Eu odeio Lixo disfarçado de arte!

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Postby vitormorg » 08 Aug 2005, 17:15

Tres comentários:

Otto é realmente um LIXO, concordo em genero número e grau com o cara da folha, por sinal fui ver no site da folha o que o cara falou e ele foi menos "duro" do que chora o Otto,

Outra coisa, estava ouvindo um programa da 89 (uma pequena cópia do Panico) onde estava um cara que quebra CDs no programa da Galisteu. Indo ao ponto, o cara falou um lance que é verdade e não tinha antes pensado, toda crítica é pessoal, não importa o que o critico fale, SEMPRE É PESSOAL, pois é o gosto do cara. O que o tiozinho falou é que tenta dar alguns subsidios "palpáveis" para as pessoas pensarem, e não aceitarem, a sua critica. No caso do Otto foi bem simples "Se você não gosta de som "para viajar" -especialidade dele-, o clima maconheiro pode irritar..."; ou seja se você gosta, compre a PORRA DO DVD!!!


Por último mas não menos importante, CARA o Mercury Rev vem ao Brasil!!! Totalmente inesperado.

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Postby telles » 08 Aug 2005, 20:51

Esse Otto é um fumadão de mão cheia, e deve ter escrito isso num dos poucos momentos caretas.... por isso saiu merda....

Agora, terminar o texto com "tenho dois prêmios APCAs (Associação Paulista dos Críticos de Arte) aqui na minha frente enquanto escrevo esta coluna.", não dá vontade de bater no cara até ele pedir agua? Vai se fuder!
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Postby Danilo » 09 Aug 2005, 13:17

Hum... dois prêmios APCAs? Vamos mandar também um troféu PDF pra ele!
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Postby telles » 09 Aug 2005, 18:21

<a href='http://vitrola.blogspot.com/2005/08/como-fazer-amigos-e-influenciar.html' target='_blank'>AQUI!</a>

Tem todas as matérias e o Orkut sobre o zé mané do OTTO
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Postby mends » 17 Oct 2005, 12:06

Heavy metal virou arte
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Se você está em busca de ousadia musical, de experimentalismo, onde vai procurar? No jazz contemporâneo? Na música clássica de vanguarda? No rock and roll universitário?
Nada disso.
Segundo reportagem recente do jornal de maior prestígio no mundo, o "New York Times", o gênero musical mais "cabeça" do momento é o... heavy metal!
Pois é, o metal. Aquele rock pesado dos proletários chucros do Black Sabbath, dos cabeludos bregas tipo Mötley Crüe e Twisted Sister. Do Iron Maiden, do Deep Purple e de tantas bandas veteranas que, no Brasil, fazem sucesso até hoje. O metal, sinônimo de muito barulho e pouco pensamento, quem diria, subiu ao altar dos intelectuais...
Vamos explicar melhor. Segundo o repórter Jon Caramanica, do "NYT", um dos exemplos mais claros da elevação do Q.I. metálico é a banda instrumental Pelican. E o público do Pelican não tem nada a ver com aqueles clichês de "metaleiros". Zero de roupas totalmente pretas, cabelo até a cintura. Os fãs do Pelican fazem mais o gênero nerd.
É claro que, como sempre no cenário pop, essa nova onda já tem um rótulo, "art-metal", e uma gravadora em torno da qual tudo gira, a Hydra Head Records.
O guitarrista Laurent Lebec, do Pelican, contou uma história engraçada ao "NYT". Ele tem usado, no palco, uma camiseta do Def Leppard (clássica banda inglesa de metal com moral zero entre o público mais, digamos, intelectualizado). Só que a platéia não entende. Um fã chegou a perguntar se a camiseta era "piada". Ou seja, a molecada que curte o Pelican nem percebe que aquilo é metal, e não saca como o guitarrista de sua banda favorita pode gostar de Def Leppard...
O "NYT" também alerta: tudo bem fazer um metal mais cabeça, mas, quando a coisa fica excêntrica e "pseudo", aí é preciso cuidado.
A banda Mastodon, por exemplo, fez um disco inteiro em tributo ao escritor Herman Melville (1819-1891). O Blind Guardian (adorado no Brasil) fez algo parecido com Tolkien, autor de "O Senhor dos Anéis", no álbum "Nightfall in Middle-Earth". Sem falar que o Sepultura prepara um CD baseado na "Divina Comédia", de Dante.
Tomara que o metal volte a ser burro...

