Preço da Ignorância

Ciência, Saúde, Economia, Política

Preço da Ignorância

Postby Danilo » 06 Oct 2006, 09:41

Em plena era do conhecimento, a baixa qualidade do ensino tornou-se uma ameaça à competitividade das empresas e uma trava ao crescimento do país
(matéria completa em portalexame.abril.uol.com.br)

Em pesquisa do Banco Mundial constatou que o sistema de ensino brasileiro é o pior entre países emergentes (China, Índia, México e Rússia, entre outros). A constatação diz respeito diretamente às chances que o país tem de virar o jogo na competição internacional, na qual vem cedendo espaço sistematicamente. Enquanto a educação brasileira não der um salto qualitativo, o país continuará patinando. "O baixo crescimento do PIB brasileiro nos últimos anos está intimamente associado à baixa qualidade do ensino", diz o economista americano Edward Glaeser, professor da Universidade Harvard e estudioso dos efeitos da educação sobre o desenvolvimento das sociedades.

O fato, mostrou a pesquisa, é que o brasileiro aprende muito pouco na escola. Carrega por toda a vida uma herança pesada, materializada na forma de despreparo e ignorância. Quando se analisam os dados sobre o desempenho brasileiro no terreno da educação, a primeira deficiência que salta aos olhos é o número de anos passados nos bancos escolares. O brasileiro estuda em média cinco anos, contra 11 do coreano, nove do argentino e dez da população da maioria dos países desenvolvidos. Estima-se que, se os brasileiros permanecessem na escola os 12 anos que ficam os americanos, a renda nacional seria mais que o dobro da atual.

Ainda que o país passe a reter os jovens por mais tempo nas salas de aula, teria pela frente um desafio: garantir que os alunos efetivamente aprendam e fazer com que esse aprendizado vire riqueza. Atualmente, a maioria das crianças das escolas públicas se transforma em profissionais medíocres. Em 2003, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Básico identificou que 55% dos alunos matriculados na 4o série do ensino fundamental eram praticamente analfabetos e mal sabiam calcular. Na 8a série, menos de 10% dos estudantes haviam adquirido competência para elaborar textos mais complexos. Como conseqüência, cerca de 75% dos adultos têm alguma deficiência para escrever, ler e fazer contas.

O pífio desempenho educacional brasileiro não é um problema novo. Mas tornou-se muito mais grave com a globalização acelerada dos negócios a partir dos anos 90. Cada vez mais as empresas comparam dezenas de países antes de realizar um investimento. Uma pesquisa realizada em parceria entre o Ibmec São Paulo e a London Business School com as 500 maiores empresas brasileiras identificou que a baixa formação dos empregados afeta negativamente decisões de investimento.

Diante desse quadro desalentador, o que explica que empresas brasileiras continuem trabalhando, crescendo e até inovando? A resposta está nos esforços feitos pela própria iniciativa privada, que, por uma questão de pragmatismo, assume funções do Estado. A saída é, a um só tempo, solução e problema. Ao investir na educação da mão-de-obra, os empresários garantem o capital humano mas desviam atenção e investimentos que deveriam estar voltados exclusivamente para os negócios.

Mesmo empresas que recrutam alguns dos profissionais mais preparados do país têm dificuldade para preencher as vagas. O laboratório farmacêutico Aché depende de cientistas estrangeiros para desenvolver novos medicamentos porque o número de profissionais brasileiros aptos a trabalhar no setor é ínfimo. A Embraer, por sua vez, precisou até montar seu próprio curso de especialização para garantir o suprimento de engenheiros aeronáuticos, já que os três cursos existentes no país não dão conta de atender à demanda imposta por seu crescimento.
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Postby mends » 06 Oct 2006, 16:14

é como eu disse: com a "grobalização" e a "révolução nas telecomunicação", as "distâncias diminuem" e o "mundo fica plano" - e um monte de imbecil ganha dinheiro escrevendo livros de 700 páginas sobre UM insight, lotado de argumentos rasos (Thomas Friedman, alguém, alguém? O livro não mereceu nbem resenha na saidera... :lol: )

a "grobalização" aumenta o fluxo comercial, "alisa" tensões nacionalistas - inclusive porque as culturas se misturam e acabam ficando parecidas - e põe neguinho pra competir. como o brasil nunca competiu com ninguém, porque a ideologia por essas bandas banânicas sempre foi a preservação do nosso "mercado interno", nossa "maior riqueza", "brasil pra brasileiros" e outros quejandos - nunca na verdade precisamos de educação. a cabocrada daqui nunca precisou ser produtiva.

aliás, essa é a pergunta de um milhão de dólares nas empresas brasileiras, segundo tenho ouvido no mercado: eu olho pra baixo e tem a china com "custos baixos, trabalho semi-escravo, blablablá" (escolha o clichê) e olho pra cima e tem a europa e os eua com gap, ferragamo, bmw, starbucks. onde eu entro?

o brasil sempre competiu com a china em quinquilharia. sempre exportamos espelhinhos - em 1983, exportávamos até goiabada em "bulk", devido à taxa de câmbio artificial - e hoje, mesma coisa: não temos nenhuma empresa representativa, nenhuma marca forte. Nem café, que ainda é um dos principais produtos do Bananão, tem marca. café no mundo é juan valdez, colombiano. o nosso café sabe qual é? ILLY. Nós fazemos o melhor café italiano do mundo...

E se não temos empresas fortes, o que acontece? as demandas por nossos produtos são elásticas demais, ie, facilmente substituível. quando a maré internacional virar, e o mercado já tá migrando pra defesa (play defense, you moron!), vem aí o bear market (ou não: eu sou bearish por natureza), e nosso "ePTáculo" de crescimento vai apresentar a conta, de novo. E nem vamos poder dizer que "nunca na história desfte país (desculpa aí se cuspi)" isso ocorreu, porque ocorre a cada 15 ou 20 anos...

e como competir? por custo, com a china, no way. não temos marcas, ainda. precisamos manter o nariz fora da merda, continuar respirando e tentar melhorar. e, para isso, precisamos ATRAIR CAPITAL - nosso estoque de capital* é ridículo - VENDER RISCO PRA QUEM QUER COMPRAR - mercado aberto é 5% de nossos ativos totais, nos EUA é mais de 50% e mesmo no chile chega a 20% - ou seja, virarmos capitalistas de verdade - e MELHORAR NOSSA PRODUTIVIDADE**, que é uma das mais baixas do mundo.

(*) quando a gente decompõe o crescimento do PIB, vemos que grande parte do nosso crescimento é devido ao crescimento da força de trabalho: mais gente, se conseguir emprego é mais produção, logo mais renda, mais consumo, mais produção etc - e o crescimento do estoque de capital é ridículo - 1.71% no acumulado desde 1980. (na Korea, quase 10%). Isso quer dizer que capital é escasso. E que trabaiadô-cumpanhero é abundante. logo, TRABALHO É MAIS BARATO QUE CAPITAL. Um dos motivos dos juros altos e dos salários baixos. Em país onde o capital é abundante, ele é barato e as pessoas ganham bem. VIVA O CAPITALISMO.

