by mends » 14 Nov 2007, 08:56
Desmoralizado, Chávez agora ataca o colonizador
Vocês já devem ter lido, né? Mas vamos lá. Da Agência Efe. Volto em seguida:
Ignorando os apelos do governo espanhol para colocar panos quentes no seu recente embate com o rei Juan Carlos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta terça-feira, 13, que ninguém pode querer fazer com que os latino-americanos não digam o que querem.
"Há 500 anos, veio a ordem da Madri imperial aos indígenas originais da América Latina: 'Calem-se'. Eles se calaram, mas quando lhes cortaram as gargantas", afirmou, numa clara alusão às palavras do rei Juan Carlos, que no domingo pediu que o presidente se calasse.
"Só assim os calaram. Os esquartejaram, os picaram em pedaços e colocaram suas cabeças em estacas na entrada dos povoados. Esse foi o império espanhol aqui!", disse o governante, perante correspondentes estrangeiros na sede do governo.
"Me estranha que haja gente que se aborrece 500 anos depois", quando se fala de "desastre da conquista" espanhola na América Latina e a "exploração e enriquecimento" dos países ricos a custa dos países pobres, acrescentou Chávez.
Durante seu discurso perante a imprensa estrangeira, prévia à rodada de perguntas, o governante não mencionou o Rei Juan Carlos, e só falou superficialmente sobre a Cúpula ibero-americana realizada no fim de semana passado em Santiago do Chile.
O encontro de líderes da América Latina e representantes dos governos de Espanha e Portugal terminou com um bate-boca entre Chávez, o rei Juan Carlos e o primeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero. Em seu discurso, o presidente venezuelano chamou o ex-premiê espanhol de "fascista", o que levou a uma reação inesperada do rei Juan Carlos - "porque você não se cala?", disse o rei. Chávez asseverou que os latino-americanos são obrigados a dizer sua verdade, a expressar sua moral histórica, e ninguém pode pretender que não se diga que eles são.
O presidente, impulsor do socialismo do século XXI, declarou que lhe dá "asco ouvir um latino-americano, e sobretudo presidente", dizer que na América Latina não houve um processo de "conquista" que acabou com sua cultura original."Por isso eu respondi, Como que não?", disse Chávez para a imprensa estrangeira, voltando a repetir sua condenação do "imperialismo" que, disse, saqueou e "ainda saqueia" não só a América Latina, mas também a África e os países asiáticos. "Não é que lhe joguemos toda a culpa de nossos males a fatores eternos, mas boa parte de nossos problemas sociais se devem a fatores externos", disse Chávez.
Voltei
Opa! Nem vem. Sou latino-americano, e Chávez não fala por mim. Ao contrário: eu apóio é o rei. Essa conversa do bufão é o papo-furado de sempre da esquerdopatia latino-americana, que ainda culpa o colonizador pelos desastres fabricados pelos contemporâneos.
Essas coisas são sempre muito curiosas. Repararam que, quando se trata de explicar por que os EUA são quem são, também se apela ao passado, às suas origens? “Ah, o protestantismo fez uma sociedade mais apegada à letra da lei”. “Vocês sabem: o calvinismo é menos tolerante com os desvios individuais”...
Entenderam o truque? Os americanos estão por cima, mas as virtudes são alheias, e os latino-americanos estão por baixo, e as culpas também são alheias. Com a ligeira diferença de que a cultura americana não é autocomplacente com os seus defeitos, e a latino-americana é.
Imaginem só: mais de 500 anos depois, um discurso contra o... colonizador europeu! E os europeus, por sua vez, devem culpar quem?
Por Reinaldo Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")