PLAY - "Juicebox", The Strokes
Estou devendo já há algumas semanas um Play para a nova dos Strokes, agora em fase "suja".

PAUSE - "A Bigger Bang", Rolling Stones
Ninguém (eu, inclusive) botava fé que os vovôs pudessem lançar um disco decente de inéditas. Lançaram.

EJECT - "MTV ao Vivo", Titãs
Triste.
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Postby mends » 25 Oct 2005, 08:08

Pra quem não tá ligado, a UNESCO aprovou, com o voto de todos os países exceto os EUA, um projeto do nosso ministro-maconheiro Gilberto "Odara" Gil que sobretaxa produtos culturais estrangeiros - especialmente filmes americanos - a fim de "proteger culturas frágeis". E dá-lhe ditadura cultural "odara", com baticums e bundalelês, filmes horrorosos - quando tem excessão, como o Fernando Meirelles, o cara vai logo filmar com Reôlfi Fâines (como me ensinou o AF) e Rachel Trigo (Weiss) - muito Kuarup e "rendam-se ao Brasil". Depois o Bush é que é fascista... <_<
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Postby mends » 10 Nov 2005, 10:24

Mas já começou essa merda?????????

Ingressos para o Carnaval 2006 de São Paulo começam a ser vendidos

Carnaval de SP acontece de 24 a 27 de fevereiro no Sambódromo do Anhembi

A partir de hoje, quinta-feira, todos os tipos ingressos para o Carnaval 2006 de São Paulo começam a ser vendidos através de sistema de telemarketing. O evento está previsto para acontecer de 24 de fevereiro, sexta-feira, até o dia 27, no Sambódromo do Anhembi.

É a primeira vez que tanto os ingressos de pista quanto os de arquibancada e de camarote estarão disponíveis desde o início das vendas. Até o ano passado, a arquibancada só começava a ser vendida a partir de janeiro. O sistema de vendas por telemarketing pode ser alcançado através dos números (11) 3832-9006 e 2191-6900.

A partir de 1º de dezembro, os interessados também poderão comprar todas as categorias de ingresso através do site http://www.carnavalsp.com.br. Tanto pelo telemarketing quanto pela internet é possível contar com o serviço de entrega em domicílio.

No dia 10 de janeiro de 2006, quando as bilheterias do Anhembi serão abertas, o sistema de vendas será reforçado com novos cinco pontos de venda físicos espalhados por São Paulo. O Sambódromo do Anhembi tem capacidade para 30 mil pessoas.

Uma das novidades anunciadas é a da arquibancada especial de turista, que contará com serviços especiais de recepção e transporte, por exemplo, reforçando o viés que a organização tem de atrair pessoas de fora de São Paulo para o Carnaval.

IMPASSE E REPASSE

A programação oficial do Carnaval 2006 ainda não foi anunciada por conta de demanda judicial ainda não resolvida entre a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo e o Ministério Público. Há também um inconveniente em relação ao Concurso de Rei Momo, cuja organização já está atrasada há 40 dias e ainda não há uma definição _é provável que seja terceirizado e realizado no Teatro Elis Regina, no próprio Parque do Anhembi.

Esta semana foi publicado edital no Diário Oficial que libera R$ 10 milhões da Prefeitura de São Paulo para ser dividido entre as escolas de samba de São Paulo. Metade seria liberado ainda em novembro, enquanto o restante só em janeiro. Com investimento público previsto de R$ 12,5 milhões (R$ 2,5 mi viriam da cota de venda de ingressos), a organização ainda espera que a iniciativa privada invista em patrocínio no Carnaval 2006 de São Paulo.

Os carnavalescos, por sua vez, chiaram que estão em situação de penúria para continuarem produzindo fantasias e carros-alegóricos. Solon Tadeu Pereira, presidente da Vai-Vai e do conselho da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, fez questão de deixar claro, durante a apresentação do plano de venda de ingressos, que as escolas de samba não receberam repasse algum da verba liberada pela prefeitura _e que, no Rio de Janeiro (onde a prefeitura não subsidia o Carnaval), as agremiações já receberam de R$ 1,8 a R$ 2,2 milhões para os desfiles do ano que vem.

