Política e politicagem

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 14 Jun 2004, 16:07

ELIO GASPARI

A tunga da LotoTarso pode melhorar
O ministro da Educação, Tarso Genro, concebeu uma nova forma de financiamento do custeio das universidades federais. Quer criar uma loteria. Seria a segunda modalidade de jogo criada no governo de Lula. Do jeito que está, é tunga.
Por mais bonitas que sejam as intenções desses certames, eles coletam dinheiro no andar de baixo. Os apostadores brasileiros são cerca de 30 milhões. Oito em cada dez deles têm renda inferior a três salários mínimos (R$ 780). Tarso quer que esse cidadão alimente uma loteria destinada a financiar universidades públicas freqüentadas pelo seu antípoda social. Pode-se supor que só dois em dez universitários vêm de lares com renda inferior a R$ 780. É o dinheiro do andar de baixo indo para o de cima.
As nove loterias federais arrecadam R$ 3,5 bilhões por ano e repassam R$ 1,3 bilhão para investimentos em educação e saúde. Duas extrações especiais (e turbinadas) da Megasena poderiam render algo como R$ 300 milhões anuais para as universidades. Nada mal.
Seguindo a velha tradição colonial, o MEC anuncia como quer tomar dinheiro da patuléia, mas não diz como pretende gastá-lo. Nem se compromete a fazer nenhum esforço em função dessa tunga.
Botar dinheiro do andar de baixo no caldeirão das despesas das universidades é usar a tavolagem para financiar promessas. Para ficar redonda, a LotoTarso poderia ser condicionada a duas exigências:
1) O dinheiro seria usado exclusivamente para custear bolsas de estudo destinadas aos estudantes que vêm de lares com renda inferior a três salários mínimos.
2) Cada universidade só receberia o dinheiro da loteria se tivesse ido à luta para captar doações de seus ex-alunos. Para cada real do apostador de hoje, a universidade deveria casar outro, do magano que estudou de graça e nunca devolveu um ceitil à Viúva. As campanhas financeiras seriam animadas colocando-se na internet as listas dos beneficiados pelo ensino superior gratuito e o valor de suas contribuições.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
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Postby mends » 14 Jun 2004, 16:15

ELIO GASPARI

SuperLula

Lula disse o seguinte durante sua viagem à China:
"Eu vou mudar o mapa geopolítico do mundo".

<_<
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Postby Danilo » 14 Jun 2004, 16:52

Ele vai dividir o Brasil em dois?
:merda:
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Postby mends » 14 Jun 2004, 18:25

só pra deixar registrado a loucura:
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 137 , DE 2004
(Do Sr. Nazareno Fonteles)

Estabelece o Limite Máximo de Consumo, a Poupança Fraterna e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Fica criado o Limite Máximo de Consumo, valor máximo que cada pessoa física residente no País poderá utilizar, mensalmente, para custear sua vida e as de seus dependentes.

§ 1º O Limite Máximo de Consumo fica definido como dez vezes o valor da renda per capita nacional, mensal, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em relação ao ano anterior.

Art. 2º Por um período de sete anos, a partir do dia primeiro de janeiro do ano seguinte ao da publicação desta Lei, toda pessoa física brasileira, residente ou não no País, e todo estrangeiro residente no Brasil, só poderá dispor, mensalmente, para custear sua vida e a de seus dependentes, de um valor menor ou igual ao Limite Máximo de Consumo.

Art. 3º A parcela dos rendimentos recebidos por pessoas físicas, inclusive os que estejam sujeitos à tributação exclusiva na fonte ou definitiva, excedente ao Limite Máximo de Consumo será depositada, mensalmente, a título de empréstimo compulsório, em uma conta especial de caderneta de poupança, em nome do depositante, denominada Poupança Fraterna.

§ 1º A critério do depositante, sua Poupança Fraterna poderá ser depositada no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal, podendo ser livremente
movimentada, pelo seu titular, entre estas duas instituições financeiras, as quais desenvolverão seus melhores esforços para assegurar a correta e eficiente aplicação dos recursos assim captados.

