VADE RETRO SOCIALISTAS

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 19 Apr 2006, 12:19

Perdoa dom Tomás, Pai, porque ele sabe o que diz
Por Rui Nogueira
Eis no que deu a união de um bispo roto, dom Tomás Balduíno, com um movimento esfarrapado, o MST. Aproveitando o lançamento do relatório Conflitos no Campo — Brasil 2005, da Comissão Pastoral da Terra, dom Tomás, conselheiro da CPT, exibiu por inteiro, nesta terça, a fantasia regressiva dos sem-terra e seu aliados.
À primeira vista, o bispo parece ter despejado apenas uma penca de disparates em praça pública, à moda de quem faz um desabafo tolo e não diz coisa com coisa. Mas não é nada disso. Dom Tomás foi curto, foi grosso e sabe muito bem o que diz. O bispo é parte arrogante e ignorante de uma cadeia de impunidade que atenta contra a democracia e o Estado de Direito e se alimenta da leniência do governo Lula para defender uma causa tão influente quanto inexistente. Foge do debate real impingindo uma culpa fictícia aos setores que criticam as estripulias ideológicas do MST, dizendo que esses setores estão querendo “criminalizar os movimento sociais”.
Ladainha
O conjunto da obra, exposta nesta terça, resume-se assim:
• dom Tomás Balduíno teme a candidatura tucana de Geraldo Alckmin porque seria a “volta da direita ao poder”;
• dom Tomás acha que a empresa Aracruz deve “calar a boca” porque “não tem autoridade moral” para se defender das invasões selvagens de suas terras e laboratórios;
• acha o bispo também que o negócio da Aracruz, a indústria de celulose, é responsável “por anos de violência” e por “secar nascentes”;
• na visão de dom Tomás, o MST não é um movimento que possamos “canonizar”, mas é “a grande força patriótica do país”;
• o relatório da CPT diz que os conflitos agrários e o número de mortos no campo aumentaram no governo Lula;
• diz ainda que aumentou de 10 mil para 16 mil o número de pessoas “assentadas” pelo MST, digamos assim, em ocupações;
• por fim, para explicar o desalento do relatório da CPT, dom Tomás dá uma explicação sobre o que estaria acontecendo no país: o governo Lula era a promessa da execução da verdadeira reforma agrária, mas não cumpriu o prometido. Diz ele que Lula não conseguiu cumprir a promessa porque encontrou pela frente a resistência do agronegócio, a “violência do latifúndio”;
• o resumo dos resumos, segundo o bispo é este: enquanto as promessas de Lula são cumpridas de maneira “insatisfatória” e “muito devagar”, o agronegócio cresce em todo o país “com toda a força e com todo o incentivo”.
Passando a ladainha em revista, só posso, sem um pingo de humor, pedir ao Pai que perdoe dom Thomaz porque ele sabe o que diz. E está longe de ser inocente.
Do temor da candidatura Alckmin os eleitores darão conta em outubro próximo. A sociedade dirá o que ela é e o que ele representa. É de direita? É de centro-alguma-coisa? É de esquerda? Se for a candidatura do Estado de Direito, não for leniente com o banditismo do rebanho de Stedile e enxotar das entranhas do Estado a “quadrilha” descrita pelo procurador Antonio Fernando de Souza, Alckmin não fará mais que o dever. Por contraposição, o governo Lula nem o dever constitucional cumpre – o que não incomoda nem um pouco dom Tomás Balduíno.
Apesar da queda do Muro de Berlim, e já lá vão quase duas décadas, o bispo ainda acredita na existência de grupos sociais ungidos por uma ética natural, coisa que, por si só, dá conta de impedir os desvios morais dos seus militantes. Depois do que o PT, Lula e quadrilha fizeram no poder, dom Tomás deveria se cobrir de humildade para reconhecer, como disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), em entrevista à Primeira Leitura, que, “se a esquerda não é o bem absoluto, então a direita não pode ser tratada como mal absoluto”. Simples, corajoso, dito em um contexto profundamente cristão e muitos pontos éticos acima do farisaísmo ideológico praticado por dom Tomás.
Coisa de corriola
O temor da “volta da direita” levaria, segundo o bispo, a reforçar o apoio das entidades sociais à reeleição de Lula. O governo é ruim, mas dom Tomás continua a achar que o investimento no mercado da esperança política compensa. Qual é a compensação? Sei lá! Duvido que ele saiba. Aqui, o problema é menos o amor que ele sente pelo PT e Lula e mais o cultivo de um ódio tolo contra os tucanos e outros grupos políticos, como se “uma coisa de pele” entre gente dita de esquerda bastasse para resolver os problemas do Brasil. Vale menos a proposta e mais a camaradagem politiqueira. Coisa de corriola!
Os conceitos do bispo sobre agricultura, agronegócio, indústria e desenvolvimento econômico são uma pantomima medieval. Uma tolice sem limites. Pior, ao mandar a Aracruz “calar a boca”, veio à tona o stalinismo de batina professado por dom Tomás. Calar a boca? Falta de autoridade moral? Ora, senhor bispo, se até um réu confesso tem direito a falar e a se defender, por que a empresa, que não cometeu nenhum crime, não poderia fazê-lo? Afinal, se até o senhor, sem razão nenhuma, pode dizer um monte de bobagens, por que a Aracruz, vítima de banditismo explícito, deveria ficar calada?!
O que defende o bispo? A perpetuação de uma espiral de perdição em que se enfiou o MST de João Pedro Stedile. No início, era a luta contra o latifúndio improdutivo – nada mais justo. Depois, começaram as invasões a fazendas produtivas, muitas delas bem longe de poderem ser consideradas latifúndios. Com o aprofundamento do vale-tudo, prédios do Incra, agências de bancos e outros prédios públicos passaram a ser invadidos.
Com a realidade a fugir dos pés e assessorado por ambientalistas mequetrefes, desses que falam em “deserto verde”, o MST enveredou pela invasão de indústrias de celulose sob o argumento de que sem-terra não come “eucalipto”. Quando a escalada tornou-se absolutamente irracional e puramente ideológica, regressista, foi a vez de o laboratório de pesquisas da Aracruz ser invadido e destruído. E qual foi o argumento? Tratava-se de um “empreendimento da burguesia”, e os cientistas que lá trabalham “venderam-se ao grande capital”.
Trata-se de um rosca sem fim que leva à estupidez em estado puro. E é disso que dom Tomás se tornou patrono. As plantações de eucalipto são malévolas porque “ninguém come eucalipto”, mas a mamona, que também ninguém come, virou a planta-símbolo da agricultura familiar e da produção do biodiesel. Será que a simpatia vem do óleo de rícino, extraído da mamona e recomendado para quem sofre de prisão de ventre?!
Por que será que os “anos de violência” da Aracruz, que dom Tomás não explicita o que seja, o incomodam tanto, enquanto a violência sistemática e explícita perpetrada pelo MST não ajuda a canonizar o movimento, mas lhe rende a reverência de “grande força patriótica do país”? A resposta deve ser vesga como a conclusão tão óbvia quanto burra sobre a reforma agrária no governo Lula, a violência no campo e a força do agronegócio.
A grande vitória do movimento marxista-lenista foi, desde sempre, no campo da retórica. Dom Tomás sabe praticá-la como ninguém, provou-o nesta terça. Vejam só a diferença entre os fatos e seus delírios: nunca, como nos anos FHC, o agronegócio foi tão forte e, descontados os anos iniciais do Plano Real, tão rentável. Em nenhum outro tempo se deu tão aceleradamente a transição do latifúndio improdutivo para o latifúndio produtivo e nunca se assentou tanto sem-terra como nesse período – resta, o que não é um problema menor, a questão da produtividade desses assentamentos.
Afinal, por que é que o agronegócio não se contrapôs à reforma agrária tocada no governo FHC, e agora estaria sendo o empecilho da performance sonhada pelo bispo dom Tomás para o governo Lula?
O problema, dom Tomás, é que secou a nascente da farsa.
[ruinogueira@primeiraleitura.com.br]
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Postby mends » 25 Apr 2006, 10:48

Agora vai ter um monte de neguinho defendendo os “pobrezinhos” do MST. Infelizmente, esses malucos levaram crianças pra invadir propriedade, sabendo que poderia haver reação. Nego perde o emprego, junta as coisas e sai pra invadir, pra ROUBAR. E, irresponsavelmente, ainda levam os filhos!!! Esses ladrões, terroristas e arruaceiros deveriam ser todos presos na hora, em flagrante. E o pai dessas crianças deveraim perder o pátrio poder, por abandono de incapaz.


