VADE RETRO SOCIALISTAS

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby junior » 29 Mar 2007, 09:39

29/03/2007 - 09h11
Fidel rompe silêncio e critica política dos Estados Unidos para etanol
da Efe, em Havana
da Folha Online

Após oito meses de silêncio, o presidente afastado de Cuba, Fidel Castro, atacou a política energética do presidente americano George W. Bush, em artigo publicado no jornal oficial "Granma".

O artigo critica a estratégia dos Estados Unidos para promover o uso de combustíveis alternativos, como o álcool, e suas repercussões nos países pobres. Mesmo elogiando a tecnologia brasileira, Fidel descarta o seu uso em Cuba.

É o primeiro artigo de Fidel desde que se afastou do governo após uma cirurgia intestinal, em 31 de julho, sendo substituído por seu irmão Raul.

No texto, Fidel acusa Bush de condenar 3 bilhões de pessoas "à morte prematura" com o plano de converter "alimentos em combustível". "Não é um numero exagerado, mas bem cauteloso. Tenho meditado bastante depois da reunião do presidente Bush com os fabricantes norte-americanos de carros", afirma o texto.

O líder cubano se refere à reunião de 26 de março entre Bush e os principais fabricantes de automóveis do país, em que o presidente americano defendeu a idéia de incentivar a produção de álcool e combustíveis alternativos.

"Idéia sinistra"

Na reunião, segundo Fidel, foi definida a "idéia sinistra de converter alimentos em combustível", com o apoio de empresas como General Motors, Ford e Chrysler, presentes ao encontro.

"Reduzir e reciclar todos os motores que consomem eletricidade e combustível é uma necessidade elementar e urgente de toda a humanidade. A tragédia está na idéia de transformar os alimentos em combustível", afirma Castro.

Ele avalia que seria necessária uma colheita gigantesca de milho para produzir álcool e vários investimentos "ao alcance apenas das empresas mais poderosas".

"Aplicando esta receita aos países do Terceiro Mundo, muitas pessoas deixarão de consumir milho entre as massas famintas de nosso planeta. O financiamento aos países pobres para produzir álcool não deixará sobrar uma árvore sequer para defender a humanidade da mudança climática", insiste o líder cubano.

Lâmpadas

Em Cuba, o álcool é um subproduto da indústria açucareira, mas a mudança de clima "está afetando a produção".

"Por isso, independentemente da excelente tecnologia brasileira para produzir álcool, a sua utilização em Cuba não passa de um sonho, um desvario dos que se iludem com essa idéia", afirma.

"Em nosso país, as terras dedicadas à produção direta de álcool podem ser muito mais úteis na produção de alimentos para o povo e na proteção do meio ambiente", avalia Castro.

O líder cubano diz que todos os países do mundo, ricos e pobres, "poderiam poupar milhões e milhões de dólares em investimentos e combustível simplesmente trocando todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, como Cuba fez em todas as casas do país".

"Isso ajudaria a resistir à mudança climática sem matar de fome as massas pobres do mundo", diz o texto.
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Postby mends » 04 Apr 2007, 17:44

O sem-teto quer vestir Prada
No capítulo do besteirol esquerdopata, esta que está na Folha On Line é ótima. Leiam. Volto depois:
“Um grupo do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) realizou nesta quarta-feira um protesto em frente à Daslu, na avenida Chedid Jafet, na Vila Olímpia (zona oeste de São Paulo). Os organizadores da manifestação --chamada pelo grupo de ato cultural-- informavam que 200 integrantes participaram do protesto. A Polícia Militar informou que eram 60 manifestantes. Não houve registro de incidentes, segundo a PM. De acordo com a organização do MTST, o grupo que foi hoje para a frente da loja representa as famílias do acampamento João Cândido, que ocupam um terreno em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo). O proprietário da área conseguiu na Justiça a reintegração de posse da área.”

Voltei
O que eles queriam? Uma modelito Prada para protestar com mais elegância? A reportagem da Folha On Line informa que a diretora da loja foi procurada, mas não se manifestou. O que será que Eliana Tranchesi deveria dizer? Os sem-teto são de Itapecerica da Serra. Suponho que sem teto e sem emprego também, ou deveriam estar trabalhando, não? Imaginem só:
- “Eliana Tranchesi, o que você pensa da injustiça social no Brasil?”;
- “Você é a favor da desigualdade?”;
- “Você não acha injusto uns terem tanto e tantos não terem quase nada?”;
- “O que você acha do capítulo 48 d’O Capital?”;
- "Você não acha justa a minha inveja, Eliana Tranchesi?
É fascinante! Descobri que a injustiça social no Brasil surgiu depois da inauguração do prédio novo da Daslu. Antes, vivíamos todos da coleta, no comunismo primitivo...

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Postby mends » 05 Apr 2007, 15:35

O petismo bocó da minissérie Amazônia. Ou "Finalmente unidos pela motosserra"
Quem deu as caras há pouco na minissérie Amazônia, aquele desastre em três partes de Glória Perez? Lula. Não o Apedêutis em pessoa, mas um ator que representava a personagem. Desde o primeiro capítulo, a autora tem seus heróis e seus vilões. A cada período, Dona Zelite vai mudando de cara, mas não de método. Só a consciência do povo é que vai aumentando, é claro... A terceira fase, que não conversa com a segunda, que, por sua vez, tratava a primeira como desconhecida, é dedicada a Chico Mendes, um bom selvagem, um legítimo representante do “povo da floresta”, contra o Dragão da Maldade.

E Lula, como não poderia deixar de ser, discursava num palanque ao lado do “Bem”. Em primeiro plano, uma faixa com a marca: “Partido dos Trabalhadores”. O momento mais dramático ainda está para acontecer: o assassinato de Chico Mendes. Certo, dirão, mas isso já é história. Bem, se é história, então não estamos lidando com categorias absolutas como Bem e Mal. Que se observe: a direção de Amazônia também é constrangedora. Os confrontos entre bolivianos e acreanos na primeira fase lembravam as guerras de bombinha de que eu participava quando era moleque — espero que ninguém faça isso hoje...

Como sabemos, o “Bem” está no poder, não é? Talvez Glória Perez não chegue até a fase da redenção. O PT começou, neste 2007, o nono ano de governo no Acre, que ficará sob o domínio do partido por pelo menos 12. O atual governador, Binho Marques, sucede Jorge Vianna, eleito e reeleito. O clã dos Vianna, hoje, dá as cartas por lá — seu irmão, Tião, é senador. Marina Silva, do grupo, é ministra do Meio Ambiente. São os novos coronéis da poesia da castanha do miolo mole.

Marques foi eleito numa coligação que juntou PP, PL, PRTB, PMN, PSB¸ PC do B, além do apoio informal de lideranças do PSDB, do PFL e do PPS. Isso significa que, finalmente, estão todos juntos. Só para vocês saberem como são as coisas. O homem foi eleito com o apoio de Orleir Cameli, ex-governador do Estado, que era tratado pelos petistas como um capeta. Mas Marques agora é compreensivo: “O Cameli é uma liderança inquestionável, adorado na sua região. Existe uma diferença muito grande entre o que sai nos jornais e o que a população sente". Huuummm...

Ah, sim, o grupo também tem o apoio de Aureliano Pascoal (PR), ex-secretário de Segurança Pública de Cameli. Ele é primo de Hildebrando Pascoal, aquele, sabem?, da motossera...

O PT uniu o que o maniqueísmo de Glória Perez separou na pior minissérie da história da Rede Globo, notória por ir largando personagens ao longo do caminho, que iam morrendo por falta de roteiro...

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Postby mends » 05 Apr 2007, 17:41

No Podcast do Diogo: o comunismo nada primitivo de Lula
Como vocês viram, Roberto Teixeira, o já mítico compadre de Lula, voltou ao noticiário, agora como, bem..., facilitador da venda da Varig para a Gol. Diogo Mainardi trata da personagem em sua coluna na próxima edição da Veja. No podcast, o colunista relembra a trajetória deste notável advogado, alvo de uma pesada acusação de Paulo de Tarso Venceslau, ex-figura graduada do partido: Teixeira, afirmou, era o cabeça de uma empresa chamada CPEM, especializada em intermediar a recuperação de créditos de ICMS, e as prefeituras do PT eram obrigadas a contratar os seus serviços.