(**) Aqui entra a educação: como trabalhar com mais eficiência se você é zé-mané de pai e mãe? a educação vai vir, nem precisa do Cristovam Buarque. POrque, se não vier, "olá, Africa!!".
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Postby mends » 06 Nov 2006, 18:06

Stern Review
By BJORN LOMBORG
November 2, 2006; Page A12

The report on climate change by Nicholas Stern and the U.K. government has sparked publicity and scary headlines around the world. Much attention has been devoted to Mr. Stern's core argument that the price of inaction would be extraordinary and the cost of action modest.

Unfortunately, this claim falls apart when one actually reads the 700-page tome. Despite using many good references, the Stern Review on the Economics of Climate Change is selective and its conclusion flawed. Its fear-mongering arguments have been sensationalized, which is ultimately only likely to make the world worse off.

* * *
The review correctly points out that climate change is a real problem, and that it is caused by human greenhouse-gas emissions. Little else is right, however, and the report seems hastily put-together, with many sloppy errors. As an example, the cost of hurricanes in the U.S. is said to be both 0.13% of U.S. GDP and 10 times that figure.


The review is also one-sided, focusing almost exclusively on carbon-emission cuts as the solution to the problem of climate change. Mr. Stern sees increasing hurricane damage in the U.S. as a powerful argument for carbon controls. However, hurricane damage is increasing predominantly because there are more people with more goods to be damaged, settling in ever more risky habitats. Even if global warming does significantly increase the power of hurricanes, it is estimated that 95% to 98% of the increased damage will be due to demographics. The review acknowledges that simple initiatives like bracing and securing roof trusses and walls can cheaply reduce damage by more than 80%; yet its policy recommendations on expensive carbon reductions promise to cut the damages by 1% to 2% at best. That is a bad deal.

Mr. Stern is also selective, often seeming to cherry-pick statistics to fit an argument. This is demonstrated most clearly in the review's examination of the social damage costs of CO2 -- essentially the environmental cost of emitting each extra ton of CO2. The most well-recognized climate economist in the world is probably Yale University's William Nordhaus, whose "approach is perhaps closest in spirit to ours," according to the Stern review. Mr. Nordhaus finds that the social cost of CO2 is $2.50 per ton. Mr. Stern, however, uses a figure of $85 per ton. Picking a rate even higher than the official U.K. estimates -- that have themselves been criticized for being over the top -- speaks volumes.

Mr. Stern tells us that the cost of U.K. flooding will quadruple to 0.4% from 0.1% of GDP due to climate change. However, we are not told that these alarming figures only hold true if one assumes that the U.K. will take no additional measures -- essentially doing absolutely nothing and allowing itself to get flooded, perhaps time and again. In contrast, the U.K. government's own assumptions take into account a modest increase in flood prevention, finding that the cost will actually decline sharply to 0.04% of U.K. GDP, in spite of climate change. Why does Mr. Stern not share that information?

But nowhere is the imbalance clearer than in Mr. Stern's central argument about the costs and benefits of action on climate change. The review tells us that we should make significant cuts in carbon emissions to stabilize the concentration of atmospheric carbon dioxide at 550 ppm (parts per million). Yet such a stark recommendation is not matched by an explicit explanation of what this would mean in terms of temperature.

The U.N. Climate Panel estimates that stabilizing at 550 ppm would mean an increase in temperature of about 2.3 degrees Celsius in the year 2100. This might be several degrees below what would otherwise happen, but it might also be higher. Mr. Nordhaus estimates that the stabilization policy would reduce the rise in temperature from 2.53 degrees Celsius to just 2.42 degrees Celsius. One can understand the reluctance of the Stern review to advertise such a puny effect.

Most economists were surprised by Mr. Stern's large economic estimates of damage from global warming. Mr. Nordhaus's model, for example, anticipates 3% will be wiped off global GDP if nothing is done over the coming century, taking into account the risk for catastrophes. The Stern review purports to show that the cost is "larger than many earlier studies suggested."

On the face of it, Mr. Stern actually accepts Mr. Nordhaus's figure: Even including risks of catastrophe and non-market costs, he agrees that an increase of four degrees Celsius will cost about 3% of GDP. But he assumes that we will continue to pump out carbon far into the 22nd century -- a rather unlikely scenario given the falling cost of alternative fuels, and especially if some of his predictions become clear to us toward the end of this century. Thus he estimates that the higher temperatures of eight degrees Celsius in the 2180s will be very damaging, costing 11% to 14% of GDP.

The Stern review then analyzes what the cost would be if everyone in the present and the future paid equally. Suddenly the cost estimate is not 0% now and 3% in 2100 -- but 11% of GDP right now and forever. If this seems like a trick, it is certainly underscored by the fact that the Stern review picks an extremely low discount rate, which makes the cost look much more ominous now.

But even 11% is not the last word. Mr. Stern suggests that there is a risk that the cost of global warming will be higher than the top end of the U.N. climate panel's estimates, inventing, in effect, a "worst-case scenario" even worse than any others on the table. Therefore, the estimated damage to GDP jumps to 15% from 11%. Moreover, Mr. Stern admonishes that poor people count for less in the economic calculus, so he then inflates 15% to 20%.

This figure, 20%, was the number that rocketed around the world, although it is simply a much-massaged reworking of the standard 3% GDP cost in 2100 -- a figure accepted among most economists to be a reasonable estimate.

Likewise, Mr. Stern readjusts the cost of dealing with climate change. The U.N. found that the cost of 550 ppm stabilization would be somewhere around 0.2% to 3.2% of GDP today; he reports that costs could lie between -4% and 15% of GDP. The -4% is based on the suggestion that cutting carbon emissions could make us richer because revenue recycling could address inefficiencies in taxation -- but the alleged inefficiencies, if correct, should be addressed no matter what the policies about climate change. The reason Mr. Stern nevertheless finds a very low cost estimate is because he only considers models with so-called Induced Technological Change. These models are known to reduce costs by about two percentage points because carbon cuts lead to an increase in research and development, which again makes further cuts cheaper. Thus Mr. Stern concludes that the costs are on average 1% of GDP, and in the summary actually claims that this is a maximum cost.

* * *
The Stern review's cornerstone argument for immediate and strong action now is based on the suggestion that doing nothing about climate change costs 20% of GDP now, and doing something only costs 1%. However, this argument hinges on three very problematic assumptions.

First, it assumes that if we act, we will not still have to pay. But this is not so -- Mr. Stern actually tells us that his solution is "already associated with significant risks." Second, it requires the cost of action to be as cheap as he tells us -- and on this front his numbers are at best overly optimistic. Third, and most importantly, it requires the cost of doing nothing to be a realistic assumption: But the 20% of GDP figure is inflated by an unrealistically pessimistic vision of the 22nd century, and by an extreme and unrealistically low discount rate. According to the background numbers in Mr. Stern's own report, climate change will cost us 0% now and 3% of GDP in 2100, a much more informative number than the 20% now and forever.

In other words: Given reasonable inputs, most cost-benefit models show that dramatic and early carbon reductions cost more than the good they do. Mr. Stern's attempt to challenge that understanding is based on a chain of unlikely assumptions.

Moreover, there is a fourth major problem in Mr. Stern's argument that has received very little attention. It seems naïve to believe that the world's 192 nations can flawlessly implement Mr. Stern's multitrillion-dollar, century-long policy proposal. Will nobody try to avoid its obligations? Why would China and India even participate? And even if China got on board, would it be able to implement the policies? In 2002, China decided to cut sulfur dioxide (SO2) emissions by 10% -- they are now 27% higher despite SO2 being nationally a much bigger health and environmental problem than climate change.

