Política e politicagem

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 22 Jun 2004, 13:37

ELIO GASPARI

Crédito oficial :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :chair:

O PFL conseguiu fulanizar as despesas dos funcionários da Presidência com cartões de crédito. O economista Clever Fialho, lotado no Departamento de Documentação do Planalto, foi colocado na condição de campeão dos plásticos no governo Lula. Em 2004, ele fez despesas que totalizam R$ 630.245,54, uma média mensal superior a R$ 100 mil.
O senador José Jorge pede que o comissário José Dirceu esclareça como um funcionário pode ser obrigado a gastar semelhante ervanário. É a seguinte a lista dos outros servidores do palácio com despesas superiores a R$ 100 mil neste ano:
Mauro Augusto Silva: R$ 226.959,27
Luiz Fernando de Aguiar: R$ 214.075,04
Anderson Aguiar: R$ 192.400,62
Josefa R. Araújo: R$ 150.294,93
José Carlos Fernandes: R$ 111.775,31.
O silêncio do comissariado deixa esses funcionários numa situação constrangedora.

Lula precisa desativar o FebeaPla

FebeaPla, com permissão de Sérgio Porto, é o Festival de Besteiras que Anima o Planalto.
Lula tornou-se seu principal colaborador e na semana passada pediu o seguinte aos povos do mundo:
"Nós temos que ajudar os países mais pobres, comprando as coisas deles. Se não, como é que eles vão produzir, gerar empregos? (...) Há países menores, e temos de facilitar as coisas para que consigam vender os produtos para nós, às vezes até pagando mais caro".
Tudo bem, fazendo-se de conta que ele não comprou um avião por US$ 56 milhões na pobre Europa quando poderia comprar um piorzinho no riquíssimo Brasil por metade do preço.
Admita-se que, em vez de comprar algodão aos Estados Unidos, um empresário brasileiro pense em comprá-lo ao Benin, um país africano tão pobre que ainda não erradicou o tráfico de crianças para a escravidão. Se dois negociantes importarem algodão pensando em ajudar as crianças do Benin, e um fizer sua encomenda nos Estados Unidos, é possível que um centavo de dólar dessa transação acabe na Unicef, financiando uma ONG que batalha no Benin. Uma coisa é certa, se a compra for feita aos vendedores do algodão africano, a grana irá, inteirinha, para o andar de cima do Benin, que deposita seu dinheiro em outros paraísos, desde o tempo de Chachá, o sujeito da nota aí de baixo.
Lula gerencia o lucro dos outros como se fosse dele. O governo ganharia bastante em eficiência se, em vez de se envolver nas contas dos empresários, o presidente cuidasse das compras de sua quitanda.
Uma coisa é Lula dizer que sua mãe nasceu analfabeta ou que Napoleão foi à China e Oswaldo Cruz inventou a vacina contra a febre amarela. São lapsos verbais associados a um conhecimento desordenado. Bem outra é fazer propostas sem nexo no papel de Sindicalista do Terceiro Mundo, fumando cigarrilhas holandesas Café Crème, andando num Ômega australiano com batedores montados em motocicletas americanas Harley Davidson, para encanto da poderosa e riquíssima escumalha nacional.

:chair:
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
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Postby mends » 23 Jun 2004, 12:47

MADAME SUPLICY :ranting:

Paulicéia desvairada
Comboio de um Omega blindado, dois VW Santana com seguranças mal encarados, escoltados por duas motos, sirenes ligadas, quase provocou um acidente ontem, em São Paulo, às 12h40, na esquina das avenidas Brasil e República do Chile. Não era o presidente Lula nem o governador Alckimin, que não usam batedores. Era o casal Marta Suplicy a caminho do almoço.
:chair:
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Postby mends » 24 Jun 2004, 09:37

MADAME SUPLICY 2 - GIBA UM

Com batedores
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, agora, só circula com dois batedores à frente de seu Omega Blindado (atrás, mais dois Santanas com seguranças), de sirene ligada, claro. Os batedores não são policiais: são da CET, que cuida do trânsito na cidade. Nem Marta agüenta o trânsito da cidade: tanto que, para suas visitas eleitorais a bairros da periferia, agora se descola a bordo de um helicóptero. :ranting:
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Postby mends » 28 Jun 2004, 11:24

