Clippings e notícias

Notícias do cotidiano e outros assuntos que não se encaixam nos demais.

Postby mends » 07 Apr 2004, 11:02

ELIO GASPARI

"Pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou"
Lula começou seu governo cometendo um erro crasso: fundiu numa só pessoa os poderes da coordenação política e administrativa da Presidência. Teve a falta de sorte de juntar essas atribuições no comissário José Dirceu, que gostou da idéia da fusão de ventilador com melancia. A sorte de Lula foi tão pouca que muita gente boa acreditou no surgimento dessa figura do gerente, primeiro-ministro ou mesmo "técnico".
José Dirceu foi um excelente comissário. Inigualável para massacrar dissidentes de seu partido e centralizar nomeações, verbas e acordos. Tudo aquilo de que grandes políticos como Getúlio Vargas, JK e Franco Montoro tinham horror.
Passado mais de um ano dos superpoderes do comissário Dirceu, cabe uma pergunta: qual foi o poste colocado de pé pela sua temida figura? Argumenta-se que ele tem na cabeça a memória do governo e do partido. O computador no qual foi escrito este artigo tem uma memória incrível (10 gigabytes), mas, infelizmente, não é capaz de escrever meia frase. Dirceu consumiu um ano da existência do governo petista provando a Brasília que era um homem muito poderoso. Conseguiu. Como no poema de Ascenso Ferreira, "para nada".
Depois da reforma ministerial, caberia ao poderoso comissário tocar o governo. Até hoje, tocou entrevistas, todas muito boas, nas quais não se encontra vestígio de discussão de políticas públicas. Se, em vez de ameaçar pessoas ou instituições, o comissário ameaçasse problemas, o governo melhoraria. Por exemplo: Dirceu pode ameaçar a eternização das favelas. Basta batalhar pela regularização de 50 mil lotes urbanos a cada ano. (Sem fixar meta, Lula prometeu cuidar disso.) Se quiser, chama os prefeitos das grandes cidades para discutir o que o governo federal pode fazer para permitir a criação de um vale-transporte para desempregados. (Lula prometeu 10 milhões de empregos. Como produziu desemprego, pode pelo menos ajudar a turma a procurar serviço. É provável que a Grande São Paulo já tenha chegado aos 2 milhões de desempregados. O município tem 1 milhão.) E as cotas para negros e pobres nas universidades públicas? Daqui a pouco Dirceu poderá convidar os amigos para o coquetel comemorativo do primeiro semestre da chegada do assunto à sua mesa.
O professor Delfim Netto conta uma história mais ou menos assim:
- Seja qual for a tua ideologia, o teu programa de governo e a linha política da tua equipe, na manhã seguinte à posse, você precisa abrir a quitanda. Vai entrar uma velhinha, com uma nota de R$ 10 na mão, querendo um quilo de berinjelas. Você precisa ter beringelas e troco para a velhinha.
A velhinha que entrou na quitanda de Lula no dia 2 de janeiro de 2003 ainda está esperando o troco. Seu marido perdeu o emprego e seu filho foi assaltado duas vezes. Parece que Dirceu já conseguiu as beringelas, mas está reunido com o comissário Luiz Gushiken para decidir o troco.
Se Lula quer que o seu governo cumpra uma agenda positiva, precisa transmitir no sistema de som do Planalto os inesquecíveis versos de Vinicius de Moraes e Carlos Lyra:
"Vou pedir ao meu Babalorixá
Pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou".
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Postby telles » 07 Apr 2004, 16:01

Extraído de <a href='http://www.blog0news.blogspot.com/2004_03_28_blog0news_archive.html#108091560606851407' target='_blank'>Blognews</a>


O MEU 64

Onde voceh estava no dia do golpe? foi durante alguns anos nosso arremedo do joguinho americano de onde voceh estava quando kennedy foi assassinado.
Depois foi substituído por onde você estava na noite do AI-5 e mais depois ninguem se lembra muito nem do golpe de 64 quanto mais o que fazia naquele dia pois nem tinha nascido
e agora estão aí essas celebrações de 40 anos da Redentora
pululando de mistificações e distorções dos fatos

e onde eu estava mesmo?

Passando por uma ruela de terra na Rural Willys com meu pai.
Eu adorava essa marca de carro, ideal para as estradas esburacadas e enlameadas por onde a gente transitava.
Uma vez meus pais, malucos, enfiaram quatro adultos e cinco crianças numa Rural Willys e viajamos dias e dias e dias para irmos conhecer a construção de Brasília.

A versão de 64 era verde embaixo e branca em cima. (Tivemos azuis e brancos, uma marrom e branco...).

Fomos parados por um contingente de soldados de marrom e com aquelas cuias na cabeça de fuzis em punho que passavam correndo a pé e comendo poeira.
Apontaram as armas para nós e nos mandaram descer do carro com as mãos na cabeça.
Me lembro nitidamente das palavras pronunciadas por um deles porque me pareceram completamente sem sentido:

- Estamos confiscando esse veículo em nome da Revolução!!

Os soldados se amontoaram no carro, com nossas coisas lá dentro, e foram embora. Nos largando ali pra irmos a pé para casa, a muitos quilômetros dali. Comendo a poeira da Redentora.

Andamos muito, meu pai nervoso, pegamos carona num caminhão e chegamos em casa onde os vários agregados que moravam lá se reuniam em volta do rádio preocupados.

Não adiantou meu pai argumentar que era líder da igreja tal e conhecia fulano e sicrano e nem se impressionaram com o fato dele ser americano. Tinham pressa, não queriam mais marchar a pé em direção ao seu destino golpista.

Não se impressionaram nem importunaram meu pai por ser americano nem pelo trabalho social que desenvolvia. Naquela época felizmente não tinha a ligação com os sem-terras . Mas em Governador Valadares havia alguns outros americanos que chegaram por aqueles dias, tipos estranhos que estranhamente partiram quando a resistência ao golpe foi dizimada.

E tinha o Mr. Simpson (nenhum parentesco com Homer ou Marge).
Tipo físico de galã da II Guerra Mundial. Agente da CIA operando em GV junto com os latifundiários e políticos conservadores para preparar uma reação armada às reformas de base anunciadas por Jango.

Mr. Simpson morava há alguns anos em GV e parece que operava por toda a região do Rio Doce. Embora nitidamente meu pai não compartilhava das mesmas idéias que ele, Simpson o respeitava muito. E como eram dois forasteiros naquele região inóspita e fronteiriça, Simpson apreciava poder conversar em inglês e rememorar coisas da terra natal com meu pai. E acabava por confidenciar coisas que não devia.
(Havia apenas uma outra família americana no GV de então, fora os Goodwins e os Simpsons. Mas eles eram judeus e muito ricos e naturalmente Mr. Simpson os desprezava).

Assim meu pai foi acompanhando - e eu, anos depois, soube - como a CIA empreendeu sua guerra de propaganda na região, insuflando as emoções, e treinando e passando armamentos para as milícias dos jagunços. E derramando ali muitos dólares para estancar e tirar dos trilhos a História Brasileira.

A cabeça de Chicão, líder dos camponeses, ficou espetada num poste na entrada principal de um latifúndio que ele tinha invadido.

Então não me venham falar agora que os americanos não tiveram participação no golpe que derrubou João Goulart e detonou essa merda que emporcalhou o país por décadas. Que no máximo pensaram, só pensaram, em mandar um porta-aviões fazer farol no litoral brasileiro. Lincoln Gordon, me desculpe, mas sou testemunha da história. De um pedacinho mínimo, mas eu estive lá.

Meu pai procurou Mr. Simpson e conseguiu nosso carro de volta. Mas nós, todos nós, esse país, essa nação que seria triunfante, continuamos a pé, comendo poeira.