Pistoleiros ferem criança em invasão do MST
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um menino de cinco anos, filho de um casal de sem-terra, foi ferido a bala numa ação de seis pistoleiros encapuzados para tentar retirar cerca de 200 pessoas de uma fazenda invadida nas proximidades de Brasília. Outros cinco sem-terra foram feridos a coronhadas e pontapés enquanto barracos de lona e um veículo usado pelos acampados foram incendiados.
A ação, segundo os sem-terra, ocorreu por volta das 23h de anteontem na fazenda Taquaral, na divisa entre o Distrito Federal e Goiás. A área, a cerca de 40 km do Palácio do Planalto, foi invadida na última quinta-feira pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Edilson Souza Filho, 5, foi ferido com um tiro que atingiu o estômago e o diafragma. Ele foi operado no Hospital de Base de Brasília. Segundo o hospital, o menino permanece internado e em observação, sem correr risco de morte.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso. Um dos suspeitos é filho do proprietário da fazenda, que teria mostrado o rosto aos sem-terra. Testemunhas dizem tê-lo reconhecido por meio de uma foto encontrada na sede da fazenda. "Essa [participação] é apenas uma das linhas de investigação. Por enquanto, só ouvimos testemunhas do lado sem-terra", disse o delegado Vivaldo Neres, responsável pelas investigações.
De acordo com a Polícia Civil, os proprietários da fazenda já entraram na Justiça com um pedido de reintegração de posse. A reportagem não conseguiu localizá-los para comentar o incidente e a ação que pede o fim da invasão.
Testemunhas contaram à Folha que os seis homens, armados com revólveres e espingardas, entraram na fazenda pela porteira dos fundos, quando a maioria dos sem-terra dormia. Depois, agrediram as pessoas, ordenando que deitassem no chão com as mãos na cabeça. Não houve reação, segundo os sem-terra.
Ao mesmo tempo, ainda de acordo com o relato dos sem-terra, os homens passaram a disparar contra a sede da fazenda e os barracos montados ao seu redor. Um desses tiros é atingiu as costas de Edilson, que dormia num barraco com os pais e cinco irmãos.
Os sem-terra, há cinco dias na área, afirmam que a fazenda, além de improdutiva, não possui documentação regularizada. Um técnico da Ouvidoria Agrária Nacional, criada pelo governo para prevenir e controlar os conflitos no campo, esteve ontem na Taquaral. Ele conversou com os sem-terra e pediu reforço policial.

Pai da vítima
<span style='font-size:14pt;line-height:100%'>Há três anos, Edilson de Souza, 47, sentiu-se velho para a profissão de serralheiro e abandonou o emprego em Itaberaí (GO) para arriscar a vida no campo.
Casado e pai de seis filhos, Souza deixou o emprego, pegou o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e seguiu com a família para a casa de uma irmã num assentamento em São João d'Aliança, no interior goiano. Souza passou pouco menos de um ano por lá. Foi para um acampamento do MST em Luziânia, no entorno de Brasília. Participou da invasão de uma fazenda, entrou em outro acampamento e, desde quinta-feira passada, vive num barraco de lona preta erguido na Taquaral.</span>"Meu filho gritava muito de dor. Mesmo assim, eu tive de deitar com ele no chão. Tive de me render com as armas apontadas na minha cabeça", afirmou o sem-terra, que carregou o filho no colo no trajeto de cerca de 40 km entre o acampamento e o Hospital de Base de Brasília. (ES)
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Postby mends » 25 Apr 2006, 17:26

Esse é o perigo do socialismo: como a lei tem que cumprir sua “função
social” e, ó coincidência, os çábios do Estado é quem determinam quais as
funções sociais, o Estado se transforma em ladrão, tomador de terras, de
propriedade, confiscando trabalho e segurança. Quando o cidadão não tem a
proteção do Estado de direito, mesmo estrangeiro, a gente volta pra Idade
Média, e tem nego que acha que estamos avançando! E tem nego que chama
“direitista” de REACIONÁRIO!!! Se esses revolucionariozinhos de merda
soubessem ler, poderiam ver no Houaiss a definição de reacionário...
E tem mais: não tem sentido empresário ter terra ilegal. Quem tem terra
ilegal é bandido ou invasor. Terra, pra empresário, deve ser transformada
em capital. Para tanto, deve ser passível de ser colocada em risco, ser
dada em garantia, entrar em transações etc. E, para tanto, deve ter
certificados de propriedade reconhecidos e respeitados, não porque são
“decentes”, mas porque não dá pra transformar recurso em capital sem Lei.




Bolivianos acusam brasileiros de posse ilegal de terras na fronteira
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Dois parlamentares do MAS (Movimento ao Socialismo), partido do presidente
da Bolívia, Evo Morales, afirmam que, além da siderúrgica do grupo EBX do
Rio de Janeiro, "mais de uma centena de empresários brasileiros" são
ilegalmente donos de terras em território boliviano, na fronteira com o
Brasil. Os parlamentares querem a retomada das áreas e a retirada dos
brasileiros do local.
As informações foram divulgadas pela ABI (Agência Boliviana de
Informações), órgão oficial do governo. Ontem, o vice-cônsul do Brasil em
Puerto Suarez, Nélio Maurício Brigagão, confirmou que existem brasileiros
criando gado na faixa de fronteira, mas não soube precisar quantos são.
O senador Carlos Cuasace, índio chiquitano, e o deputado Isaac Dávalos,
presidente da Confederação Única dos Trabalhadores Campesinos, citaram o
artigo 25 da Constituição da Bolívia, que proíbe estrangeiros de obter
terras na faixa de fronteira, informou a ABI.
Diz o artigo: "Dentro de 50 km das fronteiras, os estrangeiros não podem
adquirir nem possuir, por nenhum título, solo nem subsolo, direta ou
indiretamente, individualmente ou em sociedade, sob pena de perder, em
beneficio do Estado, a propriedade adquirida, exceto no caso de necessidade
nacional declarada por lei expressa".
Conforme os parlamentares do MAS, os brasileiros estão concentrados
ilegalmente nas províncias German Busch -vizinha a Corumbá (MS)- e Angel
Sandoval, na divisa com municípios de Mato Grosso.
No início do mês, o governo boliviano proibiu o grupo EBX de ativar o
primeiro forno da siderúrgica em construção em Porto Quijarro, a menos de
15 km de Corumbá (MS). O governo Evo Morales argumenta que a usina não tem
licença ambiental e está ilegalmente na faixa de 50 km da fronteira.
"O projeto siderúrgico se encontra situado em terrenos de propriedade e
posse da empresa boliviana Zoframaq, entidade que é concessionária de uma
zona franca devidamente autorizada, conforme licença ambiental emitida em 7
de outubro de 2000", rebateu por nota a EBX.
O vice-cônsul Brigagão afirmou que a atividade rural predominante, em
território boliviano e na fronteira com Corumbá (MS), é a criação de gado.
Ele disse que há muitos casos de grilagem de terra e fica difícil saber
quantos brasileiros são donos de áreas. Brigagão afirma que a única coisa a
fazer é orientar os brasileiros a procurarem "bons advogados na Bolívia".
O cultivo da soja feito por brasileiros, que, segundo Brigagão, respondem
por 35% da produção de Santa Cruz, está fora da faixa de fronteira.
O presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Emílio César Miranda de Barros,
disse não ter informações sobre brasileiros na fronteira. Brigagão informa
que a discussão sobre os supostos proprietários ilegais é recente.
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Postby mends » 27 Apr 2006, 19:32

malditos ecochatos...