§ 2º Qualquer pessoa, independente do seu nível de renda, poderá abrir uma conta de Poupança Fraterna.

§ 3º Caberá à fonte pagadora reter o valor a que se refere o caput deste artigo, realizando o depósito na Poupança Fraterna, em nome do poupador, no mesmo dia da realização do pagamento ao beneficiário.

I - A retenção do valor excedente ao Limite Máximo de Consumo, sem a realização do correspondente depósito na Poupança Fraterna, implicará multa equivalente a duas vezes o valor retido, além de juros de mora..

§ 4º As pessoas físicas que auferirem rendimentos de mais de uma fonte deverão, até o quinto dia útil do mês seguinte ao do recebimento, realizar o depósito do valor dos seus rendimentos, excedente Ao Limite Máximo de Consumo, na Poupança Fraterna.

I - a não-realização do depósito na Poupança Fraterna, ou sua realização em valor inferior ao determinado no art. 3º desta Lei, por período superior a trinta dias, implicarão a automática e imediata inserção do retentor no cadastro da dívida ativa da União, pelo valor correspondente a duas vezes a diferença entre o valor depositado e o valor devido.

Art. 4º Caberá à Secretaria da Receita Federal:
I - a elaboração do cadastro anual dos poupadores compulsórios da Poupança Fraterna, constituído de todas as pessoas físicas com rendimento mensal igual ou superior ao Limite Máximo de Consumo;

II - a fiscalização do volume e regularidade dos depósitos, relativamente à renda de cada um dos poupadores compulsórios.

Art. 5º Os recursos compulsórios aplicados na Poupança Fraterna serão devolvidos aos seus titulares nos catorze anos seguintes ao período mencionado no art. 2º, com prestações mensais de valores equivalentes à metade de cada um dos depósitos realizados, respeitada a ordem em que os depósitos foram feitos, mais os juros acumulados no período.

§ 1º Os titulares da Poupança Fraterna, ou seus herdeiros, poderão sacar seus recursos nas hipóteses:

I - de morte do titular da conta, a totalidade dos recursos, conforme destinação definida no inventário;
II - para aquisição de casa própria para fins de residência permanente, limitada ao valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais);
III - de doença grave do titular, do seu cônjuge ou de dependentes diretos, até o limite dos gastos incorridos com o tratamento;
IV - de aplicação, a partir do terceiro ano de contribuição, em projetos aprovados pelo Conselho a que se refere o art. 8º desta Lei.

a ) os saques previstos neste inciso serão limitados a 20% (vinte por cento)do total de depósitos na Poupança Fraterna, efetuados em nome de depositantes que participem como acionistas do projeto no qual os recursos
sacados serão investidos.

§ 2º Os depósitos efetuados na Poupança Fraterna capitalizarão juros equivalentes a 95% (noventa e cinco por cento) do valor dos juros cobrados nos financiamentos concedidos com os recursos nela depositados.

§ 3º Os depositantes voluntários poderão sacar seus recursos no decurso de quatro anos, após decorridos dois anos de contribuições.

Art. 6º Os recursos depositados na Poupança Fraterna serão aplicados, com juros limitados ao máximo de 50% (cinqüenta por cento) do rendimento pago aos depositantes da caderneta de poupança do Sistema Financeiro de
Habitação:


Querendo ler o restante da loucura é so clicar no site:

http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=156281
http://200.219.132.4/sileg/integras/202553.htm
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Postby Aldo » 14 Jun 2004, 18:39

Que bom, né, depois disso falta a gente ter que trabalhar compulsoriamente em São Paulo de Olivença AM na fronteira com o Peru, ou seria Colombia? Já falei que dependendo dos caras aqui vira a União Soviética...De que partido é esse Nazareno? Calaaada
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Postby mends » 14 Jun 2004, 18:49

1/2 chance pra adivinhar de que partido ele é.... :lol:
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Postby mends » 16 Jun 2004, 15:07