E para mim é apenas justiça histórica que atualmente tantos valadarenses tentem penetrar no Império para sugar um pouquito de dólares e conseguir, na labuta ou na malandragem, o que consideram uma vida decente.
Quando mandam um dinheirinho pra família que ficou pra trás, no calorão de Governador Valadares, não é remessa de dólares. É indenização indireta.

Telles

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Postby mends » 07 Apr 2004, 19:44

SÉRGIO ABRANCHES

O presidente Luiz Inácio corre o risco de perder a autoridade definitivamente, diante do MST.

Ela já está desafiada. Ao declarar que não se fará reforma agrária no grito e ver o MST invadir, no grito, várias propriedades e dizer que não recuará, concretamente se estabeleceu o confronto entre a autoridade presidencial e o movimento social. As declarações do ministro Rosseto e do ministro da Justiça, Thomaz Bastos, agridem a realidade. Rosseto desmente o presidente, ao justificar o MST, com o qual tem indisfarçáveis afinidades. O ministro da Justiça, ao dizer que nada se fará contra a lei, diante de fatos que desrespeitam lei e Constituição, desmoraliza a função ministerial de sua pasta, que tem entre suas atribuições a garantia da ordem legal.

É visível que se está diante da possibilidade de uma nova escalada de conflito e violência e, nos próximos dias - se não nas próximas horas - ressurgirão as milícias para defender as propriedades sob ameaça. A destruição de uma plantação de eucalipto, por exemplo, representa uma agressão flagrante à lei, à propriedade e a um empreendimento produtivo. Digamos que a plantação seja irregular. Ainda assim, a sua invasão e destruição representam inaceitável e violenta ilegalidade.

Se não houver uma reação exemplar do governo, nas próximas horas, ele perderá irremediavelmente a autoridade. O MST, por seus objetivos, não tem limites e continuará procurando levar o governo para além dos seus.

Em entrevista, hoje, ao Canal Rural, a secretária para reforma agrária da Contag assegurou que a pressão tem que continuar, primeiro porque não confiam em que o governo libere o R$ 1,7 bilhão prometido, segundo, porque, ainda que libere, não é suficiente, porque serviria para assentar apenas 115 mil famílias e o movimento quer assentar um milhão até o final do governo Lula. É a posição moderada.

A radical está expressa na frase que justificou a destruição do eucaliptal: “eucalipto não alimenta ninguém”.(!!!!!!!!!!!!!!!!) Alimenta os empregados das empresas que o utilizam na fabricação de celulose e papel. Essa visão radicalizada justifica a ocupação de qualquer negócio que não seja produção para auto-subsistência. Pode justificar, por exemplo, a ocupação de fazendas de soja ou algodão.

Há um componente significativo de risco nesse episódio. A quebra de autoridade nunca é compartimentada. Desafiado por um, ao ceder, será desafiado por todos. A esquerda vai querer avançar, em todas as áreas, no grito.

Publicado em 06/04/2004.
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Postby mends » 08 Apr 2004, 09:48

Tenha muito medo de Fundações de Políticos...eu sempre votei no Covas, mas, em geral, Fundações são lavanderias de dinheiro, e Goro Hama é o cara que deu um desfalque monstro na Secretaria da Habitação...

GIBA UM


Viúvas de Covas
Quem consultar o site da Fundação Mário Covas, fundada em 2001, verá que, na largada, a entidade conseguiu arrecadar R$ 3,5 milhões. E entre os parceiros de sua constituição, aparecem a GW, empresa de Covas (e está auxiliando os primeiros passos na campanha de Saulo de Abreu), a Tejofran e a Power, do compadre Antônio Dias Felipe, e outros tantos. Entre os conselheiros vitalícios, fornam Lila Covas, Renata Covas Lopes e Mário Covas Neto ( Zuzinha ficou de fora). Também entre os conselheiros do primeiro time, está o famoso Tião Farias, que perdeu sua sala no Palácio dos Bandeirantes no governo Geraldo Alckmin. E na presidência do Conselho Consultivo, figura o não menos famoso Goro Hama.

Sem herdeiros
Ainda a propósito de Mário Covas: uma das figuras mais importantes da história do tucanato nacional, o ex-governador de São Paulo não deixou herdeiros políticos. E nem mesmo em Santos, onde começou sua carreira política. A situação do PSDB na política santista, hoje, não significa literalmente nada.
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Postby mends » 08 Apr 2004, 11:00

FBI

CC: Todo ano a preocupação da NAS é que o Brasil aceite o dinheiro que ele está a “doar”. Por quê?
CAC: Porque, se a Polícia Federal recusar esse dinheiro, não aceitar, esse representante da NAS não será bem avaliado, isso vai afetar a sua carreira. Ele não terá demonstrado capacidade para “influenciar”.

CC: Então, quem não consegue “influenciar” no Brasil, seja a mídia, a polícia, seja o governo, o Parlamento, é um fracasso?
CAC: Uma instituição mal remunerada, como a Polícia Federal, que não tem dinheiro para pagar a conta do telefone, não vai aceitar uma doação? Isso é absolutamente ridículo. O Brasil carece de investir no treinamento e no pagamento. Como diz o velho ditado americano, não existe almoço grátis. No FBI, como qualquer outra instituição americana, nós não podemos aceitar um centavo de ninguém. A minha diferença aqui é que eu, como chefe do FBI, não dava dinheiro ao Brasil, não comprava o Brasil. Dava assistência técnica, treinos, treinava os vossos policiais...

CC: Mas treinar já é “influenciar”, você já está a se infiltrar...
CAC: Ah, sim, mas isso é natural. Nós treinamos colegas brasileiros em técnicas de investigação, a pedido de vocês. Estamos a desenvolver uma cooperação nesse sentido, não estamos a comprar.

CC: Voltemos à mídia. Então, jornalistas também são mandados aos EUA?
CAC: Isso são outros programas que não têm a ver com o FBI...

CC: Têm a ver com a CIA?
CAC: Têm a ver, por exemplo, com o Departamento de Estado, que manda, além de jornalistas, outros profissionais para conhecerem os seus iguais. É um intercâmbio... mas voltemos às polícias do Brasil (risos): nós não deveríamos ter, como tivemos e temos, contato direto com as polícias civis, militares. Só deveríamos nos mover com monitoramento da Polícia Federal, e todos se movem aqui como querem. Falamos direto com as polícias, temos relações diretas com, por exemplo, municípios ou polícias civis ou militares. Como eu fazia e como o outro faz ainda.

CC: Direto com governadores, secretários de Estado, chefes de polícia, comandantes da PM, soldados...
CAC: Com todos. Se eu faço e ninguém reclama, continuo a fazer porque está a me servir. Eu tinha mais sucesso nas relações com as polícias estaduais do que, por exemplo, com a Polícia Federal, que está muito isolada, às vezes, da realidade da rua, dos acontecimentos.

CC: Com você o FBI trabalhava em companhia, em parceria com alguma outra instituição dos EUA?
CAC: Sim. A CIA é o nosso primo na área de contra-inteligência, nós trabalhamos muito em conjunto. Muito mais com a CIA do que com a DEA ou outra organização. O FBI é constituído por uma seção criminal e outra de contra-inteligência.

CC: Na contra-inteligência vocês e a CIA se encontram?
CAC: Óbvio, somos colegas, primos.

CC: Vocês trabalharam juntos na questão da Tríplice Fronteira?
CAC: Trabalhamos. A função da CIA é buscar informações fora do seu país. Se o outro país permite, é uma outra questão. Já a função do FBI no estrangeiro está errada. A função do FBI é investigar casos criminais dentro dos Estados Unidos e não fora. Se está fora, é indicativo de que...

