Política e politicagem

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby Aldo » 02 Dec 2004, 09:21

E até lá não vai os processos não vão estar em julgado e ele poderá continuar a dizer ser inocente das acusações que lhe pesam...Politécnico depois que sai do inferno dá nó em pingo d'água
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Aldo
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Postby Aldo » 02 Dec 2004, 09:26

Submundo é quando a máfia coreana escraviza bolivianos na frente da federal e os baguázinho quinein qui eu ficam se perguntando porque será que tem tanto peruano aqui no bigode:
Da UOL ( dessa vez não é trote ), mas já chupinhado do NY Times:


Imigrantes são submetidos à escravidão em SP

Brasil combate servidão no campo, mas é negligente com a urbana

Todd Benson
Em São Paulo


O governo do primeiro presidente da classe trabalhadora do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, libertou mais trabalhadores escravos do que nos oito anos anteriores. O dado impressiona porque, desde que Lula anunciou um plano ambicioso para erradicar o trabalho forçado até 2006, passaram-se menos de dois anos.

Os inspetores do governo federal aumentaram as batidas policiais em fazendas, operações de extração de madeira e minas que atraem à situação de servidão camponeses brasileiros pobres e freqüentemente analfabetos.

Entretanto, o governo tem feito pouco para impedir os severos abusos de trabalho em São Paulo, o centro industrial do Brasil, onde milhares de imigrantes ilegais da Bolívia e de outros países vizinhos vivem e trabalham em confecções de pequena escala, em condições que grupos de direitos humanos e um número crescente de autoridades dizem ser comparáveis a escravidão moderna.

"É certamente admirável o governo ter criado uma força-tarefa para abolir a escravidão nas fazendas no interior do país, mas ter esquecido de olhar para a situação nas cidades", disse Roque Pattussi, um padre católico cuja congregação no centro de São Paulo é composta em grande parte de bolivianos e outros imigrantes de língua espanhola.

"De certa forma, o problema aqui é ainda pior do que no interior", ele acrescentou. "Pelo menos no interior você pode respirar ar puro. Estas pessoas aqui na cidade estão enfiadas em porões lotados, realizando continuamente os mesmos movimentos repetitivos em uma máquina de costura. Elas raramente vêem a luz do dia."

Apesar da dificuldade em se obter números oficiais, a Igreja Católica estima que entre 50 mil e 60 mil bolivianos estejam vivendo em São Paulo, a maioria em bairros de imigrantes como Bom Retiro, Brás e Pari, na divisa norte do centro da cidade.

A maioria destes imigrantes, diz a Igreja, trabalha nas cerca de 8 mil confecções destas áreas, juntamente com uns poucos milhares de paraguaios e peruanos. Muitas destas confecções não apresentam indicações e ficam escondidas do olhar público para evitar serem detectadas pela polícia.

Promessas vazias

Como seus pares escravos brasileiros nas áreas rurais remotas, os operários de fábricas costumam ser atraídos para a servidão com falsas promessas de bons salários e benefícios. Mas devido à sua condição ilegal no Brasil, os imigrantes não costumam protestar quando seus empregadores renegam suas promessas, os tornando presas fáceis para os donos de fábricas em busca de mão-de-obra barata.

Segundo promotores federais e grupos de direitos, a maioria dos trabalhadores começa a trabalhar às 7 horas da manhã e prossegue até a meia-noite, com um intervalo curto para o almoço e outro para o jantar. Em média, os trabalhadores ganham 40 centavos por cada peça de roupa que montam. Estes itens costumam ser vendidos nas lojas da região por até R$ 60. Se os trabalhadores danificam uma peça, eles devem pagar o preço de varejo do item, não os 40 centavos que custou.

Em casos extremos, os trabalhadores ficam presos em um ciclo vicioso de dívida-servidão, trabalhando por períodos longos sem pagamento para cobrir o custo da viagem para o Brasil.

Foi isto o que aconteceu com Juana Velasco, uma boliviana de 37 anos que deixou para trás seu único filho em La Paz, há dois anos, em busca da promessa de um emprego de costureira com remuneração decente em São Paulo. Ela disse que ficou sem receber por mais de um ano, trabalhando 17 horas por dia com outros 14 imigrantes bolivianos em um porão apertado que também servia como residência improvisada.

"Quando eu cheguei aqui, o proprietário tomou meu passaporte e disse que eu só o receberia de volta quando terminasse de pagar minha dívida", disse Juana, acrescentando que relutou em procurar a polícia por temer que seria deportada por trabalhar ilegalmente no país.

Quando ela finalmente foi paga, o salário mensal equivalente a cerca de US$ 65 era bem menor do que os US$ 100 por mês que, segundo ela, lhe foi prometido quando ela partiu da Bolívia.

"Todo mundo lá em casa dizia que era possível ganhar muito dinheiro aqui, mas eu não consegui economizar nada", disse Juana, que deixou o emprego e está grávida de seu segundo filho. Ele conseguiu recuperar seu passaporte e agora está tentando voltar para a Bolívia.