ELIO GASPARI

O PSDB criou o voto Maria Madalena

Legenda: Na montagem, Talleyrand e Luís 18, tucanos do século 19
O tucanato do Rio de Janeiro tomou uma linha de agressão explícita ao eleitorado. Intitula-se "indicado para casos de arrependimento". Faz tempo que se sabe que os tucanos se julgam mais preparados e inteligentes que a choldra. Têm um jeitão superior, e poucos têm a simpatia de FFHH. Vai daí que freqüentemente são pesados. O governador Geraldo Alckmin, por exemplo, parece-se com um cardeal espanhol saindo de uma reunião do Tribunal do Santo Ofício. Quem já discordou de um tucano durante uma conversa verificou que, contestados, eles repetem a explicação. Tratam a discordância como produto da incompreensão. Alckmin, por exemplo, repete, palavra por palavra, falando cada vez mais devagar, como gramofone quebrado. FFHH, homem fino, faz uma frase nova.
O anúncio do PSDB do Rio de Janeiro em sua propaganda na televisão mostra que o tucanato decidiu exigir que o eleitorado faça um ato de contrição.
Os brasileiros que votaram em Lula devem se ajoelhar no milho e pedir perdão aos gênios que arruinaram a nação entre 1994 e 2003. Propostas? O PSDB ainda não apresentou uma. Seus candidatos assemelham-se aos Bourbons chegando a Paris em 1814, depois da deposição do general Bonaparte. O príncipe de Talleyrand estudou-lhes o comportamento e definiu-os: "Não esqueceram nada nem aprenderam nada".
Os Bourbons tinham mais sentimentos de vingança (afinal, degolaram-lhes o monarca Luís 16) do que arrogância. Os tucanos têm mais arrogância do que ressentimento.
Pensam que os eleitores enganaram-se quando elegeram Lula e não percebem que 54 milhões de nativos quiseram antes de tudo tirá-los do poder. O voto de 2002 destinou-se muito mais a botar os tucanos para fora do que os petistas para dentro. Se a ekipekonômica ficou, essa é outra história.
Um eleitor pode até estar arrependido de ter confiado nas promessas de Lula (10 milhões de empregos, por exemplo). Isso não significa que deve aos tucanos a submissão de uma nova modalidade de escolha, o voto Maria Madalena, pecadora arrependida.
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Postby mends » 28 Jun 2004, 11:26

+ ELIO GASPARI

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota, acredita em tudo o que os governantes dizem. Ele quer montar uma imobiliária e vai convidar o ex-presidente Fernando Collor de Mello para sócio. O idiota não tem onde cair morto, mas gosta de pesquisar preços de imóveis na Flórida. Outro dia se deu conta de que Collor vendeu sua casa de Miami por US$ 2,85 milhões de dólares.
Durante a campanha eleitoral de 2000, quando foi candidato a prefeito de São Paulo, Collor informou à Justiça Eleitoral que o chatô valia R$ 126.175, algo como US$ 60 mil.
Eremildo tem alguns barracos no Borel e gostaria que Collor os vendesse.
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Postby mends » 07 Jul 2004, 10:03

ELIO GASPARI

Lula comemora semestre e gol contra
Um sábio cujo nome não pode sair do segredo ensina: a máquina de poder de Brasília destina-se a enganar o presidente da República, a si própria e ao povo brasileiro, nesta ordem.
Só a vigência dessa lei explica o teatro montado no Planalto para comemorar os 18 meses do mandarinato de Lula. Ganha uma ida a Cuba quem souber de outro governante que tenha comemorado um ano e meio de governo. Comemorar semestre é um momento de grande criatividade do comissariado petista. Ganha uma volta de Cuba quem for capaz de prestar atenção a duas horas de discursos de José Dirceu e Lula. A habanera do chefe da Casa Civil durou 90 minutos, o tempo de uma partida de futebol.
Vigorou a lei da burla. A cerimônia destinava-se a enganar Lula, o governo e o povo brasileiro. Pura falta do que fazer e, de certa forma, do que dizer. Alternaram-se momentos de autoglorificação ("Esse governo não rouba", José Dirceu) e as habituais platitudes presidenciais ("A arte de governar é a arte de ter paciência"). O espetáculo, submetido a um cerimonial áulico que transforma as autoridades da República em figurantes de salão caribenho, é anticlimático como um gol contra.
Até aí nada demais, pois, se o presidente se sente bem no papel de animador palaciano, esse hábito não ameaça o desempenho que se espera dele. Tirando a animação, sobra o quê? No mesmo dia da comemoração dos 18 meses, era a seguinte a íntegra da agenda do presidente da República:
"9h30 - Reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (Palácio do Planalto)
10h - Reunião de coordenação política (Palácio do Planalto)
15h30 - Participa de solenidade, com a presença de todos os ministros, na qual serão lançados um vídeo e uma revista em comemoração dos 18 meses de governo (Palácio do Planalto)
17h - Reunião com assessores para tratar da visita do presidente do México, Vicente Fox, prevista para quarta-feira (7), e também discutir os preparativos da viagem que fará à Argentina e à Bolívia".
A escumalha que segura uma carga tributária de 35,68% poderia praticar um exercício de memória, procurando lembrar o que fez na segunda-feira. Numa operação um pouco mais complicada, pode-se especular que destino teria um gerente de revendedora de automóveis com semelhante agenda.
Indo-se às semanas passadas, o cenário é o mesmo. A agenda de Lula está disponível na página da Radiobrás na internet. Ela informa que, antes da estafante jornada de segunda-feira, o companheiro cumpriu uma programação oficial na quinta. Foi a seguinte:
"9h - Despacho interno.
10h30 - Reunião: visita do presidente do México e viagem à Argentina e à Bolívia
12h - José Graziano, assessor especial do presidente da República
15h30 - Clara Ant, assessora especial do presidente da República
16h - Despachos internos".
A menos que os despachos internos do Planalto se destinem a fazer orações pra Xangô, a coisa vai mal. Ou o presidente não conta o que faz, ou não faz o que valha contar.
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Postby mends » 21 Jul 2004, 09:45

