CAPITALISMO À BRASILEIRA

Assuntos relacionados ao seu dinheiro.
Como Aplicar Seu Dimdim
Devo comprar dólar?

Postby mends » 19 Oct 2006, 17:12

como se baixar os juros não fosse obrigação do governo (baixar o déficit)

Governo quer que BC leve juro real a 5%
Meta seria para o final de 2007 em eventual 2º mandato, chamado de "desenvolvimentista" na intimidade do Planalto

"Carta-branca" que Meirelles teria obtido por escrito de Palocci no atual mandato não se repetiria numa nova administração petista

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva for reeleito, como indicam as pesquisas, buscará forçar em seu segundo período uma redução de juros muito mais intensa do que a atual, de forma a levá-los, ao final de 2007, ao civilizado patamar de 5% ao ano, em termos reais (descontada a inflação), segundo a Folha apurou.
O juro nominal seria então de cerca de 9% ao ano, já que a previsão do mercado financeiro para a inflação de 2007 é de 4,2% e a meta oficial do Banco Central é de 4,5%. Hoje, os cerca de 9% correspondem aos juros reais, já considerando a redução decidida ontem pelo Banco Central. O juro nominal foi para 13,75%.
Continuam sendo as maiores taxas do mundo, à frente dos 6,2% da Turquia e dos 4,8% da China, os países que vêm a seguir no ranking dos juros.
Esse nível de juros é tido, no governo, como o único grande obstáculo remanescente para o "espetáculo do crescimento", prometido pelo presidente Lula em maio de 2003 e que até agora esteve longe de ser encenado. Se, de fato, tudo funcionar como pretende a equipe econômica e os juros baixarem para níveis "compatíveis com o mundo", como disse o próprio Lula na sabatina promovida ontem pela Folha, o crescimento será de 5% ao ano em cada um dos quatro anos do segundo mandato, segundo cálculos do governo.
Também haverá indução maior ainda para um realinhamento do câmbio (mas, neste caso, não há números disponíveis). O real sobrevalorizado está prejudicando setores inteiros voltados para a exportação, o que se refletiu diretamente na votação de Lula no primeiro turno: em regiões ou mesmo Estados inteiros em que há problemas relacionados ao nível do câmbio, o candidato oposicionista Geraldo Alckmin superou Lula.
A segunda gestão Lula já está sendo carimbada, na intimidade do Palácio do Planalto, como "desenvolvimentista", em oposição ao excesso de ortodoxia que é atribuído ao ministro da Fazenda anterior, Antonio Palocci, que foi a principal figura do governo nos três primeiros anos de Lula-1.
O governo calcula que o rigor ortodoxo causou perda de três pontos percentuais no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção econômica de um país) no período 2003/06.

BC independente
Foi tamanha a ortodoxia que o próprio presidente demorou muito tempo para descobrir que Palocci havia dado independência não apenas informal ao Banco Central. Autorizou o presidente do BC, Henrique Meirelles, a contratar seus auxiliares com uma cláusula de independência por escrito.
Só quando Lula queixou-se dos juros altos, depois da queda de Palocci, é que Meirelles, para se justificar, contou dos contratos com cláusula de independência. Permitiam o que o próprio governo agora considera um absurdo: os diretores do BC sentiam-se tão independentes que não trocavam idéias antes das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), o que define os juros. Cada um levava sua própria posição para o encontro formal.
A queixa que a Folha ouviu no próprio governo é a de que nem o Fed (banco central norte-americano), cuja independência está assentada na legislação, adota tal comportamento. A fixação dos juros passa, sim, por conversas permeadas pela argumentação técnica, acima de tudo, mas também por considerações de ordem política, em especial as necessidades de crescimento econômico. Para garantir que o "espetáculo do crescimento" de fato ocorra a partir do ano que vem, o governo conta com a mudança fundamental ocorrida no círculo mais íntimo do presidente.

Harmonia
Agora, há harmonia plena, segundo a Folha ouviu, entre os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais e, como tal, responsável pela negociação política), Guido Mantega (Fazenda, que passará a ter mais ingerência no Banco Central) e Dilma Rousseff (Casa Civil, uma espécie de gerente ou coordenadora administrativa).
Antes, José Dirceu (Casa Civil) e Palocci, na Fazenda, trocavam cotoveladas o tempo todo. Dirceu era um crítico da ortodoxia que Palocci defendeu até ser defenestrado por envolvimento na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Mas era um crítico pouco ativo porque Palocci era ou pretendia ser o avalista do próprio presidente ante o empresariado e os mercados financeiros.
A nova "troika" de comando, ao contrário, é tida, toda ela, como mais à esquerda, mais próxima do que era o PT antes de chegar ao governo. A diferença é que, antes, usava-se muito o termo "socialistas", agora trocado para "desenvolvimentistas".
O que não significa que o segundo período será marcado por experiências ou "mágicas", termo que Lula sempre usa para descartar alterações bruscas de rumo.
Na visão governista, facilita o trabalho harmônico o fato de que, ao contrário de Palocci e Dirceu, nem Tarso, nem Mantega, nem Dilma demonstram pretensões presidenciais para 2010.
É verdade que Tarso Genro chegou a ser indicado candidato presidencial do PT em 1997 (para a eleição de 1998), hipótese que naufragou rapidamente. É razoável supor que tenha ambições, mas elas ficam aguadas pelas derrotas dele próprio e do PT do Rio Grande do Sul, Estado de Tarso (e também de Dilma).
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 19 Oct 2006, 17:17

argumento contrário ao que defendo. perceba que, na falta de argumentação técnica - talvez devido ao espaço, o professor Nogueira, de quem também fui aluno na GV - ele se limita a dizer que "a relação é inversa" e a atacar os "rentistas", a Bolsa Família dos ricos, o que, aliás, paga o salário dele, pois dar aula na GV é dar aula pros filhos de mais da metade do PIB do país :lol:

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

Mais um teco na turma da bufunfa
A combinação juro alto e câmbio valorizado é a receita infalível para manter o Brasil crescendo abaixo do potencial

A Fernando Gasparian
In memoriam

O DEBATE econômico na campanha presidencial, mesmo no segundo turno, tem sido bastante rarefeito. Os gastos públicos acabaram assumindo a posição de destaque. Apareceram até defensores entusiasmados de uma redução radical e imediata das despesas correntes não-financeiras.
O destaque deveria ser outro: os erros clamorosos do Banco Central na condução da política de juros e câmbio. A combinação juros altos-câmbio valorizado é a receita infalível para manter o Brasil crescendo abaixo do seu potencial. Lamentavelmente, a poderosa turma da bufunfa não colabora.
Banqueiros, rentistas e seus numerosos asseclas nos meios políticos e na imprensa nem sempre permitem que o tema juros-câmbio receba a atenção e o tratamento merecidos.
São, como se sabe, os felizes beneficiários da política de juros do Banco Central. É o Bolsa Família dos ricos. Muitos analistas insistem em condicionar a redução das taxas de juro ao prévio equacionamento dos problemas fiscais do governo. Trata-se de uma inversão. O déficit público contribui para o nível da taxa de juro, mas a relação de causalidade é tênue e difícil de captar com precisão.
Já a relação inversa, da taxa de juro para o déficit, é clara e cristalina, podendo ser mensurada com relativa facilidade. Graças à overdose aplicada pelo Banco Central, o custo da dívida pública continua nas alturas. O setor público como um todo paga juros equivalentes a nada menos que 8% do PIB.
Repare, leitor, que, apesar das despesas financeiras, a situação das contas públicas está longe de ser calamitosa. Há diversos pontos de fragilidade, mas não existe crise fiscal. O superávit primário tem sido sempre superior a 4% do PIB nos anos recentes. O déficit público total (incluindo juros) alcança atualmente 3,5% do PIB. Poderia ser menor, mas não é nada de excepcional em termos do que se vê no resto do mundo. Nos EUA, o déficit do governo geral será de 3,1% do PIB em 2006, segundo projeção do FMI. Na Alemanha, de 2,9%; na França, de 2,7%; na Itália, de 4%; no Reino Unido, de 3,2%; no Japão, de 5,2%. O único país do Grupo dos 7 que apresentará superávit nas contas do governo geral é o Canadá (de 1,1% do PIB).
A dívida pública brasileira também não é excepcionalmente alta para padrões internacionais. Em termos líquidos, ela está estabilizada, flutuando entre 50% e 52% do PIB desde o final de 2004. Isso depois de ter aumentado rapidamente no governo FHC e no primeiro ano do governo Lula, quando chegou a 57% do PIB.
O que é, sim, claramente fora do comum é o nível das taxas de juro praticadas no Brasil. A começar pela taxa básica fixada pelo Banco Central. Apesar da queda da Selic nos últimos meses, a taxa real brasileira ainda é a maior do mundo. A brasileira é superior a 9%; a média internacional dos principais países desenvolvidos e emergentes é 1,9%, segundo levantamento da UpTrend Consultoria.
Vamos sonhar um pouco. Imaginemos, por um instante, uma diminuição das taxas básicas de juro para níveis mais próximos aos internacionais, digamos, uma Selic nominal da ordem de 7% a 8%, patamar que poderia ser alcançado acelerando o ritmo de diminuição dos juros ao longo dos próximos meses. Isso traria enorme alívio para as contas públicas. De duas maneiras. Diretamente, por diminuir o custo médio da dívida governamental. Indiretamente, por provocar aceleração do crescimento da economia com benefícios para as contas públicas do lado da receita (maior arrecadação sem aumento de impostos) e do lado dos gastos (diminuição das despesas com seguro-desemprego e outros gastos de caráter cíclico).
A turma da bufunfa, tradicional defensora do ajustamento das contas públicas, teria motivos de sobra para apoiar essa economia de despesas. Mas já sabemos. Não o fará nunca. Como diz o deputado Delfim Neto, "o bolso é a parte mais sensível do corpo humano".



--------------------------------------------------------------------------------
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., 51, economista e professor da FGV-EAESP, escreve às quintas-feiras nesta coluna. É autor do livro "O Brasil e a Economia Internacional: Recuperação e Defesa da Autonomia Nacional" (Campus/Elsevier, 2005).
pnbjr@attglobal.net
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 22 Oct 2006, 12:15

Não há capitais a controlar


As contas externas divulgadas quinta-feira não dão respaldo aos economistas que defendem o controle do fluxo de capitais para impedir queda maior da cotação do dólar no câmbio interno.

Nos nove primeiros meses deste ano, a entrada líquida de moeda estrangeira (exceto investimentos diretos) foi de apenas US$ 4,8 bilhões, uma canequinha diante da bacia de US$ 34 bilhões, correspondente ao superávit comercial (exportações menos importações) do mesmo período.