A Prefeitura, através do presidente da São Paulo Turismo (SPTuris), Caio Luiz de Carvalho, disse que a situação será amenizada ainda esta semana.

PREÇO DOS INGRESSOS

» Arquibancada:
de R$ 50 a R$ 80 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25); de R$ 25 a R$ 45 para o Desfile das Campeãs

» Arquibancada Especial de Turista:
R$ 90 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25)l e R$ 40 para o Desfile das Campeãs

» Cadeira de Pista (individual):
de R$ 140 a R$ 280 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25); de R$ 70 a R$ 140 para o Desfile das Campeãs; de R$ 310 a R$ 610 a promoção para todos os dias

» Mesa de Pista (4 lugares):
de R$ 900 a R$ 1.260 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25); de R$ 350 a R$ 630 para o Desfile das Campeãs; de R$ 1.510 a R$ 2.720 a promoção para todos os dias

» Camarote Simples (10 pessoas):
de R$ 8.640 a R$ 13.800 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25); de R$ 4.320 a R$ 6.900 para o Desfile das Campeãs; de R$ 18.000 a R$ 29.000 a promoção para todos os dias

» Camarote Especial (25 pessoas):
de R$ 17.520 a R$ 25.800 para cada dia de Desfiles do Grupo Especial (sexta, 24, e sábado, 25); de R$ 8.640 a R$ 13.200 para o Desfile das Campeãs; de R$ 36.500 a R$ 54.000 a promoção para todos os dias

» Vip Club Individual:
R$ 924 para cada dia de Desfiles do Grupos Especial (sexta, 24, e sábado, 25); R$ 480 para o Desfile das Campeãs; R$ 1.950 a promoção para todos os dias

ENREDOS DO CARNAVAL 2006 DE SÃO PAULO

Veja abaixo a lista dos enredos escolhido por cada uma das escolas de samba do Grupo Especial de São Paulo:

» Rosas de Ouro
"A Diáspora Africana: Um Crime Contra a Raça Humana"

» Nenê da Vila Matilde
"Mamma Bahia - Ópera Negra Lídia de Oxum"

» Acadêmicos do Tatuapé
"Cooperativismo, União para o Bem Comum. Uma Grande Nação se Faz com Cooperação"

» Império da Casa Verde
"Do Boi Mítico ao Boi Real - De Garcia D'Ávila na Bahia ao Nelore - O Boi que Come Capim - A Saga da Pecuária no Brasil para o Mundo"

» Camisa Verde e Branco
"Das Vinhas aos Vinhos - Do Profano ao Sagrado, uma Viagem ao Mundo do Prazer com o Néctar dos Deuses"

» Vai-Vai
"São Vicente: A Primeira Cidade do Brasil"

» Mocidade Alegre
"Das Lágrimas de Iaty Surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco"

» Unidos do Peruche
"Santos Dumon - Brasil e França Navegando Pelos Ares"

» Tom Maior
"Em Grandes Sertões Veredas, o Elo Perdido se Achou... Piauí, a Terra do Sol, me Encantou, com Frank Aguiar o Rei do Forró eu Vou"

» Acadêmicos do Tucuruvi
"A Fé do Homem do Campo em Cultivar, Ensinar e Aprender"

» Águia de Ouro
"O Triunfo do Alquimista e a Maior de Todas as Odisséias"

» Unidos da Vila Maria
"Em Minhas Costas o Brasil Carreguei, nas Minhas Rodas o País Levantei... com o Futuro Eu Sonhei"

» Leandro de Itaquera
"A Nova Passarágua do Samba Orgulhosamente Apresenta Festas e Tradições Paulistas sobre as Águas de um Novo Tietê"

» X-9 Paulistana
"X da Questão"

» Morro da Casa Verde
"Algodão do Tesouro Branco, a Riqueza Colorida"

» Prova de Fogo
"Da Essência à Fragância: História e Evolução do Perfume"

» Dragões da Real
"O Homem Há de Voar - Um Sonho que Virou Realidade"

» União Independente da Zona Sul
"Doce Veneno"

» Camisa 12
"Luz, Câmera, Ação - Camisa 12 Orgulhosamente Apresenta: do Circo às Telas e em Taubaté a Consagração. Mazzaropi e a Hollywood Caipira"

» Imperador do Ipiranga
"O Sertão Não Virou Mar, Virou Pomar"

» Pérola Negra
"Deus Salve as Rainhas!"