Exploração étnica

Enquanto no interior a prática de trabalho forçado tende a envolver apenas brasileiros, em São Paulo o debate em torno das condições de trabalho transcorrem em um território étnico. Os promotores e os grupos de direitos, por exemplo, dizem que as confecções costumam ser dirigidas por gerentes bolivianos que trabalham para lojistas coreanos.

"Basicamente, o que temos é um grupo imigrante explorando outro", disse Vera Lúcia Carlos, uma promotora federal que esteve investigando as práticas de trabalho nas confecções da cidade, no ano passado. "Os bolivianos estão na linha de frente, fazendo todo o trabalho sujo. Mas são os coreanos que comandam toda a operação."

Segundo a Associação Brasileira dos Coreanos, que representa a comunidade coreana aqui, cerca de 40 mil a 50 mil imigrantes coreanos vivem em São Paulo, a maioria trabalhando na indústria do vestuário. O presidente da associação, Chul Un Kim, se recusou a comentar as acusações de trabalhos forçados envolvendo imigrantes bolivianos, assim como vários lojistas coreanos na bairro especializado da cidade.

Mas um advogado da associação, que falou sob a condição de não ser identificado, disse que as acusações eram injustas, argumentando que os coreanos são meros lojistas e que as práticas de trabalho nas fábricas são de responsabilidade dos bolivianos que supervisionam os locais. Tais supervisores, que tendem a se manter tão discretos quanto suas fábricas, não puderam ser contatados para comentários ou se recusaram a discutir o assunto.

Escravidão urbana

O Brasil foi o último país nas Américas a abolir a escravidão, em 1888. Atualmente a lei classifica o trabalho como "semelhante à escravidão" quando o trabalhador é submetido a "trabalhos forçados" ou a "dia de trabalho exaustivo" em "condições degradantes". Além de serem multados, os infratores podem pegar de dois a oito anos de cadeia.

A repressão do governo ao trabalho forçado libertou mais de 7 mil trabalhadores escravizados nas áreas rurais desde que Lula --um ex-líder sindical que já trabalhou como engraxate-- assumiu o governo. Mas a polícia realizou batidas em apenas um punhado de confecções.

Em um recente caso em agosto, um casal coreano foi preso por empregar 11 imigrantes --a maioria bolivianos, mas também paraguaios e peruanos-- em um porão em São Paulo com ventilação mínima. Os trabalhadores foram libertados, mas como não tinham vistos de trabalho, eles foram multados em R$ 300 cada e ordenados a deixar o país.

Enquanto isso, os proprietários foram multados em R$ 2.483 por cada trabalhador e estão aguardando julgamento por acusações criminais de contratação de imigrantes ilegais.

Funcionários do Ministério do Trabalho reconheceram que a campanha antiescravidão do governo se concentrou quase exclusivamente na vasta fronteira agrícola da Amazônia, e disseram que os abusos nas áreas urbanas são mais bem resolvidos pela polícia e promotores.

Os promotores federais disseram, entretanto, que carecem dos recursos dos inspetores do governo que investigam os abusos no interior, e assim dependem dos próprios trabalhadores, que freqüentemente relutam em denunciar seus empregadores.

Os promotores também se queixam que seus esforços para combater o trabalho forçado na cidade tem sido atrapalhado pelas rígidas leis de imigração do Brasil, que dificultam a obtenção de permissões de trabalho pelos imigrantes.

"Infelizmente, nós dependemos de queixas formais, então não há muito o que fazer se alguém não se apresenta para denunciar a situação", disse Cristina Ribeiro Brasiliano, uma promotora federal que está investigando as práticas de trabalho nas confecções.

"Estas pessoas não pensam em si mesmas como escravos", disse a promotora Brasiliano. "Elas querem trabalhar, mas muitas delas não percebem que as condições nas quais trabalham são degradantes e contra a lei."
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Postby mends » 08 Dec 2004, 07:46