Para que controlar fluxo tão inexpressivo com objetivo de estimular as exportações, se o que está derrubando as cotações do dólar são as receitas dos exportadores?

Quem sustenta essa posição parte do princípio de que está em curso uma vasta operação de arbitragem. Simplificadamente, essa arbitragem consiste em tirar proveito dos juros generosos internos. Há várias maneiras de fazer essa operação. O interessado, por exemplo, pode levantar empréstimos externos em dólares (a juros de até 7% ao ano), transformar esses recursos em reais e aplicar o resultado no mercado financeiro interno a juros agora de 13,75% e embolsar a diferença. Outro jeito é adiar remessas ao exterior e, em vez disso, manter o dinheiro aplicado aqui.

Quem trabalha com comércio exterior também pode comer desse mingau. O exportador, por exemplo, pode descontar antecipadamente seu contrato de fornecimento externo e aplicar os reais no mercado financeiro interno; o importador pode reter ao máximo o pagamento externo e também manter aplicados seus recursos no País. No entanto, essas arbitragens ou se fazem sem saída de recursos e, nesse caso, não há como controlar esse fluxo; ou se fazem com entrada de recursos e eles são inexpressivos.

De setembro de 2005 para cá, os juros básicos (Selic) já caíram 6 pontos porcentuais. Também de setembro para cá, os juros externos (nos Estados Unidos) subiram 1,5 ponto porcentual, estreitando a diferença entre os juros básicos a 8,5 pontos ao ano. Além disso, quem faz operações de arbitragem ainda tem de pagar Imposto de Renda mais CPMF e, também, em caso de desvalorização cambial, de correr o risco de receber menos dólares por reais na hora de repatriar os recursos (risco cambial).

Quer dizer, se a diferença entre juros internos e externos fosse relevante na formação da cotação do câmbio, em um ano algum impacto já teria acontecido. E, no entanto, o câmbio interno não dá sinais de inversão de tendência.

Outro assunto consiste em saber se o controle de capitais é um método eficiente de evitar a desvalorização cambial. O Chile, por exemplo, manteve essa política ao longo dos anos 90 com o objetivo de impedir a entrada do que se chama por lá de capital andorinha, que só vem para veraneio. Mas desistiu do intento quando o governo chileno concluiu que a globalização dos mercados tirou ineficiência a esses procedimentos.

Além disso, o mercado internacional de derivativos permite largas práticas de especulação no mercado futuro de moedas sem que haja fluxo internacional de recursos. Qualquer um pode apostar na queda do dólar no Brasil sem tirar um centavo de Nova York.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco escreveu um trabalho (Capital inflows into Brazil, 1992-98: the nature and effects of controls and restrictions), só disponível na versão em inglês (http://www.econ.puc-rio.br/PDF/td517.pdf.), para responder a três professores da PUC do Rio, José Maria Carvalho, Marcio Garcia e Bernardo Carvalho, cuja posição era de que esses controles definitivamente não funcionam.

Ele explica que entre 1992 e 1998, quando o câmbio era de bandas (e não fixo), houve enorme entrada de capitais no Brasil. Gustavo Franco foi diretor da Área Externa do Banco Central de 1993 até 1997 e, a seguir, presidente do Banco Central (até 1999).

“Usei fartamente medidas de controle (na entrada) de capitais. Não há nenhum obstáculo ideológico em fazer controles market friendly. É bobagem dizer que esses controles foram ineficazes. Funcionaram direitinho. Jamais seriam suficientes para neutralizar toda a bonanza, mas naquela época desempenharam bem seu papel.”

Mas ele observa que “hoje esses controles não fariam sentido porque esses recursos não entram no Brasil pela conta de capitais. Entram pelo superávit comercial ou pela repressão às importações”.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

O plano econômico de Alckmin

Postby Danilo » 25 Oct 2006, 01:26

Às vésperas das eleições, Geraldo Alckmin garante que ainda pode reverter a vantagem de Lula nas pesquisas e promete uma agenda econômica com cortes de gastos, reduções de impostos e juros menores

DINHEIRO – Uma de suas promessas de campanha é a redução de impostos. Mas, ao mesmo tempo, o senhor diz que não extinguirá a CPMF. Como explica isso?
ALCKMIN – A CPMF arrecada cerca de R$ 30 bilhões por ano, utilizados pelo governo federal para financiar a saúde pública, a Previdência Social e a assistência social. É difícil, de imediato, abrir mão desses recursos. A alíquota da CPMF será reduzida, e isto reduzirá as distorções associadas a um imposto em cascata e que incide várias vezes sobre um mesmo processo produtivo ou negócio. Um dos principais entraves para o desenvolvimento econômico e social do País é a elevada carga tributária, que desestimula investimentos. E ela não pára de crescer. No governo Lula, ela já chegou a quase 40% do PIB.

DINHEIRO – O que fazer para reduzir a carga tributária?
ALCKMIN – No meu governo vamos reduzir o peso dos impostos com um rigoroso controle dos gastos públicos e vamos levar adiante uma reforma tributária que amenize o ônus sobre o setor produtivo. Um dos primeiros passos será a unificação da lei do ICMS, com cinco alíquotas. Em São Paulo, como governador, reduzi os impostos de mais de 200 produtos e serviços e o Estado de São Paulo tem R$ 9 bilhões para investir neste ano. Um setor ao qual darei atenção especial é o das micro e pequenas empresas. Vamos regulamentar o Super Simples. O projeto prevê uma economia de até 45% no pagamento de tributos para as empresas que vão poder se beneficiar do sistema simplificado de impostos.