» Barroca Zona Sul
"No Balançar dos Balangandãs"

» Unidos de São Lucas
"O Mundo Encantado dos Espelhos"

» Mancha Verde
"Bem-Aventurados Sejam os Perseguidos, por Causa da Justiça dos Homens... Porque deles é o Reino de Deus"

» Gaviões da Fiel
"Asas da Fascinação"
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Postby mends » 11 Jul 2006, 12:04

um chato a menos no mundo...

o lixo disfarçado de arte máximo.

O fundador e ex-líder do Pink Floyd Syd Barret morreu, aos 60 anos. A informação foi confirmada por um porta-voz da banda.
Barret, cujo nome original era Roger Keith Barrett, nasceu em 1946 na cidade inglesa de Cambridge.

Lá ele conheceu o baixista Roger Waters e o guitarrista David Gilmour, também futuros membros do Pink Floyd.

BBC Brasil
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Postby mends » 16 Oct 2006, 09:27

KURT COBAIN, OU O TÍPICO CAIPIRA CRÍTICO DE MÚSICA QUE VIROU ASTRO

André Forastieri, especial para o G1

O líder do Nirvana, Kurt Cobain, durante apresentação em São Paulo em 1993 Olhos mortos, dentes limosos, cabelo imundo, pele macilenta. Sovaco fedido e hálito pestilento. Kurt Cobain cheirava mal e parecia pior - um tampinha insignificante e desagradável. Hei - eu estava lá e é assim que eu lembro. Como aqueles correspondentes de guerra, Christiane Amanpour: "Testemunha Ocular da História". Estou falando que Kurt Cobain era um merdinha e era.

Vocês jovens de hoje não sabem o que foi aquele período de trevas. O início dos anos 90 está para a semana passada como a peste negra para Botticcelli. Não existia internet nem TV paga nem MTV nem iPod. Para saber de música você lia jornal ou revista. Fazia o que eu fiz no dia em que completei 17 anos: pegar um ônibus em Piracicaba e ir até Campinas para comprar meu primeiro disco importado, "The Name of This Band is Talking Heads".

Essa era a minha vida e a de Kurt Cobain em 1993. Somos da mesma geração, eu mais velho dois anos, e igualmente caipiras – perto de Olympia, Washington, Piracicaba é Paris. Sonhávamos igualmente em cair fora e ser alguém.

É o sonho do adolescente fã e quem não foi fã não entende. Colegas brucutus e meninas bestas nos tacham de malucos, nerds, otakus, esquisitos, sonhadores, obsessivos – e somos, claro, e isso é bom, é fundamental e é a chave da vida.

Fanático por gibi, eu fantasiava em desenhar "X-men" para a Marvel. Louco por rock, eu sonhava em ser… jornalista. E consegui. Aos 27 anos todos os meus sonhos de rockstar já tinham se materializado. Eu era editor da única revista de música do Brasil que importava, a Bizz, cara, o único veículo nacional de rock, e isso era muito melhor que ser um pobre de um músico.

E agora eu ia fazer a única entrevista de Kurt para a mídia impressa durante a estada do Nirvana no Brasil.

Eu não era o cara certo. Esse é outro André, o Barcinski, um repórter do "Notícias Populares" que fez uma viagem de dois meses pela nova América roqueira e flagrou o estouro do Nirvana ao vivo e a cores. Tudo graças a a) a irresponsabilidade financeira do então diretor do jornal, que acobertava suas milionárias ligações telefônicas internacionais e b) a "Bizz", que publicava mensalmente as reportagens que ele enviou de lá. Elas deram origem ao livro “Barulho” e Barça virou oficialmente o cara que apresentou o novo rock americano (grunge, indie) ao Brasil.
Me apresentou também o Nirvana, "Nevermind", naquele apê da praça Roosevelt, pilhas de CDs – me deu o "Ten" do Pearl Jam, "gostou, então leva, achei chato pra caceta".