Greenpeace bloqueia acesso a fábrica de lenços de papel no Canadá

Toronto (Canadá), 27 abr (EFE).- Um grupo de ativistas do Greenpeace bloqueou hoje o acesso à fábrica da Kimberly-Clark em Ontário para pedir o fim da produção de lenços de papel e de outros materiais descartáveis a partir de árvores centenárias.

Cerca de 20 ativistas da organização bloquearam a entrada da fábrica que a Kimberly-Clark possui em Huntsville, cerca de 230 quilômetros ao norte de Toronto, sentados em tripés de sete metros de altura estrategicamente posicionados na estrada de acesso à unidade e em uma linha de trem.

Os ativistas também instalaram um cartaz na fábrica que dizia: "Kimberly-Clark: pare de destruir a floresta boreal".

Christy Ferguson, uma das integrantes do Greenpeace, disse que o grupo dará continuidade aos protestos contra a empresa até que a mesma pare de contribuir para "a destruição da floresta boreal".

O protesto coincidiu com a realização de uma assembléia de acionistas da Kimberly-Clark em Irving (EUA).

O Greenpeace quer que a Kimberly-Clark aumente de forma substancial o uso de fibras de madeira reciclada na produção de seus produtos e utilize fibra virgem somente de tipos de madeira sustentáveis e certificados pelo Conselho de Administração Florestal.

A organização denunciou que a Kimberly-Clark, a maior fabricante de papel-toalha do mundo, utiliza fibra virgem para fabricar todos os produtos que vende na América do Norte, os quais incluem os guardanapos, o papel higiênico, o papel-toalha e os lenços de papel da marca "Kleenex".
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Postby junior » 28 Apr 2006, 12:48

28/04/2006 - 10h59
Fotos mostram a agonia de Che Guevara
FLAVIA MARREIRO
RAUL JUSTE LORES
da Folha de S.Paulo

Fotos <a href='http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/galeria-20060428-che_morto.shtml' target='_blank'>AQUI</a>.

Descobertas recentemente, as fotos da agonia do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, ícone mundial da esquerda e um dos líderes da Revolução Cubana, recompõem os seus últimos momentos no interior da Bolívia. Na foto mais conhecida até hoje, ele já estava morto.

Fotos "Notícias"
Foto mostra Che Guevara logo após sua captura. Clique aqui para ver outras imagens
O material chegou em um envelope anônimo às mãos do escritor argentino Pacho O'Donnell, ex-secretário da Cultura da Argentina e autor de uma conhecida biografia do Che. Foram publicadas primeiramente em fevereiro no jornal argentino "Clarín", e na semana passada, acompanhados de um ensaio assinado pelo próprio O'Donnell, publicadas na revista semanal "Noticias".

"Imagino quem me mandou, mas não posso dizer. Até hoje em La Higuera [Bolívia] há muito medo de falar sobre isso", disse à Folha. Segundo ele, as fotos foram publicadas num livro de pouca circulação escrito por Federico Arana Serrudo, que era, em outubro de 1967, chefe da inteligência militar do Estado-Maior boliviano.

"O texto era uma defesa dos militares que mataram Che, por isso não teve maior repercussão", especula. Ele não procurou o militar boliviano nem sabe se está vivo. "Como todos os militares envolvidos na época, deve ter quase 80 anos hoje." Quem tirou as fotos, sustenta ele, foi o piloto do helicóptero que levou Che.

Foto histórica

O'Donnell afirma que uma das fotos, a que ele aparece logo depois de receber os disparos, acaba com a controvérsia sobre a morte do Che. "Ele não morreu em confronto, foi assassinado", explica.

Fotos "Notícias"
Che Guevara após ser morto. Clique aqui para ver outras imagens
"A foto em que Che olha para cima tem toda sua mística. Ele sabe que vai morrer, mas não há rancor nem ódio. Há serenidade. Essa foto não deve nada às duas que construíram a imagem do mito -a que está espalhada em camisetas pelo mundo e a dele morto. Essa se junta a elas agora."
O'Donnell fez dezenas de entrevistas com pessoas que conheceram o guerrilheiro, até sua babá. Conta que, na região onde morreu, na Bolívia, que ele visitou para escrever a biografia, há uma espécie de culto a Che.

O escritor acredita que o fato de essas fotos terem ficado guardadas por quase 40 anos demonstra o quanto o personagem Che ainda está presente.

Che pouco estudado

Na Argentina, não houve uma grande repercussão com a publicação das fotos da agonia do Che. "Ao contrário do que muitos podem esperar, o Che ainda não é um herói nacional na Argentina", diz o diretor do Primeiro Museu Histórico Che Guevara, de Buenos Aires, Eladio González.
"Ele não é estudado nos livros didáticos. Só aparece nas campanhas eleitorais, nas camisetas dos jovens ou nas bandeiras das torcidas de futebol. De resto, ele é um personagem esquecido e pouco estudado no país."

Na Bolívia, o governo do presidente Evo Morales engavetou um projeto de lei que blindaria militares bolivianos que participaram da execução do Che, em 1967.

O projeto chegou a ser aprovado pelo Congresso boliviano, mas não foi sancionado pelo então presidente Eduardo Rodríguez, que transmitiu o poder a Morales no final de janeiro. Morales é um admirador declarado do guerrilheiro argentino.

Pela proposta, os militares seriam declarados eméritos e não poderiam ser afastados de suas funções. O projeto teria, porém, alcance limitado, já que a maioria dos militares que participaram da ação morreu ou passou para a reserva.
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Postby mends » 28 Apr 2006, 14:22

Guevara só é o que é porque morreu. Fidel está vivo e provou, no longo prazo, o ditador patético que é. Che não deve ser reverenciado: matou muita gente, não era democrata. Se estava nas montanhas da Bolívia preparando "la revolución" e foi morto, não foi assassinato. Foi morto em confronto. Ele queria iniciar uma guerra e foi pego.
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Postby junior » 28 Apr 2006, 14:47

Poxa, justo agora que ia comprar uma camisa dessas verde exercito com a fotinho dele e uma estrelinha vermelha vc vem me dizer isso... :lol: :lol:
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Postby junior » 02 May 2006, 07:49

Bolívia ocupa Petrobras e nacionaliza exploração de petróleo e gás
da Folha Online

A Bolívia decidiu nacionalizar a exploração dos negócios de petróleo e gás no país. O presidente Evo Morales ordenou a ocupação pelo Exército dos campos de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a estatal brasileira Petrobras.