* * *
Why does all this matter? It matters because, with clever marketing and sensationalist headlines, the Stern review is about to edge its way into our collective consciousness. The suggestion that flooding will overwhelm us has already been picked up by commentators, yet going back to the background reports properly shows declining costs from flooding and fewer people at risk. The media is now quoting Mr. Stern's suggestion that climate change will wreak financial devastation that will wipe 20% off GDP, explicitly evoking memories of past financial catastrophes such as the Great Depression or World War II; yet the review clearly tells us that costs will be 0% now and just 3% in 2100.

It matters because Gordon Brown, Tony Blair and Nicholas Stern all profess that one of the major reasons that they want to do something about climate change is because it will hit the world's poor the hardest. Using a worse-than-worst-case scenario, Mr. Stern warns that the wealth of South Asia and Sub-Saharan Africa will be reduced by 10% to 13% in 2100 and suggests that effect would lead to 145 million more poor people.

Faced with such alarmist suggestions, spending just 1% of GDP or $450 billion each year to cut carbon emissions seems on the surface like a sound investment. In fact, it is one of the least attractive options. Spending just a fraction of this figure -- $75 billion -- the U.N. estimates that we could solve all the world's major basic problems. We could give everyone clean drinking water, sanitation, basic health care and education right now. Is that not better?

We know from economic models that dealing just with malaria could provide economic boosts to the order of 1% extra GDP growth per capita per year. Even making a very conservative estimate that solving all the major basic issues would induce just 2% extra growth, 100 years from now each individual in the developing world would be more than 700% richer. That truly trivializes Mr. Stern's 10% to 13% estimates for South Asia and Sub-Saharan Africa.

Last weekend in New York, I asked 24 U.N. ambassadors -- from nations including China, India and the U.S. -- to prioritize the best solutions for the world's greatest challenges, in a project known as Copenhagen Consensus. They looked at what spending money to combat climate change and other major problems could achieve. They found that the world should prioritize the need for better health, nutrition, water, sanitation and education, long before we turn our attention to the costly mitigation of global warning.

We all want a better world. But we must not let ourselves be swept up in making a bad investment, simply because we have been scared by sensationalist headlines.

Mr. Lomborg, author of "The Skeptical Environmentalist" (Cambridge, 2001), teaches at the Copenhagen Business School and is director of the Copenhagen Consensus Center.
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Brasileiro ignora situação da educação

Postby Danilo » 18 Nov 2006, 19:47

De acordo com a Pesquisa Ibope Educação, 25% dos brasileiros avaliam a educação básica pública como ótima e boa! Já 45% a avaliam como regular e apenas 28% da população acredita que a situação do ensino público é péssima ou ruim.

No Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), realizado em mais de 40 países, porém, o Brasil aparece em último lugar em provas de leitura e matemática. Já o Prova Brasil, exame aplicado pelo Ministério da Educação (MEC) que avaliou cerca de 3,3 milhões de alunos, mostrou que a maior parte dos alunos de 8ª série conhece apenas o que seria ideal para o aluno da 4ª série, como interpretar textos e realizar operações matemáticas

Um dado curioso da Pesquisa Ibope Educação é que os brasileiros com menor escolaridade são os que têm a visão menos crítica sobre a situação da educação nacional, pois 35% dos que avaliam a educação pública brasileira como boa e ótima cursaram até a 4ª série do Ensino Fundamental. Já os que apontaram situação péssima ou ruim têm superior completo.

(matéria completa em http://www.jt.com.br/editorias/2006/11/ ... 7.30.1.xml)
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Postby Wagner » 12 Dec 2006, 02:41

Aula de Geografia que é bom...

"Pesquisa da revista Seleções feita em todo o mundo aponta entre os povos que mais acreditam em Deus, em primeiro lugar, a Polônia, com 97%. Em segundo lugar, os brasileiros com 95,3%. A média dos europeus é de 71%, com A Itália em primeiro lugar (92%), Portugal em segundo (90%), seguido de perto pela ex-comunista Rússia, com 87%. "
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Postby vitormorg » 12 Dec 2006, 08:12

Também não tem como acreditar em políticos, não tem como acreditar na nossa seleção... não tem como acreditar nos preços dos presentes do natal...

Só em DEUS mesmo...
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Postby mends » 12 Dec 2006, 10:50

é que, como o Brasil agora é na África, a Polônia veio ocupar o lugar, que lá é frio pra carai.
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Postby Wagner » 14 Dec 2006, 00:32

Da série a NOVA GEOGRAFIA:

"Time mexicano conquista Copa Sul-Americana"...
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Postby mends » 29 Dec 2006, 08:55

mito dos orgânicos
Dois grandes apelos dos produtos orgânicos, o de fazer bem à saúde e o da produção ecologicamente sustentável, entram na mira de críticos

Ingrid Young / AP Photo
Estufa de tomates orgânicos nos Estados Unidos: sob investigaçãoPublicidade

Por Gustavo Paul
EXAME Um dos mais espantosos fenômenos de marketing dos últimos anos vem sendo protagonizado pelos produtos orgânicos, cultivados sem uso de agrotóxicos, insumos químicos e fertilizantes. Com o duplo apelo do modo de vida saudável e do respeito à natureza, esses produtos, especialmente os alimentos, deixaram a antiga aura de "naturebas", consumidos quase exclusivamente por hippies e simpatizantes, para conquistar as prateleiras de supermercados, as linhas de produção das grandes empresas e uma legião cada vez maior de consumidores. O sucesso do mercado orgânico e seu potencial de crescimento futuro fizeram com que ele ganhasse a escolta de corporações como Unilever, Danone, Coca-Cola e Cargill, que passaram a ver na marca uma nova fonte de lucros bem nutridos. O leque de oferta dos produtos também se abriu -- além dos tradicionais legumes, verduras e frutas, já se vende vinho, café, cacau, carne, leite e até cosméticos orgânicos. Seu conjunto de propaladas virtudes fez com que os analistas de marketing os incluíssem entre as tendências mais fortes de evolução da área de consumo. A enorme visibilidade que inevitavelmente acompanha o sucesso, porém, tem produzido os primeiros arranhões numa imagem até então imaculada. Neste momento, em plena efervescência do fenômeno -- traduzido numa movimentação mundial de 30 bilhões de dólares, que se expande à taxa de 25% ao ano --, surgem os primeiros questionamentos sobre os pilares de sustentação do apelo orgânico.


A PRIMEIRA DUVIDA ATINGE a imagem de produtos ambientalmente amigáveis. Com produtividade menor que a convencional -- afinal, sem agrotóxicos, o controle de pragas e ervas daninhas e a adubação têm de ser feitos praticamente de planta em planta --, as lavouras orgânicas teriam de ocupar uma área cerca de três vezes maior para produzir a mesma quantidade de alimento. É o que estima Norman Borlaug, prêmio Nobel da Paz de 1970 e pai da "revolução verde", processo que levou ao aumento da produção agrícola no mundo com o uso intensivo de tecnologia. Há quem calcule que a diferença de rendimento entre o cultivo orgânico e o tradicional seja menor, mas o fato é que mais terra usada na agricultura se traduz em menos áreas virgens. Não existem dados definitivos sobre a produtividade de todas as lavouras orgânicas, mas supõe-se que, se a humanidade inteira resolvesse se alimentar apenas com esse tipo de produto, a área plantada teria de crescer a ponto de invadir manchas ainda intocadas de florestas -- por isso mesmo, especialistas em agricultura consideram a hipótese um devaneio. Nos últimos 20 anos, enquanto a produção anual de alimentos cresceu 1,1% ao ano -- utilizando métodos convencionais e biotecnologia, como ocorre com os execrados transgênicos --, o consumo global subiu 1,5%, o que vem reduzindo os estoques existentes. "Não há como retroceder no processo de aumento de produção agrícola no mundo, principalmente agora que a geração de bioenergia vai disputar áreas cultiváveis com os alimentos", diz Leonardo Sologuren, diretor da consultoria agrícola Céleres. "Teremos de usar mais, e não menos, tecnologia."

