Clippings e notícias

Notícias do cotidiano e outros assuntos que não se encaixam nos demais.

Postby mends » 24 Mar 2004, 15:39

ELIO GASPARI

Karl Marx acabou na Polícia Federal
Não importa o lugar para onde o ministro Roberto Rodrigues quer que vá o seu colega Guido Mantega. Muito menos com que qualificativo. Se ofensa houve, foi salva de companheiro. Já o ministro Luiz Gushiken, titular da Secretaria de Comunicação de Governo, apareceu na porta do Alvorada para ofender a inteligência alheia.
Ele disse assim:
"A partir do momento que o dirigente eleito toma uma decisão, não cabe mais o exercício da liberdade individual de ministros ou assessores. (...) A liberdade de opinião dos ministros e assessores que o presidente escolheu se restringe às reuniões internas".
Ninguém pode acusar Gushiken de ser um formulador original. É daquelas pessoas que impressionam mais pelo que mostra do que pelo que diz. Seus suspensórios e punhos engomados dão-lhe a aparência de Robespierre em Versalhes. Sua formulação confunde disciplina de aparelho com a fina tessitura das lealdades, convencimentos e elegâncias que dão grandeza à vida pública. Pretensamente disciplinadora, sua idéia é intelectualmente carbonária. Não busca a disciplina, mas o absolutismo. Por pobre, nem a grife de leninista merece.
À primeira audição, a regra de Gushiken assemelha-se ao velho "centralismo democrático" dos partidos comunistas. Coisa assim: o amigo acha que jacaré tem rabo, ou que a Rússia deve combater Adolf Hitler, mas o partido se reúne e diz que jacaré tem asas e a Rússia fez muito bem em assinar um pacto de paz com a Alemanha nazista. Daí em diante, o amigo acha o que o partido mandou.
A concepção gushikeniana da ordem administrativa transfere a clarividência do partido para "o dirigente eleito". Numa carceragem, é o Xerife. Num governo, é o Fuhrer, o Duce, El Comandante, o Guia Genial dos Povos, ou, na magnífica pincelada da professora Maria Silvia de Carvalho Franco, "nosso pequeno Napoleão", no centro de um "cenário de lisonja, grosseira arrogância, corrupção burocrática, sectarismo, delírios de idéias fixas e metáforas simplórias".
O PT chegou ao Planalto com a idéia de criar uma burguesia partidária. Coisa simples: se Lula pode ser a cereja do bolo da Febraban, um lote de empresários de proveta pode se transformar no bolo da cereja do governo. Os Waldomiro Diniz e Rogério Buratti desta vida mostraram que se criou apenas um inquérito policial. Greta Garbo acabou no Irajá, e Karl Marx, na Polícia Federal.
Talvez Gushiken não seja o único a acreditar que os ministros e assessores devem entregar ao "dirigente eleito" fatias de suas liberdades individuais. Um governo no qual "ministros ou assessores" terceirizam suas liberdades é um governo de estagiários. Uma coisa é respeitar a opinião do presidente, como Roberto Campos respeitou a cassação de JK, da qual discordou expressamente. Outra, muito diferente, é permitir que "o dirigente" demarque a liberdade alheia. Antes de aceitar que sua liberdade de opinião fique restrita às reuniões internas, os brasileiros adultos que Lula convidou para trabalhar no seu governo podem ser persuadidos. Esse é o melhor caminho para poderem persuadir os outros. Pessoas decentes não precisam de bedéis. Inversamente: governo com bedéis não precisa de pessoas decentes.
Pela regra de Gushiken, quem é melhor colaborador: a deputada Luciana Genro, expulsa do Partido dos Trabalhadores, ou o subchefe da Casa Civil, Waldomiro Diniz, trabalhador de outra partilha, demitido "a pedido"?
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Danilo » 24 Mar 2004, 15:41

Acho que deveria ter um clipping for dummies, pra quem num sabi direitu o qui tá acunteçendu
:alien:
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby telles » 24 Mar 2004, 16:22

Danilo wrote: Acho que deveria ter um clipping for dummies, pra quem num sabi direitu o qui tá acunteçendu
:alien:

Mais for Dummies que ler aqui só se a gente contar em forma de história em quadrinhos.... :cool:
Telles

Conheça aqui a Vergonha Nacional
User avatar
telles
Saidero GoldMember
Saidero GoldMember
 
Posts: 1142
Joined: 10 Sep 2003, 19:47
Location: With Six Are Underground

Postby mends » 25 Mar 2004, 09:57

ROBERT RUBIN

(...) A crise tem suas utilidades. Só em tempos de crise o FMI pode soltar os seus 4 cavaleiros do apocalipse: eliminar os gastos sociais, cortar a folha de pagamento do governo, quebrar os sindicatos e privatizar empresas públicas. Mas FHC não estava contente no papel de marionete de Rubin; originalmente um sociólogo e especialista em Teoria da Dependência, Cardoso deve ter lamentado pessoalmente a perda de soberania financeira do país
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 25 Mar 2004, 10:10

FBI NO BRASIL:

CC - E se a ABIN entrasse nos EUA?