O imposto sobre o gás subirá de 50% para 82%. Caso as empresas não aceitem as medidas, terão de deixar a Bolívia num prazo de 180 dias. É a terceira vez que o governo boliviano nacionaliza seus hidrocarbonetos. As anteriores foram em 1937 e 1969, durante regimes militares

Martón Alipaz/Efe
O presidente Evo Morales em anúncio feito nesta segunda
O presidente Evo Morales em anúncio feito nesta segunda
Além da Petrobras, operam na Bolívia as petrolíferas Repsol YPF (Espanha e Argentina), British Gas e British Petroleum (Reino Unido), Total (França), Dong Wong (Coréia) e Canadian Energy.

A partir de hoje as empresas estrangeiras ficam obrigadas a entregar as propriedades para a empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), que assumirá a comercialização da produção, definindo condições, volumes e preços tanto para o mercado interno quanto para exportação.

A Petrobras já injetou, desde 1996, US$ 1,5 bilhão na Bolívia, além de US$ 2 bilhões para trazer o gás ao Brasil. Ela explora os dois principais campos de gás do país --os quais já teriam sido ocupados pelo Exército boliviano hoje-- e tem duas refinarias, entre outros. É a maior empresa na Bolívia e responde por 15% do PIB do país.

"A hora chegou, o dia esperado, um dia histórico no qual a Bolívia retoma absoluto controle sobre nossos recursos naturais", discursou Morales. Ele disse que, com essa medida, serão resolvidos os problemas econômicos do país, porque serão gerados mais postos de trabalho.

Regras

A YPFB tomará o controle dos campos de produção de petróleo e gás, enquanto as companhias estrangeiras que exploram os produtos deverão regularizar sua situação no país com novos contratos em um prazo de 180 dias.

Aquelas que não aceitarem as novas normas de exploração e comercialização terão que deixar a Bolívia. Para garantir a continuidade de produção, a YPFB se responsabilizará pelas operações dos campos das companhias que discordarem.

Pelo período de 180 dias de transição, 82% do valor da produção serão destinados ao governo e 18%, às companhias, "porcentagem que cobre os custos de operação e amortização de investimentos", segundo Morales. O ministério de Hidrocarbonetos determinará, caso a caso, os investimentos realizados pelas companhias e suas amortizações, custo de operação e rentabilidade obtida em cada campo. Os resultados dos estudos servirão como base para a YPFB determinar a participação definitiva das companhias nos novos contratos.

Em La Paz, o vice-presidente Alvaro García Linera disse que "a partir de hoje, [as multinacionais] têm que entregar 82% do total da produção para os bolivianos e somente 18% para as empresas estrangeiras". "Antes [na década de 90], a Bolívia obtinha [com a exploração de gás] US$ 140 milhões. Com a nova lei [aprovada em maio de 2005 pelo Congresso], aumentamos para US$ 460 milhões, e hoje subimos para US$ 780 milhões no ano que vem", disse.

A Bolívia, que atualmente produz 40 mil barris de petróleo por dia, é a nação mais pobre da América do Sul, sendo que a miséria afeta 70% da população. O país possui ainda reservas de 48,7 trilhões de pés cúbicos de gás, as segundas em importância do continente, depois das da Venezuela, que tem o triplo.

Ocupação

Após o anúncio da decisão, as tropas do Exército tomaram o controle dos campos bolivianos, segundo o Comando Geral do Exército da Bolívia. A medida "busca assegurar o funcionamento das estruturas de produção a fim de garantir o normal aprovisionamento de recursos energéticos para o cumprimento tanto de compromissos internacionais como para o abastecimento do mercado interno", informou um documento divulgado pelo Exército.

O documento militar classificou a determinação do governo de nacionalizar os recursos energéticos como uma "nacionalização inteligente, o que deve levar as companhias petroleiras a um negociação sob termos de igualdade e justiça."

Ex-dirigente do Movimento para o Socialismo (MAS) e líder dos produtores de coca, Evo Morales, o primeiro índio eleito à presidência da Bolívia, havia anunciado várias vezes sua intenção de nacionalizar o petróleo e o gás, uma exigência expressada várias vezes pela população indígena.
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Postby mends » 02 May 2006, 09:50

e o Lulão, que que faz? Convoca para HOJE uma reunião de emergência.Não sabia que presidente tinha feriado – ele devia estar de cara cheia. E ainda vai mandar 200—fuzileiros pro HAITI!!!!!!!!! Os fuzileiros deveriam estar indo pra Bolívia retomar as instalações, expulsar aquela indiaiada de lá. E é óbvio que isso não vai dar certo, porque se tudo quanto é jornalista só fala do “perigo” do Brasil ficar sem gás, é porque não entende nada do contexto econômico do gás natural: se eles não colocarem o gás no gasoduto, aquilo não tem valor econômico. E se quiser aumentar o preço, isso só torna mais atraente a exploração de Mexilhão, em Santos, o que é bom pra PETR. Eles não têm capital, não tem competência, não tem credibilidade. Vão morrer de fome, ficar mais pobres que já são, e a culpa ainda vai ser dos “imperialistas”.

Expulsaram a EBX e agora roubam a PETR...a gente tem exército pra quê? Maldito presidentinho bêbado e covarde que elegemos...
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Postby mends » 02 May 2006, 10:24

Perfeitos idiotas latino-americanos
Por Reinaldo Azevedo
Dia desses, um articulista que tem fama de ser “amigo do povo” — não é assim um Marat, mas gosta de fazer embaixadinhas politicamente corretas — reclamava do fato de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter cravado a expressão “utopia do possível”. Fiel à etimologia (a hipótese de que tenha lido Thomas Morus é menos provável), indagava: se é “utopia”, como pode ser “possível”? Segundo ele, o tucano fizera a opção preferencial pela mediocridade, mal que o escrevinhador também enxergava em Lula.

Entenderam? O defeito do Apedeuta estaria em se parecer com FHC e pouco consigo mesmo. Como se trata de um desses articulistas isentos, que não cedem à patrulha “da direita”, para bater em Lula, ele, corajosamente, bate primeiro em FHC. Vale dizer: é mais lulista do que o próprio Apedeuta. Lula não acreditava no que ele próprio dizia, mas o jornalista acreditava em Lula... Havia um tempo em que eu dizia que a burrice no Brasil era mato. Já temos mais burrice do que mato.

O pobre não sabia, mas a história das idéias que o empurrava para a censura severa à “utopia do possível” tem marcas genéticas que remetem a duas doenças: na versão benigna (ainda assim, um mal), é populismo; na versão maligna, leninismo. Os picaretas que hoje brotam feito praga na América Latina vão de um ao outro segundo as circunstâncias e as necessidades. Pois bem, caro articulista inconformado com os limites do possível: é mesmo possível fazer diferente; você tinha razão. Eis aí Evo Morales. O Aliado de Hugo Chávez e de Lula acaba de passar a mão nos investimentos que a Petrobras fez naquele país. O Apedeuta saudou a sua eleição e disse que ela representava o avanço da democracia no subcontinente.

Mais ainda: está demonstrado o tamanho que Lula tem mesmo na América do Sul. Morales está cumprindo rigorosamente os passos de um programa combinado com Hugo Chávez, que, evidentemente, desconfia das credenciais, digamos assim, revolucionárias do Apedeuta. Se eu fosse qualquer um daqueles dois demagogos — Chávez ou Morales —, também desconfiaria. Representante de uma nova classe , Lula e seus rapazes querem é se dar bem na vida. E, para tanto, se tiverem de jogar no lixo o Estado de Direito, eles jogam.