ELIO GASPARI

De Golbery@edu para ZéDirceu@gov.br
Prezado ministro,
É a segunda vez que lhe escrevo. Não digo que será a derradeira porque no lugar onde vivo esse vocábulo não tem significado. O senhor disse à repórter Vera Rosa que não quer ser um Golbery, mas um Reis Velloso. Duradouro projeto, ser ministro por dez anos. O João Paulo dos Reis Velloso trabalhou com o general Medici de 1969 a 1974 e com meu amigo Ernesto Geisel daí até 1979. Agora que Leonardo da Vinci renasceu, creio que o Velloso não se entristecerá pela inconfidência que lhe faço: nós o chamávamos de "Mona Lisa". O Código do Velloso é intangível, como o do Da Vinci (amigo íntimo do Hélio Oiticica). O mistério do seu poder ainda perdura.
Ministro Dirceu, acredite: vosmecê nunca será um Velloso. Ele era um poderoso sem rastro. Se estamos perto de colher 20 milhões de toneladas de soja no cerrado, isso se deve em boa parte ao PoloCentro, jóia do governo Geisel, alavancada pelo Velloso. Ele nunca contou isso a ninguém. Talvez nem acredite, tal a sua capacidade de se transformar na vontade do presidente. Até onde ele transformava a vontade do mandatário na sua, eis aí uma das chaves do Código Velloso, esotérica escrita da Opus Lúcifer, também conhecida como ekipekonômica. Ainda que eu esteja a salvo de tomar um tiro, deste ponto não posso passar.
O senhor gosta mais do rastro do que do poder. Há algo de carnavalesco na construção de sua figura, volúpia de gerente de circo. O Velloso tinha atrás dele a burocracia do BNDE e do Ipea. Eu não consegui derrubar o presidente do BNDE. O Mário Henrique Simonsen e o Delfim Netto não gostavam daquele sobrinho-neto do general Alfredo Malan, mas o Velloso o segurou.
O senhor tem familiaridade com a seqüência de Fibonacci? (1, 1, 2, 3. 5. 8. 13. 21à) Trata-se de obter o próximo número pela soma dos dois anteriores. O Velloso trabalhava somando, como Fibonacci. A máquina petista prefere subtrair. Além disso, ela não lhe dá retaguarda eficaz. O senhor tem os bruxedos de Delúbio Soares, teve os sortilégios de Waldomiro Diniz. É pouco e demais. O senhor costuma conversar colocando o dedo em riste. Velloso morreria e não faria uma coisa dessas, assim como jamais mexeria as sobrancelhas para enfatizar uma palavra ou uma frase. Por falar nisso: o Velloso tem sobrancelhas?
Não superestime a sua própria capacidade de trabalho. Não se compare ao Velloso na digestão de pedras. Ele era capaz de mastigar um anuário estatístico para concordar com o presidente. Eu suspeito que o senhor (como eu) use a calculadora apenas para as quatro operações.
Em junho do ano passado falei-lhe dos perigos da lei do homem forte. Lembra-se do filme "O Homem que Matou o Facínora". O senhor alterna condutas de Lee Marvin (Liberty Valance) com John Wayne. Não lhe passa pela cabeça ser James Stewart. Pois ele é o Velloso. Não matou o facínora. Ficou com a mocinha (Vera Miles) e elegeu-se senador.
O senhor quis mandar demais, em tudo. Lembra-se de quando lhe falei que seus adversários estavam no palácio, não na oposição? Pois bem, consultei os serviços disciplinares deste lugar e obtive licença para lhe dizer o seguinte: o seu colega Luiz Gushiken vem jogando bruto contra vosmecê. Mais não digo.
Ministro Dirceu, o senhor nunca será o Velloso porque estão tentando fritá-lo. Nunca houve em Brasília alguém ocupado em fritar o Velloso.
Atenciosamente,
Golbery do Couto e Silva
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Postby mends » 13 Dec 2004, 15:50

ELIO GASPARI

Grande futuro: importar IBMs chineses
A empresa chinesa Lenovo comprou por US$ 1,25 bilhão a divisão de computadores pessoais da IBM. Isso na semana em que a Câmara aprovou a medida provisória de Lula que estendeu até 2019 a escala de redução do IPI para os fabricantes (ou maquiladores) nacionais. Os çábios das políticas industriais brasileiras podem ter as mais variadas explicações para esses dois fatos. Para a patuléia, vale a pena revisitar as bobagens impostas ao país por conta do que seria uma independência tecnológica e resultaram na criação de um baronato retardatário.
A Lenovo surgiu em 1984, em Pequim, com o nome de Legend. Funcionava num barracão e vendia máquinas IBM e HP. Nesse mesmo ano, sob os aplausos da Fiesp, criou-se em Pindorama uma reserva de mercado para produtores nacionais, prorrogando-se o fechamento das fronteiras brasileiras aos fabricantes estrangeiros.
A reserva de mercado era justificada em nome de um futuro grandioso. Com um pé na Presidência da República, Tancredo Neves dizia: "Um país que não pode controlar os seus serviços de informática estará condenado a se transformar numa subnação".
Tratando do fluxo internacional de informações (hoje conhecido como internet), o senador Severo Gomes advertia: "É questão de primeira grandeza. (...) Está na hora de conceituarmos, para a defesa dos nossos interesses, a informação como mercadoria, regida pelo direito comercial, de forma que possamos controlar os fluxos comerciais de informação". Isso mesmo, controlar download.
O presidente da Associação das Indústrias Brasileiras de Computadores, Edson Fregni*, era categórico: "Nós achamos inaceitável para o Brasil exportar café e açúcar e importar computadores".
Bingo. Passaram-se 20 anos e o Brasil exporta grãos e pedras (soja e minério) para a China, importando produtos eletrônicos e manufaturados. Em breve, vai importar também computadores IBM.
A turma da reserva de mercado e o baronato cevado pelas leis de proteção industrial anacrônicas, clientelistas e cartoriais conseguiram uma proeza: desenharam uma política para enfrentar os países desenvolvidos tecnológica e industrialmente e conseguiram ser superados pela China, que nos anos 80 estava na idade da pedra lascada da ressaca maoísta.
Inventaram a roda que só anda para trás.