CAC - Olha, se a ABIN mandar seus trabalhadores para os EUA, isso é muito natural, é função de um serviço de inteligência. Cabe ao país anfitrião permitir, controlar essa presença ou não. Mas a ABIN é um serviço de inteligência sem missão. Não atua no estrangeiro, limita-se a monitorar o MST e outros cidadãos brasileiros, o que é uma violação dos direitos civis em qualquer país democrático. Se a ABIN quisesse investigar no Brasil, deveria investigar estrangeiros que aqui atuam.
Agora, sem monitoramento, nunca a ABIN ou a PF entraram nos EUA.

CC - O Estado Brasileiro não controla agentes estrangeiros?

CAC - Não controla. Porque quem paga dá as ordens. Os EUA pagam, logo dão as ordens nos setores que lhe são vitais. Os seus governos não querem uma polícia autônoma, bem paga e bem treinada, porque temem que o feitiço vire contra o feiticeiro(...)


PS meu: estou transcrevendo trechos da entrevista, os que acho importantes. Nessa altura, o repórter pergunta sobre o grampo que o FBI fez no Alvorada e na Casa Civil (FHC e Lula), e o cara desconversa, diz que não pode confirmar.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 25 Mar 2004, 16:21

:ranting: agora eu fiquei fudido...

o governo divulgou na semana passada a criação da conta investimento, onde vc poderia se movimentar entre fundos sem pagar cpmf. pois bem. quando a esmola é muita o santo desconfia. <_< . ou pelo menos deveria.
hoje, acabo de saber que só vai ficar livre de investimento quem tem aplicado pelo menos 5 MILHÕES DE REAIS!!!!!!!
porra, além de asfixiar o pequeno investidor, a crasse mérdia qui nem nóis que tá começando a juntar uma graninha, deixa de pagar quem lava dinheiro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! :ranting:
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 29 Mar 2004, 09:09

ALVARO PEREIRA JUNIOR

Redação do terror - 1
Veja só este retrato do inferno da correção política e da paranóia que reina na vida americana. Em uma faculdade de ciências humanas de São Francisco, Califórnia, um aluno entrega uma redação desconcertante. Fala de um assassino em série, com detalhes repugnantes. Jan Richman, a professora, não sabe o que fazer.

Redação do terror - 2
Jan nunca tinha lido nada tão repulsivamente detalhista. Ela pede conselho a seu superior imediato. Ele recomenda que Jan indique aos alunos o livro "The Lovely Bones", de Alice Sebold, também violento. Seria um exemplo de como a violência pode virar boa literatura.

Redação do terror - 3
Mas a história acaba vazando para instâncias superiores da faculdade. O aluno é expulso. Vou repetir: uma faculdade da Califórnia expulsou um estudante porque ele fez uma redação considerada forte e nojenta demais. Parece o fim do mundo, mas esse caso vai ficar ainda pior.

Redação do terror - 4
Vai ficar pior porque a família do aluno reagiu, alegando que ele se inspirou num conto indicado pela professora: "Girl with Curious Hair", de David Foster Wallace. O conto não estava na lista oficial de leitura, mas foi recomendado em sala de aula. Reação da escola? Demitir a professora! Revoltada, ela foi à imprensa, e a confusão continua.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 29 Mar 2004, 09:13

Não curto muito o autor abaixo, pq o acho "festinha" demais. O documentário que ele fez - "Tiros em Columbine", é muito bom e tal, até vc saber que muitas das cenas foram construídas pelo cara, que ele é um dos caras mais processados nos EUA por ex-funcionários, ele não tem o "walk like you talk" socrático, que é imprescindível a quem quer dar lições ao mundo. Em todo o caso, é legalzinho.