ELIO GASPARI

Um governo paralisado pela fofoca
Palácio sem intrigas não é coisa deste mundo, mas Lula inovou: preside o primeiro governo da intriga, pela intriga, para a intriga.
Parece exagero, mas essa afirmação pode ser testada. Basta que qualquer interessado procure responder à seguinte pergunta -qual a política pública que aproxima (ou distancia) os seguintes personagens:
- José Dirceu, chefe do Gabinete Civil.
- Luiz Gushiken, chefe do aparelho de propaganda.
- José Genoino, presidente do PT.
- João Paulo Cunha, presidente da Câmara.
- Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado.
Desde a posse de Lula, esses cinco mandarins já passaram por toda sorte de combinações, aliando-se ou tentando destruir-se. Nenhuma política pública os separa nem os une. Nem um poste da avenida Atlântica, uma escola no sertão cearense. Nada, é a intriga pela intriga. José Dirceu quer ficar mais forte? Para quê? Para ficar mais forte. O deputado João Paulo Cunha quer ficar mais dois anos na presidência da Câmara. Para quê? Para ficar mais dois anos na presidência da Câmara.
O chefe da Coordenação Política do governo, Aldo Rebelo, viu-se no meio de uma crise depois de articular a vitória da aprovação do salário mínimo na Câmara dos Deputados. Coisa assim: depois da derrota de Napoleão em Waterloo, uma facção do partido conservador inglês pediu que o duque de Wellington fosse mandado para a ilha de Santa Helena. Conhecem-se casos de cobrança do fracasso, esse foi o primeiro de cobrança do sucesso. Logo com Rebelo, um político tão cuidadoso e educado que dá a impressão de ser capaz de adormecer durante seus próprios discursos.
A opção preferencial do comando petista pela fofoca tem suas raízes nos conciliábulos da política sindical e/ou das agremiações estudantis, onde as brigas não têm custo. O sindicalista sempre pode responsabilizar os patrões pelos seus fracassos, e os estudantes podem acusar o imperialismo agonizante. No governo as coisas têm custo, e o de Lula está paralisado pela intrigalhada. A falta de recursos é pretexto, bode. Se alguém suprimir do noticiário dos jornais as notícias relacionadas com as intrigas (inclusive este artigo), sobra o quê? Aumento da gasolina, desemprego e palavrório.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e sua ekipekonômica apresentam-se como campeões de prestígio a juros de 16% e contração do Produto Interno Bruto com pífias promessas de crescimento insuficiente. O que o Brasil precisa é de juros de 10% e crescimento de 6%. Se o preço desses indicadores fosse um ministro da Fazenda desprestigiado, tudo bem. Afinal, o prestígio da ekipekonômica tucana rendeu-lhe bons empregos na banca, enquanto a choldra ficou com o desemprego.
Os patrocinadores da intrigalhada em que se transformou o governo de Lula deveriam ser mais humildes e refletir quão ridículos são os papéis que desempenham. Intrigava-se na corte de Napoleão quando ele era um prisioneiro em Santa Helena com a mesma voracidade com que se fofocava quando o imperador reinava nas Tulherias. Isso sucede, entre outras coisas, porque fazer intriga é um grande passatempo, melhor que palavras cruzadas.
Se para cada intriga em que os grão-petistas se metem eles forem capazes de enunciar uma política pública que os separa ou os aproxima, o governo de Lula mudará de cara. Para que isso aconteça, o companheiro precisa se lembrar dos versos de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra:
"Vou pedir ao meu babalorixá
Pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar,
Gente que nunca trabalhou".
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Postby mends » 17 Jun 2004, 11:15

CONCORDO COM O CLÁUDIO HUMBERTO:

Cadeia para índio
Já está na hora de rever essa história de índio não poder ser punido. Não é mais possível o País assistir índios bandidos, vigaristas evidentes, de Rolex no pulso, matando garimpeiros e maltratando indefesos oficiais de Justiça.
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Postby mends » 18 Jun 2004, 15:42

relembrar é viver....GIBA UM:

Outro calendário
Desde o dia em que José Dirceu prometeu, durante encontro de prefeitos petistas, em Brasília, "colocar os pingos nos is dentro de 15 ou 30 dias" sobre o episódio Waldomiro Diniz, transcorreram, até hoje, 90 dias. O ministro-chefe da Casa Civil deve ter outro tipo de calendário. <_<
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Postby mends » 18 Jun 2004, 17:28

CLÁUDIO HUMBERTO:

Quem rouba
Jornalista talentoso e marqueteiro experiente, Ricardo Noblat chefiava a campanha de Júlio Campos a governador do Mato Grosso, em 1990, e alertou o candidato sobre as possibilidades de fraude na eleição. Campos ouviu Noblat com cara de quem perde tempo e arrematou, sarcástico:
- Não se preocupe com isso. Aqui quem rouba somos nós. :rolleyes:
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Postby mends » 19 Jun 2004, 12:16

saiu na Isto é Dinheiro

"Você será demitido"
José Dirceu acabou vítima do code-share entre Varig e TAM. Ele foi a Buenos Aires no último final de semana. Mandou comprar passagem da TAM a preço econômico, mas pediu up-grade para a primeira classe. A ida foi tranqüila. Mas o retorno foi de Varig. Na escala em Porto Alegre, embarcou um passageiro que comprara justo a poltrona de Dirceu. A TAM não comunicara o up-grade à Varig. Dirceu não quis se levantar. “Isso é um absurdo”, gritou. Depois de um bate-boca, o comissário obrigou-o a ocupar uma vaga nos fundos do avião. “Você será demitido”, ameaçou. E ainda pegou o número do funcionário. Já chegou ao Planalto uma carta de desculpas do presidente da Varig, Carlos Martins.
:ranting:

Ridículo. Esse afscistinha deslumbrado, que não por acaso era lider estudantil - são todos fascistas - :chair: é que deveria ter sido demitido a muito tempo. :chair: :chair:
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Postby telles » 19 Jun 2004, 12:33

Peraí? Ele não comprou a 1ª classe? Se comprou tá na razão....
Telles

Conheça aqui a Vergonha Nacional
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Postby vitormorg » 20 Jun 2004, 10:36

Fosse eu tinha feito o mesmo...
:ranting:
Puta q pariu.... se eu comprei uma passagem, e venderam o mesmo lugar para outro ia quebrar tudo... :chair:

q palhaçada...

e não é pq o cara foi socialista ou o caralho, q ele não tem seu direito como consumidor...
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Postby mends » 21 Jun 2004, 17:57

Primeiramente, onde screvi "a muito tempo", pelamordedeus leiam "há muito tempo"... :shy:
Segundamente, El COmandante não comprou passagens pra primeira classe: quem comprou foi quem embarcou no uruguai. El Comandante pediu um favoreco, já que, mira, ele é O estrategista do Gobierno. Usou da sua posição pra conseguir favor. Isso, além de ter nome, é crime e dá cadeia. :briga: É lógico que nem tanto ao mar nem tanto a terra, mas ele deveria sim se mancar e ficar pianinho. Só mostra o tipo de ditadorzinho barato que o JOSÉ DIRCEU´é.
Fora que chamá-lo de estrategista é piada: como uma equipe se mete na maior enrascada possivel, quando tem o primeiro movimento inteirinho? Digo pelo salário mínimo: Dirceu diz que o Lula vai VETAR se a Camara aprovar 275,00. Ora, si so eu um deputadinho de 1/4 de tijela, meto um voto em 560,00, faco e aconteco na tribuna, e o governo que vet arque com o onus politico, pq em ano de eleicao eu fico bunitcho na foto, e ainda chamo o gobierno de fisiologico se num liberá minhas emenda. :bundao: Ele apoioun um movimento que so tem downside, se emparedando a sigo pório. BRILHANTE.
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Postby mends » 22 Jun 2004, 13:33