Os dois lados
Os orgânicos crescem com base na percepção positiva por parte dos consumidores e na promessa de bons lucros para as empresas. Agora, a evidência de alguns problemas pode atrapalhar seu sucesso
Os apelos
Natural e lucrativo
O principal apelo dos orgânicos é o fato de ser plantados sem o uso de produtos químicos. Consumidores se dispõem a pagar até 50% mais por seus benefícios

Demanda aquecida
O mercado mundial de orgânicos movimenta 30 bilhões de dólares e cresce ao ritmo de 25% ao ano
As críticas
Produtividade baixa
Os métodos artesanais de cultivo comprometem a produtividade — uma plantação de soja orgânica rende 35% menos que a baseada em agrotóxicos

Ocupação extensiva
Acultura de orgânicos requer área três vezes maior que a convencional.Uma
grande ampliação da produção poderia ameaçar florestas, como a Amazônica

Risco de doenças
Sem controle rigoroso da produção, da armazenagem e do processamento, as plantas orgânicas podem ser contaminadas por fungos e bactérias

O segundo questionamento diz respeito à reputação que acompanha os orgânicos desde seu início, na década de 30: a de que eles, por definição, fazem bem à saúde. "Os orgânicos são bons, mas não representam a eliminação dos riscos que todo alimento tem, seja ele tradicional ou não", afirma a agrônoma Luciana Di Ciero, pesquisadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo. Desde setembro, um produto orgânico está sob investigação na FDA, a agência americana de controle de alimentos e remédios, depois que centenas de pessoas foram intoxicadas pela bactéria E. coli, presente em lotes de espinafre livre de agroquímicos. Ainda não há provas de que a contaminação tenha sido causada pelo descuido na produção, mas uma morte e dezenas de internações serviram de alerta para as autoridades sobre a necessidade de informar melhor os consumidores quanto aos riscos que envolvem tais alimentos. (Leia parecer do FDA sobre o caso, em inglês).

Um artigo publicado na edição de setembro de 2006 da revista americana Nature Biotechnology também apontou a maior presença de toxinas -- fungos e bactérias -- nas plantas orgânicas, o que aumenta o risco de infecções e outras doenças. A razão é óbvia: sem uso de fungicidas e inseticidas não há como evitar sua proliferação se a produção não seguir critérios rígidos de adubação e rotatividade de culturas, por exemplo. "Quando o produto é orgânico, o consumidor deve aumentar ainda mais os cuidados, lavando-o de cinco a seis vezes com água sanitária, porque se a planta tiver algum tipo de furo ela sempre terá fungos", diz o médico José Alves Lara Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. "Um orgânico mal lavado pode contaminar outros alimentos." Em 2003, a Agência de Segurança Alimentar do Reino Unido fez um teste com seis tipos de milho orgânico e com 20 convencionais, e constatou que todos os produzidos sem agrotóxico apresentavam elevados níveis de contaminação por fumosina, toxina que pode causar má-formação de fetos. Eles foram retirados do mercado.

Os defensores dos alimentos orgânicos consideram que as críticas surgem em razão do crescimento do setor. "O orgânico é um grande negócio e começa a incomodar", diz Alexandre Harkaly, diretor do Instituto Biodinâmico, única entidade brasileira de certificação desses produtos reconhecida no exterior. "Resume o conceito do alimento saudável associado ao da sustentabilidade do meio ambiente e a um sistema produtivo que respeita o pequeno produtor", afirma Ming Liu, gerente da Organics Brasil, entidade que divulga os orgânicos brasileiros no mundo. Manter os consumidores convencidos desses atributos é fundamental para evitar a erosão do mito -- e preservar um fenomenal sucesso de mercado.
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Postby mends » 21 Mar 2007, 10:36

Você é um homem ou é um urso branco?
Na aparência banal de certas ocorrências, no recorte, temos, muitas vezes, a manifestação de um sintoma. Confrontados com o aparentemente tolo, banal, deixamos passar, com freqüência, o que é sinal de uma época. Antes que eu me inteirasse do assunto, leitores enviaram comentários ao blog sobre ativistas alemães que exigem que um filhote de urso branco seja sacrificado. Nota: eles pertencem a entidades defensoras dos animais. Knut é o nome do bichinho. Ele nasceu no zoológico de Berlim e foi abandonado pela mãe. Publiquei os comentários, não sem antes dizer cá pra mim: “Esses meus leitores têm cada uma...”

Pois é. Meus leitores são a minha salvação. À medida que me inteirava do assunto, confesso que tinha até receio de ler a razão dos tais “militantes”. E era justamente aquela que eu temia: segundo esses sábios, o ursinho, criado em cativeiro, não pode mais ser considerado um urso, já que ele acredita (!) que os tratadores é que são seus pais. Assim, que seja sacrificado — já que eles estão lá para defender, como posso me expressar?, “ursos ursos”, e não “ursos humanizados” pelo nosso amor doméstico.

A primeira implicação é filosófica — também de filosofia da linguagem. Talvez seja necessário recuperar categorias do platonismo e do neoplatonismo para que se chegue a uma definição mais precisa: “Mas, afinal, o que torna urso um urso?” Serão as quatro patas? Não só. No caso, a pelagem branca (é um ursinho polar)? Não só. Os hábitos de urso? Um urso que nascesse sem uma das patas dianteiras continuaria urso para além dessa imperfeição?

Entendi: há um urso na cabeça desses militantes, o urso ideal, o “urso-como-idéia”, de que o urso real, este que conhecemos, é uma sombra. Se ele nega uma característica, que eles consideram essencial, dadas suas teses sobre o urso, não pensam nada mais razoável do que a solução final: mate-se aquela coisa, que, na sua imperfeição, conspurca o seu “mundo como idéia”. A propósito não de ursos, mas do Mundo Como Idéia, leia um dia livro com esse mesmo título do grande poeta Bruno Tolentino.

Incrível que esse idealismo assassino de ursos mate também pessoas. Lembram-se de Terry Schiavo, a americana que levava uma vida dita vegetativa? Acharam que ela não era um urso digno de continuar vivo. Seu ex-marido, já em segundas núpcias (a sua “chaga” foi bem outra...), entrou na Justiça para que fosse desligado o aparelho que a alimentava. Tinha ainda a responsabilidade legal sobre Terry. Os pais da moça a queriam. Dispensavam o ex-marido (e seu direito legal) de quaisquer cuidados. Católica, a família se opunha a que o aparelho fosse desligado, o que acabou acontecendo. Ela demorou 13 dias para morrer. Seca como as flores de um cemitério.

