros caia naturalmente. Também espero que a de longo prazo caia naturalmente. Mas conto que o BC reduza a de curto prazo, a Selic.

FOLHA - Há uma linha segundo a qual a redução dos juros não basta para desvalorização cambial. Já houve redução e o dólar se mantém nos R$ 2,2 por causa da exportação.
BRESSER - Se não for suficiente, não terei dúvida em defender também controles de entrada de capitais. Não podemos ficar com as idéias da ortodoxia convencional.

FOMOS HETERODOXOS DURANTE UM SÉCULO E NUNCA GANHAMOS NADA. QUANDO RESOLVEMOS ABRIR O LIVRO TEXTO, ADIVINHA? MATAMOS A INFLAÇÃO.

Falam em alta voz que a taxa de câmbio não pode ser administrada. Isso é o que pensa o FMI. Não é o que vejo em todos os países que se desenvolvem. Eles administram, sim, sua taxa, comprando reservas e esterilizando dinheiro. O Brasil já fez isso. Não foi suficiente. Não faz mais porque a taxa de juros que está se pagando sobre essas compras é de 12%. Na Ásia, é 1%. Prefiro não ter controle de entrada. Mas, para mim, controle de entrada não é crime nenhum.

FOLHA - O sr destacou em seu site a palestra em que o Nakano prega o controle de entrada...
BRESSER - É também minha posição. Por que usar a palavra prega? "Defende porque considera correta". Cuidado. Se não, cai na ortodoxia convencional.

FOLHA - O senhor diz que não é um crime o controle de entrada...
BRESSER - Não acho nada demais. Países que crescem extraordinariamente fazem esse controle. O Chile fez nos anos 90. Quase todos países asiáticos fazem quando necessitam. A China, permanentemente.

A CHINA NÃO É ECONOMIA DE MERCADO.

FOLHA - Seu discurso é mais à esquerda do que o da Casa das Garças?
BRESSER - Pelo amor de Deus, a Casa das Garças representa a ortodoxia convencional no Brasil.

FOLHA - Que o Alckmin ouve.
BRESSER - Creio que não ouvirá. Mas não falo em nome do Alckmin. Eleito, ele tomará as decisões que considerar corretas.

FOLHA - Se o sr. não fala e o Nakano faz a mesma ressalva, quem fala?
BRESSER - A única pessoa que fala em nome do Alckmin é ele próprio, ora.

FOLHA - Mas quem votar no Alckmin estará votando nessa proposta ou na da Casa das Garças?
BRESSER - Tenho uma forte convicção de que vai fazer uma política mais parecida com a que estou dizendo.

PQP!!!! :mad: :mad: :mad:

FOLHA - O sr. já conversou com ele?
BRESSER - Já conversei com ele.

FOLHA - O que o sr. diz não está no programa de governo dele.
BRESSER - Não há nada contra. Isso faz parte. Não estou falando nem em nome do PSDB, me vejo como um intelectual que tem obrigação de falar crítica e independentemente. Político tem obrigação de conseguir maioria. Tem de falar em termos mais consensuais. Isso é próprio dos políticos.
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Postby junior » 19 Oct 2006, 07:04

19/10/2006 - 06h01
Se houve crime eleitoral no dossiê, eu terei que pagar, afirma Lula
da Folha de S.Paulo

Bem-humorado, mas exaltando-se em alguns momentos, quando a entrevista tratou dos escândalos de seu governo e do PT, Luiz Inácio Lula da Silva minimizou seu favoritismo (tem 19 pontos de vantagem sobre Geraldo Alckmin), mas na maior parte das vezes comportou-se como candidato reeleito ao responder à sabatina da Folha, realizada ontem de manhã, no Palácio da Alvorada, atendendo a prerrogativa da Presidência.

Lula aceitou que, caso seja confirmada a hipótese de que o dinheiro do dossiê saiu da sua campanha, estará sujeito a punição eleitoral. Mas emendou: "Duvido que seja da minha campanha", sem considerar, porém, a hipótese de caixa dois. Negou que tenha procurado com os amigos envolvidos na operação as respostas que espera da Polícia Federal em investigação que, segundo ele, podem durar até dois anos.

Lula Marques/Folha Imagem
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a perguntas durante sabatina da Folha
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a perguntas durante sabatina da Folha


Lula considera o ex-assessor Freud Godoy uma vítima do caso. Mas diz não estar convencido do mesmo em relação aos demais petistas. O presidente respondeu a perguntas dos colunistas Clóvis Rossi e Mônica Bergamo e dos editores Fernando de Barros e Silva (Brasil) e Renata Lo Prete ("Painel"), além de questões de leitores --indicadas como tal a seguir. A Presidência vetou a transmissão pela TV UOL.

Em duas horas, Lula tomou cinco cafés e fumou quatro cigarrilhas. Quando a primeira-dama entrou na biblioteca, o presidente brincou; "Devagar agora que a Marisa chegou". Ela disse: "vim ver quem está batendo no meu marido". Confira a primeira parte da entrevista.



Folha - Podemos começar com a pergunta que o senador Cristovam Buarque (PDT) fez para a sua cadeira vazia no debate da TV Globo, no primeiro turno. Se se comprovar que o dinheiro para a compra do dossiê veio da campanha presidencial do PT, o sr. renuncia à Presidência?
Luiz Inácio Lula da Silva - Bom, se se comprovar, se se cometeu um crime eleitoral, eu e qualquer outro cidadão comum deste país temos que pagar pelo crime que cometemos. O que eu acredito, o que eu defendo é que a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça façam a mais rigorosa apuração, independentemente do tempo que vai demorar. Pode ser que demore um dia ou dois anos.