CC: Está fazendo o que não deveria, como, aliás, já indica a própria denominação FBI: Federal Bureau of Investigation. O.k. Federal, mas lá!
CAC: É um órgão federal que não deveria ter poder investigatório aqui. É desperdício do dinheiro do contribuinte americano, é falseamento de atividade. Queremos ser tudo e terminamos não sendo nem bons agentes de investigação criminal nem bons agentes de contra-inteligência – que deveria ser um órgão distinto, como em outros países, França, Inglaterra, Espanha...

CC: Há razões estratégicas para que o FBI atue fora dos Estados Unidos?
CAC: Nem o FBI nem a DEA, nem a US Customs nem a NAS, nenhuma instituição policial federal deveria estar no Brasil, fora dos Estados Unidos. A própria “segurança da embaixada”, RSO, que também é uma polícia entre eles, tem influência para obter informações da Polícia Federal sobre dados de cidadãos brasileiros.

CC: Ah, é? Até esses?
CAC: Eu muitas vezes precisava de uma informação rápida sobre alguém e, para não expor o FBI, pedia a esses seguranças: vão à Polícia Federal obter um cadastro sobre fulano de tal. Em minutos eu tinha a resposta. Um policial brasileiro não tem a mesma facilidade. Em outras situações, eu sentava em frente a um terminal da sua polícia e lia informações sobre brasileiros, estacionava sempre meu carro na garagem da sede da PF. Sabe quando isso aconteceria com um policial brasileiro nos Estados Unidos, na Europa, Ásia? Nunca. Um policial ou representante de uma polícia de um outro país entrar com facilidade e obter informações sobre um cidadão do seu território sem haver uma razão? Acorda, Brasil! Aqui fala quem gosta e respeita o seu país.

CC: Então essas polícias, entre elas as norte-americanas, estão aqui a fazer o quê?
CAC: Toda e qualquer coisa que seja do nosso interesse. Ponto final. Mas isso é o que nós chamamos de ações de Inteligência ou contra-inteligência.

CC: Que eu poderia chamar de espionagem?
CAC: Bom, contra-inteligência é uma coisa e espionagem é outra.

CC: O.k. A rede que você montou no Brasil, pelas minhas informações, é imensa. E isso eram só você e os seus. E a dos demais Serviços?
CAC: Bem... Vamos para outro assunto. Veja: há alguns dos meus colegas de outros países com funções limitadas; eles vêm aqui só para facilitar alguns contatos, por exemplo, na área de drogas, mas eles não estão a comprar. A Espanha tem contatos próprios e não está a comprar ninguém.
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Postby mends » 12 Apr 2004, 14:55

Baixar música pela internet não afeta vendas de CDs

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
COLUNISTA DA FOLHA

Por mais que as grandes gravadoras esperneiem, baixar músicas pela internet não tem nenhum efeito sobre as vendas de CDs. A conclusão é de um estudo supercuidadoso feito por dois pesquisadores nos EUA -um da Universidade Harvard, outro da Universidade da Carolina do Norte. Ambas têm prestígio altíssimo no meio acadêmico.
De acordo com os pesquisadores, quem pega música pela internet é um tipo diferente do comprador comum de CDs. O "baixador" é o tal figura que gosta de se dar bem, de conseguir coisas de graça. Dificilmente compraria CDs, simplesmente porque não gosta de pagar. Um dos autores do trabalho dá o exemplo: "Imagine que você ganhe uma passagem para a Flórida. É muito provável que você vá, já que é de graça mesmo. Mas, se não tivesse o tíquete grátis, provavelmente não viajaria".
Esse resultado, é claro, colide de frente com o que diz a Riaa, associação dos gigantes do disco nos EUA. Segundo as "majors", as quedas mundiais de vendas são resultado direto do tráfego musical pela web. Em 2000, os dez álbuns mais vendidos, nos EUA, somaram 60 milhões de cópias. Em 2003, os "dez mais" totalizaram apenas 33 milhões de unidades. A culpa, de acordo com as gravadoras, é do velho Napster, do Kazaa, do Soulseek e de outros programas do gênero.
Mas a história, segundo reportagem recente do "New York Times", pode não ser tão simples. Os dois pesquisadores -Feliz Oberholzer-Gee, de Harvard, e Koleman Strumpf, da Carolina- dizem que os estudos da Riaa estão furados porque se baseiam em pesquisas de opinião enviadas pela internet, do tipo "responde-quem-quer". "As pessoas que aceitam ter seu uso de internet acompanhado e discutido provavelmente não são representativas dos usuários da internet como um todo", escreveram os cientistas.
Oberholzer-Gee e Strumpf usaram um sistema de análise muito mais direto. Ao longo de 17 semanas, em 2002, eles seguiram de perto milhões de "downloads" de músicas pela web. E, depois, usando fórmulas matemáticas muito complexas, compararam esses dados com as vendas de CDs no período. Resultado: mesmo nas épocas de picos nos downloads, as vendas não sofreram nenhum efeito!
Os pesquisadores têm uma conta interessante: seriam necessários 5.000 downloads para fazer um disco vender uma cópia a menos. Ou seja: ao longo de um ano, mundialmente, isso equivaleria a 2 milhões de álbuns vendidos a menos. Como mais de 800 milhões de CDs são vendidos todo ano, essa diferença de 2 milhões é totalmente desprezível.
A reportagem do "New York Times" não nega que haja uma crise grave na indústria da música. O que ela faz é apontar outras causas que não os "downloads" gratuitos que a rapaziada tanto aprecia. Por exemplo: o controle das rádios americanas por grandes redes, o que homogeneiza a programação e, portanto, concentra as vendas de discos em uns poucos artistas.
Outra coisa: os picos de vendas de CDs nos anos 90 foram anormais, porque, na época, muita gente ainda estava comprando CDs para substituir suas bolachas de vinil (e, assim, não faria sentido comparar as vendas de agora com as dos anos 90).
A questão está longe de uma resposta definitiva. O trabalho de Oberholzer-Gee e Strumpf torna o debate ainda mais atual e interessante.



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Postby mends » 12 Apr 2004, 15:06

SEGREDO NUCLEAR
Espionagem atômica, pressões comerciais e
soberania acionam novo contencioso Brasil-EUA




Por Marco Damiani e Leonardo Attuch


Usina nuclear de Angra
dos Reis, no Rio de Janeiro
A tensão disparou à meia-noite do sábado 3. Num telefonema urgente de Washington para sua casa em Brasília, o chanceler brasileiro Celso Amorim soube que os Estados Unidos haviam dado início à mais ousada emboscada econômica dos últimos tempos. Inquietos para descobrir os segredos industriais de um equipamento brasileiro capaz de produzir urânio enriquecido – a fonte de energia mais controlada, temida e cobiçada do mundo –, os americanos estavam prontos a traves-
tir uma questão essencialmente comercial num caso militar de dimensão internacional. Eles querem ver de perto as ultracentrifugadoras desenvolvidas por cientistas brasileiros ao
longo dos últimos 27 anos. Criados com talento, suor e o equivalente a US$ 1 bilhão em investimentos públicos, esses aparelhos estão aptos a fazer com que o País ingresse no exclusivo clube dos produtores mundiais em escala industrial de urânio enriquecido. Em 2001, segundo o Nuclear Fuel Cost Calculator (NFCC), da Holanda, esse mercado movimentou US$ 18 bilhões de dólares e está em franco crescimento. Na busca dos segredos da mais brilhante conquista da ciência nuclear nacional, os americanos parecem dispostos a tudo. Nessa semana, o secretário de Energia dos EUA, Spencer Abraham, desembarca em Brasília para insistir na reivindicação de ver as máquinas brasileiras. Até onde eles podem ir?