No Podcast, Diogo recupera um depoimento de Lula à Comissão de Ética do PT em que ele tenta explicar como ficou morando, durante nove anos, num imóvel do compadre. Leiam: “Em 89, eu estou fazendo campanha no Ceará, quando eu volto, o glorioso PT tinha decidido que a casa que eu morava era de total insegurança. O Vladimir ou o Gushiken resolveu pedir para o Roberto Teixeira se ele não podia arrumar uma casa. O Roberto Teixeira falou: ‘Eu cedo a casa para o Lula. Não tem nenhum problema’. Quando terminaram as eleições, qual era o normal? Eu voltar para a minha casa. Esse era o normal. Eu chamei o Roberto Teixeira e falei: ‘Roberto, é o seguinte, eu sou candidato outra vez em 94, portanto, eu não vou voltar para o bairro Assunção, para depois eu pedir a casa outra vez. Então, o negócio é o seguinte: você não precisa dessa casa, não precisa, tem muitos imóveis aqui, eu vou ficar nessa casa até o dia que você quiser’”.

À primeira lida — ou ouvida —, parece tudo muito normal, não é mesmo? “Pô, amigão, você tem casa demais, arruma uma pra mim”. Uma ordem. Ao que o outro responde: “Claro, companheiro. O que é meu é nosso. A cada um de acordo com a sua necessidade”. Reparem que Lula reconhece que a coisa não é lá muito normal. Aí poderia indagar o leitor: “Ué, se Teixeira quis financiar o Apedêutis, ninguém tem nada com isso. Mecenas financiava Virgílio, por exemplo”. É verdadis!!! O diabo é que o “Cumpádi Companhero” saiu da vida privada para entrar na história.

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Postby mends » 09 Apr 2007, 10:08

O povo é de “direita”, revela o Datafolha
Escrevi aqui, dia desses, que até seria interessante que se fizesse um plebiscito sobre a ampliação do direito ao chamado aborto legal porque a proposta seria amplamente derrotada. Comentava, então, um artigo de Elio Gaspari sobre o tema. Vocês devem se lembrar disso. Pois bem. A Folha publicou ontem uma pesquisa com a opinião dos brasileiros sobre vários assuntos — entre eles, o aborto. O resultado não me surpreendeu: 65% dos entrevistados querem que a legislação continue como está — permissão apenas em caso de estupro e risco de morte para a mãe. Isso significa uma esmagadora maioria da população contra a chamada legalização do aborto. Em 1993, 54% tinham essa opinião. Apenas 10% defendem a prática sem qualquer restrição — há 14 anos, eram 18%. E 16% querem ampliar as situações em que a interrupção da gravidez seria possível — naquela primeira pesquisa, eram 23%. Essa e outras opiniões dos brasileiros, de que trato abaixo, demonstram a anemia dos políticos conservadores no Brasil. Há eleitores aos milhões que estão sem representação.

Antes que continue, uma observação importante. Sou contra a “plebiscitização” da democracia brasileira. Acho isso uma bobagem ditada pela demagogia e pela ilusão da intervenção direta. Continuo achando que não se inventou ainda mecanismo de governo mais eficiente, a despeito das ineficiências, do que a democracia representativa. Os amantes de plebiscitos e referendos, curiosamente, acham a consulta interessante apenas quando ela revela o que eles gostam de ouvir (leia nota abaixo). Veja-se o caso da pena de morte, a que me oponho. Nada menos de 55% dos entrevistados se dizem favoráveis, e 40% se dizem contrários. Essa consulta não seria feita porque esbarraria nas chamadas cláusulas pétreas da Constituição. Mas o número indica, evidentemente, que a população está assustada e quer mais dureza no combate ao crime.

A chamada agenda progressista leva um ducha de água fria do povo brasileiro. Mesmo a eutanásia, que costuma ser apresentada sempre numa versão adocicada, como se seus defensores ou promotores fossem anjos da anunciação, merece a reprovação dos brazucas: 57% não querem saber dessa conversa, contra apenas 36% que se dizem favoráveis. A questão é indiferente para 2%, e 5% não sabem. A pesquisa ouviu a população sobre duas outras questões. Disseram-se contra a união civil de pessoas do mesmo sexo 49% dos entrevistados, e 42% são favoráveis. Para 7%, é indiferente, e 2% não sabem. Opõem-se à adoção de crianças por casais homossexuais 52% das pessoas, e 43% a defendem — 4% são indiferentes, e 2% não sabem.

Então por quê?
Acho interessante — e, até certo ponto, sintoma de uma perigosa banalização — que temas como aborto, eutanásia e pena de morte, que dizem respeito à vida, sejam metidos no mesmo balaio de temas tipicamente comportamentais, como a união gay. O que uma coisa tem a ver com a outra? Mas entendo: a clivagem que se estabelece é entre o que seria o voto progressista, “de esquerda” (pró-aborto, pró-eutanásia, contra a pena de morte, a favor do casamento gay e da adoção de crianças por homossexuais), e o voto conservador, “de direita” (oposto a tudo o que vai acima). Vá lá. A leitura tem sua utilidade, mas é reducionista.

É útil especialmente aos partidos que têm um corte ou viés não-esquerdista ou mesmo antiesquerdista. Vejam só: um político que tivesse rigorosamente as opiniões do povo brasileiro em todos esses assuntos seria chamado de “direitista” pela esquerda, certo? Quem sabe até de reacionário... E isso estaria a indicar que o povo brasileiro é, então, majoritariamente, “de direita”. Ora, se ele é de direita, por que, então, estamos sendo governados pela esquerda — ainda que essa “esquerda” seja a petista, com seu fanatismo recém-adquirido pelo financismo? A resposta é simples: questões como as colocadas acima simplesmente estiveram ausentes do debate eleitoral. E os politicólogos brasileiros, quase todos de esquerda, acham que isso é um sinal do nosso amadurecimento. Essas clivagens aparecem nos confrontos eleitorais dos EUA e da Europa — sabem?, eles são os bárbaros... Já os civilizados brasileiros preferem não entrar nesse mérito porque acham que esse é um debate grosseiro.

Alhos e bugalhos
E olhem que, na minha opinião, misturam-se alhos e bugalhos nesses levantamentos. Já fiz aqui há dias a minha distinção entre “direita” e “esquerda”. Para mim, o ponto de ancoragem dessas definições é a lei democraticamente instituída. Um direitista não aceita solapar a lei democrática em nome de uma causa considerada legítima; o esquerdista, sim. E por isso me considero identificado com a direita, embora seja, por exemplo, contrário à pena de morte, prática geralmente associada aos direitistas — ainda que executada, de forma industrial, ao longo da história, mais pela esquerda.

Já a questão da união civil de homossexuais, por exemplo, é, entendo, de uma espantosa irrelevância. Se um casal gay quer celebrar um contrato, o que os não-gays têm com isso? A minha pergunta é: por que temos de nos meter na vida alheia? Reparem: aborto, eutanásia e pena de morte envolvem questões de Estado e, em dois dos casos, políticas públicas de saúde. A outra, não. Também acho uma besteira impedir casais homossexuais de adotar crianças. O razoável, em nome apenas do que é o corriqueiro, é que se esgotem as possibilidades de um casal heterossexual fazer a adoção. Quanto menos explicações o garoto ou a garota tiverem de dar aos coleguinhas sobre sua família, melhor.

Mas quem se atreve a dizer que uma criança estará melhor num orfanato do que num lar com dois pais ou duas mães? De resto, ninguém escolhe ser homossexual ou se torna homossexual por pressão do meio. Qualquer psicanalista sabe disso — ou não haveria gays em lares heterossexuais. Um gay ou lésbica se torna aquilo que é. O que vai acima, evidentemente, tem limites. Alguns gays querem casar na igreja. Bem, cabe à hierarquia religiosa decidir. Isso nada tem a ver com leis. Não vejo como as igrejas cristãs, a Católica ou quaisquer outras, possam vir a conceder com a prática. De todo modo, notem que só 49% são contra a união gay (não muito longe dos 42% a favor), mas 65% não querem a legalização do aborto.