DINHEIRO – O senhor critica a política econômica do atual governo, mas ao mesmo tempo enfatiza que é continuação da política econômica do governo Fernando Henrique. Não é contraditório?
ALCKMIN – Como médico sei que o remédio se aplica de acordo como o estado clínico do paciente. O contexto do governo FHC era muito diferente: de um lado, um país saindo de 20 anos de regime inflacionário, com a memória viva da hiperinflação e dos vários pacotes intervencionistas que contribuíram para elevar a instabilidade institucional e falta de credibilidade da política pública; de outro lado, um mundo chacoalhado por seguidas crises financeiras, que se propagavam em ondas e atingiram fortemente todos os países emergentes. Neste quadro clínico, o remédio tinha que ser forte e a aplicação enérgica. O contexto do governo Lula foi outro: herdou uma economia ajustada, em que pesem os atropelos provocados pela incerteza eleitoral em 2002; o mundo todo cresceu, com ausência de crises e abundância de capitais. Neste quadro clínico o mesmo remédio, em lugar de curar o paciente, está estrangulando, tirando o ar e provocando a quase estagnação na qual estamos vivendo. Não há, portanto, nenhuma contradição.

(trecho de terra.com.br/istoedinheiro/475/economia)
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Re: O plano econômico de Alckmin

Postby tgarcia » 25 Oct 2006, 07:30

Danilo wrote:Às vésperas das eleições, Geraldo Alckmin garante que ainda pode reverter a vantagem de Lula nas pesquisas
;( ;( :( ;( ;(

Meu, eu já joguei a toalha - teremos mais 4 anos (oq me consola é que podemos ver a morte do PT neste período - acho q só falta enterrar, pq só sobrou o barbudo)
User avatar
tgarcia
Mestre Saidero
Mestre Saidero
 
Posts: 315
Joined: 01 Dec 2003, 22:40
Location: Estamos aí...

Postby Rafael » 26 Oct 2006, 23:22

Caras, recebi pela saidera uma corrente fantástica... vcs tb receberam...
que se a gente não passar para mais 10 pessoas, convencendo-as a não votar no Lula, um mal vai nos perseguir por 4 anos...

Só tenho um problema... praticamente todos com quem eu converso, vão votar no Alckimin... o que faço? não quero esse mal pra mim....
User avatar
Rafael
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 717
Joined: 10 Sep 2003, 21:30
Location: Sampa

Postby Danilo » 27 Oct 2006, 00:10

Já que perguntou... vejo duas opções:
1- Entre logo em alguma comunidade no Orkut pró-Lula, e sai adicionando todo mundo pela frente. E passe a corrente pros seus milhares de novos contatos. Essa é arriscada, mas atinge mais que 10 mil pessoas se você tiver paciência.
2- Imprime umas 100 cópias da corrente. Leve-as com você no carro. Todo farol que você parar, você no mínimo entrega uma corrente pra moça que vier te entregar um folheto de propaganda. Se estiver animado, no farol mais demorado, saia do carro e entregue pros motoristas também! Mais um pouco de atividade e pode soltar um xaveco na motorista mais gatinha que tiver por perto. Hehehe...
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 06 Nov 2006, 08:12

ah, a genialidade dos "pençadores" brasileiros...

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

A Argentina aprendeu

--------------------------------------------------------------------------------
Os argentinos aprenderam duramente com a crise de 2001 como é importante manter o câmbio competitivo
--------------------------------------------------------------------------------



FALAR A favor das políticas econômicas adotadas pela Argentina implica contradizer o saber hegemônico segundo o qual Néstor Kirchner estaria fazendo uma gestão "populista" na economia, enquanto o governo Lula seria um exemplo de bom comportamento. Não é isso, entretanto, o que dizem os dados: enquanto a Argentina continua a crescer a taxas aceleradas e já compensou com sobras as perdas da grande crise de 2001, o Brasil se mantém quase estagnado, não obstante a conjuntura internacional muito favorável. Como mostra o quadro, a diferença de taxas é de 3 para 1: 8,9% de crescimento médio nos últimos quatro anos na Argentina, contra 2,8% no Brasil.
E o populismo que a ortodoxia convencional usa para criticar quem não a obedece? Nesse ponto, é importante distinguir o político do econômico: populismo político define-se pela comunicação direta do líder com o povo sem a intermediação dos partidos e das respectivas ideologias; populismo econômico é gastar mais do que se arrecada: se for a organização do Estado que gasta além de suas possibilidades, o populismo será fiscal; se for o Estado-nação ou país que deixa sua taxa de câmbio se apreciar, o populismo será cambial.
Do ponto de vista político, tanto Lula como Kirchner são populistas, mas o populismo político é praticamente inevitável em sociedades democráticas pobres. Quanto ao populismo econômico, os dados da tabela mostram que definitivamente não existe populismo fiscal na Argentina, que apresenta superávit fiscal de 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto), contra déficit público no Brasil em torno de 3,5% em 2006. O populismo cambial, por sua vez, está diretamente relacionado com a taxa de câmbio apreciada, que aumenta artificialmente os salários reais e o consumo tanto de bens importados como de produtos cujo preço é determinado no mercado internacional. Na Argentina, a taxa de câmbio continua depreciada, apesar da pressão da ortodoxia convencional no sentido de apreciá-la "para combater a inflação".
A resistência da Argentina em reapreciar sua moeda é central para sua estratégia de retomada do desenvolvimento, como é central a sua decisão de impor imposto de exportação sobre os produtos agropecuários que podem ser causa de "doença holandesa", ou seja, a apreciação artificial do câmbio -sem, porém, com isso prejudicar a lucratividade das exportações. Os argentinos aprenderam duramente com a crise de 2001 como é importante manter a taxa de câmbio competitiva, e, como os países asiáticos, não mais aceitam a política de crescimento com poupança externa que o Norte nos aconselha.
Com uma política econômica baseada, de um lado, em ajuste fiscal firme, e, de outro, em taxa de juro baixa combinada com taxa de câmbio competitiva, a Argentina cresce e está se tornando um exemplo de novo desenvolvimentismo na América Latina. Enquanto isso, a ortodoxia convencional à qual interessa câmbio baixo e juro alto cobre de elogios o Brasil que não cresce.
Apenas em um ponto o Brasil está melhor do que a Argentina: a taxa de inflação aqui é de 3%, contra 11% na Argentina. As duas taxas são artificiais, porque a brasileira foi alcançada graças à apreciação do câmbio, a argentina, graças a controles administrativos de preços que, sabemos bem, nada garantem no médio prazo. A inflação é o calcanhar-de-aquiles do modelo argentino, mas, no momento em que esse problema for resolvido -e não há razão por que não acreditar que o será, já que está havendo responsabilidade fiscal-, teremos afinal, na região, um país que rejeitou os conselhos e as pressões do Norte, reconstruiu sua nação e reaprendeu o caminho do desenvolvimento econômico.