O Brasil acaba de ser tungado por um movimento supostamente nativista na Bolívia sem ainda experimentar a graça de ser, vá lá, imperialista. Eis a grande conquista da diplomacia presidencial na gestão Lula. Quem viu Lula na TV no domingo ou leu o seu discurso ficou sabendo que, não obstante, o Brasil nunca esteve tão bem. Em seguida, farei uma digressão para depois voltar à questão.

A digressão
A corrupção é, no governo Lula, o que foi a t*rtura durante a ditadura militar. Existia, mas não tinha grande importância porque a economia ia bem. Assim como se fazia com a violência, cobre-se agora a bandalheira com o véu do triunfalismo. E, evidentemente, há uma diferença importante entre o regime dos generais e o do Apedeuta: naquele caso, havia, de fato, crescimento econômico para valer. Não limpava uma manchinha de sangue das agressões às instituições e aos direitos humanos, mas o avanço da economia era real. No caso de Lula, estamos agüentando um governo onde o procurador-geral viu atuar uma “quadrilha”, uma “organização cr*minosa”, sabendo – aos menos o sabem alguns – que se aposta na mediocridade.

Tenho escrito sobre política ao longo dos últimos 10 anos, desde que voltei para São Paulo, em agosto de 1996 – estava morando em Brasília. Na capital, também lidava com o assunto, mas era um trabalho mais ligado à edição do que ao texto de análise. Ou, se quiserem, considerem mesmo o termo “militância”. Não é militância partidária – esse tempo já foi; ficou lá perdido entre os 14, 15 e os 21 –, mas em defesa de alguns valores.

Basicamente, combato qualquer sacripanta que se julgue no direito de definir o que devo ou não dizer e escrever, o que devo ou não pensar. Ou, ainda, mais especificamente: chuto a canela de todo imbecil que resolve embrulhar a verdade num pacote que sirva aos interesses ou às utopias (especialmente estas, mais perigosas) de um grupo, de uma legenda, de uma ideologia. A sorte tem me ajudado, neste tempo, a só escrever o que quero, como quero, segundo a minha vontade. A degeneração intelectual da imprensa – com as exceções de sempre, claro... – nesse período é enorme. Lula chegou ao poder, e a “intelligentsia” jornalística foi-se revelando.

Só acredito em indivíduos. Boi é que nasceu para viver em manada. Quem renuncia a dizer o que pensa em nome do bem da humanidade está apto a cometer um crime. Quando menos, a silenciar diante de um. Dizem que isso é coisa da direita. Os esquerdistas estão sempre atrás de utopias e costumam ficar zangados quando alguém fala no “possível”. Há “pensadores” doidinhos por um líder disposto a promover o “aggiornamento” do Brasil, assim como Morales “cumpre a palavra” na Bolívia. Lula só não faz mais besteira porque as instituições, ao menos por enquanto, não permitem, não porque lhe faltem conselhos e conselheiros para tanto.

É claro que essa gente não tem a menor idéia do que fala ou do que gostaria de ver realizado. Mas parece simpático afirmar que você, afinal, partilha de um sonho coletivo. Eu não partilho de nenhum, é claro. Ao contrário: acho que a vida em sociedade é sempre a nossa inimiga, ainda que não haja alternativas. Mas, ao menos, reajo sempre que tentam meter o bedelho nas minhas liberdades pessoais. Abaixo Rousseau!

A digressão da digressão
Compreendo essas almas cândidas. Salvador Allende, por exemplo, “ao menos tentou”. O juízo nada mais é do que baixa moral. Era tão evidente que conduziria o Chile ao caos! Mas passou a integrar a galeria de mártires latino-americanos por conta do gorilismo daqueles que o derrubaram e de seu gesto teatral, no desfecho daquela crise. Nada poderia ser mais exibicionista do que seu último ato, de que a foto que correu o mundo é emblema: ele, de arma em punho, nos corredores do Palácio de la Moneda, vivendo, até o fim, a sua “utopia do impossível”. É significativo que tenha se matado. Caso fosse preso e, quem sabe, assassinado, ajudaria a denunciar com mais evidência o caráter dos que o derrubaram.

Faltava-lhe, no entanto, o tutano stalinista, embora fosse um informante de Moscou, o que só se sabe hoje. Não houvera se doado à causa; ao contrário, ele a havia privatizado, como um bom herói romântico e burguês. Um comunista legítimo teria feito como o russo companheiro de cela de Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere: se o partido mandasse, ele se mataria. Sem a ordem, de jeito nenhum! De todo modo, alguns colunistas brasileiros devem ficar, ainda hoje, bastante excitados com a cena. Ou, então, com as imagens que vieram à luz de Che Guevara, já prisioneiro do Exército boliviano, primeiro apenas detido, depois agonizante, morto e, finalmente, as mãos cortadas.

“Oh, Cordeiro do Povo que tira os pecados do mundo...”

Che era um assassino frio, conforme relata Régis Debray em um de seus escritos. Devia saber: fez guerrilha com ele. A máquina de produzir mentiras e de desqualificar pessoas do esquerdismo diz que foi o francês quem entregou o amigo aos bolivianos. Para mim, tanto faz. Não acho que o cretinismo de Debray fosse menor. Che já tinha feito uma grande besteira no Congo e conseguiu escapar. Aí se aventurou na Bolívia, onde não estavam dadas as condições mínimas para uma revolução – fossem aquelas definidas por Marx e depois atualizadas por Lênin, fossem as que encontrou em Cuba, onde a geografia ajudava.

É impressionante que não se tenha estudado, até agora, em sua personalidade, uma compulsão suicida — ao lado, obviamente, da homicida, que ele realizou tão bem. Se tivesse sete vidas, teria se deixado matar sete vezes; se Allende as tivesse, teria se suicidado igual número. Certas biografias só dão a devida liga com o ingrediente da tragédia pessoal ou coletiva — tanto melhor se forem ambas. Tivemos, por exemplo, o nosso Getúlio Vargas, de quem a historiografia marxista puxa o saco até hoje.

Nesse estrito sentido, ainda bem que Lula é um homem covarde, como todos nós, e dono de uma moral mais elástica do que a da maioria de nós. Vamos louvar o fato de que a nova classe que chegou ao poder é mais dionisíaca (um Dioniso bem mequetrefe, mixuruca) do que apolínea. Eles querem é se dar bem. Estão no bem-bom. Evitarão gestos bruscos. Vão comendo as instituições pelas bordas. Quem sabe a gente consiga organizar a reação...

De volta
Por que escrevo isso tudo neste 1º de Maio? Porque Lula decidiu ceder aos apelos de seus críticos de esquerda e flertar com a “utopia do impossível”; decidiu que devemos ser um país de “causas”, o que ficou claríssimo no pronunciamento de domingo. Pouco importa que tenha mentido ao falar da auto-suficiência do petróleo; pouco importa que tenha mistificado a questão dos juros — abordou os nominais, não os reais, ainda nos patamares de 2002, quando o país exportava a metade, e o risco era 10 vezes maior —; pouco importa que a elevação do poder de compra dos salários mais baixos esteja dado pelo dólar barato e não pelo crescimento econômico, que atrairia investimentos, hoje em patamares medíocres.

O perfeito idiota latino-americano assume características variadas na América Latina, mas é indiscutível que uma coisa os une: a exploração do sentimento nativista, patriótico — o último refúgio dos canalhas, como já cravou Samuel Johnson. Chávez faz lambança com o seu petróleo farto; Lula, com o mercado hospitaleiro às commodities brasileiras; Morales, com os seus “gases”; Kirchner, com as culpas que o FMI ainda tem pelas bobagens que fez na Argentina.

