A AmBev lançou ontem sua décima segunda marca de cerveja, a Serrana. Do tipo pilsen, o produto ficará posicionado entre as marcas Brahma e Antarctica e será distribuído exclusivamente por canais de auto-serviço (supermercados e hipermercados). Na leitura de alguns analistas, mais do que uma ampliação do portfólio - este é o quinto lançamento da empresa no ano - a Serrana chega ao mercado para concorrer com a Nova Schin, que deflagrou o episódio da guerra das cervejas no ano passado, e até outras marcas mais populares, como Itaipava, Belco, Primus e Glacial.
Fabricada na unidade de Jacareí, a nova cerveja começa a ser distribuída na Grande São Paulo, Baixada Santista e região metropolitana de Campinas. A Serrana será vendida apenas em lata, justamente por ser este o formato mais comercializado nos supermercados - responde por 90% das vendas de cerveja no segmento de auto-serviço. "A idéia foi complementar nosso portfólio no segmento de auto-serviço", disse Lizandra Freitas, gerente de Inovação da AmBev. As vendas de cerveja no setor de auto-serviço, de acordo com a empresa, representam 25% do mercado total do produto no país.
O preço sugerido pela fabricante para o consumidor final é de R$ 0,89 a R$ 0,92 por lata, o que posiciona a Serrana entre o preço da Antarctica e da Brahma - outras duas marcas da AmBev. Desse modo, a Serrana atuará na faixa de preço chamada de "mainstream", onde estão as marcas líderes da AmBev: Skol, Brahma e Antarctica, além das concorrentes Nova Schin e Kaiser e Bavaria.
A empresa não divulgou quanto foi investido na Serrana, mas informou que o marketing do produto será concentrado nos pontos de venda. Não estão previstas campanhas publicitárias.
A AmBev afirma que o principal diferencial da bebida consiste no apelo artesanal e no fato de ela ter sido elaborada a partir de receitas do início do século passado, que constavam do acervo das cervejarias Antarctica e Brahma.
Para Marcio Kawasaki, analista da Corretora Fator, a Serrana veio para concorrer com a Nova Schin. "Depois da fusão com a Interbrew eles resolveram preservar a marca Brahma", diz o analista. Após o nascimento da InBev - resultado da aliança entre AmBev e a belga Interbrew - a Brahma foi a marca escolhida para ser explorada no mercado externo. "Por outro lado, não era interessante usar uma marca centenária como a Antarctica para brigar de frente com a Nova Schin", disse.
Para Alexandre Garcia, da Espírito Santo Securities, o fato de a empresa lançar o produto apenas em supermercados mostra que ela chega para brigar por preço e concorrer com marcas mais populares, como Itaipava, Belco, Nova Schin, Primus e Glacial - essas últimas três da Schincariol.
Já Marcos Fernandes Pereira, da Socopa, acredita que o lançamento é uma estratégia para manter participação de mercado e tentar trazer consumidores de outras marcas. Em agosto do ano passado, segundo dados da AC Nielsen, a Ambev tinha 67,2% do mercado. Em agosto último, a participação era de 66,4%. (*Do Valor Online)