Voltando ao ponto
O antigo PFL agora se chama Democratas (DEM). O PSDB está em vias de fazer um encontro ou coisa parecida para tentar, sei lá, se aproximar mais do povo. De certo modo, esses partidos sonham uma coisa impossível: mimetizar a prática partidária petista, o que é impossível. O PT busca ser uma espécie de corrente iluminista — por mais obscurantista que seja — das corporações sindicais, com as quais deve viver, daqui a pouco, um conflito se realmente levar adiante a idéia de regulamentar o direito de greve para servidores. De todo modo, essa união está dada. As outras legendas não vão disputar esse espaço porque tratam de interesses mais difusos.

DEM e PSDB cometem, a meu ver, dois erros crassos: não conseguem ter um discurso organizado sobre economia para confrontar o PT e renunciam a fazer o que chamo de guerra de valores com a esquerda. O Datafolha esfrega no nariz das duas legendas o óbvio: o povo brasileiro é conservador e, vejam só, não tem, no Parlamento, quem o represente a contento.

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Postby mends » 09 Apr 2007, 10:09

Prioridade do MST agora é atacar agronegócio
Por Roldão Arruda, no Estadão desta segunda:
O Movimento dos Sem-Terra (MST) decidiu intensificar o ataque às grandes empresas do agronegócio. Especialmente as de capital internacional - também chamadas de transnacionais. Um sinal claro disso foi dado no início do mês de março, quando, em associação com a Via Campesina, o movimento realizou protestos contra essas empresas em vários Estados. Estuda-se agora a possibilidade de dedicar um mês inteiro a novas mobilizações contra elas.Em março, no Rio Grande do Sul e no Espírito Santo, ativistas ligadas ao MST e à Via Campesina ocuparam terras de reflorestamento de três empresas do setor de celulose - Aracruz, Votorantim e Stora Enso; no Paraná, fizeram protestos diante da Nortox, fabricante de herbicidas; em São Paulo, invadiram áreas da Usina Cevasa, produtora de álcool, que teve parte de seu capital vendido há pouco para a Cargill, gigante mundial do agronegócio, e, no Ceará, interditaram a chamada rodovia do agronegócio, usada por exportadoras de frutas.Essa inflexão do MST deve ser acentuada daqui para a frente, em decorrência dos problemas que, segundo seus líderes, são causados pelas transnacionais. Entre outras coisas, estariam impondo um modelo de monocultura ao País, com ênfase em produtos para exportação; promovendo novo processo de concentração de terras, com riscos para a agricultura familiar; causando desemprego e agredindo o meio ambiente, devido ao desmatamento e ao uso intensivo de agrotóxicos. Também são acusadas de controlar a produção de insumos ao redor do mundo e impor preços aos produtos agrícolas.
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Postby Rafael » 24 Apr 2007, 20:42

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Postby Rafael » 24 Apr 2007, 20:46

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Postby mends » 04 May 2007, 18:51

Quebra de patentes e demagogia
A quebra de uma patente é recurso de tal sorte polêmico, que deve ser usado como ameaça, não como solução ou remédio, como fez o governo Lula. Em 2001, quase se chegou lá. Mas não foi necessário. Reconstitua-se o caso do Efavirenz. Tudo foi feito preparando a solenidade da tarde desta sexta.

Solenidade para quê? Para anunciar ao mundo que o Brasil não respeita a propriedade intelectual? E o que disse Lula? “Hoje é o Efavirenz, mas, amanhã, pode ser qualquer outro comprimido, ou seja, se não tiver com os preços que são justos, não apenas para nós, mas para todo ser humano no planeta que está infectado, nós temos que tomar essa decisão. Afinal de contas, entre o nosso comércio e a nossa saúde, nós vamos cuidar da nossa saúde", afirmou o presidente.

Trata-se de uma presepada — sem contar a sugestão de que fica parecendo que Lula quebrou a patente do remédio para todo o planeta. Não existe qualquer contradição entre o que o Apedeuta chama de “comércio” e a saúde. Esse é o discurso mais fácil e, como sempre, estúpido. O que um laboratório arrecada com a venda das drogas que desenvolve compensa alguns bilhões investidos em pesquisa e deixa disponíveis outros tantos bilhões para novas investigações. É assim que funciona. E, é certo, a atividade dá lucro também. Ou os acionistas da Merck Sharp&Dohme prefeririam investir seu dinheiro, por exemplo, nos juros pagos pelo Brasil. Investiriam parte nos 5% ao ano dos títulos do Tesouro Americano, mas botariam a bufunfa grossa nos 12,5% da nossa Selic, certo? E o mundo que se danasse com as suas pragas.

Não foi a única bobagem do dia. “Hoje é um momento histórico. É a saúde em detrimento do comercial. É a sustentabilidade do programa para garantir sua continuidade no longo prazo", afirmou Ana Paula Prado, assessora-técnica do Programa Nacional de DST-Aids do Ministério da Saúde. “Saúde em detrimento do comercial?” Quer dizer que, quando um laboratório investe em pesquisa, não está pensando na saúde?

Olhem aqui. Não ignoro que há um debate internacional, que já chegou à OMC, sobre a questão das patentes de remédios. Acho procedente que os doentes sejam considerados uma prioridade. Prioridade, sim; massa de manobra de antiimperialismo rombudo e tardio, não. Os laboratórios e seu capitalismo desalmado já salvaram muito mais vidas do que esse humanismo mameluco. Devo mais à Lilly, que desenvolveu o Prozac, do que ao nativismo salvacionista. Eu e milhões de pessoas mundo afora.

A lei que permite, se e quando necessário, a quebra de patentes nem é do governo Lula, mas da gestão FHC. Até no discurso equivocado, Lula faz proselitismo com o que não lhe pertence. Os EUA retiraram a reclamação que havia contra o Brasil na OMC, de modo que o procedimento, quando o remédio é considerado de “interesse social”, é admitido. A proposta, originalmente de José Serra, foi aprovada por ministros da Saúde de 142 países. Altera a interpretação do chamado Acordo de Trips (direitos de propriedade intelectual relacionados com o comércio). Permite que os governos concedam licença compulsória — quebra do monopólio de patentes — para combater abuso de preços e dar maior acesso a medicamentos essenciais, sem se submeter à ameaça de recursos na Justiça.

Assim, no limite, dispondo da possibilidade de quebrar a patente, que o governo o faça. Mas sem esse carnaval. Porque ele dificulta um eventual acordo. E o acordo é preferível a essa jactância. Mais: toda a argumentação que sucede a decisão é uma soma de equívocos. A seguir o que diz Lula, a propriedade intelectual está extinta no país. E quanto o Brasil economiza com essa decisão? US$ 50 milhões em um ano — vale dizer, um sexto do que enterrou tapando inutilmente os buracos das rodovias... É que, nesse caso, só os nativos lucraram, não os terríveis laboratórios...

"Não é possível alguém ficar rico com a desgraça dos outros", disse ainda Lula na solenidade. Tá certo. Vamos deixar as doenças a cargo de iluminados como este senhor. Ele ainda não conseguiu fazer a Funsa entregar remédio para salvar meia-dúzia de indiozinhos. Mas se oferece para salvar o mundo inteiro. Muito típico.

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Postby mends » 05 May 2007, 14:51

Artigo: Alvaro Vargas Llosa
O retorno do Idiota

Durante o século XX, os líderes populistas da América Latina levantaram bandeiras marxistas, praguejaram contra o imperialismo e prometeram tirar seus povos da pobreza. Sem exceção, todas essas políticas e ideologias fracassaram, o que levou ao recuo dos homens fortes. Agora, uma nova geração de revolucionários tenta ressuscitar os métodos ineficazes de seus antecessores.

Juan Barreto/AFP

Na reunião de Los Panchos: Chávez, Morales e o cubano Carlos Lage (no centro) são expoentes da esquerda ainda presa à mentalidade da Guerra Fria. Outra esquerda, que governa no Chile e no Brasil, tenta evitar os erros do passado


Dez anos atrás, o colombiano Plinio Apuleyo Mendoza, o cubano Carlos Alberto Montaner e eu escrevemos Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, livro que criticava os líderes políticos e formadores de opinião que, apesar de todas as provas em contrário, se apegam a mitos políticos mal concebidos. A espécie "Idiota", dizíamos então, era responsável pelo subdesenvolvimento da América Latina. Tais crenças – revolução, nacionalismo econômico, ódio aos Estados Unidos, fé no governo como agente da justiça social, paixão pelo regime do homem forte em lugar do regime da lei – tinham origem, em nossa opinião, no complexo de inferioridade. No fim dos anos 1990, parecia que os idiotas estavam finalmente em retirada. Mas o recuo durou pouco. Hoje, a espécie retornou na forma de chefes de estado populistas empenhados em aplicar as mesmas políticas fracassadas no passado. Em todo o mundo, há formadores de opinião prontos a lhes dar credibilidade e simpatizantes ansiosos por conceder vida nova a idéias que pareciam extintas.