*professor da poli
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Postby mends » 17 Dec 2004, 17:43

GIBA UM

Super-Receita
O anúncio feito pelo ministro José Dirceu, segundo o qual o presidente Lula encomendou de Antônio Palocci, titular da Fazenda, estudos para a criação da Receita Federal do Brasil, que concentraria a arrecadação de todos os tributos, incluindo INSS, num só organismo, apanhou de surpresa até o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. A idéia é mais do que recente: surgiu quase no final da última reunião interministerial, quando Lula, depois de uma conversa, pediu a Palocci "estudar essa possibilidade". Dirceu, em sua visão dessa Super-Receita, vai ainda mais longe: acha que Estados e Municípios também deveriam passar de ICMS e ISS - e até taxa de lixo - a essa suposta futura instituição que, depois, os repassaria de volta. Só que o controle seria único. Para alguns tributaristas, a idéia "ditatorial" com tudo concentrado num único bloco do poder federal.

** Ideia SENSACIONAL: concentra TODO o dinheiro do país na mão dum único imbecil, que vai ser simplesmente a pessoa mais poderosa do país. Os caras simplesmente estão fazendo o contrário do que manda o bom senso: descentralizar, deixar que as comunidades cuidem de seu dinheiro e de suas necessidades. Imagina o quanto de dinheiro vai se perder "por atrito" no repasse. Fora que São Paulo passa a depender exclusivamente do Governo Federal, como se fora um Piauí qualquer, sujeito aos humores do príncipe. Como disse minha professora de Politica: São Paulo é o único estado da "federação" onde a esfera federal só se faz representar por órgãos arrecadadores (noves fora a UNIFESP e a ex-ETFSP).
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Postby mends » 22 Dec 2004, 09:05

ELIO GASPARI

Uma cartinha de Lula Noel
Um teste para curiosos:
Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, na defesa do progresso de suas sociedades, escreveram cartas a alguns milhões de cidadãos.
Um escreveu aos jovens que conseguiram as melhores notas nos colégios onde estudavam: "Vejo com satisfação que estudantes excepcionais como você vão nos ajudar a conduzir o país (à). Fique com o meu estímulo para continuar buscando altos objetivos, acreditando em você".
O outro presidente escreveu aos aposentados e pensionistas da Previdência avisando-os de que foi criada uma linha de crédito que lhes oferece empréstimos a juros camaradas: "Esperamos que essa medida possa ajudá-lo a atender melhor às necessidades do dia-a-dia. Por meio de ações como essa o governo quer construir uma Previdência Social mais humana, justa e democrática".
O país onde o presidente oferece dívidas para o "dia-a-dia" (a juros de 1,75% ou 2% ao mês) é o Brasil. Nos Estados Unidos, onde os juros dos carros novos estão a 6% ao ano, o presidente não é doido de aparecer na casa dos outros oferecendo empréstimos como se eles fossem uma realização do seu governo. Na carta do presidente americano não há referência ao tal de "governo".
À custa da Viúva, Lula e o ministro Amir Lando, do PMDB e da Previdência, escreveram aos aposentados de todo o país informando:
"Em maio passado o governo federal encaminhou ao Congresso um projeto de lei para permitir aos aposentados da Previdência Social acesso a linhas de crédito com taxas de juros reduzidas.
Agora, o Legislativo aprovou o projeto e acabamos de sancioná-lo. Com isso, você e milhões de outros beneficiários(as) passam a ter o direito de obter empréstimos cujo valor da prestação pode ser de até 30% do seu benefício mensal".
O cidadão que recebe um benefício de R$ 360 por mês (10% da aposentadoria de vítima da ditadura que a Viúva paga a Lula) pode tomar cerca de R$ 100 emprestados. Amortizando-os em dez prestações, desembolsará pelo menos R$ 119. Nos juros da banca que não lhe empresta dinheiro pagaria pelo menos R$ 170. É bom negócio. Pena que esse mesmo dinheiro colocado na poupança do andar de baixo paga apenas R$ 7, enquanto rende o dobro nos fundos do andar de cima.
Há na carta de Lula o cheiro da propaganda. Esse é o aspecto mais velho e menos relevante da questão. Que o PT Federal faça o que criticava em Paulo Maluf (condenado a ressarcir a Viúva por uma emissão de cartas à custa da prefeitura) não chega a ser surpresa. O verdadeiro problema está no teste lá de cima. Foi fácil intuir qual presidente estimula estudantes bem sucedidos.
Um felicita o jovem cidadão pelos seus êxitos. O outro comporta-se como se fosse o construtor da Previdência. Dirige-se ao contribuinte como se estivesse a "ajudá-lo" emprestando-lhe dinheiro. Um lidera uma sociedade. O outro patrocina-a. Depois Lula oferece lições de moral à patuléia, dizendo que é preciso deixar de ver no Estado uma espécie de Paizão que vai resolver todos os problemas. Tudo bem se Lulão não se apresentasse no papel de Paizinho para oferecer emprestado um dinheiro que não é dele.
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Postby mends » 03 Jan 2005, 07:43