ELIO GASPARI

José Dirceu, o Napoleão de "Diário Oficial"
Seria muito bom se o comissário José Dirceu, nomeado presidente da Câmara de Desenvolvimento Econômico, viesse a se transformar num contraponto à ekipekonômica que impôs ao Brasil dez anos de estagnação econômica e ruína social.
Dirceu irá para a posição onde se dá o maior índice de mortalidade da administração nacional. No governo FFHH, explodiram quatro ministros e hierarcas suspeitos de tentar o contraponto fatal. Os seguintes:
- José Serra, apesar de ter começado o governo como um poderoso ministro do Planejamento, em 1998 tornou-se um festejado ministro da Saúde.
- Luiz Carlos Mendonça de Barros presidia o BNDES e foi abatido em vôo a caminho do Ministério do Desenvolvimento. Capotou em 1999, na curva dos grampos da privataria. (Justiça seja feita: a banca e a ekipe nada tiveram a ver com isso.)
- Clóvis Carvalho, nomeado ministro do Desenvolvimento, foi eletrocutado em setembro de 1999 por ter dito que "excesso de cautela pode ser sinônimo de covardia". O ministro Pedro Malan decapitou-o em menos de 48 horas.
- O presidente do BNDES, Andrea Calabi, ensaiou divergências com a ekipe e foi defenestrado em fevereiro de 2000 pelo então ministro Alcides Tápias. No ano seguinte, Tápias acabou preferindo o caminho de casa.
Na sua encarnação petista, a ekipekonômica não conseguiu defenestrar o professor Carlos Lessa da presidência do BNDES. Engoliu a exoneração do presidente da Anatel, depois de ter propagado que "os mercados" reagiriam negativamente a semelhante exercício do poder republicano. No ano passado, uma tentativa de assenhorear-se da concepção da política social do governo acabou em retirada, mas não em desistência.
Desde já, é bom lembrar que não é o comissário José Dirceu quem assusta a banca internacional. O que a assusta é o nível suicida de endividamento do Brasil. Hoje a dívida pública está em 56,8% do PIB, contra 55,5% ao fim do tucanato. Quando os sábios do PSDB capturaram a política econômica do governo brasileiro, a dívida estava em 14% do PIB. Parece que eles sentiram algum cheiro de queimado, pois começaram a mostrar-se preocupados com o tema.
Seria muito bom se o comissário conseguisse se transformar num contraponto à ekipekonômica. Sua crônica, contudo, não estimula grandes esperanças. O único desenvolvimento pelo qual José Dirceu briga e triunfa é o da publicidade de seus poderes.
Deve-se ao professor Cláudio Gonçalves Couto a enumeração de algumas características dos superpoderes da Câmara de Desenvolvimento Econômico. Ela tem 14 ministros e uma comissão executiva composta por 30 hierarcas. Ou seja, o aparelho desenvolvimentista do comissário não cabe no Airbus de 40 lugares que Lula comprou na Europa. Ademais, Dirceu já preside quatro Câmaras. A saber: Câmara de Política Social, Câmara de Política Cultural, Câmara de Política de Recursos Naturais e a Câmara de Politicas de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional.
Se tantos poderes fossem poucos, a Casa Civil de José Dirceu participa de 37 dos 55 grupos de trabalho criados pelo governo de Lula e coordena 16.
Tudo o que se precisa é de um contraponto à ekipekonômica. Pela tenacidade pessoal e pela biografia política, José Dirceu está habilitado para essa tarefa. Infelizmente, em um ano e meio de poder, o chefe da Casa Civil revelou-se um Napoleão de "Diário Oficial". É lá, e só lá, que se mostra invencível.
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Postby mends » 22 Jul 2004, 12:48