Por causa da inexorável passagem do tempo, os jovens idiotas latino-americanos preferem as baladas pop de Shakira aos mambos do cubano Pérez Prado e não cantam mais hinos da esquerda, como A Internacional e Hasta Siempre, Comandante. Mas eles ainda são os mesmos descendentes de migrantes rurais, de classe média e profundamente ressentidos com a vida fútil dos ricos que vêem nas revistas de fofocas, folheadas discretamente nas bancas. Universidades públicas fornecem a eles uma visão classista da sociedade, baseada na idéia de que a riqueza precisa ser tomada das mãos daqueles que a roubaram. Para esses jovens idiotas, a situação atual da América Latina é resultado do colonialismo espanhol e português, seguido do imperialismo dos Estados Unidos. Essas crenças básicas fornecem uma válvula de segurança para suas queixas contra uma sociedade que oferece pouca mobilidade social. Freud poderia dizer que eles têm o ego fraco, incapaz de fazer a mediação entre seus instintos e a sua idéia de moralidade. Em lugar disso, suprimem o conceito de que a ação predatória e a vingança são erradas e racionalizam a própria agressividade com noções elementares do marxismo.



Juan Barreto/AFP

Empregados de estatal na comemoração do 1º de Maio na Venezuela: apesar do lucro fácil do petróleo, a pobreza continua a mesma e o crime aumentou no governo Chávez

Os idiotas latino-americanos tradicionalmente se identificam com os caudilhos, figuras autoritárias quase sobrenaturais que têm dominado a política da região, vociferando contra a influência estrangeira e as instituições republicanas. Dois líderes, particularmente, inspiram o Idiota de hoje: os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia. Chávez é visto como o perfeito sucessor do cubano Fidel Castro (a quem o Idiota também admira): ele chegou ao poder pelas urnas, o que o libera da necessidade de justificar a luta armada, e tem petróleo em abundância, o que significa que pode bancar suas promessas sociais. O Idiota também credita a Chávez a mais progressista de todas as políticas – ter colocado as Forças Armadas, paradigma do regime oligárquico, para trabalhar em programas sociais. De sua parte, o boliviano Evo Morales tem um apelo indigenista. Para o Idiota, o antigo plantador de coca é a reencarnação de Tupac Katari, um rebelde aimará do século XVIII que, antes de ser executado pelas autoridades coloniais espanholas, profetizou: "Eu voltarei e serei milhões". O Idiota acredita em Morales quando ele alega falar pelas massas indígenas, do sul do México aos Andes, que buscam reparação pela exploração sofrida em 300 anos de domínio colonial e outros 200 anos de oligarquia republicana.

A visão de mundo do Idiota, vez por outra, encontra eco entre intelectuais ilustres na Europa e nos Estados Unidos. Esses pontificadores aliviam o peso na consciência apoiando causas exóticas em países em desenvolvimento. Suas opiniões atraem fãs entre os jovens do Primeiro Mundo, para os quais a fobia da globalização oferece a perfeita oportunidade de encontrar satisfação espiritual na lamentação populista do Idiota latino-americano contra o perverso Ocidente.

Não há nada de original no fato de intelectuais do Primeiro Mundo projetarem suas utopias sobre a América Latina. Cristóvão Colombo chegou por acaso à América em um tempo em que as idéias utópicas da Renascença estavam em voga. Desde o início, os conquistadores descreveram as terras encontradas como nada menos que paradisíacas. O mito do bom selvagem – a idéia de que os nativos do Novo Mundo tinham uma bondade imaculada, não manchada pelas maldades da civilização – impregnou a mente européia. A tendência de usar a América como uma válvula de escape para a frustração com os insuportáveis conforto e abundância da civilização ocidental continuou por séculos. Pelos anos 60 e 70, quando a América Latina estava repleta de organizações terroristas marxistas, esses grupos violentos encontraram apoio maciço na Europa e nos Estados Unidos entre pessoas que nunca teriam aceitado um regime totalitário no estilo de Fidel Castro em seu próprio país.

O atual ressurgimento do Idiota latino-americano precipitou o retorno de seus correspondentes: os idiotas paternalistas europeus e americanos. Mais uma vez, importantes acadêmicos e escritores estão projetando seu idealismo, sua consciência cheia de culpa ou as queixas contra sua própria sociedade no cenário latino-americano, emprestando seu nome a abomináveis causas populistas. Ganhadores do Nobel, incluindo o dramaturgo inglês Harold Pinter, o escritor português José Saramago e o economista americano Joseph Stiglitz, lingüistas americanos como Noam Chomsky e sociólogos como James Petras, jornalistas europeus como Ignacio Ramonet e alguns de veículos como Le Nouvel Observateur, na França, Die Zeit, na Alemanha, e Washington Post, nos Estados Unidos, estão mais uma vez propagando absurdos que moldam as opiniões de milhões de leitores e santificam o Idiota latino-americano. Esse lapso intelectual seria praticamente inócuo se não tivesse conseqüências. Mas, pelo fato de legitimar um tipo de governo que está no âmago do subdesenvolvimento econômico e político da América Latina, esse lapso se constitui numa forma de traição intelectual.



UM AMOR ESTRANGEIRO

O exemplo mais notável da simbiose entre alguns intelectuais ocidentais e os caudilhos latino-americanos é a relação amorosa entre os idiotas americanos e europeus e Hugo Chávez. O líder venezuelano, apesar das tendências nacionalistas, não hesita em citar estrangeiros em seus pronunciamentos para fortalecer suas opiniões. Basta ver o discurso de Chávez na ONU, no ano passado, no qual exaltou o livro de Chomsky Hegemonia ou Sobrevivência: a Busca da América pelo Domínio Global. Do mesmo modo, em apresentações no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Chomsky apontou a Venezuela como um exemplo para o mundo em desenvolvimento, elogiando políticas sociais bem-sucedidas nas áreas de educação e assistência médica, que teriam resgatado a dignidade dos venezuelanos. Ele também expressou admiração pelo fato de "a Venezuela ter desafiado com sucesso os Estados Unidos, um país que não gosta de desafios, menos ainda quando são bem-sucedidos".

Na realidade, os programas sociais da Venezuela têm se tornado, com a ajuda dos serviços de inteligência cubanos, veículos para cooptar e criar dependência social do governo. Além disso, sua eficácia é suspeita. O Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores, instituto de pesquisas do sindicato da categoria, relatou que 80% dos domicílios venezuelanos tinham dificuldades em cobrir as despesas com comida em 2006 – a mesma proporção de quando Chávez chegou ao poder, em 1999, e quando o preço do barril de petróleo era um terço do atual. Quanto à dignidade das pessoas, a verdade é que, desde que Chávez se tornou presidente, ocorrem 10.000 homicídios por ano na Venezuela, dando ao país a maior taxa de assassinatos per capita do mundo.

Outra nação pela qual alguns formadores de opinião americanos têm uma queda é Cuba. Em 2003, o regime de Fidel Castro executou três jovens que haviam seqüestrado um barco e tentado escapar da ilha. Fidel também mandou 75 ativistas democratas para a prisão por terem emprestado livros proibidos. Como resposta, James Petras, há anos professor de sociologia da State University of New York, em Binghamton, escreveu um artigo intitulado "A responsabilidade dos intelectuais: Cuba, os Estados Unidos e direitos humanos". Em seu texto, que foi reproduzido por várias publicações esquerdistas em todo o mundo, defendeu Havana argumentando que as vítimas estavam a serviço do governo americano.