ELIO GASPARI

Kirchner é a boa notícia
A última boa surpresa do fim de 2004 veio de Buenos Aires. O presidente Néstor Kirchner prevaleceu sobre o terrorismo financeiro. Os credores de uma dívida de US$ 102 bilhões começaram a engolir a negociação do primeiro calote do século 21. Kirchner oferece 25 centavos por cada dólar devido aos maganos da dolarização do presidente Carlos Menem, quindim do FMI, da banca e de um consórcio de larápios locais.
A paridade cambial custou à Argentina uma contração de 18% do PIB, entre 1998 e 2002, e uma revolta popular que defenestrou o presidente Fernando De La Rúa. Em 2003, quando Kirchner anunciou sua proposta de renegociação, ameaçaram-no com o fim do mundo, dos créditos e da estabilidade política. Num triste papel, o representante brasileiro no FMI, Murilo Portugal, alistou-se na banda da banca.
A economia argentina está de pé, e a popularidade do presidente bateu os 65%. Para quem gosta de ganhar um dinheiro fácil na América do Sul, o cacife de Kirchner é melhor do que o de muitos hermanos. Ainda não completou dois anos de governo e tudo indica que no decorrer de 2005 recolocará a economia de seu país no patamar de 1998, véspera do colapso do peso. A Argentina cresceu 11,7% em 2003 e 8% em 2004. (Entre 1998 e 2004 a economia brasileira cresceu 14%.)
Graças a Kirchner, relembra-se ao mundo que o mercado não é convento. Ele se move por intere$$e e só por intere$$e. Se a Bolsa de Buenos Aires rendeu 13% no mês passado, os investidores de 2005 querem que os credores da dívida de 1999 se danem.
Num exemplo extremo, assim foi em 1822, quando o mercado londrino comprou 200 mil libras (11 milhões em dinheiro de 2004) de papéis da dívida do reino de Poyais localizado costa da atual Nicarágua. Poyais nunca existiu, mas mesmo assim seu "Cazique", um vigarista escocês, fez outra emissão parcialmente bem sucedida. No limite, o que determina a compra de um papel desses não é a existência ou não de um país, ou de um peso argentino que vale um dólar. É a expectativa de que alguém vá pagar 110 por um papel que custou 100.
Só por isso é que o Citibank informou aos seus clientes que botar dinheiro na Argentina de Kirchner pode ser negócio mais seguro do que colocá-lo no Brasil da ekipekônomica de Lula.
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Postby mends » 05 Jan 2005, 10:46

ELIO GASPARI

A mordomia hipercalórica da Câmara
A primeira coisa que se pode pedir aos candidatos a presidente da Câmara é o compromisso de devolução à Viúva da casa oficial onde vive hoje o deputado João Paulo Cunha. Devolvida a casa, caducará a mordomia mal-assombrada que ela hospeda. Ela provoca surtos prorrogacionistas nos inquilinos que não gostam de pagar carrinho de feira, muito menos aluguel.
Em julho passado a repórter Lydia Medeiros descreveu a estrutura hoteleira da "casa do João", como ela é conhecida. O aparelho digestivo da mansão legislativa habilitava-a a receber 30 convidados para um café da manhã onde se esperavam 15. Três cozinheiras, duas auxiliares e uma nutricionista garantiam sucos frescos (do gosto do doutor João Paulo) e operavam uma pequena panificadora, louvada pela qualidade de seus pães de queijo.
Nessa casa, o líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP), soltou um precioso grito primal da república petista:
"Nossa, não agüento mais comer!".
Pudera. Em junho, "chez" Cunha compraram-se 40 quilos de filé, 25 quilos de peito de frango e 20 de peixes, num total de 120 mil quilocalorias. De acordo com as tabelas alimentares da patuléia, levantadas pelo IBGE, verifica-se que semelhante consumo de proteínas animais corresponde a uma dieta total de 1,7 milhão de quilocalorias. É Bolsa-Alimentação suficiente para dar de comer, na média nacional, a cerca de 950 contribuintes num dia, ou uns 30 durante um mês.
Já houve tempo em que o vice-presidente da República (Café Filho, entre 1950 e 1954) presidia o Senado e morava no apartamento do primeiro andar do cruzamento de Nossa Senhora de Copacabana com Joaquim Nabuco. Nenhum presidente de Câmara teve o poder que o texano Sam Rayburn exerceu sobre os deputados americanos durante os 17 anos em que presidiu a Casa, entre 1940 e 1961. "Mr. Sam" comia em restaurantes chineses, não aceitava diárias nem "bocas-livres". Não tratava com lobistas nem cobrava por palestras. Fez uma viagem oficial ao exterior (para inspecionar o canal de Panamá) e pagou a despesa do seu bolso. Quando morreu, aos 79 anos, em 1961, tinha US$ 15 mil no banco e um apartamento de dois quartos e sala em Washington. Era nele que vivia.
No tempo em que os petistas não sabiam o que era uma boa mordomia, os generais transformaram uma das granjas de Brasília em residência de fim de semana do presidente. Era a Granja do Riacho Fundo. Estiveram lá Emílio Medici e Ernesto Geisel. Dificilmente algum dos dois teve um consumo mensal de proteínas comparável ao de João Paulo Cunha. Scylla Medici decorou a granja com móveis capturados nos depósitos públicos de Brasília. Terminada a ditadura, Tancredo Neves mandou desativar a mordomia e devolver a granja à Viúva. Hoje o Riacho Fundo abriga a Asteca (Associação Terapêutica e Educacional para Crianças Autistas).
Se os candidatos à sucessão de João Paulo Cunha estiverem interessados em saber como se pode presidir a Câmara numa dieta de baixas calorias, podem procurar no Rio de Janeiro o ex-deputado Célio Borja. É conversa útil porque ele conheceu o Brasil em que viveram homens como Café Filho, presidiu a Câmara (1974-1976), foi ministro do Supremo Tribunal Federal (1986-1992) e da Justiça (1992). Tudo isso sem engordar. Célio tem outra vantagem: é praticamente abstêmio.
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ELIO GASPARI