ELIO GASPARI

Enfim, a choldra ganhou uma na vida real
Está acontecendo na cidade de São Paulo uma aula de política pública. Ela pode ajudar candidatos de todos os partidos a fazer alguma coisa pela patuléia, a quem começarão a pedir votos.
No final de seu governo, o tucano Mário Covas integrou os bilhetes dos passageiros do metrô e dos trens. Traduzindo: o sujeito toma um, vai para o outro e paga uma só passagem. A iniciativa de Covas integrou cerca de 10% de uma rede onde ocorrem 30 milhões de percursos diários. O tucanato ficou de estudar a integração desse sistema com toda a sua rede de ônibus intermunicipais. Se isso tivesse acontecido, um terço dos transportes metropolitanos de SP caberiam numa só passagem. Seria coisa fina, pois calcula-se que haja 5,3 milhões de pessoas sem dinheiro para pagar passagens. Cerca 100 mil fazem a pé, todos os dias, percursos de mais de uma hora de duração.
A administração petista da cidade resolveu ir à luta e mirou num sistema de bilhetagem que permitisse a cobrança de uma tarifa única. No dia 19 de maio a novidade começou a funcionar. Coisa assim: a passagem permite que o cidadão use a rede municipal de ônibus durante duas horas. (O tempo é contado a partir da entrada no veículo. Portanto, duas horas de bilhete podem cobrir mais de três horas de transporte.) Não importa quantos ônibus o cidadão toma, nem onde os toma. Sistemas semelhantes existem em Nova York, Paris e Madri.
Em um mês, venderam-se 700 mil bilhetes. A demanda vai a 40 mil por dia. Somando-se idosos e estudantes, 1,7 milhão de paulistanos já têm o bilhete único, num universo de três milhões que usam os ônibus da prefeitura. Nesta semana o sistema deve bater a marca de 1,5 milhão de percursos.
O que a choldra leva nisso? O trabalhador que toma dois ônibus paga uma só passagem. Com tarifas de R$ 1,70, ele economiza R$ 68 em 20 dias. Milhares de trabalhadores vão se livrar da barreira que os afastava de patrões que não queriam pagar quatro passagens por dia. Em muitos casos os empregadores repassaram a economia aos empregados. Isso significa um aumento líquido de 10% para uma diarista de R$ 680.
Quem paga? Essa é a parte desmistificadora da teoria segundo a qual tudo que vai para o andar de baixo tem custos inaceitáveis e tudo o que vai para o andar de cima (juros de 16% ao ano, por exemplo) é uma fatalidade meteorológica. O novo sistema de bilhetagem derruba os esquemas pelos quais viaja-se sem pagar. Isso permite um aumento de arrecadação que pode ficar em 8%. A novidade tira freguesia dos transportes informais, pois eles passam a custar caro para quem toma duas conduções. A providência deverá trazer algumas dezenas de milhares de passageiros de volta ao mercado. As empresas de ônibus continuarão recebendo um antigo subsídio disfarçado. Ele custa R$ 280 milhões anuais e destina-se a custear as passagens dos idosos e o desconto dado aos estudantes. A prefeitura garante que a nova bilhetagem não provocará aumento de tarifas. Críticos do sistema sustentam que, como está, o passageiro paga R$ 1,70 e custa em torno de R$ 2.
O tucanato teve dois anos para cuidar da herança de Mário Covas. Nunca chamaram os petistas para discutir um projeto de integração. Diante da novidade, acordaram. Na semana passada, reabriram a discussão para integrar o metrô à rede intermunicipal de ônibus.
Agora a porca torce o rabo: usando-se a experiência da prefeitura petista, será possível integrar todos os ônibus, trens e o metrô de São Paulo em menos de um ano. Não se sabe quanto tempo os tucanos precisarão para criar um sistema próprio.
O novo bilhete dos ônibus municipais poderá ser o maior cabo eleitoral da prefeita Marta Suplicy na sua campanha pela reeleição.
Se os tucanos acham que vão ganhar a Prefeitura de São Paulo à custa da taxa de rejeição da doutora Suplicy (55% no início de maio, índice considerado terminal por alguns marqueteiros), podem estar cometendo um erro semelhante àquele que os levou a crer que Lula estava condenado a morrer no segundo turno.
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