Conhecido simpatizante de Fidel, Ignacio Ramonet, editor do Le Monde Diplomatique, jornal francês que advoga qualquer causa sem graça que tenha origem no Terceiro Mundo, sustenta que a globalização tornou a América Latina mais pobre. A verdade é que a pobreza foi modestamente reduzida nos últimos cinco anos. A globalização gera tanta receita aos governos latino-americanos com a venda de commodities e com os impostos pagos pelos investidores estrangeiros que eles têm distribuído subsídios aos mais pobres – o que dificilmente é uma solução para a pobreza a longo prazo.

Com duas décadas de atraso, Harold Pinter fez uma avaliação espantosa do governo sandinista em seu discurso de aceitação do Nobel em 2005. Acreditando talvez que uma defesa dos populistas do passado poderia ajudar os populistas de hoje, ele disse que os sandinistas tinham "aberto o caminho para estabelecer uma sociedade estável, decente e pluralista" e que não havia "registro de tortura" ou de "brutalidade militar oficial ou sistemática" sob o governo de Daniel Ortega, nos anos 80. Alguém pode se perguntar, então, por que os sandinistas foram apeados do poder pelo povo da Nicarágua nas eleições de 1990. Ou por que os eleitores os mantiveram fora do poder durante quase duas décadas – até Ortega se transformar num travesti político, declarando-se defensor da economia de mercado. Quanto à negação das atrocidades sandinistas, Pinter faria bem em lembrar o massacre dos índios misquitos, em 1981, na costa atlântica da Nicarágua. Sob a fachada de uma campanha de alfabetização, os sandinistas, com a ajuda de militares cubanos, tentaram doutrinar os misquitos com a ideologia marxista. Os índios recusaram-se a aceitar o controle sandinista. Acusando-os de apoiar os grupos de oposição baseados em Honduras, os homens de Ortega mataram cinqüenta índios, prenderam centenas e reassentaram à força outros tantos. O ganhador do Nobel deveria lembrar também que seu herói Ortega se tornou um capitalista milionário graças à distribuição dos ativos do governo e de propriedades confiscadas, que os líderes sandinistas repartiram entre si após a derrota nas eleições de 1990.

O entusiasmo com o populismo latino-americano se estende a jornalistas dos principais veículos de comunicação. Tome como exemplo algumas matérias escritas por Juan Forero, do Washington Post. Ele é mais equilibrado e informado do que os luminares mencionados acima, mas, de vez em quando, revela um estranho entusiasmo pelo populismo do tipo que está varrendo a região. Em um artigo recente sobre a generosidade estrangeira de Chávez, ele e seu colega Peter S. Goodman criaram uma imagem positiva da forma como Chávez ajuda alguns países a se desfazer da rigidez imposta por agências multilaterais quando emprestam dinheiro para essas nações poderem quitar suas dívidas. Defensores dessa política foram citados favoravelmente e nenhuma menção foi feita ao fato de que o dinheiro do petróleo da Venezuela pertence ao povo venezuelano, e não a governos estrangeiros ou entidades alinhadas com Chávez, ou que esses subsídios têm limitações políticas. É o que se vê no ataque do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, aos Estados Unidos e na louvação a Chávez, respostas evidentes à promessa feita por Chávez de comprar novos bônus da dívida argentina.



O PROBLEMA COM O POPULISMO

Observadores estrangeiros estão deixando de compreender um ponto essencial: o populismo latino-americano nada tem a ver com justiça social. No início, no século XIX, era uma reação ao estado oligárquico na forma de movimentos de massa liderados por caudilhos, cujo mantra era culpar as nações ricas pela má situação da América Latina. Esses movimentos baseavam sua legitimidade no voluntarismo, no protecionismo e na maciça redistribuição de riqueza. O resultado, por todo o século XX, foram governos inchados, burocracias sufocantes, subserviência das instituições judiciais à autoridade política e economias parasitárias.

Populistas têm características básicas comuns: o voluntarismo do caudilho como um substituto da lei, a impugnação da oligarquia e sua substituição por outro tipo de oligarquia, a denúncia do imperialismo (com o inimigo sempre sendo os Estados Unidos), a projeção da luta de classes entre os ricos e os pobres para o terreno das relações internacionais, a idolatria do estado como uma força redentora dos pobres, o autoritarismo sob a aparência de segurança de estado e clientelismo, uma forma de paternalismo pela qual os empregos públicos – em oposição à geração de riqueza – são os canais de mobilidade social e uma forma de manter o voto cativo nas eleições. O legado dessas políticas é claro: quase metade da população da América Latina é pobre, com mais de um em cada cinco vivendo com 2 dólares ou menos por dia. E entre 1 milhão e 2 milhões de migrantes procurando os Estados Unidos e a Europa a cada ano em busca de uma vida melhor.

Mesmo na América Latina parte da esquerda está fazendo a transição, afastando-se da Idiotice – semelhante ao tipo de transição mental que a esquerda européia, da Espanha à Escandinávia, fez décadas atrás, quando, de má vontade, abraçou a democracia liberal e a economia de mercado. Na América Latina, pode-se falar em uma "esquerda vegetariana" e uma "esquerda carnívora". A esquerda vegetariana é representada por líderes como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e o presidente costa-riquenho, Oscar Arias. Apesar da retórica carnívora ocasional, esses líderes têm evitado os erros da antiga esquerda, como uma barulhenta confrontação com o mundo desenvolvido e a devassidão monetária e fiscal. Eles se adaptaram à conformidade social-democrata e relutam em fazer grandes reformas, mas apresentam um passo positivo no esforço para modernizar a esquerda.

Em contrapartida, a esquerda "carnívora" é representada por Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales e pelo presidente do Equador, Rafael Correa. Eles se prendem a uma visão marxista da sociedade e a uma mentalidade da Guerra Fria que separa o Norte do Sul e buscam explorar as tensões étnicas, particularmente na região andina. A sorte inesperada com o petróleo obtida por Hugo Chávez está financiando boa parte dessa empreitada. A gastronomia de Néstor Kirchner, da Argentina, é ambígua. Ele está situado em algum ponto entre os carnívoros e os vegetarianos. Desvalorizou a moeda, instituiu controles de preços e nacionalizou ou criou empresas estatais nos principais setores da economia. Mas tem evitado excessos revolucionários e pagou a dívida argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ainda que com a ajuda do crédito venezuelano. A posição ambígua de Kirchner tem ajudado Chávez, que preencheu o vácuo de poder no Mercosul para projetar sua influência na região.

Estranhamente, muitos europeus e americanos "vegetarianos" apóiam os "carnívoros" da América Latina. Um exemplo é Joseph Stiglitz, que tem defendido os programas de nacionalização na Bolívia de Morales e na Venezuela de Chávez. Numa entrevista para a rádio Caracol, da Colômbia, Stiglitz disse que as nacionalizações não deveriam causar apreensão porque "empresas públicas podem ser muito bem-sucedidas, como é o caso do sistema de pensões da Seguridade Social nos Estados Unidos". Stiglitz, porém, não defendeu a nacionalização das principais empresas privadas ou de capital aberto de seu país e parece ignorar que, do México para baixo, nacionalizações estão no centro das desastrosas experiências populistas do passado.

Stiglitz também ignora o fato de que na América Latina não há uma separação real entre as instituições do estado e o governo. Empresas estatais rapidamente se tornam canais para patronato político e corrupção. A principal empresa de telecomunicações da Venezuela tem sido uma história de sucesso desde que foi privatizada, no início dos anos 1990. O mercado de telecomunicações experimentou um crescimento de 25% nos últimos três anos. Em contrapartida, a gigante estatal de petróleo tem visto sua receita cair sistematicamente. A Venezuela produz hoje quase 1 milhão de barris de petróleo menos do que produzia nos primeiros anos desta década. No México, onde o petróleo também está nas mãos do governo, o projeto Cantarell, que representa quase dois terços da produção nacional, vai perder metade de seu rendimento nos próximos dois anos por causa da baixa capitalização.

É realmente importante o fato de que os intelectuais americanos e europeus matam sua sede pelo exótico promovendo idiotas latino-americanos? A resposta inequívoca é sim. Uma luta cultural está sendo deflagrada na América Latina – entre aqueles que querem colocar a região no firmamento global e vê-la emergir como um importante colaborador para a cultura ocidental, à qual seu destino está associado há cinco séculos, e aqueles que não conseguem aceitar essa idéia e resistem. Apesar de a América Latina ter experimentado algum progresso nos últimos anos, essa tensão está impedindo seu desenvolvimento em comparação com outras regiões do mundo – como o Leste Asiático, a Península Ibérica ou a Europa Central – que, há pouco tempo, eram exemplos de atraso. Nas últimas três décadas, a média de crescimento anual do PIB da América Latina foi de 2,8% – contra 5,5% do Sudeste Asiático e a média mundial de 3,6%.