No domingo 4, confirmando o que o chanceler Amorim soube na véspera, o governo dos Estados Unidos disparou o primeiro artefato. Mesclando fontes anônimas do Departamento de Estado e especialistas em questões atômicas ligados à Casa Branca, uma reportagem de primeira página do The Washington Post lançou uma nuvem de suspeitas sobre os fins pacíficos do programa nuclear brasileiro. “Se não queremos este tipo de instalações no Irã ou na Coréia do Norte, não deveríamos querer também no Brasil”, comparou uma das fontes do jornal. Naquele momento, foi como se o chamado “eixo do mal”, instituído pelo presidente George W. Bush para justificar a invasão do Iraque, ganhasse seu quarto integrante.


Nas 48 horas seguintes as autoridades brasileiras entraram em estado de alerta. A partir de uma ação combinada entre executivos do governo americano e técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Brasil se viu pressionado a mostrar suas ultracentrifugadoras à primeira inspeção. “Não. Elas são um patrimônio nacional que precisa ser preservado, sem prejuízo de estarmos absolutamente dentro das regras de desenvolvimento de um programa nuclear pacífico”, reagiu à DINHEIRO o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Nas severas normas internacionais de controle atômico, não existe
nenhuma regra que obrigue um país a revelar segredos industriais deste tipo.
No ano passado, a fábrica da INB recebeu seis equipes de inspeção da AEIA. Nenhuma constatou qualquer irregularidade. Numa delas, um técnico da agência chegou a encostar o rosto no chão para olhar por baixo da barreira visual. “Eles ficam intrigados com o fato de as máquinas trabalharem em absoluto silêncio”, assinala o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Em setembro, o governo começou a ser instado a assinar um novo protocolo internacional liberando o acesso a toda e qualquer instalação nuclear. Leia-se: a sala em que ficam as ultracentrifugadoras. Em dezembro, uma carta da AIEA protocolou o pedido. “Os motivos para tanta pressão são puramente comerciais”, diz Amaral. Sob a penumbra dos segredos sobressai um consenso científico de que as máquinas brasileiras são capazes de enriquecer urânio a um custo até 70% menor do que o obtido pelos equipamentos existentes nos Estados Unidos, na França e no Canadá. Técnicos brasileiros acreditam
que a tecnologia nacional está pelo menos cinco anos à frente da estrangeira. Enquanto as máquinas francesas precisam de duas usinas nucleares atrás de si, e uma terceira de reserva, para terem força suficiente para enriquecer o urânio em escala industrial, as brasileiras não gastam praticamente energia nenhuma. “O ar-condicionado da sala puxa mais energia
do que mil das nossas máquinas”, compara o almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, o principal criador dos equipamentos. Com preço reduzido para o enriquecimento, e tendo no subsolo uma das maiores reservas de urânio do planeta, a médio prazo o Brasil pode se tornar um exportador do combustível atômico com ampla vantagem competitiva sobre os países mais ricos. Em setembro,
a fábrica de Resende estará em condições de fornecer o combus-
tível para as usinas de Angra dos Reis. Passará a ser apenas uma questão de investimentos em escala o aumento da produção
a ponto de o País poder exportar.

O mercado para o urânio é pulsante. O mundo produz cerca de 2,5 milhões de gigawatts/ano em energia nuclear. Oitenta por cento da energia consumida pela França, por exemplo, tem origem atômica. Os Estados Unidos, com cerca de 100 usinas nucleares atualmente, já anunciaram a construção de outras 18 nos próximos anos. Ao mesmo tempo, o governo Bush lançou um plano de US$ 300 milhões para aprimorar as suas ultracentrifugadoras. Nesta hora, a revelação do segredo brasileiro viria a calhar. Lá, mais de dez empresas privadas controlam a geração de energia nuclear. Isso tudo significa que o Brasil, hoje comprador da matriz energética do Canadá, ao preço estimado de US$ 2,3 milhões por tonelada, terá amplo mercado
ao se tornar produtor. O País tem permissão para fazer o enriquecimento de urânio em até 20%, o que é suficiente para produzir energia capaz de mover usinas nucleares, acionar submarinos atômicos e dar base a inovações nas indústrias da medicina e da alimentação. A 99%, o urânio acende a bomba atômica. Jamais qualquer inspeção internacional concluiu que houve, aqui, uma ultrapassagem dos limites determinados.

Os estratagemas dos Estados Unidos na semana passada uniram a comunidade científica brasileira. “Eles querem nosso segredo a todo custo”, concorda o brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, um dos primeiros brasileiros a fazer pesquisas atômicas no Centro de Tecnologia Aeroespacial (CTA), nos anos 70. Depois que o Brasil comprou sua primeira usina nuclear da Alemanha, em 1975, durante o governo do então presidente Ernesto Geisel, o chamado clube atômico, liderado pelos EUA, bloqueou ao País o acesso à tecnologia do combustível nuclear. A saída foi montar um programa próprio. “Tivemos de reinventar a roda, redescobrir o fogo”, define o brigadeiro. Deu certo. Certíssimo. O trabalho que uniu o melhor da ciência nacional somou esforços do CTA, do Instituto de Pesquisas Nucleares (Ipen) e do Centro de Aramar, da Marinha. “Ninguém pode querer levar, de bandeja, os segredos obtidos após 27 anos de pesquisa”, contra-ataca Ronaldo Fabrício, secretário-executivo da Associação Brasileira de Desenvolvimento Nuclear. “Nunca vi uma centrífuga estrangeira, por que eles poderiam ver as nossas?”, pergunta o doutor Cláudio Rodrigues, superintendente do Ipen.

O caso é ainda mais extemporâneo porque já fazem mais de doze anos que o Brasil é um diligente participante do Tratado de Não Proliferação Nuclear. “Assinei o tratado pela convicção de que, para um país como o Brasil, sem inimigos, a bomba representaria gastos desnecessários de bilhões de dólares”, disse o ex-presidente Fernando Collor à DINHEIRO. Depois disso, o programa nuclear foi vítima de uma série de cortes orçamentários. Até hoje, o governo não decidiu se conclui ou não a usina de Angra III, cujos equipamentos, avaliados em US$ 500 milhões, estão comprados desde os anos 80. Só para acondicioná-los adequadamente gastam-se US$ 20 milhões por ano. Para concluir a usina seriam necessários mais US$ 1,8 bilhão. A partir de setembro, para animar a idéia de Angra III, as ultracentrifugadoras brasileiras passam a produzir urânio enriquecido em escala industrial. É o que deixa os americanos mordidos.

Na terça-feira 6, o chanceler Amorim soltou uma nota dura. “É inaceitável”, resumiu. Na capital americana, porém, o Departamen-
to de Estado retrucava. Um porta-voz que pediu anonimato à imprensa local definiu o alvo dos Estados Unidos. Na Europa,
uma fonte da AIEA fez o mesmo. Esse alvo é Resende, mais especificamente a sala em que operam as cerca de 200 ultracentrifugadoras na sede das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Para impedir espionagem industrial, elas são protegidas por um fino tapume. No entanto, todo o processo de entrada e saída do urânio em gás, antes e depois do enriquecimento, pode ser medido em todos os detalhes. “Não somos obrigados a mostrar nossas máquinas”, reagiu Carlos Bezerril, diretor de enriquecimento de urânio da INB. “Mas prestamos todas as contas necessárias.”
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Postby mends » 12 Apr 2004, 15:16

GIBA UM
Quase
Em Beirute, para onde foi a convite de autoridades locais, Paulo Maluf (sua mulher, Silvia, está junto) está praticamente decidido a disputar as eleições municipais. Nunca, em sua carreira política, teve tamanho percentual de intenção de voto nas pesquisas e indicações que bateria Marta Suplicy no segundo turno. Maluf, contudo, tem dois problemas: pouco tempo na televisão do PP e dificuldades de formar um caixa de campanha. E não terá nenhum problema com Celso Russomano: se Maluf for disputar a convenção, o deputado federal fica do seu lado.
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Postby mends » 12 Apr 2004, 15:25

não é bem por aí...