Muitos dirão que Lula é diferente, que se distancia das irresponsabilidades de seus pares. Os únicos que fingem acreditar nisso são os responsáveis pelo Departamento de Estado dos EUA, que apostam num Brasil mais friendly do que esses outros parceiros. Vá lá: Lula, por enquanto, é mesmo um risco maior para os brasileiros. Até porque a batalha pela liderança da América do Sul ele já perdeu para Chávez.



[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
Publicado em 1º de maio de 2006
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Postby tgarcia » 03 May 2006, 07:51

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta terça a "soberania" do governo boliviano na decisão de nacionalizar as reservas e controlar o setor de petróleo e gás natural no país. O governo brasileiro, no entanto, vai continuar negociando com a Bolívia para preservar os interesses da Petrobrás, que é a maior multinacional em atuação no país vizinho, informou o Palácio do Planalto, em nota divulgada no início da noite, depois de um dia inteiro de reunião de Lula com ministros e auxiliares.

Em conversa por telefone com o presidente boliviano, Evo Morales, no final da tarde, Lula obteve a garantia da continuidade do fornecimento, ao Brasil, do gás natural usado em termelétricas, indústrias, residências abastecidas por gás canalizado e carros movidos a Gás Natural Veicular (GNV).

O Palácio do Planalto informou ainda que Lula vai se encontrar na quinta, em Foz do Iguaçu, com Evo Morales e com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e da Venezuela, <span style='color:red'>Hugo Chávez</span> (<span style='color:red'>pq colocar esse cara no meio? ele virou algum tipo de Presidente da América Latrina agora???), </span> :angry: :angry: :angry: para discutir o assunto.

Segundo um auxiliar do presidente, nesse encontro Lula pretende tratar com Morales de um ressarcimento pelas ações e ativos da Petrobras encampados pelo governo boliviano. Quer também dar início a negociações sobre o preço, daqui por diante, do gás fornecido ao Brasil. "Eles vão discutir valores. Não houve apropriação indébita", disse a fonte.

A nota distribuída pelo Planalto diz ainda que o <span style='color:blue'>governo agirá com firmeza e tranqüilidade</span> :lol: :lol: :lol: "em todos os foros" para preservar os interesses da Petrobras.

De acordo com esse auxiliar, no telefonema, dado por iniciativa de Lula, Morales mostrou-se "amistoso" e "cordial". "Ele demonstrou querer que as coisas com o Brasil fiquem bem", relatou a fonte. Antes de conversar com Morales, Lula falou com o Kirchner e, com Hugo Chávez, nessa ordem. Dessas conversas nasceu a decisão do encontro em Foz do Iguaçú.
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Postby mends » 03 May 2006, 10:53

ELIO GASPARI

A diplomacia do trivial delirante
É do chanceler Celso Amorim o qualificativo "nosso guia" para designar a clarividência diplomática de Lula. Bajulá-lo, elevando-o à condição de líder mundial, faz parte do ritual de oferendas-companheiras. O senador Aloizio Mercadante, por exemplo, escreveu que "não há líder no planeta que não queira se reunir com ele para trocar idéias e percepções sobre a construção do futuro". "Em nossa região, a maioria dos chefes de Estado busca seu conselho." Será que foi o caso de Evo Morales?
O pior é que Lula acredita nessas coisas. Rege uma política externa esportiva no método, exibicionista no ritual e desastrosa nos resultados. Nunca, desde que os obás Osenwede, do Benin, e Osinlokun, de Lagos, tornaram-se os primeiros chefes de Estado a reconhecer a nação brasileira, Pindorama andou tão encrencada nas relações com seus vizinhos. O Brasil se distanciou de quem deveria se aproximar (Argentina e Chile) e aproximou-se de quem devia se distanciar (Venezuela e Cuba). Perdeu tempo com países inúteis (Namíbia e Gabão) e oportunidades com aliados tradicionais (Uruguai e Paraguai).
Quando o secretário de Estado George Marshall chamou o embaixador George Kennan para planejar a recuperação da economia européia, pediu-lhe: "Evite as trivialidades". Lula faz o contrário: persegue uma autoglorificação trivial. Meteu-se a cabo eleitoral na eleição boliviana e associou-se a Evo Morales, que confisca o patrimônio de empresas brasileiras. Decidiu capturar a presidência da Organização Mundial do Comércio e seu chanceler desqualificou o candidato uruguaio. Atropelou na direção de uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU e até hoje está em pé. A diplomacia fominha estimulou a galhofa do presidente argentino Néstor Kirchner, para quem Lula tinha candidato até a papa. (Era d. Cláudio Hummes.) Saiu pelo mundo articulando um imposto contra a pobreza. Resultou que a patuléia brasileira corre o risco de pagar taxas de embarque mais caras nos seus vôos internacionais. O presidente americano George Bush já disse que não aceita esse tipo de tunga em cima de seu povo miserável. <span style='color:blue'>(é lógico que ele será chamado de fundamentalista-burro-desalmado)</span>Pode-se fixar com precisão a ocasião em que Lula jogou no mar a oportunidade de desempenhar um papel politicamente relevante nas negociações internacionais. Ela se deu em janeiro do ano passado, quando a Argentina saiu sozinha brigando pela reestruturação de sua dívida externa. Pressionado pela servidão cosmopolita da ekipekonômika, "nosso guia" foi incapaz de oferecer aos argentinos o conforto da cortesia. Pelo contrário, muita gente boa do governo brasileiro saiu a futricar pelos salões de Washington, defendendo a banca. Achavam que a reestruturação fracassaria. Deu certo.
Enquanto "nosso guia" acredita que redesenha o mapa geopolítico do mundo, o Mercosul (herança maldita do tucanato) vai a pique, comido pela borda por uma teia de acordos bilaterais da diplomacia comercial americana. Encantado com a política externa dos grandes empreiteiros, ratificou uma irresponsável dependência do gás boliviano. Não bastaram os confiscos de Saddam Hussein nos anos 80, os calotes da cleptocracia africana nos anos 90, muito menos as roubalheiras angolanas de hoje.
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Postby mends » 03 May 2006, 10:55

Evo Morales sem eufemismos
Por Rui Nogueira
Diante do pandemônio político e informativo criado pelo presidente boliviano, Evo Morales, vale a pena clarear alguns pontos. Botar os pingos nos is em conceitos e fatos que estão ganhando contornos nebulosos com o intuito de dourar a pílula. A saber:

1. Invadiu: Evo Morales não mandou ocupar coisa nenhuma. Tomar um espaço livre é que é ocupar. O governo boliviano mandou o Exército boliviano invadir. A Petrobras e as demais empresas investidoras em petróleo e gás foram in-va-di-das.

2. “Negociação”: O governo Morales não negociou coisa nenhuma com ninguém. Desde o início, o presidente da Bolívia e seus ministros fizeram de conta que estavam querendo renegociar contratos existentes. Nesse faz-de-conta foram ajudados pelo saçarico diletante do presidente Lula e seus ministros, dizendo o tempo todo que as conversas com Morales estavam indo bem, que os “povos irmãos” da Bolívia e do Brasil caminhavam para o entendimento. Morales fazia de conta que negociava enquanto preparava a invasão das refinarias e dos campos de gás e petróleo. Na semana passada, por exemplo, argentinos e bolivianos se reuniram para “renegociar” os preços do contrato que vence no fim deste ano. Alguém fez alguém de bobo!

