A verdade está na cara, mas não se impõe

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 05 Jun 2007, 18:58

A USP, a direita burra, a bomba de mate...
Se houvesse conservadores — ou “direita”, como queiram — organizados no Brasil ou, vá lá, em São Paulo, a pantomima dos Remelentos & Mafaldinhas seria o começo de uma campanha contra as mamatas da USP. Talvez não rendesse frutos agora, mas renderia um dia. Poderia ser o começo da exposição da rotina de privilégios que caracteriza as universidades paulistas. Um boa questão: que elas continuem públicas, vá lá... Mas por que precisam ser gratuitas mesmo para quem pode pagar? Taí uma luta na qual a população pode, sim, ser engajada. É um erro tolo supor que o discurso conservador seja só do interesse das chamadas classes médias.

Ocorre que a expressão pública do conservadorismo brasileiro é primária. Vi ontem só o começo da entrevista do deputado Ônix Lorenzoni (RS), líder do DEM na Câmara, a Jô Soares. Fiquei constrangido e decidi ver um documentário sobe bichos exóticos num canal a cabo. O homem levou uma bolsa de couro, com água quente, cuia, bomba e mate. Enquanto Jô fazia as perguntas, ele sugava a bomba e virava os olhos de um jeito estranho. Já perguntei aos gaúchos que gostam daquela estrovenga por que eles viram os olhos quando sugam a bomba. Ninguém conseguiu me dar uma explicação razoável. Eu acho que é para abstrair aquele gosto horroroso.

Levar uma bomba de mate a um programa de entrevista porque se é gaúcho corresponde, sei lá, a um nordestino comer uma buchada de bode enquanto conversa. Ou a um mineiro mandar ver num queijinho branco com geléia. Ou a um paulista num, num, num... Esqueci. O que é mesmo ser paulista? Será que a gente deve picar fumo de corda em público e dançar catira?

É melancólico. O conservadorismo brasileiro consegue, no máximo, ser folclórico. Observem que isso nada tem a ver com um julgamento da atuação de Lorenzoni na Câmara, que me parece até correta. Mas, ao se expressar publicamente, para todo o país, numa faixa de horário em que os espectadores são um pouco mais exigentes, percebe-se que falta tudo: de clareza ideológica a uma estratégia de inserção no debate público.

Uma das razões da onipresença da esquerda na mídia é a burrice da direita brasileira.


Por Reinaldo Azevedo
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Postby mends » 03 Jul 2007, 20:00

Diogo Mainardi, fundamental

Jorge Lorenzetti me chamou de “psicopata consagrado”. Ele fez isso numa mensagem dirigida ao meu chefe. O churrasqueiro Jorge Lorenzetti ganhou uma certa notoriedade em setembro do ano passado, quando comandou a trama para obter um falso dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin. O chefe de Jorge Lorenzetti, Lula, tratou de se distanciar dele chamando-o de “aloprado”. Agora o aloprado se sente autorizado a me diagnosticar como psicopata? E um psicopata consagrado, ainda por cima? Como assim? Jorge Lorenzetti é igual ao doutor Bacamarte, de O Alienista, de Machado de Assis, que considera todo mundo demente como ele.

A compra do dossiê por parte dos aloprados de Lula, sob o comando de seu churrasqueiro preferido, Jorge Lorenzetti, foi a última tentativa de golpe ocorrida no Brasil. A CIA, a agência de espionagem americana, acaba de publicar uns documentos secretos sobre o golpe de 1964. Eles impressionam pela precariedade dos meios e pelo amadorismo de todos os envolvidos. Eles impressionam também porque o Brasil pouco mudou nas últimas quatro décadas. O presidente João Goulart é descrito como “um oportunista que tenta aumentar seu poder pessoal fazendo concessões ora à direita, ora à esquerda”. Resumindo: um Lula.
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Postby mends » 17 Jul 2007, 19:20

Podcast do Diogo: Lula amarelou
No podcast desta terça, que vai ao ar daqui a pouco, Diogo Mainardi fala das vaias que Lula recebeu no Maracanã. Leia trechos.

Lula amarelou. Faz parte do temperamento dele. Sempre foi assim. Ele só ganha quando compete sozinho. No passado, nas raras vezes em que foi confrontado – em entrevistas ou em debates –, ele ficou paralisado de medo, como uma galinha. Isso se repetiu na semana passada, com as vaias no Maracanã.
(...)
Os lulistas espalharam que as vaias foram organizadas pelo prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia. A prefeitura distribuiu apenas 600 ingressos para o Maracanã. A Petrobras e a Caixa, por outro lado, patrocinadoras oficiais dos Jogos Panamericanos, receberam 7.613 ingressos, cerca de 10 por cento do total de espectadores. Os funcionários da Petrobras e da Caixa também vaiaram Lula? Acredito que sim.
(...)
Eu tinha um informante na tribuna de honra do Maracanã. Quando Lula foi vaiado, o ex-presidente do Comitê Olímpico Internacional Juan Antonio Samaranch perguntou: “Mas ele não é popular?”. E seu interlocutor respondeu: “No interior do Nordeste”.
(...)
As vaias no Maracanã não foram organizadas. Isso não quer dizer que, a partir de agora, elas não devam ser. Lula amarelou. Ele está com medo de pisar no Rio. O melhor a fazer é organizar as vaias e deixá-lo com medo de pisar em São Paulo, em Porto Alegre, em Florianópolis, no país inteiro.


Por Reinaldo Azevedo
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Em defesa da democracia

Postby Danilo » 22 Sep 2010, 13:30

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.
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