Lula Marques/Folha Imagem
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a perguntas de Clóvis Rossi (esq), Fernando de Barros e Silva (centr-esq) e Mônica Bergamo (centro) durante sabatina da Folha
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde a perguntas de Clóvis Rossi (esq), Fernando de Barros e Silva (centr-esq) e Mônica Bergamo (centro) durante sabatina da Folha


Folha - Presidente, embora o raciocínio esteja correto, cria-se uma situação institucional, nessa hipótese, terrível. O sr. terá sido eleito com uma votação, as pesquisas indicam, bastante importante, e ficará a discussão da impugnação a posteriori da candidatura.
Lula - Olha, o [Jorge] Bornhausen [presidente do PFL] e o Tasso Jereissati [presidente do PSDB] têm levantado essa tese. Ou seja, é a tese das pessoas que percebem que podem perder. Começam a criar confusão. Eu já fiz isso...
Obviamente que nossos adversários gostariam que aparecesse o dinheiro de qualquer jeito, como eles fizeram com a fotografia. Agora, nós não estamos fazendo, com o Estado brasileiro, pirotecnia. Todas as pessoas que forem envolvidas e que tiverem culpa terão que pagar. Essa é a regra do jogo da democracia. Ela só tem sentido por causa dessa amplitude de pegar do mais humilde cidadão brasileiro ao presidente da República e todos estarem subordinados à mesma lei, às mesmas diretrizes, ao mesmo processo de investigação.

Folha - Se a PF concluir que foi na sua campanha que houve esse crime eleitoral, o que o sr. vai fazer?
Lula - Eu duvido, duvido que seja na minha campanha. Se tem uma coisa que esse maldito dossiê fez foi atrapalhar que eu ganhasse a eleição no primeiro turno. Alguém deu um tiro de canhão no próprio pé.

Folha - Como é que o sr. pode garantir que esse tiro de canhão não inclua a origem do dinheiro?
Lula - A minha dúvida é saber não apenas de onde veio o dinheiro, mas quem arquitetou esse plano. Isso é um plano. É uma estratégia política. Alguém arquitetou e meia dúzia de pessoas que se achavam inteligentes morderam a isca.
Eu não posso acusar ninguém. Só estou dizendo o seguinte: eu tenho a suspeita de que algo estranho aconteceu nesse ninho. E eu só quero que a PF cumpra com a sua função.

Pergunta do leitor - Levando em consideração seu perfil democrático, como explica que pessoas de sua proximidade, que o acompanham de perto faz tanto tempo, pudessem ter realizado atos ilícitos que o contrariassem de tal forma?
Lula - Minha mãe dizia o seguinte: a gente só conhece uma pessoa quando está embaixo do mesmo teto. Na vida política, é mais difícil. Quando você convida um companheiro para um cargo, você o faz em função do seu passado político. Agora, se esse companheiro não cumpre com as razões pelas quais você o convidou, você tem que afastá-lo. É o papel do presidente.

Folha - No episódio do mensalão, o sr. foi à TV, pediu desculpas, se disse traído. Aí passa um ano e vem o que o sr. chamou de aloprados, que fazem atos abomináveis. Essas pessoas não entendem o que o sr. diz?
Lula - Essa é a minha dúvida. É saber qual foi o argumento que convenceu esse bando de... essas pessoas a praticarem isso.

Folha - Presidente, o sr. ligou para o Freud Godoy para perguntar o que havia acontecido. O sr. ligou para o Osvaldo Bargas, que é marido da sua secretária particular?
Lula - Não.

Folha - Por que não?
Lula - Porque estou convencido de que o Freud é vítima só porque é próximo de mim. Dos outros não estou convencido.

Folha - Mas por que não telefonar? É o marido da sua secretária...
Lula - É meu amigo desde 1975. Mas não quis telefonar. Cometeu uma heresia. Não era possível alguém que eu conheci como metalúrgico simples de uma fabriqueta de quentinha e que foi pro movimento sindical e teve um papel estupendo na CUT, de repente se colocar no papel de um investigador para fazer coisas que não devia e que não sabia. É inadmissível. Eu confesso a você: eu não quero vê-lo, não quero conversar. Se ele errou, que ele pague.

Folha - E com o senador Mercadante, o sr. conversou?
Lula - Conversei, conversei. Ele disse que não sabia, e disse que era contra.
Agora, é importante dizer uma coisa: ah, mas era teu amigo, por que você não conversa com ele? Como se fosse simples assim. Cada um contrata logo um advogado e começa a contar sua história. Como eu acredito piamente que a Justiça vai resolver isso, eu estou tranqüilo.

Pergunta do leitor - Candidato Lula, quem já foi traído por alguém sabe a dor, a indignação e principalmente a frustração que se sente. Por que o sr. tratou os ministros José Dirceu e Antonio Palocci tão docemente quando eles saíram do governo, já que o sr. mesmo disse que foi por eles traído. O sr. não disse isso, mas já que o sr. não disse quem o traiu, ficou implícito que eles estavam entre os traidores.
Lula - Eu não tratei docemente. Alguém perder o posto de ministro não é coisa fácil. É questão de diplomacia política.
Depois de a gente brigar 20 anos para chegar ao poder, a gente chega ao governo e tem a chance de mostrar para a sociedade que algo diferente estava acontecendo no Brasil e companheiros cometem a mesma sandice que historicamente se cometeu na história do país.

Folha - Essa indignação que o sr. mostrou aqui, o sr. transmitiu na privacidade ao Palocci, ao Zé Dirceu?
Lula - Transmiti. Transmiti.

Folha - Mas o sr. fala com o Zé Dirceu até hoje, não fala? E o Delúbio?
Lula - Não, não falo com o Zé Dirceu há muito tempo. Nem com o Zé nem com o Delúbio nem com o Palocci. Não há porque ficar falando com eles, agora cada um tem seu caminho.
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