--------------------------------------------------------------------------------
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 72, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda, da Reforma do Estado, e da Ciência e Tecnologia, é autor de "As Revoluções Utópicas dos Anos 60".
Internet: http://www.bresserpereira.org.br

lcbresser@uol.com.br
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 31 Jan 2007, 09:05

Investment Grade Eludes Brazil
A Boost for India
Leaves Latin Titan
In a Club of One
By ROGERIO JELMAYER, TOM MURPHY and IAIN MCDONALD
January 31, 2007; Page C12

Chronic government deficits, slow economic growth and an unfriendly business climate aren't just delaying Brazil's dream of winning investment-grade status.

They are also causing it to lag further behind its biggest emerging-market peers.

This was highlighted yesterday, when credit-ratings firm Standard & Poor's graduated India to the coveted investment-grade status, noting the South Asian titan's high economic growth, hefty foreign reserves and deep capital markets.

The move left Brazil an order of magnitude below its colleagues in the so-called BRIC group of emerging-market titans -- Brazil, Russia, India and China.


As China and Russia already enjoy investment-grade ratings, Brazil is the only one of the four now stuck with the "speculative" label. And it will probably remain there for at least the foreseeable future.

"The remarkable reduction in Brazil's external vulnerability has not been matched by improvement in the country's fiscal indicators, which now stand as the important constraint on faster improvement of the sovereign credit ratings," JPMorgan said in a report.

Brazil's sovereign debt is rated BB by S&P, Ba2 by Moody's Investors Service and BB by Fitch Ratings. The ratings are considered "junk," two notches below investment grade.

India, meanwhile, is now rated BBB- by S&P, with a stable outlook, in line with Moody's and Fitch's ratings, which both have investment-grade rankings for the country.

"India's economic prospects remain strong and are rising gradually, with GDP trend growth likely to average more than 7.5% in the medium term," S&P's credit analyst, Ping Chew, said in a statement.

India's finance minister, P. Chidambaram, welcomed the upgrade, calling it "an acknowledgment of India's improving macroeconomic stability and strength."

The Indian economy has been growing at more than 8% a year for the past three years. In the first half of the current fiscal year ending March 31, the economy grew 9.1% due to robust expansion in the country's industrial and services sector.

In contrast, Brazil's economy expanded only 3.2% in the third quarter of 2006 on the year. Most economists expect calendar-year expansion for 2006 to come in even lower.

"Brazil is losing the investment-grade race, in part, because its growth is lagging behind the others," said Pedro Jobim, chief economist for ING Bank in Brazil. "Meanwhile, the government is not attacking the real problems, which are high taxes, deficits and a poor business environment."

Treasurys Trade Quietly Ahead of Fed Meeting

The Treasury market closed out a quiet session yesterday with small gains, as the market braced for the outcome of the Federal Reserve meeting today with thin gains.

At 3 p.m., the benchmark 10-year note was up 4/32 point, or $1.25 per $1,000 face value, at 98 2/32. Its yield fell to 4.875% from 4.892%, as yields move inversely to prices.

In the two-day meeting that ends today, central bankers are expected to hold the key lending rate at 5.25%, which has been in place since last June. The Federal Open Market Committee policy statement announcing the decision is widely expected to be upbeat about growth, while flagging central bankers' continuing concern that price pressures, while moving lower, still remain the primary threat to growth.

Once the Fed meeting is completed, investors will turn their attention to this week's data. Kevin Giddis, managing director with Morgan Keegan in Memphis, said "if we can get any kind of weakness in this week's economic numbers, we might once again be able to return to the 'salad days' of the bond market" and see some price gains.