GIBA UM

Estranhas adaptações
Nos Estados Unidos, situation room é um local onde se reúnem poderosos de diversos setores do governo encarregados de pilotar uma crise, especialmente na área da segurança nacional. Agora, o Planalto quer criar uma inusitada Sala de Situação , para centralizar informações a serem dadas a investidores estrangeiros. Mais: no comando da dita sala poderia estar o vice-presidente José Alencar. Não é a primeira cópia do Planalto: na Casa Branda, existe o histórico Salão Oval . Perto do gabinete de Lula, seu staff colocou uma mesa oval no meio de uma sala retangular e batizou o local com o nome de Salão Oval.
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Postby mends » 12 Apr 2004, 15:58

ESSA É A PIOR QUE JÁ VI....


GAROTINHO QUER MURAR A ROCINHA!!!!!

GUETO DO RIO!!!!

isso depois de ter feito um Carnaval daquele coitado no caso Staheli e depois dizer que foi "induzido ao erro" pela Polícia....

Toma vergonha na cara, molequinho; essa, junto com a limitação de consumo em 8 paus, é a"pérola do ano"
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Postby telles » 12 Apr 2004, 16:09

mends wrote: Baixar música pela internet não afeta vendas de CDs

De acordo com os pesquisadores, quem pega música pela internet é um tipo diferente do comprador comum de CDs. O "baixador" é o tal figura que gosta de se dar bem, de conseguir coisas de graça. Dificilmente compraria CDs, simplesmente porque não gosta de pagar.

Imagina se eu pagasse por todos os funks / bregas / sertanejos e afins que eu tenho aqui? tava lascado!
Ainda mais sabendo que eu não afeto a venda! UHUU!!! :cool:
Telles

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Postby mends » 12 Apr 2004, 17:16

ilustrando...

12/04/2004 - 17h04
Rio intensifica ação em favelas e cogita erguer muro


RIO DE JANEIRO (Reuters) - Mais de 1.200 policiais civis e militares deram início nesta segunda-feira a uma operação especial nas favelas do Vidigal e Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, após um confronto com traficantes de drogas ter provocado dez mortes desde sexta-feira e espalhado medo entre a população da cidade.

O governo estadual reagiu com o anúncio da construção de um muro de três metros de altura cercando a Rocinha, Vidigal, Chácara do Céu e Parque da Cidade.

"Conversando com o secretário de Segurança Anthony Garotinho e a governadora Rosinha, chegamos à idéia do muro, que é antiga. Ela tem de ser feita urgentemente. Você não vai acabar com o crime delimitando a favela...O muro não é para acabar com a violência, é para delimitar território", afirmou a jornalistas o vice-governador e secretário do Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde.

Ele disse que o avanço das favelas está prejudicando programas sociais e chegando até a ameaçar a Floresta da Tijuca. "Expansão ilimitada em nome do tráfico de drogas, nós não vamos permitir. Vamos limitar tudo. A floresta faz parte da beleza do Rio de Janeiro, é um fator econômico importante para a cidade."

A Rocinha é a maior favela da América Latina, com quase 150 mil habitantes e fica entre São Conrado e Gávea, bairros nobres do Rio.

Entre os moradores do local, o sentimento geral era de precaução e medo.

"É uma situação chata, tá perigoso, a gente tem que ficar dentro de casa...Tem que tomar muito cuidado, a qualquer momento a gente pode ser baleado como tem acontecido aí", contou à TV Reuters o morador da favela Alexandre César Silva, que trabalha em um produtora de vídeo.

MURO DA POLÊMICA?

Assim como a barreira erguida por Israel para isolar territórios palestinos, a proposta da construção do muro no Rio de Janeiro começa a gerar polêmica.

O secretário nacional dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, criticou a idéia e descartou o uso das Forças Armadas para combater o tráfico no Rio.

"Não se pode fazer cordões sanitários para separar as pessoas, isso não pode existir. Se for para proteger a Floresta da Tijuca, tudo bem, mas não para segurar as pessoas", afirmou, durante um evento da Petrobras no centro do Rio, nesta segunda-feira.

Sobre as Forças Armadas, disse que as intervenções ocorridas no passado se mostraram ineficazes pela falta de preparo dos militares para lidar com assuntos cotidianos.

Para o prefeito César Maia, a proposta é "inacreditável".

"Estamos em um conjunto de autistas, que fazem uma proposta inacreditável... Querem fazer uma espécie de parque temático do tráfico de drogas e da cocaína", disse.

No departamento de engenharia da prefeitura, um fonte declarou que não acredita que a obra seja erguida, já que teria um enorme impacto social e custos altos.

"A gente começou a fazer um muro de pedra em 1996 na favela do Vidigal para estabelecer esse limite, mas acabou ficando caríssimo em função de sérios problemas de drenagem. A gente acabou abandonando o muro em 1998 e optou por estabelecer o limite com trilhos e cabos de aço."

"Os moradores também não aprovavam a idéia do muro porque eles gostam de sentir aquele pedaço como uma propriedade deles."

CAÇA A TRAFICANTES

A presença policial nas favelas acontece desde a última sexta-feira, quando cinco pessoas foram mortas depois de um confronto pelo controle do tráfico na região. Nesta segunda, o número subiu para 10, com a morte de um traficante que ficou ferido numa operação pela manhã, segundo a polícia.

De acordo com a polícia, há cerca de 120 traficantes escondidos na favela da Rocinha. Eles seriam uma mistura de pessoas que controlam o tráfico no local e de outras que tentam conseguir o seu controle.

"A idéia do vasculhamento é espremer os traficantes em várias frentes", explicou o comandante geral da PM Renato Hottz.

Um helicóptero da polícia, que sobrevoava o morro de São Carlos, foi atingido por tiros disparados da favela. No incidente, dois militares ficaram feridos, e o helicóptero teve que fazer um pouso de emergência no Quartel da Polícia, no centro do Rio.

Os policiais irão se dividir no patrulhamento das favelas em um regime rotativo de três turnos, que vai vigorar por tempo indeterminado. Ao todo, 990 policiais estarão envolvidos nesta operação e outros 247 participarão de incursões específicas aos locais.

(Texto de Carolina Schwartz)
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Postby mends » 13 Apr 2004, 08:58

O CANTO DA SEREIA
Estudo norte-americano prova que baixar músicas pela internet não causa queda nas vendas de CDs

Por Flávia Pardini

Quando a indústria fonográfica americana lançou, em 23 de março, uma nova onda de processos legais contra pessoas que baixam música ilegalmente pela internet, mal podia imaginar que, em breve, os réus poderão dispor de uma poderosa arma contra o principal argumento das gravadoras. Dois pesquisadores americanos divulgaram, dias depois do novo ataque da indústria, a primeira versão de um estudo acadêmico que prova, por A mais B, que o efeito dos downloads sobre as vendas de CDs é insignificante.

Felix Oberholzer-Gee, professor da Harvard Business School, e Koleman Strumpf, da Universidade da Carolina do Norte, colocaram a mão em um vespeiro. Fizeram uma análise empírica, utilizando métodos econométricos e uma amostra com 0,01% dos downloads mundiais ocorridos de 8 de setembro a 31 de dezembro de 2002, focalizando os usuários localizados nos EUA.

Depois de obter as canções mais procuradas pelos usuários de internet, buscaram os dados correspondentes às vendas, nos EUA, dos CDs que contêm tais músicas. Na comparação dos dados, levaram em conta fatores externos que poderiam alterar a relação entre downloads e vendas, como eventuais congestionamentos da rede, duração das músicas e feriados escolares internacionais.


