Trabalhador vai de bicicleta e a pé
A maior parte dos deslocamentos na Região Metropolitana de São Paulo continua sendo feita a pé e praticamente dobrou o número de percursos feitos com bicicleta. De acordo com números da pesquisa "Origem e Destino" 12,6 milhões de viagens diárias são feitas andando e 305 mil as feitas com bicicleta. Se por um lado esses dados podem sugerir um alívio para os congestionamentos, eles também expõem a fragilidade econômica das classes mais pobres.
A pesquisa aponta que 22% das pessoas que utilizam a bicicleta desistiram do transporte coletivo porque acham as passagens caras. Além do alto custo das passagens, outros motivos são citados para não se usar o transporte coletivo. Dentre as pessoas que fazem viagens a pé, aumentou aproximadamente 10% o número daqueles que fizeram essa opção por causa da demora para o ônibus passar no ponto. Essa razão foi citada por 103 mil pessoas. Outras 12 mil vão a pé porque acham os coletivos cheios.
Dentre os que realizam as viagens a pé ou de bicicleta, a maioria justifica a escolha por causa da pequena distância a ser percorrida. Cerca de 88% dos adeptos das caminhadas e 56% dos ciclistas deram essa resposta. Um outro aspecto não citado na edição de 1997 da pesquisa agora aparece com certa relevância. A escolha pela caminhada foi justificada por 256 mil pessoas (2%) que utilizam essa forma em seus percursos por ser uma oportunidade de realizar atividade física. Dentre os que utilizam as bicicletas, 7% o fazem com esse fim.
'Ricos' e 'pobres' têm perdas iguais em seus trajetos na Grande SP
Os congestionamentos e as grandes jornadas no transporte são problemas que não escolhem a classe social para atingir. Considerando a média do tempo consumido em todos os modos (transporte coletivo, individual, a pé ou de bicicleta), as pessoas com menor renda gastam 37 minutos nas viagens, enquanto as do outro extremo, 34. A maior média de tempo ficou entre as pessoas de família com renda entre R$ 760 e R$ 1.520 e entre R$ 1.520 e R$ 3.040, que gastam 41 minutos.
Um dos motivos para essa igualdade foi o aumento na duração das viagens em transporte coletivo por pessoas da faixa de renda familiar mais elevada. Em relação à edição anterior da pesquisa, em 1997, esse grupo teve um acréscimo de quase dez minutos no tempo de viagem em ônibus e trens (passando de 50 para 59) enquanto para a faixa com renda de até R$ 760 passou de 64 para 67. As faixas intermediárias de renda gastam entre 63 e 71 minutos.
(Mais sobre a Pesquisa Origem Destino em http://www.estadao.com.br/pages/especia ... m_destino/)