3. Nacionalização: O decreto de Evo Morales não nacionalizou coisíssima nenhuma. Com Morales ou sem Morales, com Lula ou sem Lula, com Chávez ou sem Chávez, os recursos naturais estavam tão nacionalizados na Bolívia quanto estão no Brasil, Venezuela, Argentina, Chile, França, Alemanha ou EUA. A Constituição desses países diz que os recursos naturais são do Estado, são nacionais. Estão nacionalizados. Dizem as Constituições, também, que o Estado, por meio de concessões legais, autoriza a exploração desses bens. Quando o governo boliviano falava em “nacionalização”, era evidente que estava a desviar o foco da discussão. Nunca foi isso que esteve em discussão.

4. Estatizar e expropriar: Falar em nacionalização era conversa mole. O que o governo Morales fez foi estatizar os campos de petróleo e gás e expropriar os investimentos. O decreto do presidente boliviano não diz nem como nem quando é que o governo dele vai indenizar as empresas pela parte abocanhada. Afinal, como é que a Bolívia vai indenizar uma empresa que responde por cerca de 15% do PIB do país?!

5. Confisco: O governo Morales mentiu ao fazer de conta que estava a renegociar contratos e mentiu ao dizer que a “política de nacionalização” seria tratada em um decreto que, na prática, não faria mais do que regulamentar a nova Lei dos Hidrocarbonetos aprovada ainda no governo de Carlos Mesa, antecessor de Morales. Essa lei, que aumentou o imposto sobre o gás e petróleo de 18% para 50%, teve o apoio do Movimento ao Socialismo (MAS), de Morales. Agora, com o decreto da estatização e expropriação, Morales elevou o imposto de 50% para 82%. Em qualquer lugar do mundo, isso tem nome: con-fis-co.

6. Arranca-rabo: Em qualquer lugar do mundo que se relaciona de maneira minimamente civilizada, uma medida de estatização-expropriação como a que foi adotada pelo governo boliviano de Morales seria precedida de um contato soberano e diplomático para um aviso prévio aos países com quem o país se relaciona economicamente. No caso brasileiro, Morales não só escondeu a medida como fez questão de anunciá-la durante visita a um campo de gás explorado pela Petrobras, em San Alberto, no departamento de Tarija. As relações presidenciais sul-americanas viraram um arranca-rabo que nem diplomático é. A diplomacia presidencial de palanque, praticada por Luiz Inácio Lula da Silva e seus "ministros", corrompeu o que de melhor o Estado brasileiro tem, a tradição profissional no trato das relações externas.

7. Eles sabiam: Lula e Néstor Kirchner foram surpreendidos, mas Hugo Chávez e Fidel Castro sabiam bem o que o companheiro Morales estavam aprontando. Alguém duvida?

8. As “certezas” de Gabrielli: Sem vergonha do ridículo, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, garantiu a Lula que não há risco de desabastecimento do gás boliviano para o Brasil. Por que Gabrielli garante isso? Porque o decreto de estatização dos hidrocarbonetos e de expropriação dos investimentos estrangeiros na Bolívia não prevê a interrupção no fornecimento de gás. Foi a explicação dada no Planalto. Ora, por que o sr. Gabrielli tem tanta certeza disso se a Petrobras tem um contrato com a Bolívia até 2019, que foi simplesmente rasgado por Morales? Mais: a Bolívia pode não interromper o fornecimento, mas a questão é saber a que preço é que esse gás será exportado e chegará às empresas brasileiras. Também não estava previsto em nenhum documento que a Bolívia ocuparia com soldados as instalações da Petrobras, mas ocupou! Mais: o governo Lula mandou dizer, nesta terça, que o sobrepreço mais do que certo não será posto na conta do consumidor. Não?! Então quem vai pagar a conta?! É promessa ao estilo do velho populismo de todas as cores ideológicas, pois em algum lugar a conta do subsídio terá de ser espetada.

9. Líder da desintegração: O Lula líder da integração latino-americana virou piada. Se o presidente brasileiro é hoje líder de alguma coisa, então é líder inconteste da desintegração latina.

10. Piadas inevitáveis: Não resisto em reproduzir as duas piadas postas a circular em Brasília, nesta terça, sobre a relação Lula-Morales-Brasil-Bolívia: 1) é o que dá levar a sério o irmão mais novo que se mete com “drogas”; 2) é o que dá querer diversificar a pauta de exportações; enquanto só exportou coca, a Bolívia nunca faltou nem com o produto nem com os prazos. Em tempos politicamente corretos, faço questão de lembrar: são piadas.

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Postby mends » 05 May 2006, 10:53