Consumo.
São necessários 5 mil downloads para reduzir em uma cópia a venda de um determinado CD


Estudos prévios, baseados em pesquisas de opinião, indicavam que a troca de arquivos não é o único fator a influenciar a queda nas vendas de CD. “A principal diferença do nosso estudo são os dados. Temos dados muito melhores, nós realmente observamos os downloads da internet”, diz Oberholzer a CartaCapital. Ele e Strumpf obtiveram os relatórios referentes aos downloads realizados por meio da rede OpenNap – um servidor descentralizado que aceita pedidos de busca enviados por computadores ao redor do mundo.

“Descobrimos que a troca de arquivos não tem efeito estatístico significativo sobre as vendas dos discos em nossa amostra”, dizem os pesquisadores. “No máximo, a troca de arquivos pode explicar uma fração mínima da queda nas vendas. O resultado nos parece plausível, uma vez que filmes, softwares e videogames também são ativamente baixados da rede, mas estas indústrias continuam a crescer.”

A indústria fonográfica alega que, após vivenciar um pico, a virada ocorreu em 2001. Segundo dados da Recording Industry Association of America (RIAA), as vendas dos fabricantes de CDs às lojas dos EUA caíram 6,4% de 2000 para 2001. Em 2002, a queda foi de 8,9% e em 2003, de 7,1%. Com 745,9 milhões de CDs vendidos às lojas em 2003, entretanto, a indústria voltou ao patamar de 1997, quando foram enviados 753,1 milhões de unidades às lojas.

No Brasil, a receita com a venda de CDs caiu 56%, em termos reais, em 2002, se comparada a 1997, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). No mercado nacional, contudo, a maior dificuldade para a indústria é a pirataria e os downloads da internet ainda não representam uma ameaça aos fabricantes.


Os autores do estudo dizem que, mesmo no pior dos cenários, seriam necessários 5 mil downloads para reduzir em uma cópia as vendas de um determinado CD. A conclusão, segundo eles, é que, embora os downloads ocorram em ampla escala, provavelmente não são feitos pelas mesmas pessoas que iriam às lojas comprar CDs caso não houvesse troca de arquivos pela internet.


Ao contrário, uma das mais surpreendentes descobertas dos pesquisadores foi que as músicas mais procuradas na internet são as mesmas que estão no topo das paradas dos rádios e das vendas de CDs. “Uma coisa que essas comunidades de troca de arquivos podem fazer é disponibilizar qualquer coisa que qualquer um queira, mesmo pessoas com gostos excêntricos, que não conseguem achar sua música na Tower Records (loja popular de discos nos EUA)”, diz Oberholzer. “Então foi um certo choque quando vimos que os relatórios de downloads se pareciam com as paradas de sucesso.”

Os pesquisadores deixam claro que não há como saber se as pessoas que baixam arquivos da rede são as mesmas que compram CDs, mas garantem que a exibição contínua de um clipe na MTV, por exemplo, tem grande impacto tanto nos downloads quanto nas vendas.

Se a troca de arquivos na rede não influencia as vendas da indústria, o que justifica então a queda das vendas? Oberholzer diz que há alguns bons candidatos a substituir o bode expiatório escolhido pela indústria. Um deles é o fato de que as vendas nos anos 90 foram extraordinariamente altas, pois muita gente repôs coleções inteiras de vinil. “Este processo tem de parar em algum momento”, diz Oberholzer. “Eu mesmo comprei vários CDs para substituir o vinil, mas já parei com essa conversão”.

Outra possível explicação é que o preço dos CDs subiu, em termos reais, pelo menos nos EUA, diz Oberholzer. Por fim, algumas pessoas apontam a falta de lançamentos musicais de qualidade como o vilão da história. Oberholzer prefere não esmiuçar essa última variável, tão pouco mensurável cientificamente, mas destaca que houve outros períodos em que as vendas da indústria fonográfica caíram, como no fim dos anos 70 e início dos 80.

Apesar disso, a indústria continua na ofensiva. A RIAA iniciou processos legais contra 532 pessoas nos EUA em março, incluindo estudantes que utilizam as redes de 21 universidades, dentre elas algumas das mais prestigiadas do país. Desde setembro de 2003, a indústria colocou quase 2 mil pessoas no banco dos réus e fechou acordos com 400 delas. Os acordos envolvem pagamento de multas e a promessa de que os internautas não vão mais baixar arquivos da rede.

Oberholzer acredita que a opção da indústria por processar indivíduos é uma maneira de mostrar que as perspectivas para o setor ainda são atrativas, pois há métodos legais para conter a queda nas vendas. Ele recomenda, no entanto, que a indústria aprenda a usar a internet como um instrumento de marketing. “Eles poderiam usar a internet para fazer previsões, colocar as canções na rede para descobrir de quais as pessoas gostam mais e, assim, aumentar bastante a lucratividade da indústria”. Segundo ele, existem serviços nos EUA que monitoram o tráfego na web e poderiam vender informações às gravadoras.

Em um documento divulgado à imprensa americana assim que o estudo de Ober-
holzer e Strumpf veio à tona, a RIAA diz que o estudo é “incompreensível” para leigos e os resultados, inconsistentes com outras análises dos efeitos de downloads nas vendas de CDs. A associação alega que seriam necessários mais dados para uma análise como a pretendida pelos autores. “Se a indústria disponibilizar os dados para pesquisa, ótimo, mas até agora não os vi agindo nessa direção”, rebate Oberholzer. “Eu ficaria deliciado de analisar novos dados e ver se nossos resultados são robustos.”

Oberholzer admite que houve uma coincidência surpreendente, pois a troca de arquivos se tornou mais popular justamente quando as vendas de CDs começaram a cair. Ele estranha, no entanto, o fato de que, se os downloads realmente justificam o prejuízo nas vendas, a indústria não tenha patrocinado estudos sérios sobre o assunto. E aponta que o pano de fundo da batalha entre internautas e indústria é a questão dos direitos de propriedade intelectual.

“Sabemos que os direitos de propriedade precisam existir para que os fabricantes tenham incentivo para produzir, mas não temos muito conhecimento sobre quão fortes esses direitos devem ser”, diz. “O nosso é um experimento que sugere que pode haver direitos de propriedade mais fracos sem grandes efeitos negativos para o bem-estar geral da sociedade.”
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Postby mends » 13 Apr 2004, 09:02

FBI

CC: Como é que era o jogo entre vocês, os russos, a ABIN?
CAC: A ABIN é um órgão que não dá para definir...

CC: Não dá para ser definida?
CAC: Não dá para ser definida. A ABIN foi criada com as boas intenções de um Serviço de Inteligência, mas não tem as divisas suficientes para se desenvolver. Quando um Serviço de Inteligência se torna pedinte ante estrangeiros, se expõe, deixa de ser secreto. Corre imensos riscos. A ABIN, como a Polícia Federal, pede equipamentos, recursos, treinamento, a vários países, e não apenas aos Estados Unidos. Pedem para Israel, Rússia, Japão, França, entre outros. A ABIN se prostitui. Quando você recebe equipamentos de serviços secretos, deve saber que é rotineira a clonagem...

CC: O que é clonagem?
CAC: É um duplo embutido no seu equipamento, que transfere para o “doador” as informações disponíveis naquele equipamento.

CC: Uma outra informação que antes não tive como publicar: a ABIN foi grampeada através de equipamentos que vocês haviam fornecido?
CAC: Não sei... não posso falar... fazer suposição sobre isso, mas...

CC: Mas vocês forneceram equipamentos?
CAC: ...não sei, mas calculo, pelos meus contatos, que a ABIN tinha também outros países a fornecer equipamentos. Deixa eu lhe dizer uma outra coisa: se eles grampearam ou grampeiam alguém, se eles o fazem com algum equipamento nosso ou alguma coisa, é irrelevante para nós. O uso que outros fazem dos equipamentos não é problema nosso.