"Deus tem de ser brasileiro"
MICHAEL MOORE

Saudações, meus amigos brasileiros e orgulhosos membros da Coalizão dos Sem Vontade!
Qual é o problema com vocês? Por que é que vocês não demonstram boa vontade e não se juntam a nós nesta guerrinha contra o Iraque? Vocês não sabem que é preciso obedecer e fazer o que foi mandado quando a única superpotência sobre o mundo está ladrando? Nós latimos, vocês pulam - essa é a regra! O que é que houve? Mr. Bush não ofereceu uma caixinha boa o bastante pra animá-los a apresentar armas e bombardear o povo do Iraque? Vocês não sabiam que Saddam, o Malfeitor, tinha armas de destruição em massa? Tremendas armas! Isso mesmo! Assustadoras! Ele... ele... ele pode ficar invisível, e ele tem ocultos e malignos poderes do tipo, ahn, ele, ele, ele pode transformar você numa traça! E, e... ele pode voar, também! Ele pousou no topo do Empire State Building - eu vi- e parecia que ia acabar com a gente! No duro!
Para os milhões de nós que, aqui nos Estados Unidos, tratamos de fazer o melhor que podemos para impedir que se alastre pelo mundo a ameaça do regime Bush, seus esforços aí no Brasil para confrontar e resistir a Bush são altamente necessários. Mais que isso: são desesperadamente apreciados. Não nos servem para nada esses líderes cretinos (como Tony Blair) que seguem como carneirinhos as idéias cretinas do nosso próprio e cretino "presidente". Afortunadamente vocês - o belo povo brasileiro -, junto a um punhado de outro países, não se intimidaram com a provocação da guerra. O ano que passou assistiu à ocorrência, ao redor do mundo, de algumas das maiores demonstrações contra a guerra em toda a história. Tudo que eu posso dizer a vocês é obrigado, obrigado, obrigado.
Recentemente, em viagens ao exterior, as pessoas me agradecem e me saúdam como "o único americano são". É um cumprimento, mas não é verdade. Eu posso garantir a vocês que nem toda a América enlouqueceu. Por favor, jamais esqueçam esta simples e única verdade: a maioria dos americanos não votou em George W. Bush. Ele não está na Casa Branca pela vontade do povo americano. A maioria dos americanos, contrariamente à crença popular, é de fato bastante progressista e liberal - só que faltam líderes realmente comprometidos com o caráter liberal para servi-los. Quando isso for consertado (eu espero que logo), as coisas vão melhorar.
Eu venho aqui para lhes dizer que não estou sozinho, e que na verdade estou prensado no meio dessa nova maioria americana. Dezenas de milhões de cidadãos pensam como eu penso e vice-versa. Acontece que vocês não ouvem falar neles - muito menos pela imprensa. Mas eles estão aí - e sua ira apenas começa a emergir à superfície. O que eu faço é apenas continuar ajudando na tarefa de perfurar essa camada, de forma que a raiva emergente desses milhões possa jorrar poderosa, como um gêiser de ação democrática.
É compreensível que o Brasil e o resto do mundo pirem com o comportamento dos Estados Unidos da América. Vocês têm razão para tal. A turma no poder aqui é pra lá de Deus me livre. Tudo que vocês têm a fazer é perguntar a si mesmos: "Se esses gangsters são capazes de roubar uma eleição, do que mais eles não seriam capazes de fazer?". Eu só digo o seguinte: nada vai detê-los na destruição do que estiver no seu caminho, especialmente se eles estiverem no caminho de fazer mais uma graninha. E eles vão castigar vocês, sejam aliados ou não, se vocês não se ajoelharem e baixarem a cabeça à passagem deles, em marcha para a próxima troca da guarda do poder (preferivelmente, o poder de uma nação que possua uns bons e lucrativos lençóis de petróleo, obrigado). Tudo isso vai acabar por levá-los - e a nós - à ruína, é claro. Eu acho que a maioria dos americanos, por uma estreita margem, se dá conta, em algum ponto de suas entranhas, dessa situação dramática. Eles estão apenas miseravelmente perdidos, em parte por uma forçosa ignorância que começa na escola, onde eles aprendem algo próximo a nada sobre o restante do mundo, e que continua ao longo de todas as suas vidas adultas, servidas por uma mídia que eliminou qualquer traço de notícias estrangeiras que não tenham algo a ver com os Estados Unidos.
Que nada saibamos respeito de vocês deve ser a coisa mais assustadora do mundo a nosso respeito.
A maioria de nós não consegue localizar vocês no mapa - e, pior, também não conseguimos localizar nosso inimigo. De acordo com uma pesquisa recente, 85% dos americanos adultos com idades entre 18 e 25 anos não conseguem achar o Iraque em um mapa. Eu acho que o primeiro parágrafo do código de leis internacionais deveria ser o seguinte: se um povo não consegue encontrar o seu inimigo sobre o globo terrestre, ele não tem permissão para bombardeá-lo.
É possível que um povo tão ignorante esteja no controle do mundo? Antes de mais nada, como foi possível que chegássemos lá? Oitenta e dois por cento de nós não temos nem sequer um passaporte! Só um punhado de nós pode falar em outra língua que não o inglês (e nós mal falamos essa...). George W. só agora anda vendo o resto do mundo, e porque ele tem de ver, poirque, uai, é u qui us presidente faiz.
Eu acho que nós só estamos no comando do mundo porque temos armas maiores. É engraçado como isso sempre parece funcionar. Nós "ganhamos" a Guerra Fria por desistência - a União Soviética, graças ao sr. Gorbatchev, decidiu simplesmente saltar fora depois que eles se viram estrangulados em um sistema que não funcionava, só isso. O regime que controlava a Alemanha Oriental caiu porque as pessoas saíram às ruas e começaram a bater num Muro com marretas. Cara, saca essa - troca de regime sem que um único tiro seja disparado!