Esse fraco desempenho explica por que quase 45% da população ainda está na pobreza e por que, depois de um quarto de século de regime democrático, pesquisas feitas na região revelam uma profunda insatisfação com instituições democráticas e partidos tradicionais. Enquanto o Idiota latino-americano não for relegado aos arquivos históricos – algo difícil de acontecer enquanto tantos espíritos condescendentes no mundo desenvolvido continuarem a lhe dar apoio –, isso não vai mudar.

Ganhadores do Nobel também podem ser idiotas

O vencedor do Prêmio Nobel ganha uma viagem de graça à Escandinávia, uma medalha de ouro, algum dinheiro e, sobretudo, uma porta para a imortalidade intelectual. Tornar-se um Nobel, contudo, não deixa ninguém imune à estupidez, especialmente quando se trata da América Latina.

HAROLD PINTER, Nobel de Literatura de 2005

FRASE IGNÓBIL: "Os Estados Unidos finalmente derrubaram o governo sandinista (...) Os cassinos voltaram ao país. Saúde e educação gratuitas acabaram. As grandes empresas voltaram com ímpeto" – Discurso de aceitação do Nobel, em Estocolmo

A REALIDADE: Harold, odeio lhe dar a má notícia, mas a verdade é que foram os eleitores nicaragüenses, e não o governo americano, que tiraram os sandinistas do poder.



JOSEPH STIGLITZ, Nobel de Economia de 2001

FRASE IGNÓBIL: "O Chile teve muito sucesso nos últimos quinze anos... [O país] introduziu controles de capital. Privatizou apenas parte de suas minas de cobre, e as minas privatizadas não tiveram um desempenho melhor do que as minas estatais, sendo que os lucros das minas privatizadas foram enviados para o exterior, enquanto os lucros das minas estatais puderam ser investidos nos esforços de desenvolvimento da nação" – International Herald Tribune, 14 de fevereiro de 2007

A REALIDADE: Se as políticas que Stiglitz cita – controle de capital, nacionalização de minas e intervenção estatal na alocação dos lucros gerados pela exportação de commodities – explicam o sucesso do Chile, por que nenhum dos outros paises latino-americanos que implementaram tais políticas teve a mesma prosperidade?



Sebastian Willnow/AFP


GÜNTER GRASS,
Nobel de Literatura de 1999

FRASE IGNÓBIL: "Os cubanos provavelmente não notaram a ausência de direitos liberais... [porque eles ganharam] ... auto-respeito depois da revolução" – Dissent, outono de 1993

A REALIDADE: Como Günter se sentiria se trocasse seus direitos liberais burgueses, incluindo o direito de publicar livros, por um pouquinho da dignidade cubana?



RIGOBERTA MENCHU,
Nobel da Paz de 1992

FRASE IGNÓBIL: "Para pessoas comuns como eu, não há diferença entre testemunho, biografia e autobiografia... eu era uma sobrevivente (...) que tinha de convencer o mundo a olhar para as atrocidades cometidas em minha terra natal" – Entrevista coletiva na sede da ONU, em 1999

A REALIDADE: Rigoberta defendia-se das acusações de ter inventado partes de sua autobiografia para exagerar seu papel de vítima. Por que mentir se havia tantas histórias terríveis para contar?



* Álvaro Vargas Llosa é diretor do Centro para a Prosperidade Global do Instituto Independente, em Washington. Reproduzido com permissão do Foreign Policy nº 160 (maio/junho 2007) – http://www.foreignpolicy.com. Copyright 2007, Carnegie Endowment for Internacional Peace
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Postby mends » 13 May 2007, 10:37

Artigo: Reinaldo Azevedo
Gramsci, o parasita
do amarelão ideológico

O moderno esquerdista brasileiro, essa contradição em termos, esse Jeca Tatu com laptop, tem ainda em Antonio Gramsci (1891-1937) a sua principal referência. O comunista italiano é o parasita do amarelão ideológico nativo. Parte da nossa anêmica eficiência na educação, na cultura, no serviço público e até na imprensa se deve a essa ancilostomose democrática. Já viram aquele comercial na TV de um desodorizador de ambiente em que um garoto bem chatinho, com o dedo em riste, escande as sílabas para a sua mamãe: "eu que-ro fa-zer co-cô na ca-sa do Pe-drrri-nho"? Costuma ir ao ar na hora do jantar. Para a esquerda, Gramsci é a "ca-sa do Pe-drrri-nho" da utopia. E, também nesse caso, o odor mitigado não muda a matéria de que é feito.

Como a obra de Gramsci ficou na grelha da empulhação um pouco mais do que a de Lenin, chega à mesa do debate com menos sangue e disfarça a sua vigarice. Acreditem: a revolução da qualidade na educação, por exemplo, é mais uma questão de vermífugo ideológico do que de verba. O que me leva a este texto?

Na edição retrasada de VEJA, o colunista Claudio de Moura Castro observou que um grupo de educadores reagiu mal à decisão de deixar o ensino técnico para uma fase posterior à da formação geral do aluno. Segundo ele, "os ideólogos da área protestaram (contra a medida) citando Gramsci". Tomei um susto. Tenho pinimbas com o gramscismo faz tempo. Na minha fase esquerdista-do-miolo-mole, dizia tratar-se de uma "covardia conveniente que passa por tática, em tempos de guerra, e de uma bravura inútil que passa por estratégia, em tempos de paz". A tirada é sagaz, mas inexata: Gramsci é um perigo na guerra ou na paz. E estão aí o PT e a nova "TV Pública" para prová-lo.

Gramsci é a principal referência do marxismo no século passado. É dono de uma vasta obra, quase a totalidade escrita na cadeia, para onde foi mandado pelo fascismo, em 1926. Entre 1929 e 1935, escreveu seus apontamentos em 33 cadernos escolares, os tais Cadernos do Cárcere, com publicação póstuma. No Brasil, foram editados em seis volumes pela Civilização Brasileira, com organização de Carlos Nelson Coutinho. Explico o meu susto. O protesto dos "ideólogos" fazia referência a um texto irrelevante, que está no Caderno 12, em que o autor trata dos intelectuais e da educação. Na edição brasileira, encontra-se no volume 2, entre as páginas 32 e 53.

AFP

O comunista italiano Antonio Gramsci: se você não pode com o capitalismo, corroa-o por dentro. É a estratégia da verminose


Ali, Gramsci desenvolve o conceito de "escola unitária", uma de suas muitas e variadas estrovengas autoritárias. Segundo o seu modelo, seis de um período de dez anos seriam dedicados à educação que fundisse o ensino universalista com o técnico – por isso os "ideólogos" protestaram. Garanto que preferiram ignorar o trecho em que ele antevê a escola como um internato destinado a alguns alunos previamente selecionados. O autor pensava a educação – e todo o resto – como prática revolucionária, parte da militância socialista. Para ele, a construção da hegemonia de um partido operário supõe uma permanente guerra de valores que rompa os laços da sociedade tradicional. Esses seus estudantes seriam a vanguarda a diluir as fronteiras entre o mundo intelectual e o do trabalho, a serviço do socialismo.

A influência gramsciana decaiu muito nos anos 60 e 70, com a revolução cubana, os movimentos de libertação africanos e a revolta estudantil francesa de 1968. Toda a sua teoria se sustenta na suposição, verdadeira, de que a sociedade chamada burguesa é dotada de fissuras que comportam a militância de esquerda. O que se entendia por revolução – a bolchevique – era um modelo que havia se esgotado na Rússia de 1917. As novas (de seu tempo) condições da Europa supunham outra perspectiva revolucionária.