Lula gosta de luxo
Lula gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual. Desde a noite de seu último debate na TV, quando emocionou-se falando da pobreza brasileira e foi para a Osteria dell'Angolo tomar uns goles de Romanée Conti (R$ 1.500 a garrafa), o companheiro assombra a galera com sua opção preferencial pelo deslumbramento. Avião importado, reforma do Alvorada, didática enológica, Omega australiano, roupões de linho egípcio e cordeiros da Patagônia, noves fora uma trapalhada de adolescentes, compõem uma galeria de maus exemplos digna do general João Batista Figueiredo, com seus cavalos.
O deslumbramento de Lula tem algo de especial. Faltam-lhe tanto a frugalidade que cobrava aos outros como o viés ostentatório de alguns antecessores. Ninguém o ouviu descrever as virtudes de sua adega. Muito menos revelar que guardava consigo a chave do tesouro (como fazia FFHH). Isso também vai por conta do seu desinteresse pelos fermentados, como bem mostrou ao príncipe saudita Bandar. (Lula elogiou-lhe a decisão de acompanhar o jantar com um destilado escocês.) O companheiro fuma cigarrilhas holandesas. No tempo das vacas oposicionistas fumava charutinhos toscanos capazes de empestear o Maracanã. Faz isso sem os gestos que marcaram a charutaria Collor e marcam a cenografia do consumo de "puros" cubanos pelo alto comissariado petista.
Há no companheiro muito mais deslumbramento do que ostentação. Foi esse o sentimento que o levou a comprar um avião de US$ 56 milhões. Pena, carregará o AeroLula nas costas como símbolo do desperdício de sua administração.
Quando a repórter Marta Salomon mostra que o presidente petista gastou quatro vezes mais com o Airbus do que com o programa Primeiro Emprego, duas vezes mais do que com o saneamento urbano, isso revela a extensão da inépcia de sua administração. Comprar um avião é fácil. Basta redigir um edital (tão bem redigido que a Embraer ficou de fora) e assinar os cheques. Empregar peão é outra conversa. Cumprir promessa de saneamento, muito outra. O Programa Primeiro Emprego serviu para dar a algumas dúzias de petistas aparelhados os primeiros empregos federais de suas vidas.
O deslumbramento ajuda os governantes a viver na impressão de que as coisas vão bem (o AeroLula tem chuveiro), livrando-os da fadiga do exame dos fracassos. Nesse sentido, deslumbradores de presidentes e presidente deslumbrado fazem o casamento perfeito de Brasília.
Passados dois anos de governo, Lula trocou a exposição do exemplo contido em sua impressionante biografia por divagações banais. Numa de suas aulas de costumes associou seu amadurecimento político a uma garrafa de refrigerante: "Eu passei tanto tempo da minha vida achando que ser antiamericano era não beber Coca-Cola. Depois eu fui ficando mais maduro e percebi que, quando a gente levanta de madrugada, e tem uma Coca-Cola gelada na geladeira, não tem nada melhor".
Tudo isso teria pouca importância se o deslumbramento presidencial não fosse contagioso. Dois anos de poder federal foram suficientes para produzir um baixo clero petista de maus modos e péssimos hábitos. A interferência pessoal de Lula impediu que esse bloco (no sentido carnavalesco) prevalecesse na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Aquilo que pode parecer uma boa notícia é um péssimo sinal. Na próxima rodada esse bloco não será derrotado com tanta facilidade.
Afinal, o baixo clero também gosta de luxo.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
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Postby mends » 18 Jan 2005, 07:55

GIBA UM

Desabamento
Os problemas encontrados no túnel da Avenida Rebouças, que começa a ser reconstruído, pelos técnicos da Prefeitura de São Paulo, são maiores do que pode supor a vã filosofia: além de serem insuficientes para escoar água das chuvas, as galerias têm trechos ameaçados de desabamento. Os suportes de cimento colocados sob a via expressa são insuficientes diante do volume (e peso) do tráfego.
"I used to be on an endless run.
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Postby Danilo » 18 Jan 2005, 09:01

Troféu joinha pra obra! <-\
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Postby mends » 19 Jan 2005, 08:13