À época, perguntei por que eles não podiam, então, cultivar seu “vegetal”, assim como quem rega gerânios à janela. Ah, não podia porque os cultores do “mundo como idéia” tinham conceitos muito definidos do que é uma vida. Gente não é gerânio. Vida, para eles, é aquela idealmente estabelecida. Alguns saíram às ruas com cartazes pedindo o desligamento do aparelho. Que gente era aquela que se mobilizava em favor da morte de “vegetais” com nome, sobrenome e história? Que gente é essa que se mobiliza para matar um urso branco?

Os platônicos acreditavam que se pudesse chegar a algumas idéias puras. Estes de hoje forjam a sua pureza de um consenso que é histórica e socialmente determinado. E, como tal, claro, sujeito a controvérsias. O diabo é que não aceitam a contradição; temem o dissenso; acusam-no de reacionário. Rejeitam, no fundo, as imperfeições e as precariedades da vida em nome do reconhecimento das identidades puras. Um urso tem de reproduzir as características todas “daquele” urso; uma vida humana tem de apresentar as características todas “daquela” vida humana. Nada aceitam além do que consideram ser a “verdade integral”.

Há dias, militantes homossexuais foram presos nos Estados Unidos. Protestavam, com agressividade, contra a política vigente nas Forças Armadas do país conhecida por “don’t ask, don’t tell”, algo como: “Não pergunte; não conte”. Vale dizer: homens e mulheres não são obrigados a revelar a sua condição sexual ao comando, que também está proibido de perguntar. Nada disso! Urso é urso. Vida é vida. Gay é gay. Preto é preto. Mulher é mulher. É preciso dizer, deixar claro, eliminar todas as zonas de ambigüidade, estabelecendo, assim, todas as diferenças, de maneira que cada coisa seja exercida na sua pureza absoluta, reivindicando seus “direitos”. Se possível, é preciso ter uma lei específica que a proteja, vejam só, do risco da universalidade.

Madame Roland, pouco antes de perder a cabeça na guilhotina jacobina, teria dito: “Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!” Duvido um pouco que tenha tido espírito para tanto em hora tão difícil. Mas o achado é bom. Não é por acaso que a Revolução Francesa é considerada um símbolo da revolta contra a tirania — e, a meu juízo, matriz das tiranias modernas. Ela leva para a teoria e para o pensamento a certeza de que as reformas são impossíveis; de que o mundo só se move pelo confronto e pela ruptura. O corolário óbvio é o de que o “outro” tem de ser eliminado porque ele me impede — como classe ou grupo — de ser plenamente o que sou.

A política, é certo, foi ganhando domínios novos nestes tempos. E foi, de certo modo, despolitizando a política propriamente dita — as disputas pelo poder — para politizar outros campos da experiência. À medida que aquele sonho de ruptura foi-se mostrando impossível, a militância foi-se deslocando para o feminismo, as identidades sexuais, a ecologia, a proteção aos animais, o “direito” de morrer e até o “direito” de matar...

Não aceitamos mais os homens impuros, imperfeitos, pecadores, indecisos, precários — estes a quem o papa vive aplicando puxões de orelha (quem ele pensa que é?). Cada um tem de dizer e ser o que é de forma absoluta, plena, total, inquestionável. Como um urso branco saído de alguma ilustração.

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Postby mends » 01 Jun 2007, 17:59

Acabei de tirar minha filha, de 14 anos, do Colégio Pentágono/COC (unidade Morumbi - São Paulo) em protesto contra o método pedagógico "porno-marxista" adotado pela escola no ensino médio este ano. O sistema COC, que começou como cursinho pré-vestibular há cerca de 40 anos em Ribeirão Preto-SP, está implantado hoje em mais de 150 escolas em todo Brasil, atingindo cerca de 200 mil alunos. O Pentágono - que, além do Morumbi, tem colégios em Alphaville e Perdizes - é uma das escolas-parceiras.
As provas de desvio moral-ideológico são incontáveis. Numa apostila de redação, a escola ensina "como se conjuga um empresário" e, para tanto, fornece uma seqüência de verbos retratando a rotina diária deste profissional:

"Acordou, barbeou-se... beijou, saiu, entrou... despachou... vendeu, ganhou, lucrou, lesou, explorou, burlou... convocou, elogiou, bolinou, estimulou, beijou, convidou... despiu-se... deitou-se, mexeu, gemeu, fungou, babou, antecipou, frustrou... saiu... chegou, beijou, negou, etc., etc.".

A página 4 da apostila de Gramática ostenta a letra de uma música de Charlie Brown Jr, intitulada Papo Reto (Prazer É Sexo O Resto É Negócio) – assim mesmo, tudo em maiúscula, sem vírgula. Está escrito:
"Otário, eu vou te avisar:/ o teu intelecto é de mosca de bar/ (...) Então já era,/ Eu vou fazer de um jeito que ela não vai esquecer".

Noutro exemplo, uma letra de Vitor Martins, da música Vitoriosa:
"Quero sua alegria escandalosa/ vitoriosa por não ter vergonha/ de aprender como se goza".

As apostilas de História e Geografia, pontilhadas de frases-epígrafes de Karl Marx e escritas em 'português ruim', contêm gravíssimos erros de informação e falsificação de dados históricos. Não passam, na verdade, de escancarados panfletos esquerdejosos que as frases abaixo, copiadas literalmente, exemplificam bem:
"Sabemos que a história é escrita pelo vencedor; daí o derrotado sempre ser apresentado como culpado ou condições de inferioridade (sic). Podemos tomar como exemplo a escravidão no Brasil, justificada pela condição de inferioridade do negro, colocado (sic) como animal, pois era ‘desprovido de alma’. Como catequizar um animal? Além da Igreja, que legitimou tal sandice, a quem mais interessava tamanha besteira? Aos comerciantes do tráfico de escravos e aos proprietários rurais. Assim, o negro dava lucro ao comerciante, como mercadoria, e ao latifundiário, como trabalhador. A história pode, dessa forma, ser manipulada para justificar e legitimar os interesses das camadas dominantes em uma determinada época".

Sandice é dizer que a Igreja legitimou a escravidão. Em 1537, o Papa Paulo III publicou a Bula Veritas Ipsa (também chamada Sublimis Deus), condenando a escravidão dos 'índios e as mais gentes'. Dizia o documento, aqui transcrito em português da época que "com authoridade Apostolica, pello teor das presentes, determinamos, & declaramos, que os ditos Indios, & todas as mais gentes que daqui em diante vierem á noticia dos Christãos, ainda que estejão fóra da Fé de Christo, não estão privados, nem devem sello, de sua liberdade, nem do dominio de seus bens, & que não devem ser reduzidos a servidão".

Outra pérola do samba do crioulo doido, extraída da apostila de História:
"O progresso técnico aplicado à agricultura (...) levou o homem a estabelecer seu domínio sobre a produção agrícola em detrimento da mulher".

Ok, feministas. Agora, tratem de explicar a importância e o poder das inúmeras deusas na mitologia dos povos mesopotâmicos, especialmente Inana/Ishtar, chamada de Rainha do Céu e da Terra, Alta Sacerdotisa dos Céus, Estrela Matutina e Vespertina e que integrava, com igual poder, a Assembléia dos Deuses, ao lado de Anu, Enlil, Enki, Ninhursag, Nana e Shamash. Na Suméria,"tanto deuses quanto deusas eram patronos da cultura; forças tanto femininas quanto masculinas estavam envolvidas com a criação da civilização. A realidade dos papéis das mulheres dentro de casa estava em perfeito acordo com a projeção destes papéis no mundo divino". (Tikva Frymer-Kensky em seu livro de 1992, In the Wake of Goddesses: Women, Culture and Transformation of Pagan Myth. Fawcet-Columbine, New York.