Alguma coisa aconteceu na África do Sul também - ninguém precisou bombardeá-la para que seu povo fosse libertado! Aliás, contam-se por aí umas duas dúzias de países liberados, nessa década e pouco que passou, graças a uma combinação de pressão mundial e, acima de tudo, da própria deliberação dos povos, que se ergueram de forma não-violenta para tomar as rédeas do poder.
Mas como nós não temos notícias de nada que ocorra para além do Brooklyn ou de Malibu, eu acho que nós não ficamos sabendo como se fazem legítimas mudanças de regime. Daí que, no caso do Iraque, não foi preciso muito para puxar a manta sobre os olhos dos americanos (conectar o 11 de setembro de 2001 a Saddam Hussein é o meu preferido entre os artifícios usados) e fazê-los cair nessa.
Ok, é compreensível. Nós não aprendemos mesmo e, como eu estou certo de que vocês sabem, somos uns crentes irrecuperáveis. Somos muito sociáveis e generosos e simples na nossa maneira de ser. Se vocês nos disserem que precisam da nossa ajuda, nós saímos correndo em seu socorro. Se vocês nos disserem que jumento voa, nós vamos acreditar (desde que tenha aparecido na TV). É assim que nós somos e, eu tenho certeza, vocês acham charmoso esse nosso jeito. Me digam se não, admitam, vá, é disso que vocês gostam em nós! Sem mencionar nosso espírito pra cima, empreendedor! Antes do meio-dia nós apresentaremos ao mundo a próxima grande invenção! Determinação! Ambição! Firmes na postura do "sim, eu posso"! Tá certo, nós não tivemos um único dia de folga nos últimos seis anos - mas e daí? Quem é que precisa dormir? Nós temos um mundo pra governar!
Essas são, suponho, as razões pelas quais nós temos nos comportado desse jeito. Agora pergunto eu: que desculpa que vocês têm? Vocês têm uma rica, única, maravilhosa cultura. O Brasil é um lugar tão fantástico que fez com que a família real portuguesa abandonasse o próprio país e fosse praí montar a lojinha! Tudo que eu tenho visto do Brasil - o povo, as praias, a música, as praias, a dança e... eu já falei das praias? - me fez ficar convencido: Deus tem de ser brasileiro. Mas apesar de todas essas vantagens, o Brasil tem uma porção de senões, e é mais que tempo que os afortunados façam alguma coisa a respeito. O Brasil tem de se erguer acima dos seus problemas, do racismo arraigado, do qual muitos não querem nem falar, aos déficits nacionais, sob os quais muitos gostariam de ver seu país esmagado. Fazer frente à América na questão da guerra (e ainda gozar com a cara das políticas de imigração do Bush) foi uma atitude fantástica. Eleger um líder popular que saiu das classes trabalhadoras foi um tremendo passo à frente. Resistir à Alca também é bom. Sigam no caminho, lutem o bom combate. Você têm a economia mais poderosa entre as das Américas do Sul e Central - vocês estão na posição de dar o exemplo, de mostrar a outros o caminho certo. Tenham sempre isso em mente. E, pelo amor de Deus, parem de gastar dinheiro com o Exército. O Paraguai já está ferrado o bastante sem a "ajuda militar" que vocês possam dar.
Agora as boas notícias: enquanto eu escrevo este prólogo, uma nova pesquisa de opinião registra que, pela primeira vez, a maioria dos americanos não acredita que Bush venha a ter um segundo mandato. Essa é uma tremenda notícia, considerando-se o apoio que ele teve a princípio para sua guerrinha, a mesma que acabou por se tornar uma guerra sem fim. Viu só? Há vantagens no fato de que os americanos tenham uma capacidade tão limitada de concentração e na nossa necessidade de sermos gratificados de forma instantânea. O Iraque não foi como Granada, e já encheu o saco! Nós queremos programas de TV com final feliz! Ei, por que esses caras continuam atirando na gente? Eu quero ir embora! Uáááááááááááááááááááááááá'!!!
Só mais uma coisa... Do ano passado para cá, desde que meu livro "Stupid White Men - Uma Nação de Idiotas" e meu documentário "Tiros em Columbine" foram lançados, eu tenho ficado impressionado com a resposta ao meu trabalho em todo o mundo. Dois anos atrás, foi uma honra mandar o Columbine ao Festival de Cinema do Rio, e eu estou igualmente honrado que este, meu mais recente livro, tenha sido agora traduzido para o português. Nestes vinte e quatro meses que então se passaram, tenho tido um retorno cada vez maior de mais e mais brasileiros. Espero que todos vocês continuem trocando idéias comigo - sobre o meu país, sobre o seu país - e que, unidos às pessoas que estão conosco em todo o mundo, nós possamos nos proteger uns aos outros das más decisões dessas figuras que freqüentemente se proclamam nossos líderes. Mais de cinco milhões de cópias de "Stupid White Men" foram impressas em todo o mundo (parece que só Harry Potter vendeu mais), e a bilheteria de "Tiros em Columbine" estabeleceu o recorde de todos os tempos para um filme documentário. Estou muitíssimo agradecido, porque significa que posso seguir publicando as palavras que eu quero publicar e fazendo os filmes que eu quero fazer, sem interferências. É uma dádiva, que não tomo como um acaso. Eu a tomo como um sinal de que o público deslocou-se da direita e que o tempo está maduro para um movimento em direção àquelas coisas boas que nós gostaríamos que acontecessem. É encorajador saber que, no ano passado, numa época em que Bush era supostamente tão popular (como a mídia insistiu erradamente em registrar), o livro que os americanos mais compraram e leram, mais que qualquer outro, levava por título "Stupid White Men - Uma Nação de Idiotas", e era estrelado por ninguém menos que George W. Bush. Vocês viram? Nem tudo está perdido!
Tenham fé! Confiem! Tenham esperança! Mantenham o Carnaval pelado!
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby telles » 29 Mar 2004, 09:16