CC: Vocês, os serviços secretos dos EUA, forneceram equipamentos a ABIN para grampear?
CAC: Sim. Nós prestamos essa assistência aos nossos parceiros. Mas isso não indica que nós vamos saber aquilo que eles estão a fazer.

CC: O.k. Agora apenas uma hipótese e não sobre grampeamento direto: se houver a necessidade de monitorar, por exemplo, o que se passa no Palácio da Alvorada num domingo de tarde. Isso é possível?
CAC: É. Essa é uma tecnologia, de satélite, que todos sabem que existe.

CC: A propósito de monitoramento por satélite vem à cabeça o Sivam, Amazônia...
CAC: Isso de dizer que os americanos querem a Amazônia é paranóia, é uma invenção dos militares brasileiros para obter verbas. Sempre tive acesso aos documentos secretos e nunca li uma coisa assim, nunca houve esse interesse, nem há. Até porque a invasão da Amazônia seria uma missão impossível. Se nós estamos com esse problema no Iraque, que só tem areia, e fomos derrotados na selva do Vietnã, imagine a Amazônia, um território desconhecido, com milhões de árvores... Seríamos comidos. Senão pelos caboclos, pelo pessoal treinado na selva ou pelos índios, seríamos devorados por mosquitos e cobras. Esqueçam essa paranóia, a maioria dos norte-americanos pensa que Buenos Aires é a capital do Brasil... Eles não têm a menor idéia do que é a Amazônia. Aliás, tenho a impressão de que o meu ilustre presidente não tem a mais vaga idéia nem do que seja a Amazônia. Muito menos onde ela se encontra.

CC: E o Brasil, eles sabem onde fica?
CAC: O ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil Neil Harrington me disse que, quando lhe ofereceram o cargo, teve que olhar no mapa para saber onde era o Brasil. Durante um coquetel, algumas caipirinhas depois, o embaixador me revelou que não conhecia “absolutamente nada” sobre o Brasil, a sua história, cultura, e pensava que a língua aqui falada era o espanhol.

CC: Terroristas no Brasil. O que é fato, o que é ficção? Vocês apuraram o quê, chegaram aonde?
CAC: Fizemos uma investigação conjunta dos atentados à embaixada israelense em Buenos Aires, que em 17 de março de 1992 matou 29 pessoas e feriu centenas, e à sede da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), que matou 85 pessoas e feriu mais de 300 em 1994. O FBI e a CIA prestaram assistência às autoridades argentinas que investigavam. Eu, antes de assumir no Brasil, tive acesso às informações e reuniões sobre esses assuntos com os próprios argentinos, em Buenos Aires. O que eu posso dizer é que os atentados na Argentina foram organizados no Brasil, em território brasileiro.

CC: Isso é absolutamente seguro? Foram organizados no Brasil?
CAC: Foram organizados no Brasil, na região de Foz do Iguaçu.

CC: Como? Houve reuniões, encontros?
CAC: Foi dali que eles planejaram os atentados. Agora, as pessoas que os organizaram e os fizeram não foram pessoas que necessariamente viviam no Brasil e muito menos eram brasileiros.

CC: Mas usaram o território brasileiro?
CAC: Usaram o território brasileiro, mas ali é uma Tríplice Fronteira...

CC: Aí entramos numa outra questão: há células terroristas na fronteira? Vocês investigaram. Há ou não há?
CAC: Não há. Planejaram-se atentados ali, é verdade, mas investigamos exaustivamente, nós, a CIA, os serviços secretos dos países, e não conseguimos comprovar a existência de células terroristas ali, no entanto...

CC: No entanto o quê?
CAC: Havia, e há, uma obsessão, uma paranóia do governo Bush, para encontrar terroristas. Ali não há, pelo menos não comprovamos, apesar de amplas investigações. Há simpatizantes, mas essa é uma outra questão. Sempre houve uma obsessão com a Tríplice Fronteira, e sempre achei isso uma coisa muito ridícula. Os nossos Serviços de Informação e de Inteligência estavam, estão, focados no lugar errado. Na Tríplice Fronteira, existem mais ou menos 40 mil árabes ou descendentes, enquanto São Paulo tem mais libaneses ou descendentes, por exemplo, do que o próprio Líbano.

CC: O que acontece, então, na Tríplice Fronteira?
CAC: Algumas coisas. A primeira delas é que ali é um lugar que por si só é fora-da-lei. É um lugar de contrabando, e muitos desses grupos árabes são bons contrabandistas, bons comerciantes, vamos dizer assim. É um lugar que facilita a troca de mercadorias de segunda classe, pirataria de equipamento, lavagem de dinheiro...

CC: Mas grupos terroristas vocês nunca detectaram?
CAC: Terroristas nunca foram detectados. E investigamos muito, até porque o Brasil sempre perguntou a nós: “Vocês sabem onde estão os grupos terroristas?” O que tem é muita retórica...

CC: Vocês monitoram aquela fronteira já há muitos anos, não?
CAC: Eu, o FBI pelo menos, jamais consegui confirmar um único caso de células terroristas ali. Sempre informei isso e os colegas da CIA informaram o mesmo. O que há são atividades criminosas de outra ordem. Agora, que dinheiro é recolhido para organizações que têm seus braços terroristas, isso é uma outra questão.

CC: Isso vocês identificaram?
CAC: Há quem envie dinheiro para o Hezbollah? É certo que há, mas o Hezbollah é um partido político legal que tem o seu braço armado, terrorista. Bem, em Detroit, em Nova York, nós temos cidadãos americanos que mandam dinheiro para o Hezbollah, para orfanatos, hospitais, mas que destino final tem esse dinheiro é algo tão incerto quanto parte do dinheiro que, Brasil e mundo afora, grupos judaicos enviam para Israel. Quando os israelenses fazem suas operações, alguém financiou, e certamente o fez via um braço legal. Da mesma forma, em Boston, em Nova York, simpatizantes do IRA mandam e sempre mandaram dinheiro para a Irlanda....

CC: E o IRA é também um partido político com vida legal, assim como os bascos têm partido político com vida legal...
CAC: A própria família Kennedy, de católicos irlandeses, sempre simpatizou com os católicos irlandeses, e esses envolvimentos às vezes são arriscados. Você manda uma contribuição para uma escola, mas não tem certeza se aquele dinheiro, ou todo ele, servirá exatamente à escola. Mas, se você me pergunta se é possível que dinheiro da Tríplice Fronteira chegue aos braços armados do Hezbollah, aí eu respondo: “Sim, possível é, o que não quer dizer que tenha sido confirmado”.

CC: Bem, vocês têm uma extrema-direita que age dentro do próprio território americano, com atentados...
CAC: Essas milícias de direita que provocam e provocaram atentados como em Oklahoma existem, isso é fato. Como é fato que o que temos hoje no governo dos Estados Unidos são facções políticas também da extrema-direita, e elas estão a alienar cada vez mais o país do mundo.

CC: Dentro dessa moldura, do pós 11 de setembro, houve a determinação, um empenho extra para que vocês achassem terroristas dentro do Brasil?
CAC: Sim. Em todo o mundo, e também no Brasil. Mas essa é uma outra questão muito delicada...

CC: Muito delicada por quê? O senhor, além daquela, recebeu alguma outra ordem, instrução, determinação específica relacionada ao Brasil...
CAC: Bem... Depois do 11 de setembro, o FBI queria justificar que estava a fazer alguma coisa contra o terrorismo. E muita gente dentro do FBI não tem noção de como combater o terrorismo, não faz a mínima idéia...

CC: Certo, certo, mas que questão delicada é essa a que o senhor se referiu?
CAC: Houve uma determinação, uma ordem de Washington, e houve uma recusa minha. Uma das minhas recusas nesses quase quatro anos no Brasil...

CC: Recusa a qual ordem?
CAC: A um monitoramento das mesquitas que existiam...