Fidel Castro, a África insurrecta e o 68 francês reacenderam nas esquerdas do mundo o sonho do levante armado. E elas deram um piparote em Gramsci, em sua teoria da contaminação. No Brasil, derrotadas pelo golpe militar de 1964, partiram para a luta armada. A vitória das ditaduras e a Europa conservadora, termidoriana, pós-revolta estudantil, trouxeram Gramsci de volta. Concluiu-se que não era mais possível derrotar o capitalismo por meio da luta armada. Era preciso corroê-lo por dentro, explorar as suas contradições, construir a hegemonia de um partido de forma paulatina. Voltava-se à política como verminose. Não por acaso, um dos textos vitais na formação do PT é de autoria de Coutinho. Chama-se "A democracia como valor universal". É de 1979. A tese é formidável: sem democracia, não há socialismo, como se não estivéssemos diante de um paradoxo. No ano seguinte, Lula fundava o seu partido sobre o seguinte binômio: "socialismo e democracia".

Admiradores da obra de Gramsci se irritam quando afirmo que o PT é, na essência, gramsciano. Entendo. Um partido que usa cueca como casa de câmbio; que chegou a ter como gramáticos da nova aurora Silvinho Pereira e Delúbio Soares; que é comandado por uma casta sindical com todas as características de uma nova classe social, folgazã e chegada a prebendas, convenham, parece feito de matéria ainda mais ordinária. Não tenho por Gramsci o apreço que eles têm. Ao autor cabe o epíteto de teórico da "ditadura perfeita", uma expressão do escritor peruano Vargas Llosa.

A síntese do pensamento gramsciano está expressa no Caderno 13, volume 3 da edição brasileira. Trata-se de notas sobre o pensador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527), aquele de O Príncipe. Para Gramsci, o príncipe moderno (de sua época) era um partido político. Leiam: "O moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa (...) que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio moderno Príncipe (...). O Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume".

Ninguém conseguiu, incluindo os teóricos fascistas que ele combatia, ser tão profundo na defesa de uma teoria totalitária como Gramsci nessa passagem. Observem que se trata de aniquilar qualquer sistema moral. Toda verdade passa a ser instrumental. Até a definição do que é virtuoso e do que é criminoso atende às necessidades do partido. O sistema supõe a destruição do indivíduo e de sua capacidade de julgar fora dos parâmetros definidos pelo aparelho, que toma "o lugar, nas consciências, da divindade e do imperativo categórico". Para Gramsci, como se vê, não há diferença entre política e abdução.

O PT é, sim, gramsciano. Chegou lá? É o Moderno Príncipe, ainda que tropicalizado? Não. Luta para sê-lo e deu passos importantes nessa direção. Volto aos "ideólogos" de que fala Claudio de Moura Castro. A educação brasileira foi corroída pela tal perspectiva dita "libertadora" e anticapitalista. Ela não é ruim porque falta dinheiro, mas porque deixa de ensinar português e matemática e prefere libertar as crianças do jugo capitalista com suas aulas de "cidadania". O proselitismo se estende ao terceiro grau e fabrica idiotas incapazes de ver o mundo fora da perspectiva do Moderno Príncipe.

Gramsci também falava de um certo "bloco histórico", uma confluência de aspectos políticos, econômicos e culturais que, num dado momento, formam uma plataforma estável, que dá fisionomia a um país. Esse partido que busca essa hegemonia, que pretende ser o "imperativo categórico", está na contramão do mundo contemporâneo e das próprias virtudes da economia brasileira, que lhe permitem governar com razoável estabilidade. Por isso, não consegue executar o seu projeto. Mas o país também não sai do impasse: nem naufraga nem se alevanta. A exemplo de um organismo tomado pela verminose, vê consumida boa parte de suas energias e de suas chances de futuro alimentando os parasitas. Enquanto isso, os gramscianos vão nos prometendo que ainda ocuparemos o troninho da "ca-sa do Pe-drrri-nho".
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Postby mends » 14 May 2007, 16:03

O PSTU é uma doença que só prospera na USP
Querem a prova da falência da intelligentsia brasileira? Eu forneço.

O PSTU não consegue reunir 50 pessoas em nenhum lugar do país — a não ser na universidade. E, desconfio, só na USP. Procurem saber a importância destes valentes no movimento sindical. Zero. Nada. Coisa nenhuma. O partido só existe se você for um desses empiristas empedernidos. Ele não tem nem eleito nem eleitores.

Mas, na USP, são os valentões, os “conscientes”. Lembram-se daquele professor que foi dar uma “aula MAGDA”, o tal Carneiro? Não sei se ainda pertence ao PSTU, mas era membro da Convergência Socialista, a corrente que deu origem ao partido quando foi expulsa do PT, acusada, vejam só!, de sectarismo. O gênio defendeu que a ocupação fosse o primeiro passo de uma greve geral da educação no estado de São Paulo.

A esquerda é patética. Em Maio de 1968, havia mais maoístas — considerando o maoísmo uma corrente política — na universidade francesa do que em Pequim. A China vivia, como sempre, antes e depois, uma ditadura. Ideologia havia no Ocidente. Lá, havia porrete. Assim é no Brasil. Há mais teóricos comunistas na USP do que em Cuba. Na ilha, há é uma ditadura feroz, o que impede de se avaliar o número real de adeptos do comunismo, já que não é possível ser outra coisa.

Eu, vocês sabem, sou contra comunistas e assemelhados. O que eles fariam com revoltosos como a turma do Toddynho e do sucrilho? Ah, mandariam para o paredão ou para um campo de reeducação. Generoso, bom porco capitalista e imperialista que sou, só quero que eles voltem para a sala de aula para se instruir um pouco. Quer dizer: melhor ir para a biblioteca. Quem sabe fiquem a salvo da influência do PSTU...

http://www.reinaldoazevedo.com.br
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Postby mends » 26 May 2007, 13:04

The world's worst holiday destination

North Korea through Chinese eyes

May 24th 2007 | PYONGYANG
From The Economist print edition


Eyevine





All the misery of Maoism with none of the redeeming features

Get article background

THE place often seems like a black box from which the occasional horror (like a nuclear bomb) emerges without warning or welcome. North Korea certainly deserves its nickname, the hermit kingdom. Visitors are tightly controlled and only a trickle of Westerners admitted. Yet even North Korea needs dollars, and tries to get them by attracting Chinese tourists, who go for the gambling, and the bizarre allure of a bygone era of fanaticism and privation that China itself once endured. Joining a group of 60 visitors, this is what you find.

The North Koreans can put on a good show. In April and May, no fewer than 100,000 performers went through a series of synchronised gymnastic displays at the May 1st Stadium in Pyongyang, the capital. Even a few hundred Western tourists got a peek (many from the arch-enemy, America, whose tourists are normally kept at bay). To Chinese visitors, the show, known as Arirang, was reminiscent of similar extravaganzas in Beijing during the days of Mao Zedong. “Nowadays I doubt whether we could do it,” says one, wistfully. Next year's Olympic Games in Beijing, he suggests, might prove an exception.

In the late 1990s, the North Koreans allowed investors from Hong Kong and Macau to set up casinos in their closed world. One was in Rajin-Sonbong, a failed investment zone close to the Chinese border; another lurked in the basement of an isolated hotel for foreigners in Pyongyang. North Korea correctly reckoned that, since gambling is banned in China, these would be a big attraction (gambling is also banned in North Korea for ordinary citizens, but the government allowed Chinese to staff the casinos).

As China saw it, the casinos proved rather too popular, drawing huge numbers of corrupt officials. Two years ago, China cracked down on cross-border gambling—appealing to neighbouring countries to close down casinos, banning travel agents from offering gambling tours, restricting foreign visits by officials—after one official allegedly embezzled hundreds of thousands of dollars of government funds and gambled the money away at the casino in Rajin-Sonbong. This has now been closed. The one in Pyongyang is still open, but is beyond the range of weekend holiday-makers. These days you find few gamblers there, mostly Chinese tourists betting a few tens of dollars to help relieve the tedium of endless mind-numbing tours of political monuments.

Neither China nor North Korea publishes regular figures for tourism in each other's country but the crackdown seems to have taken its toll. One Chinese newspaper said there had been 20,000 job losses in Dandong, a border town through which Chinese tourists usually pass on their way to North Korea by train. The number of Chinese visitors to Dandong has fallen to a quarter of what it was in the peak years. Last August many travel agencies said North Korea had stopped accepting Chinese visitors. It is not clear why. Some cited floods. One official newspaper said it was because North Korea had reduced its annual quota for Chinese tourists. It is likely that it was also piqued by China's unusually tart response to its supposed ally's missile and nuclear tests. Early this year, restrictions appeared to ease again.