ELIO GASPARI

Alckmin tunga um AeroLula a cada 266 dias
O tucanato paulista consumou um cruel estelionato eleitoral.
Aos fatos:
Em maio do ano passado, a Prefeitura petista de São Paulo criou uma nova modalidade de tarifa de transporte público. Chamou-se "Bilhete Único" e, com ele, um cidadão pode andar de ônibus por duas horas ao preço de R$ 1,70. Não importa a quantidade de vezes que embarca nem o sentido em que viaja.
O número de viagens diárias feitas com o bilhete único já bateu a casa do milhão. Enfim, uma boa notícia no andar de baixo de uma cidade onde, em 2003, 100 mil pessoas faziam a pé, todos os dias, percursos de mais de uma hora de duração. Durante a campanha eleitoral essa iniciativa foi um dos estandartes da administração petista.
No dia 27 de outubro, dias antes do segundo turno da eleição, o programa de televisão do candidato tucano José Serra informava: "Com Serra na prefeitura o bilhete único será estendido ao trem e ao metrô".
Menos de duas semanas depois da posse de Serra, o governador Geraldo Alckmin, candidato à Presidência da República, impôs um aumento de tarifas anti-social. Suprimiu descontos que beneficiavam a patuléia.
As passagens de trem e metrô passaram de R$ 1,90 para R$ 2,10. O doutor Alckmin reclamou da compra do AeroLula, mas, com essa tunga, a cada 266 dias ele toma da escumalha paulistana um ervanário equivalente ao preço do avião do companheiro. A conta: estimando-se que a cada dia são comprados 3 milhões de bilhetes na rede estadual, o aumento de R$ 0,20 rende R$ 600 mil. O AeroLula custou R$ 160 milhões. Com uma diferença: os impostos que pagam o Airbus saem do andar de baixo e do andar de cima. O aumento das passagens de Alckmin só avança no bolso de quem tem menos.
Pode-se argumentar que os aumentos de tarifas são necessários para manter o equilíbrio financeiro das empresas. Tudo bem. O aumento de 10,5% para o trem e o metrô, e de 14,8%, na média, para os ônibus intermunicipais ficou abaixo da inflação dos últimos dois anos, que passou dos 16%. No ano eleitoral de 2004, as tarifas ficaram congeladas. No de 2006, deverá acontecer o mesmo.
O estelionato tucano expressa-se numa segunda característica do aumento. Um partido que prometia a extensão do bilhete único praticou o oposto: restringiu o pequeno desconto que oferecia, usufruído por cerca de 50% dos usuários. Os passageiros da rede de transporte dos tucanos pagavam R$ 3,60 pelo bilhete que cobria duas viagens. (Uma economia de R$ 0,10 por percurso.) Alckmin simplesmente confiscou a vantagem. Para quem compra bilhetes de dez viagens, mordeu-se metade do desconto. Era de R$ 2 e passou a R$ 1.
Não se trata de ter esquecido uma promessa eleitoral. O PSDB prometeu uma coisa e fez o contrário. Prometeu transporte mais barato e deu transporte mais caro, tungando descontos.
Não se pode dizer que José Serra seja responsável pela tunga. Beneficiário, não é. Pode-se afirmar que, durante a campanha eleitoral e até o início deste mês, a propaganda oficial de Alckmin (paga pelos impostos da patuléia dos trens) sugeria que seu governo fazia coisa semelhante ao bilhete único. Dizia que com um só bilhete viaja-se centenas de quilômetros. Deixava de informar que se paga por cada percurso.
Alckmin e sua ninhada tucana devem achar que os cartões de crédito também são "bilhetes únicos". Afinal, com um único cartão pode-se comprar uma roupinha na Daslu, um carrinho na revendedora da Audi e sandálias Havaianas personalizadas no shopping Iguatemi. Como tucano não anda de ônibus, a confusão é compreensível.
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Postby mends » 26 Jan 2005, 08:11