ouço no Bóris Casoy de ontem que os filhos do Barba levaram coleguínolas pra passar as férias no Palácio da Alvorada: :chair: ABSURDO!!!!!!!! Como se já não bastasse cachorro no carro oficial, estrela no jardim e primeira dama em tudo que é cerimônia - não votei nela, não tem nada que ficar participando de reunião.
Isso é o que eu chamo de se lambuzar no poder. Não é um problema de grau, de escala, mas de natureza. Um dos grandes males do país é a inexistência de fronteiras entre o que é público e o que é privado, e o Lula está fazendo cagada atrás de cagada nessa área.
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Postby mends » 22 Jul 2004, 12:56

Habla sério...
esse negócio de Camara pra cá, comissão pra lá, estudo, estudo, briga, pé na mesa, xurrasco...


É O PRIMEIRO GOVERNO JR. DA HISTÓRIA :lol:
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Postby mends » 22 Jul 2004, 13:02

Pérola de Sabedoria (podia ser do Danilo Sun Tzu Pé Frio).

Saiu no GIBA UM

Separados
Durante meses, Lula e Antônio Palocci fizeram, juntos, caminhadas matinais. Hoje, o Chefe do Governo trocou a companhia do ministro da Fazenda por uma esteira elétrica no Alvorada (na Granja do Torto, tem outra): prefere meditar do que conversar. Sem companheiro para caminhar, Palocci perdeu o hábito e já engordou mais de cinco quilos.

Presidente não tem que caminhar com ninguem. Presidente não pode dar carona. Presidente não pode mostrar "preferências". Porque, no dia que o Palocci deixa de caminhar com o Presidêntio e o Dirceu começa, neguinho vai dizer que Palocci está desprestigiado, sobe risco e dóla, cai bolsa. Infelizmente, presidêntio é ele e Deus. Tem que ouvir certas pessoas, mas que tenham colhões e liberdade pra falar "cê tá errado, seu fiadaputa". Fora isso, o protocolo existe pra protegê-lo, e a nós.
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Postby mends » 26 Jul 2004, 12:17

Como disse o editorial do Estado de ontem, o País só tá bom pra Indio, Politico e o MST. Olha o que saiu na Folha sobre as rádios desses BANDIDOS. E ainda querem dinheiro do ESTADO pra financiar suas rádios!!!! Afrontam o Poder Público, cometem crimes atrás de crimes, desrespeitam a propriedade privada e ainda querem que paguemos pra ajudá-los!!! :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting:

Músico possui papel político
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

"E vamos entrar naquela terra e não vamos sair. Nosso lema é ocupar, resistir e produzir. (...) Se for dura essa parada, a gente pega na marra, não pode ser diferente. Pois os "homi" têm dinheiro para comprar arma no estrangeiro e podem matar a gente."
Essa é uma das músicas criadas numa oficina de cultura popular promovida pelo MST em novembro de 2003 em seu centro de formação, em Ribeirão Preto. Na programação da Rádio Poste, além de cantores e compositores do MST, entram Tonico & Tinoco, Tião Carreiro & Pardinho, Pena Branca & Xavantinho, Renato Teixeira, Geraldo Azevedo, Almir Sater, Elis Regina e Zé Geraldo.