Mais delírio marxista de viés esquerdológico:
"Estas transformações provocaram a dissolução das comunidades neolíticas, como também da propriedade coletiva, dando lugar à propriedade privada e à formação das classes sociais, isto é, a propriedade privada deu origem às desigualdades sociais - daí as classes sociais - e a um poder teoricamente colocado acima delas, como árbitro dos antagonismos e contradições, mas que, no final de tudo, é o legitimador e sustentáculo disso: o Estado". (Definição de propriedade privada, classes sociais e de Estado, em sentido marxista, no neolítico, nem Marx!).

Calma, não acabou: No capítulo sobre a Mesopotâmia, a apostila informa que o deus Marduk (grafado Manduque) ordenou a 'Gilgamés' que construísse uma arca para escapar do dilúvio. (Gilgamesh é, na verdade, descendente do Noé caldeu/sumério, chamado Utnapishtin/Ziusudra. É Utnapishtin que conta a Gilgamesh a história da arca e do dilúvio. Há versões em que Ubaretut, filho de Enki, é que é o verdadeiro Noé; Utnapishtin apenas revela a história do dilúvio a Gilgamesh).

Outro trecho informa que o "dilúvio seria enviado por Deus, como castigo às cidades de Sodoma e Gomorra". (Em Genesis (19,24), lê-se: "O Senhor fez então chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra". Além disto, a destruição de Sodoma e Gomorra nada tem a ver com Noé e sim, com o patriarca Abraão e seu sobrinho Ló).

Outros achados:

"Diz a tradição que Sargão era filho de um jardineiro, o que nos faz pensar que, nesta época, como era possível alguém das chamadas camadas baixas da sociedade, ter acesso ao poder?". (Que reflexão revolucionária! E que estilo!).

No capítulo "Geografia das contradições" lê-se: "Uma das graves contradições relaciona-se à economia: na sociedade capitalista quase todos trabalham para gerar riquezas, mas apenas uma minoria burguesa se apropria dela (sic) (...) Por outro lado, é necessário compreender que a sociedade foi e é organizada por meio das relacões sociais de produção. Entre nós, e na maioria dos países, temos o modo de produção capitalista, em que a relação básica é representada pelo trabalho. Nele encontram-se os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores que, não possuindo os meios de produção, vendem sua força de trabalho". (Marxismo puro, simples assim).

O mais grave é que estas apostilas, de viés ideológico explícito, vêm sendo adotadas por um número cada vez maior de escolas no País. Além das escolas próprias, o COC faz parcerias com quem queira adotar o sistema, como aconteceu este ano com o Colégio Pentágono, onde minha filha estuda desde o primário. Estas apostilas têm de ser proibidas e as escolas-parceiras e o COC têm de ser responsabilizados. É a escuridão reinante.

Míriam Macedo
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Postby mends » 08 Jun 2007, 12:03

leio q houve potréstos ontem na Paulista "anti-globalização".

:(

Porra, nem num feriado a gente foge da patetice?

Quebraram vidros do Mc. Quando esses imbecis vão perceber que o Mc é um negócio BRASILEIRO, que o dono é um FRANQUEADO, que dá PRIMEIRO EMPREGO pra um monte de ZÉS sem qualificação??????????
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Postby mends » 20 Nov 2007, 10:07

Considerações sobre o neo-racismo

Em junho do ano passado, logo depois de a direção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS) ter aderido ao sistema de cotas para negros, com grupos bastante mobilizados contra a medida e a favor dela, frases de cunho racista apareceram pichadas das imediações da universidade: “Negro só se for na Cozinha do R.U., cotas não!" e “Voltem para a senzala”. Havia também uma suástica desenhada.

Os estudantes contrários às cotas estranharam a manifestação e deixaram claro que não tinham qualquer relação com aquela estupidez. A mim também me pareceu que poderia ser uma variante do estilo Odorico Paraguaçu, (O Bem Amado) que já relatei aqui. Sempre que o prefeito de Sucupira queria empastelar o jornal de Neco Pedreira, mandava pichar as paredes: “Odorico é ladrão”. Os grupos militantes favoráveis às cotas raciais hostilizavam os adversários, chamando-se de fascistas.

Ontem, algo ainda mais estanho aconteceu. O cartaz de uma das três chapas que disputam o DCE da universidade apareceu com a pichação de uma suástica e com a seguinte frase: “Fora judeus”. Detalhe: é a única das três que se opõe ao sistema de cotas e é composta também por estudantes judeus. Quem fez as pichações de junho? E as de ontem? Grupos estariam promovendo pichações contra a própria “raça”, “etnia” ou “cor de pele” — cada um escolha o que parecer melhor — para tentar incriminar o adversário, num joguinho perverso para pespegar no outro a pecha de racista? Ou será que um mesmo grupelho neonazista decidiu atacar, primeiro, os negros e, agora, os judeus?

Olhem aqui: por mais que os eventos da UFRGS sejam apenas atos de vandalismo, de delinqüência sem motivações políticas maiores, o fato é que a linguagem do conflito racial começa a fazer parte do cotidiano da universidade brasileira, que, assim, nega a sua própria essência e passa a se perder em particularismos. Hoje, as cotas raciais são motivo de pilhéria de boa parte dos “não-negros”, constrangem os negros que não precisaram recorrer a tal estratégia para ingressar na universidade e servem de facilidade para oportunistas.

O jornalismo colabora, claro, alimentando a farsa racialista, dando grande destaque a pesquisas que, como digo num post abaixo (aquele sobre os negros e o mercado de trabalho), conseguem ver tudo, menos o essencial. Se negros têm mesmo um salário inferior aos “não-negros” e se morrem menos de doenças e mais em razão da violência, vai ver é porque boa parte dos negros é também pobre. Atenção: para que houvesse um componente racial num caso e no outro, forçoso seria que se igualassem os dois grupos. Explico: seria preciso provar:
- que negros pobres morrem mais em razão da violência do que brancos vivendo em igual situação — ou seja, também pobres;
- que negros ricos são também mais vítimas da violência do que brancos ricos;
- que brancos sem escolaridade ganham mais do que negros sem escolaridade;
- que negros com formação acadêmica exemplar ganham menos do que brancos com igual formação;
- que, no caso da violência, “não-negros” estão matando negros — já que um negro pode matar outro negro por várias razões, mas não por racismo.
- mais: a realidade da Bahia seria igual à de São Paulo, por exemplo?

Até que as “pesquisas” continuem a ignorar a questão social, de educação e de renda, não passam de picaretagem para tentar, ao contrário do que dizem os militantes, extremar o racismo no Brasil, em vez de contribuir para que ele diminua.

Volto ao ponto
Sei que esse tipo de abordagem é quase inútil enquanto continuar esse proselitismo cego. Ou melhor: esse proselitismo que enxerga muito bem, já que a questão, hoje em dia, se transformou numa verdadeira indústria, estimulada, obviamente, pela política oficial. Enquanto os EUA estão praticamente extinguindo o sistema de cotas raciais, o Brasil resolveu adotá-lo, contrariando a sua própria história e formação. O país tem 52% de brancos, 6% de negros e 41% de mestiços — raptados para a “causa” e considerados “negros”. Isso serve, obviamente, ao propósito de criar um embate entre quase duas metades do país: “não-negros” X “negros” — como se houvesse mesmo alguma diferença relevante entre um branco muito pobre e um preto muito pobre.