Mais uma vez murphy age torto por linhas certas..... O que não tinha como piorar, piorou.... E depois eles dizem que são a terra da liberdade hein.... :yuck:
Telles

Conheça aqui a Vergonha Nacional
User avatar
telles
Saidero GoldMember
Saidero GoldMember
 
Posts: 1142
Joined: 10 Sep 2003, 19:47
Location: With Six Are Underground

Postby mends » 29 Mar 2004, 09:47

nem ia falar nada sobre isso, mas acho que idotice deve ter publicidade: está no Congresso um projeto de Lei do PT (saiu no Estadão de ontem) que limitaria os gastos de uma pessoa a 7600,00 por mês. Tudo o que a pessoa ganhasse a mais que isso seria destinado a um FUNDO FRATERNAL, porque "os ricos devem ajudar seus irmãos" e não valeria só pra brasileiro, mas pra estrangeiro que aqui trabalhasse também. Lógico que não passa, mas só o fato dum MALUCO propor um ROUBO puro e simples pe preocupante. Propor é legítimo, mas também legitima, no limite, roubar de quem é "rico" na rua, com um revolver na cara. Esses comunistas véios deveriam ser enforcados...será que tudo isso é saudade de 64? :lol:
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 30 Mar 2004, 08:52

ROBERT RUBIN

(...) FHC sobreviveu à eleição, mas a oposição varreu seu partido nos principais estados. Os novos governadores não lamentaram. Mostraram os dentes. Em janeiro de 1999, o ex-presidente Itamar Franco, recém-eleito governador de Minas Gerais, recusou-se a apgar as dívidas com o Tesouro Nacional. Então, outros seis governadores disseram a FHC o que qualquer pessoa sensata diria a uma giota que aumenta a taxa de juro de 10% para 60%: vá para o inferno. A imprensa mostra Franco como um bufão, enciumado de Cardoso. Seu objetivo é desviar a atenção da verdadeira ameaça a FHC e ao FMI: Olívio Dutra, que transformou o RS em vitrine de desenvolvimento do País.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 30 Mar 2004, 09:01

FBI

CC- Vcs estão aqui pra quê?
CAC - é pra ser claro? pra "influenciar" o anfitrião.
CC - vc fazem qualquer coisa, qdo querem?
CAC - Vc entra em contato com qualquer cidadão, compra qualquer cidadão, passa informações impunemente...
CC - pode-se comprar um cidadão tranquilamente?
CAC - lembra o caso de um fugitivo americano, Shalom Weiss, refugiado na comunidade hassídica de SP? Ele havia recebido a maior pena da Justiça americana, 845 anos de prisão por um rombo financeiro na Heritage Insurance Company; pagamos 95 mil dólares, em cheque, a um informante brasileiro.
CC - Como foi essa operação?
CAC - Eu, do FBI, montei uma equipe com delegados da sua PF, de Brasília, todos da minha confiança. Eles trabalharam para o FBI, por uns três ou quatro meses, tudo pago pelo FBI.
CC - Tudo o quê?
CAC - Transporte, alojamento, carros, diárias, tudo. Os policiais do Brasil fizeram um excelente trabalho, inclusive grampearam a namorada brasileira do fugitivo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 30 Mar 2004, 09:07

CLÁUDIO HUMBERTO

Cachoeira na trilha de Lula
Incidente em Goiás irritou tanto Lula que ele adiou sua visita à Chapada dos Veadeiros, em janeiro. Registrado na polícia, o caso foi abafado. Envolve Emerson Menin, amigo, assessor e sócio do ministro Luís Gushiken (Secom) na fazenda Mundo Novo, em Cavalcante (GO). Um PM viu a arma que Menin apontou na cabeça de um turista que visitava o local, dia 31 de dezembro. Menin cobra R$ 5 de quem visita a cachoeira da fazenda.



Lei do cão
Dois rapazes de 19 anos pedalaram de Brasília a Cavalcante e pegaram uma trilha secundária, na fazenda da qual o ministro Luís Gushiken se fez sócio. Acharam que não era justo pagar R$ 5. Quase morreram por isso.



Rifle na cabeça
O guia Jeziel Malta diz que Emerson Menin, assessor de Gushiken, estava “alterado”. Derrubou um dos garotos, aplicando-lhe uma coronhada no peito, e apontou o rifle para sua cabeça, diante de crianças e adultos apavorados. O Centro de Atendimento ao Turista local confirma o incidente.





Mundo novo e violento
Pertence à “Associação Fraternal Mundo Novo” a fazenda onde Emerson Menin, amigo, sócio e assessor do ministro Luís Gushiken, ameaçou com arma de fogo um rapaz que questionou o valor do “pedágio” para ter acesso a uma cachoeira, no local. O caso, abafado, foi revelado aqui no sábado.



Longe do patrão
Emerson Menin é servidor da Petrobrás, mas dá expediente na Secretaria de Comunicação da Presidência da República porque foi afastado da estatal por seu presidente, José Eduardo Dutra, por alegada “incompatibilidade”.



Seita no poder
A fazenda “Mundo Novo”, na Chapada dos Veadeiros (GO), foi comprada em 1990, quatro anos depois de fundada a seita do ministro Luís Gushiken. Os membros se tratam de “irmãos” e têm postos chaves no governo Lula.



PS: Lembrar sempre que Cláudio Humberto era porta-voz do Collor.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 30 Mar 2004, 18:51

é muito longo, mas vale muito a pena...

Lição de 64: a técnica do golpe para derrubar Lula (40 anos depois)
30/03/2004 - 11h03


Paulo Henrique Amorim

Acredito que, na América Latina, todo presidente trabalhista é uma vítima em potencial de um golpe de Estado. Acredito que no Brasil sobrevivem instrumentos muito úteis a um golpe de Estado. Acredito também que esses instrumentos são testados no Brasil e na América Latina com frequência. Não são nenhuma novidade.

Apesar do júbilo que percebi entre os que, ao relembrar '64, observaram que "isso não se repetirá", pois, entre muitos motivos, "as instituições democráticas estão mais fortes", peço licença para discordar.

Há várias maneiras de dar um golpe de Estado hoje no Brasil. Não imagino como um golpe de Estado possa acabar - se com um tiro no peito no Palácio do Catete, ou com o incêndio do La Moneda. Mas, conheço várias maneiras de botar o golpe para andar.