CC: No Brasil?
CAC: No Brasil.

CC: “Monitoramento” que todos os que conhecem um mínimo de espionagem, contra-inteligência, sabem o que é: fazer escutas, vigiar, vasculhar. Quem eram os alvos, os xeques?
CAC: Xeques, aiatolás, líderes da comunidade muçulmana, todos os membros e de todas as formas possíveis. Claro que eu me recusei a fazer isso.

CC: Isso numa das maiores comunidades árabes do mundo...
CAC: Eu me recusei a fazer uma coisa dessas porque...

CC: Com que argumentação recusou, se você é da contra-inteligência, se é exatamente um espião?
CAC: A minha argumentação foi simples: isso é um crime. É crime nos Estados Unidos porque fere a Constituição, assim como os direitos civis, é crime na Europa e é crime segundo a Constituição no Brasil. Uma democracia não pode admitir isso, ainda mais numa escala como a que pretendiam fazer no Brasil, onde está prescrita a liberdade de religião e culto.

CC: Pela lei lá e cá você não poderia “monitorar” xeques e mesquitas sem autorização legal?
CAC: Correto. E eles ainda pediram que eu fizesse listas...

CC: Que levantasse quem eram as pessoas, o que faziam...
CAC: Quem eram as pessoas, suas atividades... Não me admiraria se hoje em dia isso estiver a acontecer no Brasil, e se isso um dia vier à tona. Vivemos, infelizmente, um neomacarthismo e eu, algumas vezes, me recusei a fazer parte disso. Há certas ocasiões em que uma pessoa deve se recusar a cumprir ordens inconstitucionais.

CC: Setores importantes da Inteligência no Brasil temem que esteja a se fabricar um ato terrorista que justifique esse tipo de política. Isso é uma informação.
CAC: É provável. Todas as sociedades temem que um ato de terrorismo vá acontecer dentro delas. Agora, se será implantado...

CC: ...fabricado...
CAC: ...fabricado num país alheio. Pelo menos os Estados Unidos não o fariam... Melhor, escreva aí, com aspas: “Eu não o autorizaria”, e não creio que os Estados Unidos fariam uma coisa dessas com o Brasil.

CC: Ainda com relação à Tríplice Fronteira e às comunidades árabes, e a ordens e instruções: o fato de você não ter feito ações não significa que à sua revelia não possam ter sido feitas, ou que um outro Serviço não o tenha feito?
CAC: Se fizeram, eu não saberia te dizer, só asseguro que com autorização minha não fizeram. Agora, eu não posso falar do que está a acontecer hoje em dia, nem quais são as ordens dos que me substituíram...

CC: Você não sabe se foi cumprido ou não. Isso vale para tudo? Vale desde o “monitoramento” até...
CAC: Vale para tudo.

CC: Pelo protocolo, você deveria ser monitorado pela Polícia Federal brasileira...
CAC: E deveria ter contato só com uma autoridade da Polícia Federal. A DEA e a NAS, apesar de “doarem”, vamos dizer assim, milhões de dólares para a conta de um só indivíduo da Polícia Federal, não poderiam ter contato com outras instituições, especialmente estaduais.

CC: No total, entre todos os Serviços, vocês são uns cem funcionários dentro do Brasil, pelo menos. É isso?
CAC: Não sei. Não sei quantos estão aqui. E você deve entender que há coisas que não posso e não devo falar, mesmo depois de aposentado.
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ELIO GASPARI

De Castellobranco@edu para Lula@org.br
Senhor presidente,
Escrevo-lhe para tentar evitar que o sr. se junte às vivandeiras alvoroçadas que novamente acorrem aos bivaques dos granadeiros para estimular extravagâncias do poder militar. Refiro-me a essa conversa de se chamar as Forças Armadas para cuidar da segurança do Rio de Janeiro.
Quis o Padre Eterno que essa nova tentativa de militarização dos fracassos da administração ocorresse no final da segunda semana das comemorações dos 40 anos da deposição do presidente João Goulart. Aqui onde estamos, tivemos um pequeno jantar: Jango, Lacerda, Juscelino e eu. JK não toma jeito. A cada 15 minutos olhava o relógio, como se isso ainda tivesse utilidade.
Senhor Luiz Inácio, não o chamo de Lula porque, desde que o Agildo Barata me apelidou de Quasimodo, tomei horror a alcunhas. (Um cearense tinhoso chamado Lira Neto escreveu uma biografia minha. Essa história está lá. A Rachel de Queiroz gostou do livro e presenteou-o ao Luiz Carlos Prestes, de quem se reaproximou.)
Voltando ao jantar, divertimo-nos muito. Os jornais falaram em 40 anos do "golpe militar", mas o Jango chamou a minha atenção para o fato de que em abril de 1964 ninguém usou essa expressão. Segundo ele, se a tivessem usado, os militares não conseguiriam acabar com a eleição presidencial de 1965.
O doutor Goulart mostrou-me um recorte do dia 5 de março. Leia-o:
"Até quando permanecerá de braços cruzados o Exército? Não podemos admitir que os seus chefes não tenham consciência dos perigos que nos ameaçam e do sangue que acabará fatalmente correndo em torrentes, se as Forças Armadas continuarem a confundir o que aí está com um regime legal".
Isso era o que dizia um grande jornal. Não lhe digo o nome porque seu proprietário está aqui e fizemos boa camaradagem.
Compare com o que eu dizia, em outubro de 1963:
"Tutelando policialmente o país, mais sofreremos o vexame, perante a nação, dos qualificativos rudes de gorilas, reacionários, golpistas e patetas".
A plutocracia nacional é astuta. Em 1964 ela participou da deposição de um presidente. Em 2004, da exorcização do "golpe". Agora, querem que os nossos soldados se metam na encrenca do narcotráfico. Como diz o major Leonidas Pires Gonçalves (general, para vocês): "quartel não tem algemas".
As vivandeiras de hoje querem o Exército em funções policiais das quais seus comandantes afastaram-no nos anos 80, sendo chamados de gorilas, reacionários, golpistas e patetas. Não ocorre às vivandeiras dar uma hora de seus dias ou um pedaço de suas rendas para moralizar as polícias. Também não lhes ocorre recusar convites para festas em que se formam filas na porta do banheiro. Foi o Darcy Ribeiro quem me explicou essas filas. Eu achava que era coisa da bebida.
Querem ficar de braços cruzados, mas pedem que as Forcas Armadas virem meganha. Depois, como fizeram com o "golpe militar", vestem uma camiseta branca e saem por aí. Assombra-me que essa vivandagem prospere junto ao pedaço da esquerda de fancaria onde o senhor e parte do seu ministério surgiram e militaram.
Outro dia o Adonias Filho pediu-me que conversasse com Marco Antonio Rufino da Cruz, um carioca de 34 anos, funcionário da Biblioteca Nacional, diretor de sua Associação de Servidores. Ele desapareceu na vizinhança do Morro do Fubá, em novembro de 1994, durante o breve período em que o Exército foi usado em missões policiais nas favelas do Rio. O rapaz contou-me o que lhe aconteceu. Infelizmente, devo manter sigilo. Digo-lhe o que se sabe aí: Rufino foi preso pela Polícia do Exército, foi levado à carceragem da Polinter. E sumiu. Rufino é negro. Por que meter a Polícia do Exército numa história dessas? Não foi a PE quem sumiu com Rufino, mas foi ao comandante da operação militar que se pediu a reconstituição do seu roteiro carcerário. O que tem um general do Exército brasileiro a ver com isso?
Militarizar fracassos serve apenas para expandir malogros. Toda vez que se pergunta: "Até quando permanecerá de braços cruzados o Exército?", pode estar certo: algo de ruim vai acontecer ao Exército e ao poder civil, nesta ordem, para que alguém continue de braços cruzados.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
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