ELIO GASPARI

Safire, um mestre genial da direita
Aposentou-se na segunda-feira o colunista William Safire, do "New York Times". Pendurou a faca aos 75 anos, com 32 de malvadezas, convicções, ironias e estilo. Sobretudo estilo. Nas suas palavras, é um "direitista vituperativo". Põe direita e vitupério nisso. Foi o melhor do seu tempo, mestre da escrita e da articulação de fontes. Quando um político radical israelense esteve na baixa, Safire nunca deixou de ouvi-lo. Hoje Ariel Sharon atende suas ligações, esteja onde estiver.
Se Safire tivesse sido um pouco menos malvado com os liberais, teria alcançado o grau de santidade de Walter Lippmann nos anos 50 e de James Reston nos 70. Encerrou sua carreira como um craque, sobretudo lembrando-se que a sucursal do "Times" em Washington submeteu-o a um período de gelo quando foi contratado, por sugestão do dono.
Tudo isso vem ao caso porque Safire presenteou o público com 12 conselhos aos leitores de artigos produzidos pela espécie de jornalistas que se denominam colunistas.
Aqui vão oito deles, numa tradução pra lá de livre:
1) Nunca procure o tema de um artigo no primeiro parágrafo. Os colunistas colocam a azeitona lá pela metade do texto. Dá um sabor de exclusividade ao leitor que percebe o valor da informação.
2) Não leia artigos que tratam de dois assuntos. Eles informam apenas que o sábio não conseguiu decidir a respeito do que ia escrever.
3) Não se iluda com falsas associações, os articulistas adoram usar argumentos da esquerda contra a esquerda (Lula contra o PT) ou da direita contra a direita (Delfim Netto contra os juros altos). Em geral não querem dizer nada. (Salvo no caso de Safire: no final de 2001, depois do 11 de Setembro, quando George Bush investiu contra as liberdades públicas dos americanos, ele denunciou o pânico num artigo intitulado "Assumindo Poderes Ditatoriais". Os liberais estavam amedrontados e calados.)
4) Cherchez la source. Pergunte sempre: quem pode ser a fonte desse artigo? A quem interessa isso que está aí? Sempre que um articulista mencionar uma fonte "autorizada" ou "confiável", procure lembrar se alguma vez um deles mencionou origens "desautorizadas" ou "inconfiáveis". No Brasil, por exemplo, sempre que alguém lhe der um texto com informações atribuídas a um "interlocutor" de Lula, pergunte-se o que isso significa.
5) Cuidado com a erudição circular. O artista começa seu artigo com uma referência histórica ou com um caso interessante. Lá pelo meio do texto retoma o tema, dando ao leitor a impressão de que sua argumentação era sólida. Muitas vezes ele voltou ao ponto de partida sem ter ido a lugar algum.
6) Cuidado com o reconhecimento de pequenos erros. Os sábios gostam de admitir humildemente seus pequenos erros (Lula e FFHH não são paulistas, Oslo não é a capital da Suécia). Fazendo isso conseguem um crédito que soberbamente os desobriga de admitir erros de julgamento muito mais sérios. (O peso argentino e o dólar americano valiam a mesma coisa.)
7) Não perca tempo com polêmicas entre colunistas. Quando os observadores viram participantes, os leitores acabam perdendo a verdadeira controvérsia. Essas discussões são como fotografias de pinturas de uma escultura.
8) Quando um artigo atroz provocar sua fúria, não mande mensagens agressivas ao autor. Sua fúria o leva a achar que acertou o alvo.
Safire desculpou-se por só ter ensinado esses truques quando não precisou mais deles.
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Postby mends » 28 Jan 2005, 08:53

GIBA UM

Vendetta terceiro-mundista
No almoço de executivos de multinacionais com José Dirceu, sábado, em Davos, o governo brasileiro encomendou 150 lugares, a US$ 55 por cabeça. Reservou e depois saiu correndo atrás de participantes para repartir a conta. Só que almoçar ouvindo o ministro-chefe da Casa Civil falar sobre as PPPs – Parceria Público-Privadas – não entusiasmou muita gente e até agora, só haviam confirmado 90 pessoas. Dirceu mandou preencher os assentos vazios, em cima da hora, do jeito que der: empresários brasileiros, funcionários da Presidência, até seguranças. Mais: Dirceu queria Bill Gates na platéia, mas os executivos da Microsoft declinaram, educadamente, da convocação. Na base da vendetta terceiro-mundista, assessores de Dirceu espalham que Gates pediu para conversar com Lula, mas que o presidente estava sem tempo para falar, nem mesmo 15 minutos, com o homem mais rico do mundo.

Tudo de bom
Para falar meia hora sobre as PPPs, o presidente Lula mandou alugar para ele, em Davos, o Atlantis, melhor salão do Hotel Belvedere, por US$ 27,7 mil a meia diária (cerca de R$ 75 mil). O Belvedere é o hotel mais luxuoso de Davos e nele, Lula e Marisa Leticia ocupam uma suíte de US$ 660 (cerca de R$ 1.800) a diária. Para alguma emergência, dois funcionários que falam inglês e francês permanecem 24 horas à disposição do casal presidencial.
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Lula viu a uva
Não é justo que o comissário José Genoino chame FFHH de "preconceituoso" porque pediu a Lula que lesse "um pouquinho" sobre história do Brasil. Lula orgulha-se do seu curso secundário incompleto. Estudar faz parte do serviço de presidente. Chamar Néstor Kirchner de "companheiro Menem" é coisa que pode acontecer a qualquer um, mas mesmo que Lula tivesse todos os diplomas do mundo, não deveria ter dito que Napoleão foi à China ou que Oswaldo Cruz descobriu a vacina da febre amarela. Há dezenas de livros sobre o companheiro, quase todos baseados em longas entrevistas. São raras as vezes em que conjugou o verbo ler. Atribui-se a Genoino a afirmação de que Lula é uma das pessoas que mais conhecem a história do Brasil. Para o comissário, a história do Brasil começou no dia 1º de janeiro de 2003.

Bolsa Família
O repórter Gerson Camarotti fez as contas: os dois candidatos petistas a presidente da Câmara já arrecadaram R$ 436 mil para suas campanhas. Pelo jeito, batem o meio milhão de reais. Noves fora casa, comida e roupa lavada, não se entende por que há tanta sede para tão pouco pote. A menos que haja mais pote nessa história.
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