Não pretendo, aqui, competir com Curzio Malaparte, que, no auge do fervor fascista, escreveu o manual "Técnica do Golpe de Estado". Pretendo, apenas, demonstrar que a técnica está ao alcance de todos.

Para tratar de um assunto que conheço melhor, vamos ver, primeiro, como se pode dar um golpe pela televisão.

Recomenda-se inicialmente aplicar no canto direito do vídeo, embaixo, a expressão "ao vivo". Em seguida, combinar imagens de baixo e de cima, feitas de helicóptero. E fazer com que os repórteres andem, quase corram, e narrem com dificuldade de respirar. Cria-se assim um ambiente de dramaticidade. De urgência. "Está para acontecer ", "a história que se faz à sua frente, ao vivo". O espectador precisa ter a sensação de que também ele é capaz de dar o golpe.

Para que utilizar essa técnica ? Para a cobrir a "baderna". Por exemplo, uma greve em serviço público. Um confronto entre grevistas e a policia. A paralisação dos transportes, como ocorreu na queda de Allende. O fechamento do porto de Paranaguá, recentemente, teria sido um cenário quase perfeito. Com imagens de helicóptero, aquelas filas de caminhões intermináveis. Não podia ser melhor para um golpe.

Como se sabe, a quase-obra-prima do golpe da mídia foi em abril de 2002, quando as quatro redes de televisão da Venezuela usaram a melhor tecnologia disponível. Nos quatro dias antes do golpe, as quatro estações colocaram "talk-shows" no ar, ao vivo, com respeitáveis "comentaristas", freqüentemente inflamados, que desancavam o presidente eleito. Nos intervalos, comerciais "pagos" por importantes grupos ligados à industria do petróleo conclamavam a população a ir a uma passeata contra o presidente eleito: "Nenhum passo atrás" ! Levante-se. Às ruas !" - era a chamada.

Até que houve a tragédia que impulsionou o golpe. Na passeata, no confronto de manifestantes contra e a favor do presidente eleito, apareceu um livre-atirador e 11 pessoas morreram. As quatro redes fizeram uma cobertura exaustiva, desse jeito, ao vivo, com narrações ofegantes, e responsabilizaram a polícia do presidente eleito.

(Um cadáver é um fermento poderoso para golpes. A história do Brasil registra a morte do Major Rubem Vaz, no crime da Rua Toneleros, e como contribuiu para o golpe contra Getúlio.)

Com "a baderna" nas ruas e a frenética cobertura da televisão, o presidente eleito saiu do Palácio, mas não renunciou. A oposição tomou o Palácio e deu-se o golpe. As emissoras de tevê censuraram qualquer noticia sobre o presidente eleito. O presidente da "Abert" venezuelana, a associação que reúne as redes de televisão, foi um dos signatários do decreto que fechou o Congresso Nacional.

O golpe da Venezuela, como se sabe, durou 48 horas. Mas demonstrou de forma inequívoca que a televisão pode fazer mais do criar as condições para um golpe. Ela, de fato, pode dar o golpe.

Uma questão de método: o que é uma "baderna" ?

Depende de quem controla os meios de comunicação. O que, no Hemisfério Norte, se pode chamar de "reivindicação salarial", no Hemisfério Sul, a depender do interesse da rede de televisão, do numero de pessoas na rua e da presença do helicóptero ou do moto-link, se pode chamar de "baderna".

Um instrumento importante para a televisão dar o golpe é a utilização das "pesquisas" de opinião pública.

(Para que não haja dúvidas, devo explicar, preliminarmente, que o UOL, onde trabalho, é controlado pela Folha de São Paulo, que também controla o Datafolha. O Datafolha é o único instituto de pesquisa que não vende pesquisas a candidatos. E é nessa relação institutos-tevê-candidatos que, na minha opinião, se encerra o pecado capital da indústria de pesquisas no país.)

Primeiro, ao se preparar um golpe para depor o presidente eleito, é muito importante dar destaque às pesquisas de opinião publica. Falo, é claro , de pesquisas em que o presidente eleito fique mal. Dar na escalada do jornal da tevê. Fazer computer-graphics fortes. Poucas telas, para não confundir. Poucos elementos por tela, para ressaltar o mais importante. Usar cores primárias. Confirmar os dados da pesquisa com "comentaristas", de preferência os donos dos próprios institutos de pesquisas, para evitar duvidas ou interpretações ambíguas.

O importante é fazer com que o resultado de cada pesquisa pareça o resultado de uma eleição. Para que a legitimidade do presidente eleito se submeta a vários "turnos": cada pesquisa é uma nova eleição.

A pesquisa na manchete da televisão é uma forma infalível de corroer a legitimidade de um presidente eleito. Cria a sensação de que a pesquisa contém um resultado inapelável, assim como deveria ser inapelável, por quatro anos, o resultado da eleição presidencial: "bom, se a popularidade dele está assim . não tem jeito . ele tem que cair fora ."

É muito importante o golpista usar uma tecnologia que, até onde sei, foi usada com perfeição por um grande estadista, o Presidente Richard Nixon dos Estados Unidos. O interessado - como era Nixon -- tem que conhecer o resultado da pesquisa com antecedência, para criar fatos políticos que a pesquisa venha a confirmar. Ou preparar a defesa, caso o resultado da pesquisa venha a ser desfavorável aos organizadores do golpe.