Ora, em tese ao menos, estimula-se um confronto: se o “negro” — ainda que mestiço — está política e moralmente obrigado a afirmar a sua identidade, é de se esperar que o branco faça a mesma coisa. Ou dele se deve esperar uma compreensão superior do processo, como se devesse manter, então, uma relação paternalista com as outras "identidades"? É uma estupidez. Se existem a desigualdade e mesmo o preconceito, é claro que eles têm de ser combatidos, Mas com políticas universalistas de educação, saúde e, vejam só, até renda. Ora, não custa perguntar: por que Lula não criou, então, um Bolsa Família especial para os negros? O que essas políticas estão conseguindo, de fato, é estimular o racismo.

Todo mundo quer ser Zumbi. E ninguém quer ser Ganga Zumba.



Por Reinaldo Azevedo
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Postby mends » 20 Nov 2007, 18:13

Lula e o Estatuto do Racismo Oficial

O Apeduta defendeu hoje em solenidade o famigerado Estatuto da Igualdade Racial, um formidável eufemismo para instituir o racismo no Brasil. Ele o defende, claro, porque esse tipo de militância lhe é útil.

Muito se fala do estatuto, mas ele é pouco visto e pouco lido. Abaixo, republico quatro posts do dia 7 de julho do ano passado. Prestem atenção:
*
O Febeapá do Estatuto - SUS, medicina e biologia exclusivos dos negros
Leiam o que dizem os artigos 10 a 13 do Estatuto da Igualdade Racial, que tende a ser aprovado no Congresso sem que os parlamentares nem mesmo o tenham lido. Vejam o que segue em itálico. Volto depois:

Art. 10. O direito à saúde dos afro-brasileiros será garantido pelo Estado mediante políticas sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e outros agravos.Parágrafo único. O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde para promoção, proteção e recuperação da saúde da população afro-brasileira será proporcionado pelos governos federal, estaduais, distrital e municipais com ações e serviços em que sejam focalizadas as peculiaridades dessa parcela da população.
Art. 11. O quesito raça/cor será obrigatoriamente introduzido e coletado, de acordo com a autoclassificação, em todos os documentos em uso no Sistema Único de Saúde, tais como:
I – cartões de identificação do SUS;
II – prontuários médicos;
III – fichas de notificação de doenças;
IV – formulários de resultados de exames laboratoriais;
V – inquéritos epidemiológicos;
VI – estudos multicêntricos;
VII – pesquisas básicas, aplicadas e operacionais;
VIII – qualquer outro instrumento que produza informação estatística.
Art. 12. O Ministério da Saúde produzirá, sistematicamente, estatísticas vitais e análises epidemiológicas da morbimortalidade por doenças geneticamente determinadas ou agravadas pelas condições de vida dos afro-brasileiros.

Art. 13. O Poder Executivo incentivará a pesquisa sobre doenças prevalentes na população afro-brasileira, bem como desenvolverá programas de educação e de saúde e campanhas públicas de esclarecimento que promovam a sua prevenção e adequado tratamento.

Entenderam? O SUS é universal, mas passa a ser particular para os “afro-brasileiros”. Ninguém sabe como. Mas tem de ser. A classificação da raça passa a ser obrigatória — embora autodeclarativa. Havendo algum privilégio, seremos todos negros, é claro. Ou haverá alguém que, com base apenas na observação, poderá cassar o meu direito à negritude? O governo não consegue fazer chegar remédio a meia-dúzia de crianças indígenas, mas o senador Paulo Paim quer uma saúde e uma biologia especialmente dedicadas aos descendentes de negros. Ele não diz por que os brancos pobres, que são a maioria dos brasileiros, não teriam também direito a uma medicina só sua. Quais são as doenças “prevalentes” na população “afro-brasileira” que constituam problemas de saúde pública? Qual é a porcentagem de “afro-bralileiridade” que garante o acesso aos privilégios? Camila Pitanga teria as mesmas regalias de seu irmão?

*
O Febeapá do Estatuto 2 - Nasceria um dos fundos mais ricos e poderosos de Banânia

Ações de reparação precisam de grana, certo? Paim não deixou escapar nada. O seu estatuto cria aquele que, vejam aí, já poderia nascer com um dos mais bem fornidos fundos do Brasil. Em breve, poderia estar arrematando ações de empresas ou participando de licitação no caso da privatização de estatais. Seria criado, assim, um modelo capitalista afro-estatal-descendente. O que impressiona na proposta deste senhor é supor que ele pode garantir, por lei, com base num critério de raça, condições que a própria Constituição não ousa garantir ao conjunto dos brasileiros porque um código legal regula e estabelece normas para a vida em sociedade, mas não pode assegurar a cada homem a felicidade eterna.

Art. 26. Fica criado o Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial para a implementação de políticas públicas que tenham como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social dos afro-brasileiros, especialmente nas seguintes áreas:
I – promoção da igualdade de oportunidades em educação e emprego;
II – financiamento de pesquisas nas áreas de educação, saúde e emprego voltadas para a melhoria da qualidade de vida da comunidade afro-brasileira;
III – incentivo à criação de programas e veículos de comunicação destinados à divulgação de matérias relacionadas aos interesses da comunidade afro-brasileira;
IV – incentivo à criação e manutenção de microempresas administradas por afro-brasileiros;
V – concessão de bolsas de estudo a afro-brasileiros para a educação fundamental, média, técnica e superior;
VI – apoio a programas e projetos dos governos federal, estaduais, distrital e municipais e de entidades da sociedade civil para a promoção da igualdade de oportunidades para os afro-brasileiros;
VII – apoio a iniciativas em defesa da cultura, memória e tradições africanas e afro-brasileiras.

Art. 27. O Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial será composto de recursos provenientes da Lei Orçamentária da União e de:
I – cento e vinte e cinco milésimos das receitas correntes da União, excluídas as transferências para os estados, o Distrito Federal e os municípios e as receitas tributárias;
II – um por cento do prêmio líquido dos concursos de prognósticos; III – transferências voluntárias dos estados, do Distrito Federal e dos municípios;
IV – doações voluntárias de particulares;
V – doações de empresas privadas e organizações não-governamentais, nacionais ou internacionais;
VI – doações voluntárias de fundos congêneres, nacionais ou internacionais;
VII – doações de Estados estrangeiros, por meio de convênios, tratados e acordos internacionais;
VIII – custas judiciais arrecadadas em processos que envolvem discriminação racial ou racismo;
IX – condenações pecuniárias, nos termos do previsto nos arts. 13 e 20 da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
Parágrafo único. As doações de empresas, no valor de até um por cento do Imposto de Renda que devam recolher para a Receita Federal, poderão ser deduzidas no ano base da declaração de ajuste anual do Imposto de Renda, desde que efetuadas até a data da entrega da declaração.

Art. 28. O Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial será administrado pelo Conselho Nacional de Defesa da Igualdade Racial, instituído pelo Poder Executivo Federal, nos termos do art. 4º desta lei.

*
O Febeapá do Estatuto 3 - Branco safado é branco. E preto safado é o quê?