--Michael S. Derby

Oracle's Ratings Rise

Fitch Ratings has raised Oracle Corp.'s investment-grade ratings another notch to A, citing strong free cash flow in excess of $4 billion, while Standard & Poor's knocked Sprint Nextel Corp.'s rating down a peg to BBB. S&P said that its downgrade reflects "convergence of a number of operating challenges and execution missteps since the August 2005 merger of Sprint and Nextel, which will weaken credit measures over the next year." Sprint has about $34.5 billion in total debt outstanding, S&P said. Risk premiums on Sprint's 6% bonds due 2016 were 0.03 percentage point wider at 1.55 percentage point over Treasurys in heavy trading Tuesday, according to MarketAxess, an electronic trading platform for corporate bonds. Oracle's 5.25% bonds due 2016 were unchanged Tuesday at 75 basis points, according to MarketAxess.

--Marine Cole

Moody's Cuts Ecuador

Moody's Investors Service cut Ecuador's ratings to Caa2 from Caa1 and also downgraded its outlook to negative from stable, saying the government's plans to restructure its external debt would likely result in heavy losses for creditors. "If the government intends to significantly reduce its debt-service obligations, it would be forced to do so via an outright moratorium that could have overwhelmingly negative consequences for Ecuador's economy," Moody's analyst Alessandra Alecci wrote. But the country's bonds shrugged off the news and continued Monday's rally, with its Global 2030 rising three points to 78½, according to Reuters. "Prices are still up on the day," said one New York-based trader, adding that Ecuadorean Economy Minister Ricardo Patino's remarks on Monday that he would prefer a "friendly" restructuring "started the ball in motion to the upside." However, Moody's cautioned yesterday that creditors are unlikely to accept a voluntary restructuring while they see Ecuador with comfortable ability to pay its debt. Goldman Sachs said in a research note that the Moody's downgrade was "a negative although expected development" after Standard & Poor's and Fitch Ratings both cut Ecuador to triple-C in the last two weeks.

--Wailin Wong
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 03 Feb 2007, 10:41

A seita anti-capitalista e a tristeza do Jeca

Boa parte do noticiário sobre o desabamento da Estação Pinheiros do metrô, em São Paulo, levou-me a convocar o espírito de Monteiro Lobato para conjurar o demônio do atraso que toma conta da vida pública brasileira. Os corpos nem haviam sido retirados dos escombros, e o canhoto do estatismo já escandia sua escatologia: a sede de lucro fizera mais vítimas. A militância antiprivatista que ajudara a eleger, havia pouco, um presidente da República encontrava na cratera o seu altar. Enquanto uns choravam seus desaparecidos, outros celebravam um triunfo intelectual. Os que lamentavam seus mortos tinham de genuinamente seu a dor. Os que pranteavam uma idéia tomavam de empréstimo sete cadáveres para exibi-los como emblemas de seu ódio.

Lobato foi um prodígio. Ainda hoje apanha nas escolas do ensino médio – será? – porque resolveu enroscar com a pintura modernista, numa crítica tão obtusa quanto brilhante. A turma da Semana de 22 caiu de pau no coitado. Só mais tarde foi reabilitado por Oswald de Andrade, que o chamou de "o Gandhi do modernismo". Gandhi? Lobato era bom de briga. Alguns de seus melhores textos estão reunidos em Urupês. Ali ele faz o retrato do Jeca Tatu: "Este funesto parasita da terra é o caboclo, espécie de homem baldio, seminômade, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela, nas penumbras fronteiriças. À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele refugiando em silêncio, com o seu cachorro, o seu pilão, a picapau e o isqueiro, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se".

O pai de Emília (um tanto descrente dos homens, fez gênios uma boneca e um sabugo) referia-se aos meeiros e posseiros do Vale do Paraíba (SP), a então decadente região de Cidades Mortas, onde fica a sua Taubaté natal. Penso no trecho, e isso me assusta um pouco, como uma espécie de emblema e de signo sempre ativo não só do passado, mas também do futuro. Temo que o Jeca possa não ser apenas uma herança, mas também um destino. Pergunto-me: "Estaria ainda dentro de nós aquele homem das 'penumbras fronteiriças', que resiste à civilização, assim como a Capitu dos olhos de ressaca da Praia da Glória estava na inocente espevitada de Matacavalos?". Não sei. Resisto a pensar que o ódio cotidianamente destilado contra o capitalismo seja ou uma vocação ou um édito da sociologia, herança permanentemente atualizada e da qual não conseguimos nos livrar.

É claro que algum erro aconteceu na estação de Pinheiros, ou a obra não teria ido abaixo. Insurjo-me é contra os supostos motivos apresentados – antes de qualquer perícia, diga-se. Todos eles, não por acaso, são expressões de valores que fizeram e fazem a riqueza das nações, não o contrário. Ditaduras, incluindo a cultural, esta nossa, tentam emprestar sentido ético até à aritmética. Uma empreiteira não pode fazer uma obra pelo valor de custo porque isso corresponde a negar a existência da própria empreiteira, entendem? O lucro não é uma categoria moral inferior ao escambo. É só um outro patamar da civilização.

A cupidez capitalista, cara-pálida, faz estações para durar, não para cair. A sede de lucro pode não inventar a penicilina, mas massifica-a. Os bilhões de dólares que a indústria farmacêutica torra em pesquisa visam, é certo, à acumulação, mas fazem antibióticos. Não pensem que estou apelando à surrada dialética, acostamento dos desvalidos de argumento: "Ah, os malvados lucram, é verdade, mas têm o seu lado bom!". Dialética não existe. Não se trata de haurir o Bem do Mal. Não há nenhuma contradição entre lucrar e civilizar. Essa parceria não é mera correlação, mas relação de causa e efeito. Se alguma trapaça responde por aquela cratera, houve uma falha mais importante do que a de engenharia: houve uma falha do sistema. A estação caiu porque algo do capitalismo, naquele canteiro, não funcionou. A natureza do modelo é a expansão, não a autofagia. Do ponto de vista do sistema, o lucro não foi causa, mas também vítima da tragédia.