Nixon condicionava a data de solenidades públicas e de eventos da Presidência à data da divulgação da pesquisa. Ele tinha na Casa Branca equipes para tratar de cada instituto de pesquisa: para cada Ibope, um grupo de trabalho. O objetivo era criar um ambiente tão favorável que a Casa Branca soubesse - e muitas vezes pudesse mudar - as perguntas que a pesquisa ia fazer no campo.

Essa é uma técnica tão eficaz que pode ser usada igualmente pelos organizadores do golpe. Não é monopólio de quem está no poder.

Também não é novidade. Vi com meus olhos, na suíte presidencial do Hotel Plaza, de Nova York, quando o então presidente Fernando Collor recebeu, de manhã, o resultado de um Ibope que o Jornal Nacional divulgaria à noite.

Quanto mais perto da eleição, essa ligação de institutos de pesquisa com redes de tevê se torna ainda mais relevante.

Na ultima eleição para Presidente do Brasil, houve dois episódios que demonstram como essa associação pode ajudar um golpe de Estado.

"Desconstruida" a candidatura Roseana Sarney, era importante para o candidato José Serra "desconstruir" a candidatura Ciro Gomes, imediatamente após o início da campanha no horário gratuito da tevê. Serra precisava se aproximar, o mais rápido possível, do embate direto com Lula, quando, então, se comprovaria que Serra estava "mais preparado" para governar.

Ao fim da primeira semana da propaganda eleitoral gratuita, dois institutos de pesquisas - nenhum deles era o Datafolha - conseguiram mostrar números que "desconstruiram" a candidatura Ciro Gomes. Soube, na época, embora não pudesse confirmar - como não posso, até agora - que dois fortes empresários do setor financeiro (um deles também ligado à industria de telefonia) fizeram uma vaquinha para financiar as pesquisas que levassem a esse resultado: "desconstruir" Ciro Gomes.

Ainda no primeiro turno, tenho sérias desconfianças de que, a certa altura, Anthony Garotinho passou ao segundo lugar, na frente de Serra.

Segundo o site americano http://www.voterfraud.org, uma das formas de fraudar uma eleição é precisamente manipular pesquisas de intenção de voto meses bem antes da eleição.

Para quem quer dar um golpe no presidente eleito, as pesquisas meses antes da eleição são um poderoso instrumento. Devidamente "trabalhadas", elas matam os candidatos indesejáveis e começam a plantar a semente da instabilidade: o inimigo está fraco.

A rigor, os institutos de pesquisa de opinião pública só precisam acertar uma pesquisa: a de boca de urna, no dia de eleição. Todas as outras são precárias. Ainda mais que a industria da pesquisa de opinião pública no Brasil é tão transparente quanto era a indústria do bingo.

Um instrumento poderoso para derrubar um presidente da República eleito é fazer com que uma instituição financeira - de preferência americana - contrate uma pesquisa de opinião pública.

Aí, é a sopa no mel. Porque, se o Presidente candidato à re-eleição se sair mal na pesquisa, torna-se alvo de duas armas mortíferas: a perda de legitimidade e a subsequente condenação dos mercados financeiros internacionais.

Isso aconteceu na ultima eleição, com efeitos dramáticos. O então presidente Fernando Henrique Cardoso e seu candidato José Serra foram para a televisão dizer que a eleição de Luis Inácio Lula da Silva significava "a argentinização" do Brasil. Essa impressão se confirmava em pesquisas contratadas por um dos maiores bancos americanos, o Bank of America. Quanto mais Lula subia nas pesquisas, mais o Brasil se aproximava do abismo. O banco americano Goldman Sachs, onde pontifica um respeitado economista brasileiro, Paulo Leme, criou o "dólar Lula": cada vez que Lula subia nas pesquisas, o dólar subia junto.

Não é à toa que às vésperas do segundo turno, o dólar chegou a R$ 3,78 e o risco-país a 1.813 pontos. Hoje, o dólar está perto dos R$ 2,90 e o risco, acima dos 500 pontos.

Como uma das vantagens de encomendar uma pesquisa é receber o resultado antes da divulgação, é possivel - como talvez já tenha acontecido no Brasil. A instituição financeira deixa vazar a informação mais útil e ganha montanhas de dinheiro na bolsa e no mercado do dolar.

Outro fator importante nesse conjunto de instrumentos para derrubar um presidente eleito são os economistas dos bancos internacionais e as agências de risco: eles tem um poder incontrastável. Como uma brigada anônima, que se manifesta através dos noticiosos financeiros na Internet, eles decidem se os investidores do mundo inteiro devem ou não investir num país. A revista Carta Capital contou que, uma vez, em Nova York, o Primeiro Ministro da Itália, Massimo Dalema, resolveu conhecer o economista de um banco que decidia se os investidores deviam ou não comprar títulos do Governo italiano. Conheceu: o jovem não falava italiano nem conhecia a Itália.

Se as pesquisas na televisão já "demonstrarem" uma deterioração da legitimidade do presidente eleito, uma confirmação que venha do exterior, de preferência de Wall Street, pode ser muito útil a um golpe. Dá-se então o o ciclo da auto-alimentação: as pesquisas saem na tevê: "a legitimidade do presidente eleito está em baixa". Com isso, as agencias de risco se assustam e o risco-país dispara. Aí, as tevês dão em manchete: "o risco-país disparou." E a legitimidade do presidente eleito piora ainda mais.