É claro que um estatuto como este teria de se preocupar com os meios de comunicação. Abaixo, segue a bula de Paulo Paim. Sabe-se lá por quê, ele estabeleceu a cota de 20% de “imagens de pessoas afro-brasileiras”. Os negros no Brasil, segundo o IBGE, são 6%. Os mestiços, 41%. O senador se contenta com 20%. É um chute. Estamos cansados de ver brancos safados em novelas e filmes. Negro safado também pode ou não? Um negro safado pode ser considerado para efeitos de cotas ou só conta a personagem que “valorizará a herança cultura dos afro-brasileiros na história do pais”? Como se adaptaria ao texto de Paim um filme como Cidade de Deus, de Fernando Meirelles? No caso de Shakespeare, só seria permitida a montagem de Otelo? Numa montagem de A Paixão de Cristo, o Nazareno e seus seguidores (menos Judas) seriam negros, e os brancos fariam o papel de Herodes e dos romanos, certo?

Art. 55. A produção veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança cultural e a participação dos afro-brasileiros na história do País.

Art. 56. Os filmes e programas veiculados pelas emissoras de televisão deverão apresentar imagens de pessoas afro-brasileiras em proporção não inferior a vinte por cento do número total de atores e figurantes.

Parágrafo único. Para a determinação da proporção de que trata este artigo será considerada a totalidade dos programas veiculados entre a abertura e o encerramento da programação diária.

Art. 57. As peças publicitárias destinadas à veiculação nas emissoras de televisão e em salas cinematográficas deverão apresentar imagens de pessoas afro-brasileiras em proporção não inferior a vinte por cento do número total de atores e figurantes.

Art. 58. Os órgãos e entidades da administração pública direta, autárquica ou fundacional, as empresas públicas e as sociedades de economia mista ficam obrigados a incluir cláusulas de participação de artistas afro-brasileiros, em proporção não inferior a vinte por cento do número total de artistas e figurantes, nos contratos de realização de filmes, programas ou quaisquer outras peças de caráter publicitário.

§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo incluirão, nas especificações para contratação de serviços de consultoria, conceituação, produção e realização de filmes, programas ou peças publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou serviço contratado.

§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medidas sistemáticas executadas com a finalidade de garantir a diversidade de raça, sexo e idade na equipe vinculada ao projeto ou serviço contratado.

§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar necessário para garantir a prática de iguais oportunidades de emprego, requerer auditoria e expedição de certificado por órgão do Poder Público.

Art. 59. A desobediência às disposições desta lei constitui infração sujeita à pena de multa e prestação de serviço à comunidade, através de atividades de promoção da igualdade racial.

Art. 60. A Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo:
“Art. 20-A. Tornar disponível na rede Internet, ou em qualquer rede de computadores destinada ao acesso público informações ou mensagens que induzam ou incitem a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
*
O Febeapá do Estatuto - Artigo do texto simplesmente revoga a Constituição

Se vocês clicarem aqui, terão acesso à integra do Estatuto. O mais assustador, sem dúvida, está no parágrafo 5º, que segue abaixo. Reparem que ele revoga a Constituição do país, como nem o AI-5 ousou fazer. Os poderes executivos, nos três âmbitos, instituem os conselhos, e estes têm caráter deliberativo. E quem integra os conselhos? Fala-se em “órgãos e entidades públicas” — sem especificar exatamente o que isso quer dizer, e nas tais entidades representativas da população afro-brasileira. E quem determina se elas “representam” ou não? Também não dá para saber. Engana-se qum acha que estou aqui afirmando que será criada no país uma casta de negros ou afro-descendentes privilegiados. Muito ao contrário. Se o estatuto de Paim, uma vez aprovado, fosse posto em prática, assistiríamos, isto sim, a uma explosão inédita de conflitos raciais. Reitero: as lideranças de oposição mais importantes do país, até agora, mostram-se cegas, surdas e mudas diante de um texto que, entendo, institui o apartheid no Brasil. E se a maioria branca, que corresponde a 52% dos brasileiros, resolver também se organizar? É isso o que querem para o Brasil?

Art. 5o Os poderes executivos federal, estaduais, distrital e municipais instituirão, no âmbito de suas esferas de competência, conselhos de defesa da igualdade racial, de caráter permanente e deliberativo, compostos por igual número de representantes de órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil representativas da população afro-brasileira.
Parágrafo único. A organização dos conselhos será feita por regimento próprio.


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Re: Preço da Ignorância

Postby Danilo » 02 Mar 2008, 17:13

Discordo dum trecho que indiquei, mas serve em boa parte pra cá também...

A estupidificação da América
(original de Susan Jacoby em washingtonpost.com)

A obra Anti-Intellectualism in American Life, do historiador Richard Hofstadter da Universidade de Columbia, publicado no início de 1963, entre as cruzadas anticomunistas da era McCarthy e as convulsões sociais do final da década de 1960. Hofstadter vê o antiintelectualismo americano como um fenômeno cíclico - que freqüentemente se manifestou o lado negro dos impulsos democráticos do país em religião e educação. Mas a atual marca de antiintelectualismo é menos um ciclo do que uma enchente. Se Hofstadter tivesse vivido o suficiente para escrever uma sequência dos tempos modernos, ele teria concluído que nossa era de programas de TV que misturam notícias com matérias de entretenimento, sete dias por semana e 24 horas por dia, sobrepujaram suas previsões mais apocalípticas acerca do futuro da cultura americana.

A mediocridade, parafraseando o falecido senador Daniel Patrick Moynihan, tem sido continuamente definida em termos cada vez mais baixos por várias décadas, pela combinação de forças até agora irresistíveis. Elas incluem o triunfo da cultura do vídeo sobre a cultura impressa; um descopasso entre o nível em elevação da educação formal dos americanos e seu domínio titubeante de geografia, ciência e história básicas; e a fusão do antiracionalismo com o antiintelectualismo.

O primeiro e principal vetor do novo antiintelectualismo é o vídeo (porque???). O declínio da leitura de livros, jornais e revistas, já é matéria velha. Esta tendência é mais pronunciada entre os jovens, mas continua a se acelerar e a afligir americanos de todos as idades e níveis de educação.

Segundo um relatório divulgado no ano passado pela National Endowment for Arts, o hábito de leitura decaiu não apenas entre as pessoas com baixos níveis de instrução. Em 1982, 82% das pessoas com curso superior liam romances e poemas por prazer; duas décadas mais tarde, essa porcentagem era de somente 67%. E mais de 40% dos americanos com menos de 44 anos não leu um único livro de ficção ou não-ficção no decorrer de um ano. A proporção de jovens de 17 anos que não lêem nada (a não ser o exigido pela escola) mais do que dobrou entre 1984 e 2004. Mais de um terço da população acha que "não tem nenhuma importância" saber uma língua estrangeira. Um em cada cinco americanos adultos pensa que o Sol gira em torno da Terra, segundo a National Science Foundation.

O problema não é a falta de conhecimento em si, mas a arrogância em relação a essa falta de conhecimento (hum, conheço um "omi do povo" lá em Brasília assim). A questão não é apenas as coisas que não sabemos, mas o alarmante número de americanos que, presunçosamente, concluem que não precisam saber tais coisas em primeiro lugar. Não saber uma língua estrangeira nem a localização de um país importante é uma manifestação de ignorância; negar que tal conhecimento importa é puro antiiracionalismo.
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Danilo
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