Então por que tanto ódio destilado contra o ogro dos nossos sonhos? Houve até cronistas emprestando à cratera babados e brocados de má poesia, lamentando a cidade cruel e autofágica, que não respeita a sua história. Tudo vazado naquele estilo decoroso da nostalgia edênica, que sempre me faz levar a mão ao coldre. Falei acima de éditos sociológicos. Dois clássicos que estudam a formação da sociedade brasileira merecem menção: Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro, e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda. Em poucos livros se pode aprender tanto, acreditem. Não obstante diferenças múltiplas, ambos chegam ao retrato daquilo que somos por meio daquilo que fomos: tratam menos de uma seqüência de eventos, o que seria história corriqueira, do que de uma genealogia do Brasil.

Segundo Buarque de Holanda, aos povos ibéricos, "as ditaduras e o Santo Ofício parecem constituir formas tão típicas de seu caráter como a inclinação à anarquia e à desordem". Vai além: para esses povos, "não existe outra forma de disciplina perfeitamente concebível, além da que se funde na excessiva centralização do poder e na obediência". Faoro chama o último capítulo de seu livro de "Viagem Redonda", indo do Portugal de dom João I ao Brasil de Getúlio Vargas. E consegue encontrar um traço comum em nada menos de seis (!) séculos de história luso-brasileira: o patrimonialismo, cuja expressão política é o "estamento burocrático". E avalia: "O capitalismo clássico, de caráter puritano e anglo-americano, baseia-se em valores de todo estranhos ao curso de uma estrutura de seiscentos anos".

É certo, para lembrar o poeta Carlos Drummond de Andrade, que muito do queixo de nossos avós sobrou em nosso queixo, mas é preciso cuidado para que a sociologia da formação do Brasil não ilumine o passado nem obscureça o presente como uma sombra de autojustificação e determinismo. O contemporâneo jeca brasileiro não está em nossas "vastas solidões", como escreveu Joaquim Nabuco, mas nas cidades. A repulsa ao capitalismo está menos entranhada na, vá lá, "ignorância do povo" do que na sabedoria mística de boa parte de nossos intelectuais e de nossas camadas médias de letrados. Chamo "sabedoria mística" à crença, que já não deve mais nada aos ibéricos e é agora caudatária de uma ideologia internacionalista e regressiva, de que só o Estado pode nos proteger da sanha molestadora do capital.

O ritual de exorcismo da privatização, das parcerias público-privadas e do lucro, dançado à beira da cratera, não é exclusividade, sei bem, do Brasil. O aquecimento global (também eu quero combatê-lo, juro), por exemplo, parece prenunciar, mundo afora, um novo milenarismo. As palavras de ordem são "mudar o nosso estilo de vida" e "disciplinar o consumo desenfreado do capitalismo". O dito-cujo é tratado como se fosse uma craca que tivesse se grudado ao casco do navio da civilização. Sem ele, parece, estaríamos todos cumprindo um grande destino.

Cada país, sei bem, é estúpido a seu modo. Mas será sempre mais inteligente acusar o mal-estar do capitalismo estando na abastança do que fazê-lo na carência, não acham? O Brasil precisa ser um pouco mais capitalista se quer mesmo odiar o sistema com motivos, se não justos, ao menos suficientes. Em tempo: o rombo das contas públicas deve muito mais à Constituição de 1988 do que ao "rei dom Manuel, com três penas no chapéu".

Reinaldo Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 26 Feb 2007, 12:00

Pergunta "ogonorantche": isso é bom pa' nois?? É nossa chance de subir na vida??

Viagem de Bush 2 - EUA querem Opep do etanol com o Brasil

By Reinaldo Azevedo

Por Patrícia Campos Mello, no Estadão deste domingo:
A grande iniciativa que o presidente George W. Bush quer lançar no Brasil está sendo chamada de mercado hemisférico de etanol. A idéia, gestada dentro do Departamento de Estado, é expandir a produção de etanol em vários países da América Latina, principalmente no Caribe e na América Central, para garantir um fornecimento estável do biocombustível. Trata-se de uma Opep do etanol. Para isso, Brasil e Estados Unidos devem fechar parcerias, com participação da iniciativa privada, para instalar usinas de etanol em países da América Central.O homem-chave por trás dessa estratégia é Greg Manuel, conselheiro de Condoleezza Rice para assuntos internacionais de energia. Desde que entrou no Departamento de Estado, em outubro, ele esteve seis vezes no Brasil. Jovem, Manuel aposta em incubadoras e parcerias público-privadas para criar o mercado hemisférico de etanol.“Já que não saiu a Alca, vamos de álcool”, diz Brian Dean, diretor-executivo da Comissão Interamericana de Etanol (CIE). Brian foi diretor da Florida FTAA, grupo que fazia o lobby para que os EUA fossem a sede da Alca. Agora, com a Alca natimorta, Dean cuida da CIE, cujos titulares são o ex-governador da Flórida Jeb Bush, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, e o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. A comissão, que se reúne regularmente com o Departamento de Estado, está fazendo um levantamento sobre produção de etanol e cana-de-açúcar nos diversos países da América Latina. Segundo Dean, países como Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua e República Dominicana são bastante promissores para abrigar usinas e expandir a produção de etanol.Manuel não detalha muito o plano de parceria de etanol que será apresentado na viagem de Bush. Mas, a interlocutores, afirmou que o foco é a expansão regional da produção, com muita participação do setor privado. Ele mencionou também a possibilidade de parcerias público-privadas para investimento em infra-estrutura de etanol no Brasil, como alcooldutos e investimentos cruzados nos dois países.
Assinante lê mais aqui
"Cosmologists are often in error, but never in doubt." - Lev Landau
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 26 Feb 2007, 14:58

