by mends » 23 Jun 2006, 11:27
O que mostra que as pessoas definem o “resto” da suas vidas com base em um intervalo de dois a três anos a mais e a menos do ponto de decisaão. Há dez anos, vc tinha o grande boom da abertura e do desenvolvimento das telecoms – é só ver o quanto de projeto de consultoria se vendia na área, depois vc teve o apagão e os investimentos em energia, e agora vc tem o crescimento da química por conta dos combustíveis alternativos. Civil nunca vai ter um impulso desses, pq não haverá um “movimento de indústria” que requeira engenheiros civis. O que pode ser bom: quanto menos se formarem, mais valorizado fica o profissional.
E isso me lembra uma discussão que tive ante-ontem com o Jimmy: no sábado, a escola dele – que foi a minha escola por muito tempo – vai ter uma “Jornada de Profissões”, com apresentação das diferentes profissões para que os alunos conheçam o dia-a-dia etc etc.
Não deixei ele ir.
Primeiro, é um absurdo que se coloque essa preocupação na cabeça de um moleque de 14 anos. Segundo, cada vez menos acredito em “profissões”. Profissões são caixas criadas apenas para que se viabilizasse a produção em massa, através da divisão do trabalho. Algumas outras “artes” que eram antes protegidas por guildas tb se tornaram “profissões”, mas com uma padronização de conhecimento que, no limite, é prejudicial. Engenharia e medicina são exemplos. Direito não, pq Leis sempre foram artes liberais, abertas a quem se dispusesse a estudá-las.
Disse pra ele que não importa a profissão que ele escolha, contanto que não escolha “caixas” com risco grande de desaparecer, sendo que esse risco é proporcional à especialização da profissão: programadores, tecnólogos em geral etc. O que importa é acumular conhecimento, pq é isso que vc vai vender lá na frente, não importa seu rótulo, se engenheiro, se administrador.
E, no Brasil, além de não se perceber isso, vai-se pelo caminho errado. Se Deus quiser, tendo condições, mando o Jimmy e o Fernando estudarem desde o undergrad nos latis-leites, quatro anos de cultura geral, dois de especialização, e uma formação sólida, não a que temos aqui, que é incompleta, pra dizer o mínimo. Digo de cadeirinha, pq cursei duas das melhores faculdades do país, e as duas têm defeitos – a Poli com vergonha de ser elitista e incapaz de formar pessoas cultas, e a GV com vergonha de ser uma business school e formar capitalistas.
Falando em Poli: tô no final de um dos mais importantes processos de trainee do mercado financeiro. E, estranhamente, não há NENHUM politécnico entre os dez finalistas. NENHUM. Pra vagas quantitativas, inclusive. E tinha um monte no começo.
Tá na hora de rever seus conceitos.