MST improvisa rádio para "educar" sem-terra
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto, fazenda da Barra, 16h: um grupo de cerca de 30 trabalhadores rurais sem terra se reúne em torno de alto-falantes para ouvir, entre uma música e outra, por cerca de 80 minutos, elogios à invasão de terras e críticas à concentração fundiária do Brasil, ao agronegócio, aos agrotóxicos e aos transgênicos.
De cerca de dez alto-falantes instalados na área, ocupada desde terça-feira, vem a abertura: "Está entrando no ar a Camponesa Rádio Poste, a voz forte contra o latifúndio. Malditas sejam todas as cercas, malditas sejam todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar. Malditas sejam todas as leis amanhadas por poucas mãos para amparar cercas e bois, para fazer a terra escrava e escravos os humanos".
A transmissão em forma de programa de rádio é, na verdade, um programa produzido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Ribeirão Preto para ser distribuído a acampamentos e assentamentos de diversos Estados.
Os programas são gravados em CDs -até agora foram cinco- em um estúdio que fica no centro de formação do MST, no sítio Pau D'Alho, da Igreja Católica.
"Como é complicado promover palestras nesses locais, o programa serve para levar formação e informação aos sem-terra. Além disso, eleva a auto-estima deles", afirma o idealizador do programa, Hemes Lopes, 40.
Os militantes concordam. "A gente acorda às 6h com ânimo quando começa a passar o programa. Eu acho muito chique a gente ter a nossa própria rádio", diz Selma Aparecida da Silva Reis, 34, há 11 meses em Ribeirão.
As mensagens fazem, entre outras coisas, apologia à invasão de terras, que "representa uma das mais importantes lutas contra a estrutura fundiária existente no país". Para o MST, "ocupar é tomar posse daquilo que não cumpre a sua função social".
As notícias abordam a reforma agrária no país, a trajetória de 20 anos do MST e as atividades do grupo, além de ter uma função didática ao explicar, por exemplo, qual é a diferença entre ocupação e invasão -para a rádio, o MST apenas "ocupa" áreas griladas, devolutas ou latifúndios.
Tudo no programa é diferente de uma rádio comercial. Não há propaganda. Além disso, apesar de ter um formato estruturado, incluindo vinhetas, as músicas têm letras de cunho político ou falam das pessoas do campo que migraram para a cidade. "A música caipira fala de ecologia, da roça, do sonho de ter uma terra, e o acampado se identifica muito com essa realidade", diz Lopes.
Além do locutor falar "no ar" o nome da música e do cantor, ele cita quem é o compositor. "Aqui damos todos os créditos", disse Lopes. E não entram músicas com palavrões ou duplo sentido nem de neosertanejos como Zezé Di Camargo & Luciano.
Como as outras regionais do MST não têm estúdio de rádio, a idéia é que sejam produzidos boletins informativos em cada Estado para serem acrescentados ao programa feito em Ribeirão, que deve ser mandado via Correios para outras regiões.
Como os programas são gravados em CDs, podem ser ouvidos em aparelhos de som. Os CDs já foram para assentamentos de Santa Catarina e para a França, onde integrarão programa sobre movimentos sociais do Brasil.
Na rádio, trabalham duas pessoas fixas e dois apresentadores, que mudam a cada programa -todos são assentados ou acampados ligados ao MST. Além disso, há mensagens gravadas de convidados ou pessoas que visitam o Centro de Formação.
A intenção do MST é montar uma emissora de rádio que funcione em tempo integral.
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Postby mends » 28 Jul 2004, 09:24