depende :blink:

eu não acredito nesse papo de etanol. etanol não é algo que te dá uma vantagem comparativa como nação, pq é algo que pode ser desenvolvido - e inclusive os eua tem pesquisas sobre etanol de celulose, o único que é realmente economicamente viável.

pra ter etanol vc tem que ter um trade off considerável entre "alimento" e cana, e nada impede que os eua joguem dinheiro até em cima do milho pra tornar economicamente viável e a salvação da lavoura deles.

isso pra mim é circo. é bolha. é só ver os valuations malucos que estão pagando por usinas no brasil. é hora de quem tem usina vender, não de comprar.

e não estamos no buraco por causa de falta de coisas pra vender. o buraco é mais embaixo...
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 26 Feb 2007, 15:07

e não estamos no buraco por causa de falta de coisas pra vender. o buraco é mais embaixo..


subir na vida = virar amigo do tio bill, isso queria dizer :cool: :cool:
"Cosmologists are often in error, but never in doubt." - Lev Landau
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 05 Mar 2007, 09:44

Brasil não cresce porque não merece, diz Giambiagi

Por Fernando Canzian, na Folha deste domingo:

O Brasil não cresce porque não merece. E se converte em uma economia com mentalidade de funcionário público, com espírito de acomodação e dependência do Estado. Para o economista Fabio Giambiagi, 44, que lança neste final de semana o Livro "Raízes do atraso - As dez vacas sagradas que acorrentam o país", o Brasil "colhe o que plantou". Os desarranjos dos anos 80 e a Constituição de 1988 levaram à hiperinflação, ao endividamento e ao forte aumento da carga tributária. O resultado é o crescimento medíocre atual. O livro propõe duas idéias-força: 1) o país precisa caminhar para uma economia em que o bem-estar dependa do esforço, da criatividade e do êxito dos indivíduos, e não do apoio do governo; e 2) que o papel do Estado seja o de ajudar as pessoas a buscar esse êxito, e não apenas o de transferir renda. "O Brasil está se convertendo em um "show-case" de políticas sociais voltadas para o bem-estar de clientelas específicas", diz Giambiagi. "O elemento comum desses programas é que eles fornecem recursos públicos em troca de nada." O economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento, defende mudanças nos programas e, evocando Mário Covas (1930-2001), defende um "choque de capitalismo" no Brasil. Leia entrevista à Folha:
FOLHA - No início de seu livro, o sr. cita Nelson Rodrigues: "Nada é mais cansativo do que tentar demonstrar o óbvio". O que é óbvio neste Brasil que não consegue crescer? FABIO GIAMBIAGI - Entre 1991 e 2006, o gasto público primário do governo central passou de 14% para 24% do PIB. Estamos falando de um aumento de gasto público de dez pontos percentuais em 15 anos, o que dá uma média de 0,7% do PIB por ano. O principal responsável pelo aumento foi o crescimento das despesas previdenciárias. De 2,5% do PIB em 1988 para quase 8% em 2006. Isso é triplamente dramático. Primeiro, pela magnitude do número em si. Estamos falando de uma variação de mais de 5% do PIB em 18 anos. Segundo, pelo fato de que aconteceu num momento em que a demografia nos favorecia, em que o número de pessoas idosas apenas estava começando a aumentar. E, terceiro, é um fenômeno do qual ninguém quer ouvir falar. Nós temos um mega, um maiúsculo problema macroeconômico, e todo mundo faz de conta que ele não existe.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 12 Apr 2007, 10:09

Isso sim é que é capitalismo à brasileira :cool: :cool:

1/04/2007 - 17h45
Filha de ministro posa para a "Playboy" em oficina mecânica
da Folha Online

Acostumado a temas como superávit primário e CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o ministro Guido Mantega (Fazenda) terá de encarar um assunto bem diferente neste mês. Sua filha, Marina Mantega, 26, posou para a edição de abril da revista "Playboy".

Image
Marina Mantega posou para a "Playboy"

A publicação masculina traz Marina, que é atriz e trabalha no mercado financeiro, de lingerie em uma oficina mecânica. Ela posou para a seção "Mulheres que Amamos" em uma réplica de um Mercerdes vermelho modelo SL do ano de 1952. O destaque ficou por conta do "sutiã 46" da atriz.

Marina, filha de Mantega e Lavínia Cardim (separados há duas décadas), já atuou no teatro e em breve estará nos cinemas, no filme "Anita Garibaldi - Guerreira da Liberdade". Estão no elenco Antonio Banderas e Letícia Spiller.

A edição de abril da "Playboy" traz na capa a BBB Fani Pacheco, que integrou o triângulo amoroso formado com Íris (Siri) e Diego (Alemão) no "Big Brother Brasil 7".
"Cosmologists are often in error, but never in doubt." - Lev Landau
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

PreviousNext

Return to Economia

Users browsing this forum: No registered users and 0 guests

cron