What remains is a niche market for the curious and sated. For all their professed ideological similarities, North Korea and China are worlds apart. Affluent urban Chinese who have travelled to other parts of Asia now visit North Korea for its rarity value, and for a taste of what they themselves have escaped from. One member of your correspondent's group was the son of a Korean war veteran. He and other Chinese visitors were disappointed to find little public acknowledgement of China's role in the Korean war of 1950-53, when hundreds of thousands of Chinese died fighting the Americans.

Older Chinese visitors find striking comparisons with their own country, 30 or more years ago. The public worship of North Korea's leader, Kim Jong Il, and of his late father, Kim Il Sung, is similar to the cult of Mao. The state ideology of juche (self-reliance) has much in common with Mao's isolationism. Chinese tourists are given warning, before leaving, to avoid commenting on North Korean politics and to be careful where they point their cameras. China was once as prickly.

North Korea is almost as wary of Chinese visitors as it is of Westerners. Like Westerners, Chinese are assigned guides whose job is to prevent spontaneous contact with locals. Some guides express disdain for Chinese socialism. “China is so dirty now and so expensive, and takes no stance whatsoever against the American imperialists”, says one (with its industry barely operating, North Korea's air does seem refreshingly unpolluted to Chinese visitors).

The kind of tourism North Korea prefers is the carefully controlled tours by South Koreans to Mount Kumgang, a scenic resort on the northern side of their common border. There, they have virtually no contact with locals (South Korean tourists are rarely welcome in Pyongyang). On May 17th, North and South Korea opened the first rail links across the border since the Korean war. It was largely a symbolic act. Maybe one day such links will make it easier to travel to Mount Kumgang and to Kaesong, a South Korean investment zone in the north. But there is no sign North Korea plans to let South Koreans travel freely. Regular train services are still a distant prospect.

As mobile-phone-loving Chinese tourists frequently complain, North Korea does not allow visitors to bring their phones into the country—so fearful is it of unmonitored information conduits to the outside world. There is no internet access even in expensive hotels. North Koreans authorised to speak to visitors appear to be oblivious of their guests' annoyance at such privations. They boast that North Korea's economy once outperformed China's, particularly in the 1960s when China was gripped by famine. One Chinese visitor says her brother fled to North Korea then. The North Koreans do not allow her to try to contact him.

A Chinese travel agent says North Korea's poverty is part of its off-beat appeal. If North Korea were to become richer, she says, it would lose its competitive tourism advantage. Not that it is a huge draw, even when it does welcome tourists. The Arirang performance, originally due to last for a month, ended several days early because of insufficient paying visitors.
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Postby mends » 04 Jun 2007, 18:57

Sobre ditaduras e os adornos falsificados da 25 de Março do pensamento
De vez em quando, é preciso publicar o que eles dizem porque revelam o estado geral das artes. Aí escreve um petralha sobre a minha afirmação de que esquerda e democracia são termos antitéticos:

“Hummm... E a DIREITA? Fez o que com a DEMOCRACIA? Você é ‘publicitário’ mesmo, Reinaldo.

Respondo pro petralhilha. Se a referência é o golpe de 1964, a resposta é fácil. A direita acabou com a democracia antes que a esquerda o fizesse. Lamentavelmente. Estavam todos errados, mas isso não quer dizer tudo. A ditadura de direita durou, formalmente, de 1964 a 1989 (na prática, acabou antes). No período, morreram 424 pessoas por motivação política direta ou indireta. Com muito boa vontade. Mortos mesmo, em confronto ou nos chamados porões da tortura, foram 293 pessoas, incluindo os terroristas do Araguaia. É pouco? Em termos comparativos, é, sim.
À parte os assassinos em massa (Mao, Stálin, Hitler, Pol Pot), sabem quem é o maior assassino da história? Fidel Castro, amigo de Lula é Zé Dirceu. Ele já matou 17 mil pessoas: 0,16% da população da sua ilha particular. No Brasil, isso corresponderia a 304 mil pessoas mortas. Quer dizer que Fidel Castro matou 717 vezes mais gente do que a “direita” brasileira. E, no entanto, eu combati a ditadura militar — até apanhei por isso —, e os vagabundos ficam puxando o saco de Fidel Castro.
Há 700 mil cubanos vivendo nos Estados Unidos, o correspondente a 6,4% da população. Em números pátrios, seria o mesmo que ter 12.160.000 brasileiros fora do nosso país. Fidel assassinou muito mais do que o satanizado Pinochet, por exemplo. Não vou contar a história que não houve. Mas temos elementos de sobra para supor que, se a esquerda tivesse vencido em 1964, os nossos mortos se contariam em proporções cubanas. E não reclamem: o número de mortos no Brasil está no livro Dos Filhos Deste Solo, escrito pelo ex-ministro Nilmário Miranda, petista, e pelo jornalista Carlos Tibúrcio.

Por que essa esquerdalha não cala a boca e não vai se instruir um pouco? Lá vem outro, inconformado com a crítica que fiz a Olgária Matos:

Reinaldo,
Olgária é ótima filósofa. Você e seus leitores provavelmente nunca leram nada dela.

Se eu não tivesse lido nada da dita-cuja, não seria pecado nenhum. Tampouco teria perdido alguma coisa de útil. Mas li, sim. Eu a considero uma espécie de vendedora de adornos e bugigangas falsificadas da Escola de Frankfurt, uma Rua 25 de Março do Pensamento.


Por Reinaldo Azevedo
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Postby mends » 10 Jun 2007, 11:16

MST: 17 mil no congresso de uma causa inexistente
Por Roldão Arruda no Estadão deste domingo. Volto em seguida:

O Movimento dos Sem-Terra (MST) realiza a partir de amanhã, em Brasília, o maior congresso de sua história. Cerca de 17.500 representantes de acampados e assentados de todo o Brasil, segundo previsão dos organizadores, participarão do encontro, que se prolonga até sexta-feira, no ginásio de esportes Nilson Nelson.

É o quinto congresso do MST. O primeiro, realizado em 1985, em Curitiba, um ano após a criação do movimento, reuniu cerca de 1.500 pessoas.

Os congressos são a instância máxima na estrutura de poder da organização, com a função de definir os seus rumos por um período em torno de cinco anos. Isso é feito a partir de debates sobre a conjuntura do País e seus principais problemas, a correlação de forças entre os diferentes setores da sociedade, as relações com o poder. “É um encontro para debates políticos e ideológicos”, segundo João Pedro Stédile, do grupo de diretores nacionais.

No momento, o maior problema que o MST vê no campo é o avanço do agronegócio e, de modo particular, a crescente presença de empresas estrangeiras em negócios de compra de terras. Essa questão, que reflete na política de reforma agrária, terá um lugar destacado no congresso.

“Nos preocupa o processo de concentração da propriedade da terra, que vem ocorrendo em São Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso do Sul, por influência do álcool e da cana”, diz Stédile. “E nos preocupa agora como o capital estrangeiro, por meio de associação com empresas brasileiras, como fez a Cargill no interior de São Paulo, ou disfarçado em fundos de investimentos, como esse do George Soros, está comprando terras no Brasil. Achávamos que isso era coisa do período colonial, mas a sanha deles é insaciável.”


Voltei
Como deixam claros os números acima, as terras foram sendo distribuídas, e o MST, em vez de diminuir, cresceu. Por quê? Porque não é terra o que eles querem, mas a revolução. E é para ela que se preparam. Cada louco com a sua mania. Só que a do MST é cara, e somos nós que pagamos, certo? Reparem que a ordem, agora, é atacar o agronegócio como o inimigo do campo. Bem, vocês sabem, é rigorosamente o contrário, não é? O setor leva para o campo carteira assinada, casa própria, escola, esgoto... Leva, enfim, capitalismo. E isso João Pedro Stedile não suporta. Incrível: mais de 17 mil representantes num congresso de uma causa que não existe. Sim, os sem-terra não existem. Existe é trabalhador urbano sem emprego. É também um problema, mas o remédio é outro. Os dados demonstram que a causa do MST só serve para fortalecer... o MST.


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