ELIO GASPARI

Meirelles precisa sair do Banco Central
O doutor Henrique Meirelles deve ser retirado da presidência do Banco Central. Deve deixar o cargo porque, graças ao repórter Weiller Diniz, descobriu-se que em 2001 ele não apresentou declaração de Imposto de Renda à Secretaria da Receita Federal, pois morava em Boston, onde presidia um grande banco americano. Nesse mesmo ano, Meirelles adquiriu um mandato de deputado federal pelo PSDB, informando à Justiça Eleitoral que residia em Goiânia. Meirelles explica: domicilio fiscal e domicilio eleitoral são coisas diferentes.
Tudo bem. No ano passado, Carlos Massad, presidente do Banco Central do Chile, teve de renunciar ao mandato porque seu fiel secretário extraía informações de seu computador para encantar uma namorada papeleira. Os mimos valeram US$ 100 milhões para a corretora onde a moça trabalhava. Massad poderia ter argumentado que a honorabilidade de um renomado acadêmico, presidente de Banco Central, é coisa diversa de um jovem secretário desonesto e apaixonado. O mandato do professor ia até 2007, mas tanto ele como o presidente Ricardo Lagos preferiram encerrá-lo.
Em abril, o presidente do Banco Central da Alemanha, Ernst Welteke, viu-se obrigado a renunciar porque no Ano Novo de 2002 aceitou uma boca livre de US$ 9.000 do Dresdner Bank. Acreditar que quatro diárias de um magnífico hotel de Berlim possam influenciar o comportamento do financista mais poderoso da Europa é coisa risível. São realmente coisas diversas. O salário do presidente do Bundesbank vai a US$ 400 mil anuais. Welteke deixou o cargo porque o episódio "afetou a reputação do banco e o exercício de suas responsabilidades".
Meirelles elegeu-se deputado por Goiás morando em Boston. Gastou R$ 887 mil do próprio bolso na campanha e teve 183 mil votos. Se um cidadão pretende representar o povo brasileiro na Câmara dos Deputados, o mínimo que se espera é que pague Imposto de Renda no país onde pretende legislar sobre os tributos dos outros. Boston foi o berço da Revolução Americana, aquela na qual se gritava "nenhuma taxação sem representação". O governo Lula ganhou com Meirelles um caso de representação sem taxação. O PT Federal faz o caminho inverso da infância do capitalismo americano, chega à senilidade vestindo calças curtas.
Pode-se entender que um garçom brasileiro que vive em Boston não declare Imposto de Renda à Receita e mantenha seu domicilio eleitoral em Governador Valadares. Não é esse o caso de Meirelles. Ao contrário do motorista de táxi, suas propriedades no Brasil devem ter produzido alguma renda em 2002. A reportagem de Weiller Diniz informa que há uma sensível discrepância entre o patrimônio que o candidato declarou publicamente ao TRE goiano em 2001 (R$ 45 milhões) e aquele que o banqueiro declarou sigilosamente à Receita em 2002 (R$ 96 milhões).
Meirelles tem um tique intelectual muito comum no andar de cima nacional. Gosta de contrapor as coisas do Brasil aos costumes dos "países civilizados", como se Pindorama ainda não tivesse terminado o seu vestibular civilizatório. Talvez fosse o caso de o doutor Meirelles se perguntar qual país, civilizado ou não, tem um presidente de Banco Central com as suas características domiciliares, tributárias e patrimoniais.
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Postby mends » 11 Aug 2004, 09:27

Da série "o mercado livre e o governo burro":

CLAUDIO HUMBERTO

Proposta indecente
"Não seja bobo, a boca paga o dobro", dizem faixas em favelas da Zona Oeste – como a Mitral - e no Complexo do Alemão, no Rio, estimulando moradores a entregar armas aos bandidos, não ao governo.
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Postby mends » 11 Aug 2004, 09:31

ABSURDO!!!!!!!! :ranting: :ranting: :ranting:

Nem liberdade de imprensa é valor absoluto, diz Gushiken
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao comentar a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, o ministro Luiz Gushiken (Comunicação e Gestão Estratégica) citou ontem "deslizes" de setores da mídia, falou em "fabricação" e "interpretação" de notícias e, ao comentar a liberdade de imprensa, afirmou que "nada é absoluto" numa sociedade.
"Vocês [jornalistas] são profissionais que sabem o limite da ação, sabem que a liberdade de imprensa é um valor definitivo na democracia, mas sabem também que numa sociedade nada é absoluto", afirmou ontem. Em entrevista, Gushiken tentou se esquivar da polêmica. "Esse é um assunto que vocês, jornalistas, e o Congresso devem discutir."
Em abril, Gushiken afirmou que o critério da imprensa deveria ser a "agenda positiva", e não a "exploração do contraditório, que fomenta discórdias e conflitos de egos". A declaração gerou polêmica, o que forçou o ministro a dizer que em nenhum momento sugeriu o cerceamento.
Ontem, Gushiken disse que a maioria da imprensa trabalha com liberdade, mas, alguns deslizes ocorrem no setor. "Acho que a grande parte da imprensa brasileira vive em clima de total liberdade de expressão. Aqui em nosso país não há nenhuma restrição. Agora, evidentemente, alguns deslizes podem existir. Vocês da área sabem melhor do que eu isso. E vocês convivem diariamente com pessoas fazendo, fabricando notícias, dando interpretação."
No Rio, o ministro José Dirceu (Casa Civil) disse que não identifica no projeto a intenção de propiciar uma "interferência no conteúdo, na linha editorial, na independência e na liberdade de imprensa". Comparou o conselho de jornalismo a conselhos de outras categorias: "Da mesma maneira que temos a OAB, o Conselho Federal de Medicina, o Crea, os jornalistas podem e devem ter o seu conselho federal, mas garantida a liberdade de informação e de expressão, direito constitucional de todos nós, que, felizmente, reconquistamos no Brasil", afirmou.
Na opinião de Dirceu, o conselho "é um organismo de auto-regulamentação da profissão de jornalista": "Se no projeto houver algum artigo, algum viés, que leve a isso [cerceamento dos órgãos de imprensa], nós devemos modificá-lo no Congresso Nacional".
Em Brasília, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Edson Vidigal, que já foi jornalista, colocou-se contrário à proposta: "Qualquer tentativa que possa configurar o cerceamento, quer na busca da informação quer no repasse das informações à sociedade, é inconstitucional, não há por que ser considerado, não merece nem discussão". Para o presidente do STJ, a Constituição já concede à Justiça poderes para punir eventuais abusos da mídia.