Hei, veja, tinha outros caras fazendo outras coisas que sabiam de tudo antes (meu compadre Renato Yada tinha o "Bleach" antes de todo mundo e achava o "Nevermind" bem inferior, lembro), mas que me importa? Essa é a minha história com Kurt Cobain. Outros jornalistas têm melhores e que contem as suas.

Frente a frente com meu espelho
O Barça era mais indicado para entrevistar o Cobain mas eu era o cara certo. Não porque escrevi a introdução de "Barulho" ou a crítica de "Nevermind" para a "Bizz" (lembrem, o único veículo nacional de rock na época), que acabava com um comando clássico: “Compre, roube, dê um ao seu melhor amigo, dê um para o seu amor”.

Eu era o cara porque eu era o editor, eu mandava, eu decidia quem fazia as paradas e eu não ia deixar para ninguém mais a boiada de entrevistar o maior astro de rock do mundo.
Parece grande furo de reportagem, quaquaqua – o gerente de internacional e mais a assessora de imprensa da BMG me pegaram EM CASA, me levaram até o Morumbi e me botaram na frente do cara.

Era o momento do rebelde picar cartão. A "Bizz" era a única revista de rock com porte para ajudar a vender discos. Kurt estava sentadinho comportado na cadeira porque o patrão mandou. Repórteres mais abelhudos que eu (ou mais fanzocas que eu, decida) colaram no cara dias, saíram com ele, cheiraram com ele.

Foi nas cobertas, acho. Duas cadeiras e um banquinho. Por perto, a mulher do cara, mais fedida que ele, sobrevoava o marido como um abutre. Serrava meus cigarros só pra chegar perto e ver o que Kurt estava dizendo. Longe, pululante, Dave Grohl papeava com Fábio Massari e Daniel Benevides, jornalistas de uma MTV que ainda começava. Uma hora e pouco de conversa – o resumo saiu na "Bizz" e tem naquele CD com todo conteúdo da história da revista.

Era uma tarde ensolarada. Roadies faziam a passagem de som e eu estava frente a frente com meu espelho, o André Forastieri que não deu certo, o fã que se fodeu: Kurt Cobain, o típico caipira que vira crítico de música mas acabou virando astro.

Veja: o Nirvana realmente salvou o rock da irrelevância. Sério. E os jornalistas de rock não tiveram nada com isso. Foi culpa do vídeo de “Smells like teen spirit”. Foi o voto do público que instaurou o caos e enterrou a porcaria de rock que dominava a cena no final dos 80.

Mas a razão porque o Nirvana foi tão incensado é porque todos os jornalistas de rock do planeta se reconheciam em Kurt. Cobain compunha como nós comporíamos, com a enciclopédia do rock na cabeça: agora uma parada tipo Pixies, agora Carpenters, agora “More than a feeling”. Ou como eu intuía que comporia porque ele de fato fez, e eu não. Nunca quis e nunca tentei. Mas Kurt Cobain forçava a questão: por que não? Por que nos acomodamos em vidas medíocres se podemos ser muito mais? Kurt perguntava: veja, sou um pobre diabo como todo mundo e aqui estou realizando grandes coisas.

A ascensão irresistível do Nirvana foi o triunfo do punk no coração da América. Punk é: faça você mesmo, procure outros como você e foda-se o resto. É o espírito da internet, claro. Se a geração interativa do século 21 é (cyber) punk por se inspirar no Nirvana ou se Cobain intuiu para onde ia a cultura nos anos após sua morte, você escolhe.

O triunfo espiritual de Kurt é incontestável e seu fracasso pessoal também. Como John Lennon, Raul Seixas ou Renato Russo, Kurt era um pobre diabo que precisava ser amado e idolatrado, conseguiu e não segurou a onda. Percebi isso entrevistando aquele moleque sujinho mas não entendi. Éramos os dois muito jovens. Hoje tenho 41 e ele vai ter sempre vinte e poucos. Sou sortudo.

André Forastieri é jornalista. Foi editor do "Folhateen" (da "Folha de S. Paulo") e das revistas "Bizz" e "Set". Ele é fundador e ex-sócio da Conrad Editora, da qual se desligou para criar a Futuro Comunicação.
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