PDVSA inicia ofensiva em La Paz
Estatal da Venezuela que não tinha negócios no país faz o caminho contrário das demais petrolíferas estrangeiras
Roberto Lameirinhas
Enquanto as outras companhias de petróleo estrangeiras estão em dúvida sobre se continuam ou não na Bolívia, a Petróleos de Venezuela (PDVSA), a estatal petrolífera sob o comando do presidente venezuelano, Hugo Chávez, está abrindo um escritório de representação em La Paz. Embora até a semana passada a PDVSA não tivesse nenhum negócio na Bolívia, o escritório começou a ser montado há cerca de um mês.
A sede boliviana ainda não tem o quadro de funcionários completo. Ocupa uma mansão no elegante bairro de Sopocachi, sul de La Paz, e apenas uma pequena placa, atrás dos portões de ferro, identifica o imóvel como escritório da PDVSA.
O segurança do local advertiu o repórter do Estado que não havia nenhum funcionário graduado no interior do casarão que estivesse autorizado para dar entrevistas. Uma funcionária boliviana, que se identificou apenas como Alejandra, repetiu a advertência. Mas não se furtou a defender a instalação da empresa em La Paz.
"A PDVSA é uma empresa forte, com presença em vários países, incluindo os Estados Unidos. Por que não poderia ter uma sede aqui?", disse. "Por enquanto, não temos nenhum negócio na Bolívia, mas passaremos a ter no dia 18, quando a PDVSA e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) vão assinar um acordo para a exploração de gás e petróleo e outros projetos aqui."
O anúncio da aliança foi feito por Chávez na quarta-feira à noite, em La Paz, durante encontro com o presidente boliviano, Evo Morales. Segundo Chávez, outro passo do acordo será a instalação, pela PDVSA, de uma usina de separação de gás e outros líquidos em Villamonte. "Este é o verdadeiro segredo do desenvolvimento: agregar valor à matéria-prima."
O repentino crescimento da presença da PDVSA na Bolívia alimenta as suspeitas de que o governo venezuelano esteve por trás da decisão de Evo de nacionalizar radicalmente toda a produção de gás e petróleo do país. De acordo com essas especulações Evo sentiu-se à vontade para desafiar a Petrobrás, a espanhola Repsol, a argentina YPF e outras companhias estrangeiras que estavam instaladas na Bolívia porque Chávez lhe teria garantido que técnicos da PDVSA substituiriam os das multinacionais, caso elas resolvessem abandonar o país.
A YPFB, a estatal boliviana encarregada de controlar todo o processo do negócio de petróleo e gás, é uma empresa sucateada e não tem funcionários capazes de operar a produção. Em várias ocasiões, a PDVSA foi citada por Evo como o exemplo que a YPFB deve seguir para recuperar-se. "Há nove anos, a PDVSA passava por uma situação parecida com a da YPFB", disse Evo na quarta-feira. "Com investimento em capacitação de pessoal, hoje é uma gigante que disputa mercado com as grandes companhias estrangeiras."
AJUDA
A Venezuela vai ajudar a Bolívia no processo de nacionalização. Segundo o ministro de Energia da Venezuela, Rafael Ramirez, técnicos venezuelanos serão enviados ao país para auditar as reservas de gás e os ativos das companhias que atuam no país. O ministro do Exterior, Ali Rodriguez, informou que o governo boliviano pediu ajuda para reativar a indústria de hidrocarbonetos, "e nós estamos prontos para atender".
Evo Morales é a Capitu de Lula
Por Reinaldo Azevedo
Evo Morales não chega a ter olhos de ressaca como Capitu, mas quis o destino que se juntasse a Hugo Chávez, o melhor amigo de Lula, para trair o presidente brasileiro. O Apedeuta, nessa história, é o último a saber. Eu ignorava até agora um caso explícito de corno político. Aconteceu. Morales, com todo o veneno, o charme e os ardis culturais que precederam o “imperialismo” inca, mais seu amigo bolivariano do norte, botaram uma bela peruca de touro – quer dizer, de boi – no Luiz Inácio Lula da Silva.
Este, traído, mas convicto, ainda indagou se era o caso de acusar a existência de armas de destruição em massa no país vizinho e invadir a Bolívia. É uma pergunta retórica idiota mesmo partindo de Lula. A invasão é desnecessária. Se quiser, pode até devolver o Acre – é brincadeirinha... Quando o governo é uma piada, é preciso fazer nota de rodapé na ironia.
Lula, em suma, pegou seus amiguinhos corneando-o, mas acha que a culpa é da vizinha que relata o acontecido. E ainda aproveita para fazer antiamericanismo barato. Não tem cura.
Imaginem vocês: a Petrobras boliviana é o Palácio de Inverno da canalha esquerdo-populista. Lula está como aquela personagem de O Vira, dos Mamonas Assassinas. Entrou na festa, mas não papou ninguém. E ainda foi desmoralizado. Não fosse toda a coleção de vexames de Celso Amorim e caterva no Itamaraty, isso bastaria como emblema da política externa brasileira.
As coisas vão mal no continente. Volta e meia faço um elogio a FHC, dentre outros tantos que lhe são devidos: com ele no poder, a democracia sempre avançou, contrariando a tendência dos vizinhos. Avançou tanto que até Lula teve de se domesticar se quisesse governar. É óbvio que, hoje, falta um líder com aquele perfil. A piada de mau gosto é que o petista seria o grande comandante do continente. Conversa mole. Estamos lascados, perdidos entre malucos, autoritários e corruptos.
Morales é um pouco cria do Apedeuta, do espírito que ele ajudou a estimular na região. E com uma diferença: o falso indígena se leva mais a sério do que o falso operário – a seriedade possível quando se é Morales na vida.
Um articulista brasileiro disse que a expropriação da Petrobras foi o primeiro ato de esquerda de um presidente desde a década de 70. Se não foi isso, foi mais mal arranjado do que isso. É verdade: concordo com ele. Um esquerdista, ao menos dessa laia que aí está, fica bem no papel de ladrão. Diga-se em favor daquele indígena de manual, feito para animar ONGs, que, ao menos, ele assalta o povo alheio, não o próprio. Por enquanto. Mas ele chega lá. Todos chegaram antes dele.

A pergunta de Lula expõe o ridículo desse governo quando é testado por uma questão séria. Vamos sempre dar Graças a Deus não ter cabido ao Apedeuta administrar, até hoje, uma miserável crise. É claro que ele não tem de invadir a Bolívia – Deus me livre! Só quero o gás (que é pago), mas dispenso o artesanato e, digamos assim, a metafísica. E quero Hugo Estenssoro, com o afeto e a admiração de sempre.
Lula tinha a obrigação de ter chamado de volta o embaixador e denunciado aos organismos multilaterais o logro. Não precisa invadir a Bolívia, mas poderia ter posto homens na fronteira. Não para ameaçar, mas para demonstrar que a Petrobras é patrimônio simbólico do povo brasileiro e, infelizmente, do Estado brasileiro.
Reter uma aeronave de um país estrangeiro sem amparo em alguma legislação internacionalmente reconhecida é considerado um ato de guerra. E expropriar empresas? Lula fez o quê? Não só ficou inerte, como foi trocar amabilidades com quem havia acabado de tungar o país. Na reação oficial, veio o ridículo reconhecimento da “soberania” boliviana. Soberania?
Como lembrou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), soberania não se reconhece. A soberania existe ou não existe segundo, de novo, alguns princípios consagrados. E, certamente, dentre eles, não consta fazer o que Morales fez. A propósito: por soberanos, os árabes poderiam, sei lá, parar de vender petróleo ao Ocidente? Este faria o quê? Reagiria como Lula reagiu? A que outros países o Planalto reconhece o “direito” de expropriar bens de brasileiros?
Lula foi, sim, corneado pela trinca do balacobaco da América Latina: Fidel, Chávez e Morales. Ocorre que ele tem enorme admiração pelos traidores. Se foi pego de surpresa, e foi, o ato do presidente boliviano não é alheio a seu sistema de valores. No fundo, ele concorda. Foi sua pessoa institucional que saiu humilhada. O homem Luiz Inácio acredita que um presidente, uma vez eleito, pode e deve fazer o que lhe der na telha. A prova é a lambança toda do PT.
E a oposição, hein
Gosto muito daquela imagem do futebol: recebe a bola quem se desloca. As oposições ficaram mudas, perplexas mesmo, sem ter o que dizer diante da agressão de que o país foi vítima. A reação do governo foi coisa típica de covardes, e os que se opõem a Lula se esqueceram de lembrar que Morales chegou ao poder como um aliado seu. Mais do que isso: agiu sob a inspiração de Chávez e Fidel. Lula já disse que o venezuelano pratica democracia até demais. Cuba é o resort de José Dirceu, ainda o homem forte do governo e do PT.
Assim não vai dar. Não estou sugerindo que se fizesse exploração eleitoreira do episódio, mas que se percebesse que a tungada na Petrobras entra no passivo de Lula. Eu acho que a população teria, digamos, mais sensores para perceber isso do que uma conversa sobre reforma tributária ou independência do Banco Central.
É preciso que o candidato a presidente Geraldo Alckmin, antes de tudo, diga por que, com ele, seria diferente. Morales tomar ou não a Petrobras, obviamente, é decisão unilateral. É preciso saber se o faria fosse quem fosse o presidente brasileiro. De algum modo, o amiguinho de Chávez achou que Lula agasalharia o petardo. Afinal, fez o que seu aliado prometia fazer no Brasil ao longo de duas décadas. Como nunca houve um FHC na Bolívia...
Lula está acabado na América Latina. Não serve mais nem como garoto de recado do presidente da Venezuela, que escolheu Morales para o papel. O Apedeuta não tem mais graça nenhuma. Os esquerdistas o consideram reaça demais, e os reaças sabem que ele não é índio... E, no entanto, segue favorito. Para lembrar Musil, com alguma licença: em tempos maus se fazem os piores governos, as piores oposições e os piores ponchos de lã de lhama boliviana.
[reinaldo@primeiraleitura.com.br]
"I used to be on an endless run.
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Postby mends » 05 May 2006, 19:01

duas coisas sobre o Lula-Molusco:

1) "A Petrobrás tem total autonomia", mas manda continuar investindo na Bolívia
2) "O consumidor brasileiro não vai sofrer com aumento de gás". Quem vai pagar, então?
3) Não duvido nada que o PT recebeu por fora pra entregar a Petrobras.
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