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LIBERDADE É SIM UM VALOR ABSOLUTO. O ESTADO DE DIREITO EXISTE PARA PUNIR OS "DESLIZES". ESSE RELATIVISMO MORAL POCA PORCARIA DESSE BANDO DE FASCISTA AINDA VAI NOS METER NUMA ENRASCADA.
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Postby mends » 24 Aug 2004, 08:57

como um cara que escreve tão bem pode ser tão obtuso? :o

Saramago questiona a ilusão do mundo democrático

Em entrevista exclusiva, o escritor português José Saramago questiona a democracia fundada só nas eleições, e afirma que “os governos que elegemos, no fundo, são correias de transmissão das decisões e das necessidades do poder econômico".

Erika Campelo, especial para a Agência Carta Maior 23/08/2004



Paris – O escritor português José Saramago deve desembarcar no Brasil apenas em novembro para o lançamento de seu último livro, “Ensaio sobre a lucidez” (Companhia da Letras, 2004). A obra, que gera polêmica na Europa, traz a história de um país imaginário onde os votos das últimas eleições não se dividiram entre partidos da direita e da esquerda, como de costume. Naquela ocasião, para espanto de todos, venceu o voto em branco.

O questionamento de Saramago sobre o processo democrático evolui para a análise das reações do governo, na polícia e da mídia depois do pleito. Após um suspiro autoritário, fica mais clara a alegoria que o autor apresenta sobre a fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e de suas instituições.

"Ainda estou sofrendo as conseqüências deste "Ensaio sobre a Lucidez"", brincou Saramago, em entrevista concedida na capital francesa. "Em Portugal foi um escândalo. Nas duas semanas seguintes à publicação, saíram mais de 40 artigos, publicados pelos conservadores de direita, atacando o livro, sem mesmo o ter lido. Atacavam o autor dizendo que eu queria destruir a democracia. Um articulista disse que não era de se surpreender, pois eu era stalinista", afirmou o porutguês, rindo. "Na verdade, todos entraram em pânico".

Segundo comentário divulgado pelos editores da Companhia das Letras, o que Saramago propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. É através da ficção que Saramago "entrevê uma saída para esse impasse - pois é a potência simbólica da literatura que se revela capaz de vencer a mediocridade, a ignorância e o medo".

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Pergunta - Qual é sua crítica quanto à democracia atual?
José Saramago - Problemas como a globalização e a guerra têm de ser vistos, do meu ponto-de-vista, a partir de uma questão política fundamental, que é a democracia. Porque no fundo o que se passa é que todos estamos de acordo que vivemos em um sistema democrático, portanto somos cidadãos, somos eleitores, há eleições, votamos, forma-se um parlamento, e a partir desse parlamento, forma-se uma maioria parlamentar. Temos os juízes, tribunais, temos todo o esquema montado. Este esquema é formal. Mas até que ponto se permite que esse sistema seja substancial? Vivemos dentro de uma bolha, que eu chamo de bolha democrática, onde tudo funciona perfeitamente.

Estamos aqui hoje em Paris, mas podíamos estar em Lisboa, ou São Paulo, ou Rio, e sabemos que a sociedade funciona de uma certa maneira. O que é o funcionamento das instituições democráticas, isso chega até onde? Chega até a capacidade do cidadão de eleger um governo. Se não está satisfeito com este governo, nas eleições seguintes pode tirar este governo e por outro, que isso traz mudanças sim. Mas mudar de governo não significa mudar o poder, e este é o drama da democracia. Para dar um exemplo muito simples, nós sabemos que vivemos hoje voltados para o mercado de trabalho. Mas vivemos hoje em uma situação de emprego precário, misticamente designada de mobilidade social.