É o golpe do risco-país, uma atualização do que Malaparte chamou, prosaicamente, de "golpe de Estado".

Porém, a forma infalível de dar um golpe de Estado é roubar a eleição. Não me refiro à eleição de George Bush, à apuração na Florida ou ao golpe da Suprema Corte, liderada pelo Marechal-Juiz Anthony Scalia.

Diz-se que o Brasil é um exemplo ao mundo: que a votação eletrônica brasileira é à prova de fraude. Em 1982, no Rio de Janeiro, vi uma eleição à prova de fraude ser manipulada, na digitação dos votos, por obra de uma associação do então SNI com o candidato do Governo, Moreira Franco, e o apoio da Rede Globo e do jornal O Globo. Tudo para impedir a eleição de Leonel Brizola ao Governo do Estado. Foi o chamado escândalo da Proconsult.

Depois do fiasco da eleição de 2000, até hoje a imprensa americana (e os democratas) tem sérias duvidas sobre a lisura da próxima eleição presidencial na Florida. Eu, de minha parte, acredito em tudo. A Proconsult pode ressuscitar. Quem assistiu a Matrix sabe que roubar uma eleição, na Florida ou em Madureira, é uma questão de software.

Recentemente, o ex-presidente do México, Miguel de la Madrid publicou um livro em que conta como roubou a eleição para dar a vitória a Carlos Salinas de Gortari. De la Madrid confirma o que sempre se imaginou: a apuração começou a revelar que o candidato da oposição Cuauhtémoc Cardenas venceria. O Governo anunciou que os computadores tinham quebrado e a apuração recomeçaria do zero. Salinas se elegeu. E hoje vive refugiado na Irlanda.

Há uma forma branda, quase indolor de dar o golpe. Criadas as condições necessárias, com a aplicação das técnicas acima mencionadas, é possivel dar um golpe com a instituição do regime parlamentarista. Foi o que se fez com o Presidente João Goulart. E pode perfeitamente ser feito ainda. É uma técnica também disponível e que deve estar na cabeça de muitas pessoas.

De pessoas que, por exemplo, tenham lido o discurso de posse do ex- Ministro José Serra na presidência do PSDB. Ele falou três vezes em "parlamentarismo" e nem uma só vez em "segurança" ou "segurança pública".

O golpe parlamentarista, porém, exige que o Presidente da Camara seja Ranieri Mazilli, que, docemente constrangido aceite assumir a Presidencia da República. E o Presidente do Senado seja Auro de Moura Andrade, que considere o poder "vago", caso o presidente Lula vá comer churrasco na Granja do Torto.

Vejam que não falei em derrubar o Presidente Lula com a ajuda do General Vernon Walters, nem dos militares subordinados ao General Mourão Filho.

Falo de instrumentos modernos para dar um golpe de Estado. São também instrumentos disponíveis, que estão na prateleira dos nossos tempos, e que a sociedade brasileira já usou e testou. Para que um golpe seja bem sucedido, basta combinar esses elementos na exata medida e na sequencia certa.

Porém, um golpe contra o presidente Luis Inácio Lula da Silva, só será bem sucedido, se, antes, for feito um trabalho catequético e a sociedade brasileira se convença de que o presidente não está "preparado".

Eleger-se com os votos da maioria dos brasileiros não tem importância, se as pessoas se convencerem de que ele não está "preparado". "Preparado" para quê ? Não importa. Depois de o Brasil ser governado por Fernando Henrique Cardoso, um homem notoriamente "preparado", ter um presidente "despreparado" é motivo suficiente para se pensar em derruba-lo.

Quem define o que é "preparado" ? Tanto quanto definir "baderna", definir o que é ser "preparado" cabe a quem tiver o poder de definir.

Isso pode parecer um disparate. Mas, não é. Veja-se a ultima leva de historiadores do Governo João Goulart. Eleito duas vezes vice-presidente da Republica, Goulart era, porém, um "despreparado".

Imaginem - ponderam esses importantes historiadores -- que João Goulart pretendeu fazer uma Reforma Agrária sem saber que Reforma Agrária fazer. Que reforma agrária Jango queria ? A do Homestead Act dos Estados Unidos, na Guerra Civil; ou a do General MacArthur, no Japão, depois da Segunda Guerra ?

Francamente, Jango não estava preparado para tratar disso.
Tinha mesmo que ser deposto.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 01 Apr 2004, 09:13

FBI

CC - Por que fichar brasileiros nos EUA?

CAC - Nestes tempos, os EUA cada vez mais se isolam da comunidade das nações. O mundo, desde outubro do ano passado, investe mais capitais nos EUA que costumava a investir. E é com investimentos estrangeiros que os EUA, o maior devedor do mundo, paga suas dívidas. Se a política externa dos EUA continuar nesse rumo, a credibilidade que existe no dólar se dissolverá. A dívida externa dos EUA só não preocupa o mundo porque é ancorada na fé que o mundo tem no governo dos EUA. E o governo dos EUa tem feito de tudo para acabar com essa fé. Particularmente em relação ao Brasil, nunca houve um ato terrorista, à exceção do sequestro do embaixador Elbrick, praticado por brasileiros. Mesmo isso ocorreu em outro contexto. Então, porque fichar brasileiros que não só tem sido aliados, mas são um povo pacífico, até demais?
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

PreviousNext

Return to Notícias

cron