Minha pergunta é esta: dá para acreditar, para usar uma expressão brasileira, que algum governo no mundo se sentou para deliberar, e algum ministro teve a idéia, de acabar com a idéia do pleno emprego, e passar para o emprego precário? É completamente impossível. Eu não acredito que nenhum governo tomou esta decisão. No entanto, o emprego precário existe no mundo inteiro, ninguém tem segurança no emprego, pode acontecer que hoje uma pessoa tenha o seu, e amanhã já não o tenha. Esta é hoje a realidade do mercado de trabalho. Portanto, da onde veio esta necessidade de transformar a idéia do pleno emprego naquilo que é hoje o emprego precário?

Evidamente, veio de cima, quero dizer, veio do poder econômico, a quem não convém existir segurança no trabalho, a quem não convém continuar com suas fábricas instaladas em países com exigências quanto ao horário de trabalho e a salários altos. Vão colocar suas fábricas nas Filipinas ou na Indonésia, onde essas exigências não existem, onde não há sindicatos, e as pessoas trabalham 10 ou 12 horas por dia. Portanto, se é assim, chegamos a uma situação preocupante. Os governos que elegemos, no fundo, são correias de transmissão das decisões e das necessidades do poder econômico, e os governos não só funcionam como correias de transmissão, mas também como os agentes que preparam as leis, como as que levam ao emprego precário.

O drama está aí. O poder econômico sempre existiu, o poder político sempre esteve ligado a ele, sempre existiu um concubinato entre esses dois poderes. Mas os cidadãos estão aqui embaixo. E como eles poderiam expressar suas angústias, dúvidas e necessidades junto a este poder econômico? Em príncipio, seria através do mesmo governo que serve de correia de transmissão. Mas não podemos ter qualquer esperança de que esses governos digam ao poder econômico, representado hoje pelo FMI, que as condições que vocês nos impõem são terríveis. Há um problema, que na minha opinião, é fundamental da democracia: ou ela transcende o poder da tal bolha que falei, tendo uma ação fora dela, ou vamos continuar a viver na ilusão do mundo democrático.

Nós vivemos numa plutocracia, um governo dos ricos, e são eles que governam. Aristóteles dizia que em um governo democrático, os pobres deveriam ser maioria, porque são em maior quantidade que os ricos. Dizia ele, inocentemente, que era só uma questão de respeitar a proporção. Mas isso já aconteceu alguma vez? Claro que não. Se criarmos um partido pobre, ele não duraria muito tempo, porque um partido pobre não tem muita coisa para prometer.

<span style='color:blue'>Na minha humilde opinião, uma vez que não sou Saramago, o Poder Econômico responde ao Poder Político, pelo simples motivo de que o Poder Político pode limitar o Poder Econômico de maneira mais completa. Não fosse isso, Chavez estaria fora do Governo na Venezuela.
Vivemos em uma plutocracia? A questão não é essa: sempre houve uma aristocracia, ou melhor, uma oligarquia, em qualquer sistema da História. Em alguns momentos, a oligarquia é formada pela classe Alta. Em outros, pela tecnocracia. Os homens são essencialmente diferentes, as dotações de recursos são diferentes e, mesmo que, num passe de mágia, passassem a ser equânimes, "logo" se diferenciariam novamente. A busca pela diferenciação produz riqueza, e riqueza abundante, no limite, produz igualdade. A democracia só é completa em uma sociedade rica. A igualdade forçada, o coletivismo, é a melhor defesa da oligarquia, do happy few, dos sábios auto-impostos. Os privilégios são mais difíceis de perder se são compartilhados. Não defendo que "o bolo tem que crescer antes de dividir", mas que a sociedade seja estimulada a gerar riqueza, não apenas a usufrui-la, nem muito menos a destrui-la. </span>

Pergunta - A solução pode vir dos movimentos sociais?
JS - Não, os movimentos sociais não avançam todos na mesma direção, ao mesmo tempo, para reinvidicar a mesma coisa. Sabemos que não é assim. Mas temos que levar em conta que o poder econômico está organizado. Os movimento sociais não aparecem juntos. Claro que propõem alternativas, isto é o mais fácil, mas enquanto elas não forem colocadas à prova, não sabemos o que elas valem.

<span style='color:blue'>Nem o POder Econômico é uniforme, como quer fazer crer Saramago - do contrário industriais não reclamariam do Poder dos "financistas" - nem, como ele já disse, os movimentos "sociais" navegam na mesma direção. Os homens são diferentes, suas motivações são diferentes, e não podemos julgá-las senão fazendo juízo de valor em comparação com nossas motivações. Não é uma questão de organização, de "eles organizados" contra "nós espalhados". É um problema de Natureza Humana.</span>
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